Nesses últimos tempos estivemos observando muitas coisas interessantes pelo céu
afora. Mas parece que o catálogo de atrações celestes é infinito. Pudera!
Quantos astrônomos na antiguidade dedicaram uma vida inteira vasculhando os céus
e mesmo assim perderam muitos dos grandes espetáculos protagonizados pelos
astros. Hoje estamos munidos de instrumentos poderosos, que nos permite ir mais
longe, dissecar minuciosamente cada detalhe do imenso palco estelar! Não somente
eles, mas qualquer astrônomo está destinado à mesma sorte: a astronomia é um dos
poucos ramos da ciência em que descobertas surpreendentes, fotos admiráveis ou
dados curiosos são divulgados a todo o momento.
05/09/2014
05/09/2014
Nesses meses que seguirão teremos a oportunidade de observar outra das mais
belas constelações: a constelação de Órion.
Órion, o caçador, de acordo com a mitologia grega, desempenhou um papel
importante para as civilizações antigas. Sua posição no céu ao longo do ano era
um prenúncio das mudanças climáticas que estavam por vir. Quando se observava
Órion nascer durante o amanhecer, era um sinal que o verão houvera chegado. Seu
nascimento no início da noite anunciava o inverno, e à meia-noite indicava época
da colheita de uvas. Essas observações foram feitas por civilizações do
hemisfério norte. Para o hemisfério sul vale o contrário. No meio de dezembro
Órion estará nascendo para nós (no leste) após o crepúsculo. O que isso pode nos
indicar? Isso mesmo! Preparem-se para o verão!
O caçador
Órion
Conta-nos a
mitologia
grega
que Órion
era
um
gigante caçador,
filho de
Netuno e
favorito de Diana,
com
quem
quase se casou. O
irmão de Diana, Apolo,
por
sua
vez, se aborrecia
com
tal
aproximação
entre os
dois, chegando a
censurar diversas
vezes
sem
nunca
obter
resultado. Certo
dia Apolo teve a
oportunidade de se
ver
livre de
seus aborrecimentos: percebendo
que Órion vadeava
pelo
mar
apenas
com a
cabeça
fora d’água desafiou
sua irmã,
outra
exímia caçadora, a
acertar o
alvo
que
distante se movia.
Impecável
em
sua
pontaria
ela atingiu
em
cheio
seu
amado,
cujo
corpo
já
moribundo foi conduzido à
praia pelas
ondas do
mar. Percebendo a
fatalidade
que havia cometido, Diana,
em
meio às
lágrimas, colocou Órion
entre as
estrelas: o
gigante trajado
com
um
cinto, uma
pele de
leão, armado de uma
espada e de
sua
clava,
acompanhado
por Sírius,
seu
cão e
com as
Plêiades fugindo do caçador.
As
Plêiades eram
ninfas do
séqüito de Diana
por
quem Órion se apaixonou e perseguiu.
Elas, desesperadas,
só conseguiram
escapar
graças a
Júpiter,
que as transformou
em pombas e
então numa
constelação do
céu.
Embora as
Plêiades fossem
sete,
somente
seis
estrelas
são
visíveis no
céu –
nos
conta a
lenda
que Electra
não conseguiu
suportar a
dor de
ver a
cidade de Tróia,
que
fora
fundado
por
seu
filho,
cair
em
ruínas e abandonou
seu
lugar.
Suas irmãs se empalideceram
diante de
tal
visão.
Abaixo se segue
um
trecho do
poema de Henry Wadsworth Longfellow
sobre a “Ocultação de Órion”,
cujos
versos expressam o
momento
em
que
suas
estrelas
são ocultas, aos
poucos,
pela
Lua:
A
rubra
pele de
leão caiu-lhe
Aos pés, dentro do rio. E a bruta clava
A
cabeça do
touro
já
não fere
Voltado,
como
outrora,
quando,
junto
Ao
mar, cegou-o Eunápio e
em
sua
forja,
Procurou o
ferreiro, e a
rude
encosta
Galgou
penosamente, a
passos
lentos,
Fixando no
sol o
olhar
vazio.
A
constelação
Você possivelmente
já conhece a
constelação de Órion,
ou
pelo
menos
parte dela.
Aquele
conjunto de
três
estrelas
popularmente
chamadas
pelos
brasileiros de “Três
Marias”
nada
mais é
que o
centro da
constelação – representa o
cinturão do
gigante (vide
figura
acima). Sabendo encontrá-las, encontra-se a
constelação
completa facilmente. Nesse
mês de
dezembro procure
por Órion
após o
anoitecer no
Leste. O
sol estará se pondo e do
outro
lado veremos Órion
nascer.
Veja o
mapa a
seguir.
Ele representa a
porção
leste do
céu
logo
após o
crepúsculo. A
constelação de Órion está
destacada na
figura – perceba
como é
fácil
identificar o
padrão
após encontrarmos as
Três Marias.
Elas estão envolvidas
por
um
trapézio formado
por
quatro
estrelas de
primeira
magnitude:
Alfa de Órion (Betelgeuse), de coloração
mais avermelhada, representa o
ombro
direito de Órion, temos
em
seguida
Gama de Órion (Bellatrix)
como o
ombro
esquerdo, Kapa de Órion (Saiph) é o
joelho. A
última
estrela do
trapézio é
justamente a
que está
oposta a Betelgeuse –
Beta de Órion (Rigel), uma
estrela
que
também se destaca, representando o
pé
direito de Órion.
Betelgeuse é uma das
estrelas
mais
brilhantes,
cujo
diâmetro
chega a
ser 250
vezes
maior
que o do
Sol.
Como
toda
gigante
sua
atmosfera é
bastante
difusa,
com
densidade
muito
menor
que a de
nossa
atmosfera.
Sua
distância
até
nós é de aproximadamente 200 anos-luz. Observe a
figura
abaixo da
constelação de Órion,
com
destaque
para Betelgeuse, prestando
atenção
especial nas
escalas. Perceba a difusividade de
sua
atmosfera.
Nebulosa
de Órion
A
nebulosa de Órion é
um dos
objetos
presentes no
céu
mais interessantes à
observação.
Conhecida
também
como M42
ou NGC 1976, essa
nebulosa
difusa é uma das
mais
brilhantes,
tanto
que numa
noite de
céu
limpo e num
local
longe de
poluição e
luz
ela
chega a
ser
visível a
olho
nu. Localizá-la
não é
difícil –
ela se
encontra na
espada do
gigante Órion. Partindo das
Três Marias,
que é
seu
cinto, encontra-se a
espada
logo
abaixo. Compare o
desenho de Órion (primeira
figura no
texto)
com a
foto
acima.
M42 está a
mais de
mil
anos
luz de
distância da
Terra e é
composta
principalmente
por
estrelas
jovens e
bastante
quentes do
tipo O (veja a
dica “Observando as
cores das
estrelas”) num
agrupamento
conhecido
como o
Trapézio. A
radiação emitida
por essas
estrelas excita uma
nuvem de
gás e
poeira
que
passa a
emitir o
brilho
característico da
nebulosa.
Documentos de
observação dessa
nebulosa datam
desde 1610 (Nicholas-Claude
Fabri de Peiresc).
Em 1769 Messier a adicionou
em
seu
catálogo, descrevendo
como : “(...) uma
linda
nebulosa na
espada de Órion, ao
redor da
estrela Theta,
junto a outras
três
estrelas
menores as
quais
não conseguimos
ver
senão
com
algum
instrumento.”
Observe as
fotos
seguintes. A
primeira
foto
nos
mostra a
nebulosa de Órion observada
por
um
telescópio de
médio
porte. A
segunda é essa mesma
nebulosa fotografada
pelo
telescópio
espacial Hubble!
F
fonte; observatorio ufmg
Henrique Di Lorenzo Pires (Monitor UFMG/Frei Rosário)
www.youtube.com/watch?v=uJrDp9ntj6M, A conexão entre a Terra e o Céu.
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