07/02/2015
Ormina Marterosyan: "Tudo é caro em Atenas. E, assim como na Armênia, aqui tem muita gente rica e muita pobreza"
Imigrante: “gregos vêm me pedir comida. Eu sempre ofereço, a situação é difícil” Roberto Almeida |
Ormina Marterosyan desembarcou em Atenas há 11 anos, quando o país ainda tinha perspectivas de crescimento
“A casa é cara (o aluguel custa 400 euros, que divide com a irmã), o telefone é caro, a luz é cara. Tudo é caro em Atenas. E, assim como na Armênia, aqui tem muita gente rica e muita pobreza. Não acredito em políticos e nem quero ouvir falar neles”, explicou.
Ormina está feliz em ter o emprego, mas quer saber quanto é o salário mínimo no Brasil. Quando lhe digo o valor (cerca de 240 euros) ela não se anima e diz que prefere ficar. Até porque uma passagem de avião Atenas-Ierevan (cerca de 1800km de distância, ou o mesmo que São Paulo a Salvador) custa exorbitantes 700 euros (ou R$ 1820). “Só consigo ir para casa se eu parar de comer”, ela sorri.
A 500 metros da lanchonete Kassinas, onde Ormina trabalha, multiplicam-se as agências de turismo que rodeiam a Estação Larissa de trem. Em meio a promoções de passagens para Tirana, capital da Albânia, e Sofia, da Bulgária, desponta um escritório do partido neonazista Aurora Dourada.
Ela diz não ter medo da violência e logo desconversa. Um freguês sírio interrompe e pergunta se existe emprego bom no Brasil. Ormina, de trás do balcão, emenda. “A vida é feliz e é preciso sorrir sempre”.
Depois do sétimo dia seguido em que encontrei Ormina sorrindo atrás do balcão, resolvi perguntar. “É que eu gosto de pessoas”, disse ela. Mas o negócio vai bem? “Por exemplo: vem muita gente pedir comida aqui, gregos querendo ter alguma coisa para mastigar. Eu sempre ofereço, a situação é difícil”, completou.
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Ormina Marterosyan, natural da Armênia, desembarcou na capital grega há 11 anos, quando o país ainda tinha perspectivas de crescimento. Atenas esperava a Olimpíada de 2004 e uma explosão em infraestrutura acima da média. A palavra-chave, para ela, era perspectiva. E qualquer perspectiva era melhor que ficar na Armênia estagnada no pós-comunismo.
Mesmo com um emprego estatal em Ierevan, capital de seu país, ela decidiu voar para a Grécia e ajudar sua irmã a cuidar do filho, ainda bebê. Hoje mora perto da Acrópole e conseguiu o emprego de atendente na padaria Kassinas, em Metaxourgio, onde estamos conversando agora, bastante frequentada por imigrantes sírios.
fonte; opera mundi
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