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LIVRO PDF A MARÇONARIA E OS JESUITAS





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30/11/2021



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Maçonaria - escritos do Servo de Deus Dom Vital Reformatado

Instrução Pastoral do Bispo de Olinda
Aos Seus Diocesanos
Dom Vital (*)
Livro de 1875 - 205 págs


  "A Maçonaria, o supremo esforço do poder das trevas contra a luz da verdade, é incontestavelmente o mais temeroso inimigo que a Igreja tem tido que debelar. Provas irrefragáveis de tudo isto temo-las de sobejo nos assombrosos acontecimentos e bárbaras cenas da grande Revolução Francesa; no que se deu no período dos trinta anos que a precederam; e no que atualmente estamos, com dor imensa, presenciando por toda a parte.
Sob as odiosas denominações de fanatismo, ultramonianismo, romanismo, jesuitismo, etc, não cessa a Maçonaria de mover guerra sem tréguas ao Catolicismo, combatendo-o a todo o transe, por todos os meios, por todos os lados.
  No momento em que vemos, Irmãos e Filhos caríssimos, a seita maçônica prosseguir dissimulada e afanosa, mais que nunca, na sua obra de demolição contra a Igreja Católica, de um lado tentando ilaquear a boa fé dos homens simples, probos e honestos, e do outro suscitando contra os venerandos Padres Jesuítas uma dessas tempestades que as Páginas Sagradas nos representam debaixo da pavorosa figura de turbilhão impetuoso e de chama devoradora, cumpre-nos, a exemplo do grande Apóstolo das nações honrar o nosso ministério: Ministerium meum honorabo, cumpre-nos levantar a voz afim:

1.° de premunir as nossas queridas ovelhas contra as pérfidas ciladas da astuta serpente;

2.° de advogar a causa da inocência caluniada e oprimida."


(*) Nota sobre D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira

  Dom Vital sofreu a amargura da injustiça, mas se tornou um modelo fecundo como Pastor fiel às orientações da Igreja. Seu exemplo de fidelidade à doutrina do Sucessor de Pedro é um valioso estímulo a todos nós, do clero e do laicato.

  Dom Vital nasceu no Município de Pedras de Fogo, Paraíba, a 27 de novembro de 1844. Foi aluno em Recife e do Seminário de Olinda. Continuou seus estudos na França e ingressou no Convento dos Capuchinhos, em Versailles. Chamava-se Antônio e, na ordem, recebeu o nome de Frei Vital Maria. Completou sua formação em Toulouse e foi ordenado sacerdote a 2 de agosto de 1868. Nesse mesmo ano retornou ao Brasil e, em São Paulo, exerceu diversos cargos, inclusive o de Professor de Teologia. Aí recebeu, a 21 de maio de 1871, o nomeação para Bispo de Olinda. Ao pedido “para que o livrem de semelhante fardo, em razão da idade e da indignidade”, Pio IX respondeu: “Hás de estrenuamente defender a causa de Deus e nada omitir que possa dizer respeito à salvação e proveito do rebanho a ti confiado”. Uma diretriz marcada por uma premonição.

 Ao tomar posse, a 24 de maio do ano seguinte, já se percebiam os sinais de borrasca. Publicações anti-clericais chamavam-no de “ultramontano”. Em novembro desse mesmo ano, escreveu uma Carta Pastoral defendendo a Igreja, atacada pela imprensa. Dom Vital incomodava, por tentar corrigir graves falhas na vida diocesana. A resposta ao Bispo foi o anúncio pomposo de uma Missa e publicações dos nomes de maçons pertencentes a Irmandades, inclusive sacerdotes. O Pastor reage com prudência. Uma circular confidencial procura levá-los a obedecer à determinação da Igreja. Quase todos os eclesiásticos observaram a ordem dada. O interdito canônico a essas associações foi precedida de caridosa exortação, que explicitava “a pena imposta permanece em vigor, até à retratação da Irmandade, que fica em pleno gozo de seus direitos, na parte temporal e na administração de seus bens”.

  Houve recurso à Coroa. Pressionado pelo Governo Imperial, Dom Vital responde ao Ministro João Alfredo: “Se a minha resistência vai dar lugar a cenas tristes, só conheço um meio: peça o Governo Imperial à Santa Sé que me mande, quanto antes, para meu convento”. Chegando ao Rio de Janeiro, encarcerado no Arsenal de Marinha, recebe a visita de Dom Pedro Maria de Lacerda, Bispo do Rio, que lhe diz emocionado: “Vejo em Vossa Excelência um prisioneiro de Cristo; meu Clero e Cabido serão felizes pondo-se às suas ordens.” A amizade fraterna e a comunhão na defesa da verdade e da liberdade da Igreja uniram desde então Dom Vital e a diocese do Rio de Janeiro.

 O julgamento teve aspectos dramáticos e comoventes. O Sucessor do Apóstolos foi condenado, como incurso no Artigo 96 do Código Penal, a quatro anos de prisão, com trabalhos forçados, por crime inafiançável. A 22 de dezembro de 1873 Dom Vital foi recolhido à Fortaleza de São João.

  Pelas pressões do Duque de Caxias, foi anistiado pelo Decreto nº 5.933, de 17 de dezembro 1875 e reconhecida a inocência. A seguir, viaja a Roma, em visita “ad limina”. Ao ser recebido pelo Papa Pio IX, este o abraçou com afeto e disse: “Aprovo tudo o que Vossa Excelência fez, desde o princípio”.

  Regressou à Diocese em 6 de outubro de 1876 e recebido triunfalmente. Iniciou, com entusiasmo, suas atividades pastorais. No entanto, agravou-se seu estado de saúde e embarcou para a Europa, em busca de tratamento. Escreveu ao Papa, com sua renúncia à Diocese, sem resultado. A medicina não conseguiu descobrir a enfermidade, que provocou misteriosos sintomas.


  Dom Vital morreu em Paris, a 4 de julho de 1878. Ao receber o Viático, diz: “Perdoo de coração aos meus inimigos e ofereço a Deus o sacrifício da minha vida”. Monsenhor de Ségur, na oração fúnebre, por ocasião das exéquias, afirmou que Dom Vital morreu envenenado. Assim terminou esse triste episódio, que é denominado a “Questão Religiosa”. Com ela, foram dados os primeiros passos para a correção de graves obstáculos ao florescimento da vida da Igreja no Brasil. Foi o início de um despertar.

 A desejada Beatificação será um reconhecimento de uma vida heroica, a serviço do Evangelho. Dom Vital sofreu a amargura da injustiça, mas se tornou um modelo fecundo como Pastor fiel às orientações da Igreja. Seu exemplo de fidelidade à doutrina do Sucessor de Pedro é um valioso estímulo a todos nós, do clero e do laicato. Agiu com prudência, corajoso sem ser audacioso, obedeceu ao apelo que, no futuro, seria feito por João Paulo II, no dia de sua eleição: “Não tenhais medo".


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Foto tirada da obra "UM GRANDE BRASILEIRO"
do missionário capuchinho Frei Félix de Olívola                 
ano de 1935 

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