Paramilitares são responsáveis por mais da metade dos atos; prática foi usada como estratégia para tomar campos de cultivo de coca, conta desenvolvedor
18/07/2014
“Tem muita gente que critica o aplicativo porque parece muito macabro. Macabra é a realidade. É que muitos resistem a entender a história do conflito na Colômbia”, afirma o jornalista e engenheiro de sistemas colombiano Óscar Parra Castellanos, criador da ferramenta “Rutas del Conflicto” (Rotas do Conflito).
18/07/2014
“Tem muita gente que critica o aplicativo porque parece muito macabro. Macabra é a realidade. É que muitos resistem a entender a história do conflito na Colômbia”, afirma o jornalista e engenheiro de sistemas colombiano Óscar Parra Castellanos, criador da ferramenta “Rutas del Conflicto” (Rotas do Conflito).
Entre 1982 e 2013, ocorreram mais de 2 mil massacres no país. A maior parte deles segue impune. A ideia de aliar tecnologia e história surgiu para evidenciar essa realidade, conta, em entrevista a Opera Mundi.
Aplicativo permite que, com a ativação do GPS, usuário conheça os massacres que ocorreram perto de sua localidade
Ao clicar em uma região, por exemplo, é possível verificar a história dos massacres ocorridos ali e os responsáveis pelas ações. A base de dados foi criada com confissões e depoimentos de paramilitares e informações de diversos tribunais da Justiça colombiana, além do material coletado por pesquisadores.
No aplicativo, disponível para computadores, celulares e tablets, existe um campo no qual as pessoas podem acrescentar informações, contar sua história ou de parentes que foram vítimas, ou ainda corrigir informações imprecisas. Desde seu lançamento, em março, mais de 200 pessoas interagiram neste sentido.
[Aplicativo está disponível para Android e IOS| Divulgação Rutas del Conflicto]
Ainda falta muita história para ser contada. Estima-se que ocorreram mais de 2 mil massacres em toda Colômbia. No entanto, apenas 730 foram mapeados pelo aplicativo até o momento. Um dos obstáculos para que haja mais avanços na contabilização desses episódios é a impunidade.
“Um paramilitar aceita mil, 1.200 assassinatos, mas há interesse político de pessoas que o respaldaram, há muita gente envolvida e nenhuma decisão judicial a respeito”, observa Castellanos.
Para uma segunda etapa, ainda sem financiamento, “vamos explorar o assunto dos sequestros”, prática muito utilizada pelas guerrilhas, embora o desaparecimento forçado seja "um crime típico da força pública” disse o também professor de jornalismo.
Estratégia paramilitar
De acordo com Castellanos, cada grupo tem um tipo de crime característico. O dos paramilitares é o massacre, “ainda que alguns tenham sido cometidos por guerrilheiros”, observa. No centro do conflito, vítimas de um lado e de outro, estão os camponeses.
Essa prática teve início em meados dos anos 1980 como forma de intimidar a população em territórios controlados pelas guerrilhas, que atuam no país desde os anos 1960. Mas, essas atividades foram intensificadas entre 1997 e 2003, quando ocorreram 1.093 massacres. A partir da eleição de Ernesto Samper para presidente em 1994, teve início na Colômbia uma espécie de aliança entre a política e o narco-paramilitarismo.
Divulgação/ Rutas del Conflicto
Gráfico mostra participação de cada grupo nos 2.505 massacres ocorridos desde 1982
De acordo com a apuração do Grupo de Memória Histórica da Comissão Nacional de Reparação e Reconciliação, 14.660 pessoas morreram nos 2.505 massacres cometidos. Destes, 1.166 foram realizados por grupos paramilitares. As guerrilhas e grupos armados que atuam no país foram responsáveis por 348. Há 295 que são creditados a “grupos armados não identificados”, 170 às forças públicas do país e três à Guarda Nacional Venezuelana.
Por meio deste tipo de crime, os “paramilitares aterrorizavam a população, fazendo com que ela se movimentasse em massa e assim, eles tomavam os campos de cultivo de coca”, conta Castellanos. É por essa razão que os massacres ficaram concentrados, na maior parte, em áreas cocaleras.
Sobre a importância do avanço dos Diálogos de Paz nesse resgate histórico, Castellanos avalia que um acordo com as principais guerrilhas do país, as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o ELN (Exército de Libertação Nacional), ajudaria muito na medida em que poderiam contar também “suas motivações” e o que aconteceu com pessoas que “foram sequestradas e nunca mais apareceram”.
Fonte;opera mundi
Aplicativo permite que, com a ativação do GPS, usuário conheça os massacres que ocorreram perto de sua localidade
Ao clicar em uma região, por exemplo, é possível verificar a história dos massacres ocorridos ali e os responsáveis pelas ações. A base de dados foi criada com confissões e depoimentos de paramilitares e informações de diversos tribunais da Justiça colombiana, além do material coletado por pesquisadores.
No aplicativo, disponível para computadores, celulares e tablets, existe um campo no qual as pessoas podem acrescentar informações, contar sua história ou de parentes que foram vítimas, ou ainda corrigir informações imprecisas. Desde seu lançamento, em março, mais de 200 pessoas interagiram neste sentido.
[Aplicativo está disponível para Android e IOS| Divulgação Rutas del Conflicto]
Ainda falta muita história para ser contada. Estima-se que ocorreram mais de 2 mil massacres em toda Colômbia. No entanto, apenas 730 foram mapeados pelo aplicativo até o momento. Um dos obstáculos para que haja mais avanços na contabilização desses episódios é a impunidade.
“Um paramilitar aceita mil, 1.200 assassinatos, mas há interesse político de pessoas que o respaldaram, há muita gente envolvida e nenhuma decisão judicial a respeito”, observa Castellanos.
Para uma segunda etapa, ainda sem financiamento, “vamos explorar o assunto dos sequestros”, prática muito utilizada pelas guerrilhas, embora o desaparecimento forçado seja "um crime típico da força pública” disse o também professor de jornalismo.
Estratégia paramilitar
De acordo com Castellanos, cada grupo tem um tipo de crime característico. O dos paramilitares é o massacre, “ainda que alguns tenham sido cometidos por guerrilheiros”, observa. No centro do conflito, vítimas de um lado e de outro, estão os camponeses.
Essa prática teve início em meados dos anos 1980 como forma de intimidar a população em territórios controlados pelas guerrilhas, que atuam no país desde os anos 1960. Mas, essas atividades foram intensificadas entre 1997 e 2003, quando ocorreram 1.093 massacres. A partir da eleição de Ernesto Samper para presidente em 1994, teve início na Colômbia uma espécie de aliança entre a política e o narco-paramilitarismo.
Divulgação/ Rutas del Conflicto
Gráfico mostra participação de cada grupo nos 2.505 massacres ocorridos desde 1982
De acordo com a apuração do Grupo de Memória Histórica da Comissão Nacional de Reparação e Reconciliação, 14.660 pessoas morreram nos 2.505 massacres cometidos. Destes, 1.166 foram realizados por grupos paramilitares. As guerrilhas e grupos armados que atuam no país foram responsáveis por 348. Há 295 que são creditados a “grupos armados não identificados”, 170 às forças públicas do país e três à Guarda Nacional Venezuelana.
Por meio deste tipo de crime, os “paramilitares aterrorizavam a população, fazendo com que ela se movimentasse em massa e assim, eles tomavam os campos de cultivo de coca”, conta Castellanos. É por essa razão que os massacres ficaram concentrados, na maior parte, em áreas cocaleras.
Sobre a importância do avanço dos Diálogos de Paz nesse resgate histórico, Castellanos avalia que um acordo com as principais guerrilhas do país, as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o ELN (Exército de Libertação Nacional), ajudaria muito na medida em que poderiam contar também “suas motivações” e o que aconteceu com pessoas que “foram sequestradas e nunca mais apareceram”.
Fonte;opera mundi
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