O mistério da maior fuga de Alcatraz continua 55 anos
depois EM 2017
Ao longo da história, 36 pessoas tentaram fugir da prisão
mas só três nunca foram achadas.
Cartaz da polícia americana mostra como
estariam os fugitivos nos dias de hoje
- Reprodução
RIO — Na manhã de 12 de junho de 1962, quatro detentos
tentaram fugir da prisão federal de Alcatraz, em São Francisco, nos Estados
Unidos: os irmãos John e Clarence Anglin, Frank Morris, considerado o mentor do
plano, e Allen West, que desistiu da fuga no último minuto e nunca chegou a
sair da cela. Ao longo da história de Alcatraz, 36 pessoas tentaram fugir.
06/07/2013
06/07/2013
Destas, 23 foram presas novamente, seis mortas por policiais e quatro se
afogaram. Apenas os três seguem sem paradeiro conhecido. Exatos 50 anos depois,
a maior fuga de Alcatraz continua sem ter sido desvendada.
06/07/2013
Para o FBI, uma das provas mais consistentes de que pelo
menos os irmãos Anglin não morreram é o fato de a mãe dos dois ter recebido um
buquê de flores sem cartão, todos os anos no dia de seu aniversário, até sua
morte, em 1973. Também se especula que os dois foram ao seu funeral, vestidos
de mulher, apesar do forte policiamento no local.
A baía de São Francisco, que
cerca Alcatraz, tem águas geladas e com fortes correntes marítimas. Devido a sua
situação geográfica, “A Rocha” era uma das prisões mais seguras do mundo e
abrigou os mais perigosos criminosos americanos da época, indivíduos
considerados “irrecuperáveis para a sociedade”, como o mafioso Al Capone. Os
fugitivos só tinham 8 horas para escapar, entre as contagens de presos das 9h
da noite e 5h da manhã.
Historiadores e parte das autoridades da época assumiram
que os homens haviam morrido nas águas frias da baía, apesar de terem fabricado
botes com capa de chuva para fugir. Nenhum corpo jamais foi encontrado. A
família dos irmãos Anglin acredita que os dois tenham fugido até o Brasil e
passado o resto de suas vidas na América do Sul. Se estivessem vivos, John
Anglin teria hoje 82 anos e seu irmão, Clarence, 81. Frank Morris teria 85.
— Temos que trabalhar com o pressuposto de que eles
conseguiram escapar. Se os acusados não foram presos, não se entregaram ou não
se provou que estão mortos, a investigação segue ativa até que se cumpram 99
anos, quando expiram as ordens de busca e captura — afirmou esta semana o chefe
de polícia Michael Dyke à agência Associated Press.
A polícia tomou o controle da investigação depois que o
FBI abandonou o caso, em 1978. Dyke diz que recebe pistas sobre os irmãos pelo
menos a cada dois meses e já fez o rastreamento de pelo menos 250 delas.
Para Marie Widner e Taylor Mearl, o caso — que já virou
filme, livro e até um seriado na TV americana — faz parte da história de sua
família. As duas mulheres da Flórida são as irmãs mais novas de John e
Clarence. — Sempre acreditei que eles conseguiram escapar e não mudei de
opinião — disse Marie, 76 anos, enquanto visitava a antiga penitenciária, na
segunda-feira.
Os filhos de Marie conseguiram que a mãe e a tia
visitassem a prisão, desejo antigo das duas, que queriam “esclarecer algumas
inverdades sobre os meninos”. — Só porque eles fugiram não quer dizer que
fossem rapazes maus. Nenhum dos dois nunca causou nenhum problema à família. Um
dia, eles simplesmente saíram de casa e roubaram um banco. Mas sinto orgulho
deles — disse Taylor.
Vários filmes contaram a história da famosa prisão. “Fuga
de Alcatraz”, de 1979 e protagonizado por Clint Eastwood, tem como foco a
famosa tentativa de fuga. “A Rocha”, de 1996, trazia Nicholas Cage e Sean
Connery como astros principais. Este ano, os EUA lançaram uma série de TV, que foi cancelada logo após sua primeira
temporada.
Sete meses de preparação.
Durante sete meses, os irmãos Anglin, Frank Morris e
Allen West cavaram a parede das celas com colheres. Para esconder o buraco,
fizeram grades falsas com papel. Os buracos nas celas davam acesso aos dutos de
ventilação, que levavam ao teto.
A barra de proteção havia sido cortada com uma
furadeira feita com um ventilador roubado da sala de música. No último minuto,
West desistiu da fuga. O trio chegou ao telhado da prisão sem sustos. Nenhum
dos vigilantes armados com fuzis nas seis torres os viram, as luzes não os
focalizaram e eles conseguiram descer normalmente pela tubulação de água
externa.
Eles pularam uma cerca de arame farpado até o mar, com
botes e coletes feitos com capas de chuva. Para despistar os guardas, deixaram
cabeças feitas com páginas de revista e com perucas em suas camas. A falta dos
três presos só foi sentida durante a contagem do dia seguinte.
A cadeia foi fechada em 1963. Seu alto custo de
manutenção não a viabilizava: eram gastos cerca de 10 milhões de dólares
mensais, mais que o dobro da média do sistema prisional. A solução foi investir
em novas detenções.
Em 1973, ela foi aberta para visitação do público, com
passeios monitorados. As réplicas das cabeças de manequim falsas nas antigas
celas dos detentos são um dos pontos mais populares da ilha, que recebe um
milhão de turistas por ano.
O plano de fuga foi desvendado, mas o paradeiro dos
três homens permanece um mistério.
— É uma dessa histórias onde todos os pontos podem se
ligar de acordo com sua própria realidade, fazendo com que cada um acredite na
parte que deseja — acredita Alexandra Picavet, porta-voz do parque.
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