São um risco para a democracia os privilégios que se concederam os
parlamentares nos últimos anos. No Senado, na Câmara dos Deputados, nas
Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais. Ao trocarem o poder
de legislar com o Executivo, que tem a chave do cofre do dinheiro
público, por benesses, eles aprofundam o fosso que se abre entre o
legislativo e a sociedade, criando aos poucos as condições para o
surgimento de novas aventuras golpistas.
Os parlamentares, em sua maioria – aquela que elege os membros da Mesa
Diretora da Casa – parecem distanciados da realidade do mundo em que
vivem. Enquanto o Brasil patina no esforço para se desenvolver num
planeta em crise e no qual os privilégios se desmoralizam, eles se
empenham em eleger os candidatos que lhes prometem mais e mais
privilégios. Foi o que vimos na eleição da Mesa da Câmara de Vereadores
de Belo Horizonte.
E agora está se repetindo na campanha de candidatos à presidência da
Câmara dos Deputados. O que parece ter maior apoio entre seus pares é
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ele tem como vice em sua chapa o
petista André Vargas, do Paraná, indicado por seu partido. Em nota
divulgada terça-feira (15), diante das críticas contra Eduardo Alves,
Vargas afirmou que o PT apoia aquele candidato “por sua experiência e
por entendermos que o PMDB tem sido fundamental para a governabilidade”.
O PMDB ajuda Dilma Rousseff, mas também vem dando sua contribuição à
desmoralização da política. E Henrique Eduardo Alves tem feito sua parte
nisso. A população não tem voto nessa questão. Mas, se pudesse escolher
entre os candidatos, estaria em dificuldade. Pois o que concorre contra
o favorito é o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que há dois anos, como
4º secretário da Mesa Diretora, acompanha as obras de reforma dos
apartamentos funcionais, como são chamadas as moradias dos deputados
pagas pelos contribuintes brasileiros. Para reformar 432 apartamentos,
já foram gastos cerca de R$ 188 milhões – ou R$ 650 mil por imóvel – e
serão consumidos mais R$ 172 milhões. Só com banheiras de hidromassagem,
a conta deve chegar a R$ 1,5 milhão.
E não vai parar por aí, se a população não começar a reagir.
Privilégios como esses, no passado, levaram à queda do Império e à
Proclamação da República, que ainda não conseguiu cumprir o que prometeu
aos brasileiros. Esta é a hora de começar, no momento em que na maioria
dos países se assiste ao desmoronamento dos privilégios.
fonte;hoje em dia