O déficit é resultado de uma conta que não fecha desde maio de 2013, quando o sistema passou a liberar mais água do que recebeu. Neste mês, enquanto cedeu 22,49 mil litros por segundo para abastecer cerca de 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo e 5 milhões na região de Campinas, o sistema recebeu 6,32 mil litros por segundo de água da chuva ou de seus rios afluentes. Até então, o pior agosto desde 1930 havia registrado uma vazão afluente de 10,7 mil litros por segundo.
Embora a situação só tenha se agravado neste mês, no qual o nível do Cantareira caiu de 15,3% da capacidade no dia 1.º para 11,1% ontem, os números mostram uma ligeira melhora em relação a julho, que foi o mês mais seco da história do manancial, com entrada de apenas 4,17 mil litros por segundo. No fim, o déficit de água no mês passado foi de 50 bilhões de litros.
LEIA TAMBÉM: Crise do Sistema Cantareira é o maior conflito pela água no BrasilAté sexta-feira, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) já havia retirado 93,5 bilhões de litros do volume morto do manancial, ou seja, mais da metade dos 182,5 bilhões da primeira cota da reserva profunda das represas Jaguari-Jacareí, na região de Bragança Paulista, e Atibainha, em Nazaré Paulista.
Cálculos feitos por especialistas que monitoram a crise apontam que a reserva deve acabar no início de novembro. Diante desse cenário, a Sabesp iniciou na semana passada as obras para poder retirar mais 106 bilhões de litros do volume morto do manancial, o que ainda precisa ser aprovado pela Agência Nacional das Águas (ANA) e Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), órgãos gestores do sistema.
Segundo a Sabesp, o volume disponível hoje nas represas é suficiente para garantir o abastecimento da Grande São Paulo até março sem adoção de racionamento oficial de água. Apenas na compra das bombas flutuantes e na manutenção de um canal para que a água que resta nas represas chegue até o túnel de captação, a Sabesp vai gastar mais de R$ 13 milhões.
Recuperação
Historicamente, o volume de água que costuma chegar ao manancial sobe ligeiramente em setembro e só tem salto a partir de outubro, quando começa a temporada de chuvas. Para este verão, contudo, as previsões ainda apontam um cenário incerto, com uma probabilidade maior de chuva abaixo da média histórica.Com o uso da segunda cota do volume morto, o Cantareira pode entrar em 2015 negativo em quase 30% e as estimativas da própria Sabesp indicam que o manancial leve ao menos três anos para se recuperar.
(As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.)
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