Quem decide uma eleição?
Silas Lima Malafaia, líder da igreja evangélica Assembleia de Deus Vitória em Cristo, proferiu esta frase à Folha, em reportagem sobre a mudança-relâmpago do programa de governo do PSB, representado pela presidenciável Marina Silva.
Apesar de parecer muito exagerada, ela carrega algumas verdades que precisamos ouvir.
Este ímpeto hegemônico de decidir uma eleição pode, ainda, não ser uma realidade concreta, mas o seu poder de mobilização e engajamento de um público imenso, que beira às dezenas de milhões de pessoas, é inegável e não pode deixar de ser considerado.
Negar a existência desse poder de "decidir" uma eleição é um erro, mas também ser complacente e acrítico não é um caminho dos mais viáveis.
A pergunta central que precisamos fazer é: quem decide uma eleição? Vivemos em um Estado Laico, ou seja, todas as representações e manifestações religiosas precisam ser respeitadas e consideradas. E, em uma democracia, é perfeitamente legítimo que líderes religiosos mobilizem votos para elegerem representantes em cargos executivos e legislativos, a fim de terem seus interesses representados.
Porém, o que vemos acontecer são mudanças nas agendas, programas e ideários políticos que se enquadrem nas motivações eleitorais fundamentadas em pesquisas prévias. Assim, os projetos políticos que encabeçam os primeiros lugares das pesquisas de intenção de voto são muito parecidos, com poucas diferenças fundamentais.
Neste cenário, decide uma eleição quem melhor sabe negociar com interesses conflitantes entre uma mentalidade conservadora generalizada no Brasil (que independe das religiões evangélicas) e propostas progressistas de geração de equidade social. E o diálogo constante (e construtivo) entre esses dois interesses, aliado a propostas pragmáticas, pode gerar uma transformação positiva e a possibilidade de novos caminhos para a política brasileira.
FONTE;BRASILPOST
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