Sistema de crédito social chinês impede pessoas de viajarem de avião 03 MAR 2019 — 19H00
Imagine viver em um país onde sua conduta é mais importante do que o dinheiro na sua carteira, onde você pode receber benefícios por ser um “bom cidadão” ou ser proibido de fazer coisas básicas, como viajar, por não pagar multas ou impostos.
Imagine viver em um país onde sua conduta é mais importante do que o dinheiro na sua carteira, onde você pode receber benefícios por ser um “bom cidadão” ou ser proibido de fazer coisas básicas, como viajar, por não pagar multas ou impostos.
É esse sistema que está conduzindo a vida de muitos chineses atualmente, e o resultado tem sido, no mínimo, controverso.
07/03/2019
O polêmico programa de crédito social chinês deu o que falar quando foi iniciado. Com cara de “Black Mirror”, o sistema ainda está se expandindo por todo o território nacional, beneficiando aqueles que têm mais crédito, que é adquirido por compras online, com o pagamento de dívidas e boas atitudes do dia a dia — os moradores são vigiados por milhares de câmeras com reconhecimento facial espalhadas pelo país.
Os chineses com pouco crédito têm empréstimos limitados, matrículas proibidas em algumas escolas e são impedidos de assumir cargos públicos.
Os chineses com pouco crédito têm empréstimos limitados, matrículas proibidas em algumas escolas e são impedidos de assumir cargos públicos.
Ademais, a compra de 17,5 milhões de passagens aéreas e 5,5 milhões de bilhetes de trem foi negada a esses cidadãos, segundo um relatório anual do órgão governamental responsável.
Abuso de privacidade
A criação do sistema de créditos é um claro mau uso do enorme avanço da capacidade de hardware e inteligência artificial, mas o governo chinês justifica a existência do sistema como uma forma de melhorar o comportamento em sociedade.
Além dos problemas de privacidade, não há transparência sobre as regras impostas, tampouco são divulgadas formas de recuperar pontos perdidos.
Companhias e comerciantes também são afetados pelo sistema. Quando listados como “não confiáveis”, podem perder acordos com o governo e direito a empréstimos ou serem proibidos de importar produtos.
A prática já foi criticada internacionalmente, inclusive pelo vice-presidente estadunidense, Mike Pence: “É um sistema ‘orwelliano’, com a premissa de controlar todos os aspectos da vida humana”, fazendo referência aos conceitos criados por George Orwell.
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