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Rei Momo
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Rei Momo do Carnaval de Florianópolis. 2005
Rei Momo é um personagem da mitologia grega que se tornou um símbolo do Carnaval.
Índice
1Mitologia
2História
2.1Rei Momo no Carnaval do Rio de Janeiro
2.1.1Lista de Rei Momos vencedores no Rio de Janeiro
2.2Rei Momo em Santos
3Rei Momo hoje
4Ver também
5Notas
6Referências citadas
7Ligações externas
Mitologia[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Momo (mitologia)
Na mitologia grega, Momo (Reclamação) era uma das filhas que a deusa Nix, personificação da noite, teve sem um pai,[1] ou com Érebo.[2]
Momo foi escolhida para julgar qual deus, dentre Zeus, Poseidon e Atena, poderia fazer algo realmente bom. Zeus fez o melhor dos animais, o Homem, Atena fez uma casa para as pessoas morarem, e Poseidon fez o touro. Momo, então, que ainda vivia entre os deuses e tinha o hábito de não gostar de nada, criticou o touro porque não tinha olhos em baixo dos chifres que o permitissem mirar os seus alvos quando ele fosse dar uma chifrada, o homem por não ter uma janela no seu coração para que o seu semelhante pudesse ver o que ele estava planejando, e a casa porque ela não tinha rodas de ferro na sua base para que ela fosse movida.[3]
História[editar | editar código-fonte]
O Rei Momo parece ter surgido em Espanha, sob a forma de um boneco que se queimava, como forma de suavizar um costume antigo mais brutal, simbolizando a morte de Jesus Cristo propiciadora da sua ressurreição.[4]
Surge na literatura espanhola já no século XVI, na obra de 1553, "El Momo. La moral y muy graciosa historia del Momo: compuesta en latín y trasladada al castellano por Agustín de Almacan. En Alcalá de Henares". Correm então várias historietas sobre esta personagem burlesca.[5] A novela picaresca espanhola La pícara Justina, publicada pela primeira vez em 1605 em Medina del Campo, alude ao Rei Momo, parodiando-o como Rey Mono, ou seja, Rei Macaco: "Ya guisa del rey Mono, hizo su trono", e "Hizo de las capas un trono imperial, poniendo por respaldar dos desaforados cuernos, parecía rey Mono puramente."[6] Salas Barbadillo volta a recolher esta tradição e personagem em 1627, na sua obra Estafeta del rey Momo.[5]
Esta figura apareceu em 1888 no Carnaval de Barranquilla, na Colômbia, como vestígio do Rei Burlesco[nota 1] da Antiguidade, sob a forma de uma personagem alegre e foliona que substitui o antigo Rei Momo, a qual era coroada nos salones burreros de Barranquilla[nota 2]. Este concedia a licença que autorizava a desordem carnavalesca[nota 3] com bombos, pratos e maracas, parodiando o cerimonial solene dos ministreis do Palácio que outrora saíam nos tempos coloniais à praça pública a ler os éditos dos vice-reis. Os costumes de nomear o Rei Momo ainda continua até os dias de hoje em Barranquilla, e o rei deve caracterizar-se pela sua permanente alegria e simpatia, estando encarregue de organizar o Desfile del Sur na calle 17 da cidade.[7]
Pela mesma época o enterro do Rei Momo era festejado no Carnaval de Montevideu, sendo-lhe dedicadas quadras, como esta de 1892: "El Rey Momo ya murió / lo llevamos a enterrar / envuelto en una mortaja / de ajo, pimienta y sal...".[8] Esta figura substitui na abertura dos corsos carnavalescos o clássico espanhol Marqués de las Cabriolas.[9]
Rei Momo no Carnaval do Rio de Janeiro[editar | editar código-fonte]
Durante muito tempo o Rei Momo fez parte do Carnaval carioca, como de outros carnavais, sem no entanto incorporar uma figura específica.[10]
Em 1910 o palhaço negro Benjamim Oliveira personificou o Rei Momo, pela primeira vez no Rio de Janeiro, numa actuação do Circo Spineli.[11]
A figura actual do Rei Momo carioca terá surgido em 1933, quando Edgard Pilar Drumond, também conhecido por Plamenta, cronista carnavalesco, juntamente com o jornalista Vasco Lima e outros jornalistas do jornal A Noite, criaram um boneco de papelão a que chamaram Rei Momo I e Único, esculpido pelo artista Hipólito Colomb.[12]
Em 1934,[11] o jornal decidiu passar o rei para carne e osso, sendo consenso que devia ser alguém alegre, bonacheirão, bem falante e com cara de glutão, uma visão peculiar do Rei Momo e diversa da de carnavais como o de Nice, Nova Orleães e Colônia. O eleito foi Moraes Cardoso, cronista de turfe na redacção do mesmo jornal, que prontamente concordou. Pedida a opinião ao maestro Sílvio Piergilli do Teatro Municipal sobre a indumentária do futuro rei, este, ao saber o físico do escolhido, não teve dúvidas em entregar a vestimenta do Duque de Mântua, personagem da ópera de Verdi, Rigoletto. E assim, entre os gritos de saudação de "Vive le Roy!" e "Evoé Momo!" de repórteres, linotipistas, contínuos e faxineiros, comandados por Pilar Drumond, nascia para o Rio de Janeiro o primeiro Rei Momo genuinamente carioca. Não é claro se os dois Reis Momos - o de papelão e o de carne e osso - chegaram a coexistir no mesmo Carnaval.[10]
Moraes Cardoso foi coroado como rei do Carnaval por quase 15 anos, de 1934 a 1948. Até ao seu falecimento, participou dos desfiles carnavalescos onde era ovacionado com muitas serpentinas e confetes, além de sempre ser cumprimentado com um "Vive le Roi!" (Viva o Rei, em francês), tanto pelos amigos de redação quando pelos foliões. A partir daí, a escolha do rei do Carnaval foi feita por entidades carnavalescas e jornalísticas, uma vez que a presença do rei havia virado tradição entre os foliões. Uma lei estadual de 1968 oficializou a eleição.
A importância do Rei Momo para a cidade do Rio de Janeiro pode ser atestata pelo fato de vários prefeitos, nos primeiros dias do carnaval, entregarem as chaves da cidade ao Rei Momo, como se, a partir deste momento, quem governasse a cidade não fosse mais o prefeito, mas o Rei Momo.[13][14][15]
Lista de Rei Momos vencedores no Rio de Janeiro[editar | editar código-fonte]
AnoVencedor
1949Gustavo Mattos
1950Jaime de Moraes
1951Nelson Nobre
1952Nelson Nobre
1953Nelson Nobre
1954Nelson Nobre
1955Nelson Nobre
1956Nelson Nobre
1957Nelson Nobre
1958Abrahão Reis
1959Abrahão Reis
1960Abrahão Reis
1961Abrahão Reis
AnoVencedor
1962Abrahão Reis
1963Abrahão Reis
1964Abrahão Reis
1965Abrahão Reis
1966Abrahão Reis
1967Abrahão Reis
1968Abrahão Reis
1969Abrahão Reis
1970Abrahão Reis
1971Abrahão Reis
1972Edson Seraphin de Santana
1973Elson Macula
1974Edson Seraphin de Santana
AnoVencedor
1975Edson Seraphin de Santana
1976Edson Seraphin de Santana
1977Edson Seraphin de Santana
1978Edson Seraphin de Santana
1979Edson Seraphin de Santana
1980Edson Seraphin de Santana
1981Edson Seraphin de Santana
1982Edson Seraphin de Santana
1983Paolo Vicente Paccelli
1984Robertão
1985Elson Macula
1986Elson Macula
1987Reynaldo Bola
AnoVencedor
1988Reynaldo Bola
1989Reynaldo Bola
1990Reynaldo Bola
1991Reynaldo Bola
1992Reynaldo Bola
1993Reynaldo Bola
1994Reynaldo Bola
1995Reynaldo Bola
1996Paulo Cesar Braga
1997Alex de Oliveira
1998Alex de Oliveira
AnoVencedor
1999Alex de Oliveira
2000Alex de Oliveira
2001Alex de Oliveira
2002Alex de Oliveira
2003Alex de Oliveira
2004Wagner Monteiro[16]
2005Marcelo Reis
2006Alex de Oliveira
2007Alex de Oliveira
2008Alex de Oliveira
2009Milton Júnior
AnoVencedor
2010Milton Júnior
2011Milton Júnior[17]
2012Milton Júnior
2013Milton Júnior
2014Wilson Dias[18]
2015Wilson Neto
2016Wilson Neto
2017Fábio Damião
2018Milton Júnior
2019Wilson Neto[19]
2020Djeferson da Silva[20]
Rei Momo em Santos[editar | editar código-fonte]
Rei Momo Waldemar, hoje, recebe a visita da Rainha Andréa (Carnaval 1989). Foto de dezembro 2008
Desde 1950 começou ser conhecida a figura do Rei Momo também no Carnaval de Santos com Waldemar Esteves da Cunha (1920-2012), que foi Momo da Cidade até 1990, e até sua morte foi o mais velho Rei Momo vivente de todo o Brasil.
Rei Momo hoje[editar | editar código-fonte]
Hoje existe concurso para a escolha do Rei Momo em vários estados do Brasil. Para participação do certame é preciso ser muito simpático e esbanjar alegria, além de pesar no mínimo 120 quilos. Esta última exigência vem sendo abandonada nos últimos anos, considerando-se os problemas de saúde causados pela obesidade.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Corte real do Carnaval
Notas
↑ Rey de Burlas no original, no mesmo sentido que mascararam Jesus de rei quando o julgaram.
↑ salones burreros eram espaços onde, em tempos antigos, a população de Barranquilla se reunia para festejar o Carnaval.
↑ guachafita no original
Referências citadas
↑ Hesíodo, Teogonia, 211ff
↑ Cícero, De Natura Deorum, 3.17
↑ Esopo, Fábulas, 518
↑ Revista Bigott, 41-44, C.A. Cigarrera Bigott, Sucs., 1997, p. 21
↑ Ir para:a b Ferreras, Juan Ignacio (2009), La novela en España: historia, estudios y ensayos, ISBN 9788492492176, Biblioteca del Laberinto, p. 203
↑ Francisco López de Úbeda, Bruno Mario Damiani, Andrés Pérez (1982), La pícara Justina, ISBN 9780935568363, José Porrúa Turanzas, p. 194 (nota 504)
↑ Anuário UNESCO/UMESP de comunicação regional, 3–4, UNESCO, 1999, p. 175
↑ Alfaro, Milita (1991), Carnaval y modernización : impulso y freno del disciplinamiento (1873-1904), ISBN 9789974321779, Ediciones Trilce, p. 86
↑ Aínsa, Fernando (2002), Del canon a la periferia: encuentros y transgresiones en la literatura uruguaya, ISBN 9789974322929, Trilce, p. 43
↑ Ir para:a b Costa, Haroldo (2000), Cento anos de carnaval, ISBN 8574071161, Irmãos Vitale, p. 153
↑ Ir para:a b Pinheiro, Marlene M. Soares (1996), Sob o signo do carnaval, ISBN 9788585596491, Annablume, p. 92-94
↑ Memória do carnaval, ISBN 8585386010, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1991, p. 374
↑ Artigo: O Rei Momo do Carnaval[ligação inativa], site do jornal O Dia
↑ Eduardo Paes entregou as chaves da cidade ao Rei Momo em 2010
↑ César Maia entregou as chaves da cidade ao Rei Momo em 1996
↑ Terra (20 de fevereiro de 2004). «Rei Momo magro inicia reinado no Rio de Janeiro». Consultado em 19 de setembro de 2013
↑ Carnavalesco. «Para Rei Momo, sambista não pode mais ser visto como alguém 'que não quer nada'»
↑ G1 (9 de novembro de 2013). «Rainha e Rei Momo do carnaval 2014 do Rio são eleitos». 00h15. Consultado em 9 de novembro de 2013
↑ G1. «Rei Momo do Rio entre 2014 e 2016, Wilson Neto volta ao trono da folia». Consultado em 26 de janeiro de 2019
↑ G1. «Rio elege Rei Momo, Rainha e Princesas do carnaval de 2020». Consultado em 12 de janeiro de 2020
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
REI MOMO - O dono do carnaval
Sagrado e profano o carnaval é
FONTE;https://www.youtube.com/watch?v=wmaum1quExA
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