A mídia transmutou-se explicitamente numa máquina de engenharia social e foco gerador de opiniões uniformes.
Esse fenômeno não é especificamente brasileiro e é estudado pelo menos desde a década de 70.
A informação é incontestavelmente um dos elementos fundamentais para a sobrevivência e saúde mental do ser humano - pressupondo, é óbvio, que seja ela verdadeira.
30/11/2016
Pois bem, desde que viemos ao mundo, logo nos deparamos com a irreversível necessidade de nos orientar na totalidade material que nos abarca e posteriormente nos adaptar ao meio social. Nas relações humanas, esse ajuste é feito primeiramente através da aquisição da linguagem. E é precisamente aí onde começa a confusão. Na sociedade complexa em que vivemos, não raro, caímos frequentemente no poço das aparências e muitas vezes confundimos informação com notícia; notícia com propaganda e propaganda com informação. Em grande parte, nos guiamos através da televisão, das rádios, dos jornais impressos, da internet, das conversas informais, etc. A internet nesse conjunto entra como válvula de escape por ser um caso à parte. Acontece, no entanto, que hoje em dia estas mesmas fontes de informação “tradicionalmente críveis”, têm se revelado cada vez mais hediondas no uso da função social que lhes competem.
Um levantamento feito pelo Centro de Pesquisa Brasileira de Mídia, mostra que 95% dos brasileiros assistem TV regularmente e 74% a veem todos os dias. É de fato, o maior e mais vasto meio de penetração de idéias, crenças, valores e modelos de comportamentos existente na sociedade atual e que não encontrava quase nunca o mínimo de resistência efetiva ao seu conteúdo. Ao contrário, a autoridade da informação jornalística era tomada quase como um mandamento divino. Digo “era”, ponderando que em grande parte ainda o é, e pouco mudou, embora tenha havido alguma mutação significativa nos últimos tempos, resultado da notória debacle do establishment brasileiro.
As consequências desta anomalia moderna, são incalculáveis. A mídia transmutou-se explicitamente numa máquina de engenharia social e foco gerador de opiniões uniformes. Esse fenômeno não é especificamente brasileiro e é estudado pelo menos desde a década de 70. Alguns estudos notáveis são: A Teoria do Agendamento de Maxwell Mccombs e Donald Shaw. Em linhas gerais, é a seleção das pautas jornalísticas que modelam o que será discutido na sociedade; e A Teoria da Espiral do Silêncio de Elisabeth Noelle-Neumann - a grosso modo, é a retração da opinião do indivíduo, provocada pela opinião dominante formada pela mídia. Mais recentemente o diretor mexicano Luis Estrada, no filme La Dictadura Perfecta. Direção: Luis Estrada. Bandidos Films, 2014, abordou e conseguiu sintetizar com formidável clareza, aspectos criminosos dos telejornais atuais. Sem dúvida, este é um filme que já nasceu clássico documental do modus operandi do telejornalismo moderno. No filme, a maior rede de televisão mexicana é contratada para fazer o “gerenciamento da imagem” de um governador, e usa o método chamado “A Caixa Chinesa”, onde o telejornal dá um grande enfoque à notícias fabricadas ou de relevância invertida em detrimento dos fatos mais importantes, ludibriando todo o público.
Hoje, grande parte da sociedade que no dia-a-dia se orienta apenas através dos telejornais, transformam-se em marionetes opinativas; máquinas de chavões que através do senso comum que a mídia molda, transfere as discursões importantes e opiniões significativas para os mais baixos níveis de retórica e os mais altos níveis de alienação.
Talvez o último e mais explícito exemplo de inversão (notícia x propaganda) nos jornais, tem sido o episódio da disputa eleitoral norte-americana entre Donald Trump e Hillary Clinton. A mídia americana chegou a divulgar uma pesquisa de intenção que pontuava Hillary com média de 74% das intenções. O resultado como sabemos, contrariamente, deu a vitória ao republicano. As revelações feitas pelo site WikiLeaks de conexão entre Hillary Clinton e o terrorismo islâmico através de Huma Abedin entre outras revelações macabras, por exemplo, somente foram divulgadas na internet. Em relação às pesquisas eleitorais nos EUA e no Brasil, já é mais que evidente. Quase todas são “resultados de influência”. No Brasil, a GloboNews chegou a fazer uma espécie de campanha eleitoral pró Hillary e não escondeu sua decepção ao divulgar o resultado das eleições. Não vou me aprofundar nos motivos pelos quais a mídia brasileira penetrou neste estado de engodo, mas um fator de fundamental importância nesta mudança, foi a ocupação de espaço progressiva nos meios jornalísticos por uma geração de profissionais profundamente afetada pela cultura marxista formada pela universidade brasileira. Junto à mídia, me parece que a universidade brasileira em boa parte já é fonte disseminadora da barbárie cultural da qual denunciou - ainda em tom de alerta - o filósofo Mário Ferreira dos Santos no indispensável livro Invasão Vertical dos Bárbaros, 1967.
Sobra-nos, a válvula de escape. Segundo a última estatística que acessei, no Brasil o acesso à internet chega a 58% da população do país. Com este dado - para não chegarmos a desorientação completa -, resta-nos então, buscar a internet e fazer uso profilático da rede mundial de computadores que por ter dinâmica descentralizadora e por ser – das mídias – a única fonte de informação onde podemos buscar pontos de vista totalmente ausentes de toda a mídia dominante, é onde encontramos um pouco de “realidade” nesta confusão toda. Ou seja, a internet é a fresta de luz neste véu de quimeras. Levando em consideração a vasta rede de mentiras propagandísticas empreendida pela mídia, é fácil entender porque o mundo está cada vez mais “ao vivo” se elevando ao status de laboratório do inferno.
Que busquemos a verdade então!
FONTE;http://www.midiasemmascara.org/mediawatch/outros/16843-2016-11-29-21-25-52.html
ESCRITO POR VICTOR FIDEL | 29 NOVEMBRO 2016
MEDIA WATCH - OUTROS
Notas:
Maxwell McCombs
https://journalism.utexas.edu/faculty/max-mccombs
Donald Shaw
http://arts1091.unsw.wikispaces.net/donald+l.+shaw
Elisabeth Noelle-Neumann
http://outofthequestion.org/women-in-media-research/survey-and-public-opinion-research.aspx
Luis Estrada
https://es.wikipedia.org/wiki/luis_estrada_(director)
La Dictadura Perfecta
https://www.netflix.com/br/watch/80032640
Huma Abedin
http://www.wnd.com/2016/11/catching-up-on-the-last-24-hours-of-hillarygate/
Centro de Pesquisa Brasileira de Mídiahttp://www.brasil.gov.br/governo/2014/12/televisao-ainda-e-o-meio-de-comunicacao-predominanteentre-os-brasileiros
Invasão Vertical dos Bárbaros – Mário Ferreira dos Santoshttp://www.erealizacoes.com.br/produto/invasao-vertical-dos-barbaros
Pesquisa EBC – Agência Brasilhttp://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2016-09/pesquisa-mostra-que-58-da-populacao-brasileira-usam-internet
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