Acho que nunca escrevi tanto sobre o espaço quanto venho escrevendo desde a semana passada. Aliás, o canal AssombradO, no Youtube, possui diversos vídeos recentes envolvendo desde um suposto OVNI, que teria "explodido" um foguete prestes a ser lançado (onde nitidamente é possível observar o movimento de "asas batendo",ou seja, era apenas um pássaro), passando por um eventual "contato extraterrestre" vindo da direção da estrela HD 164595, na constelação de Hércules (em que se acredita ter origem terrestre, talvez um sinal de alguma fonte militar), até chegar na interessante notícia que um observatório brasileiro descobriu um "pequeno" asteroide, que passou de "raspão" pela Terra, apenas um dia depois de ser descoberto. Neste último caso, isso prova que apesar dos grandes esforços dos astrônomos em tentar realizar o monitoramento do espaço, evidentemente conseguimos ver apenas uma pequeníssima fração dos objetos que estão a nossa volta, e que por isso, nesse exato momento, um deles poderia estar vindo em nossa direção. É justamente esse apelo apocalíptico que muitos sites de notícias utilizam para estimular o imaginário das pessoas, ao dizer para elas que o mundo pode acabar em determinado dia, mês ou ano. Aliás, a própria indústria cinematográfica já tratou de abordar essa temática através, por exemplo, dos filmes "Armaggedon" e "Impacto Profundo".
08/09/2016
Aliás, não podemos culpar inteiramente a indústria do cinema e nem mesmo a mídia por essa exploração do tema, visto que a teoria mais aceita e mais discutida até hoje seria do impacto de um asteroide, cujas consequências climáticas teriam resultado na extinção dos dinossauros (é claro que existem outras teorias, mas ficaria muito extenso comentar sobre cada uma delas). Além disso, diversas agências espaciais, incluindo diversos governos, a exemplo da Rússia e da China, já anunciaram planos para tentar desviar ou então destruir eventuais asteroides, que estiverem em rota de colisão com a Terra. O "senso comum" entre muitos cientistas é que um asteroide precisaria ter ao menos 1.000 metros de diâmetro para ter uma grande possibilidade de provocar profundas mudanças em nosso planeta e, eventualmente, levar nossa espécie a extinção. Contudo, corpos celestes menores, assim como o meteoroide de Chelyabinsk, na Rússia, cujo diâmetro estimado era de apenas 20 metros, já provaram seu poder de destruição. Portanto, se um asteroide um pouco maior, entre 200 e 500 metros de diâmetro, estiver vindo em nossa direção, as consequências podem ser bem trágicas, ainda mais se não se houver uma boa desfragmentação em nossa atmosfera, e o impacto acontecer em uma região populosa do nosso planeta.
É nesse clima de eventuais impactos apocalípticos de asteroides, que trazemos para vocês uma discussão em torno de uma estranha notícia, que passou a ser propagada principalmente pelo "Portal Yahoo!" e pela versão brasileira do site do History Channel, mais conhecida por "Seu History", e que está sendo amplamente compartilhada nas redes sociais brasileiras. Basicamente, o título das notícias dizem que a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço, dos Estados Unidos) vai tentar destruir um asteroide que pode acabar com a Terra. Um dos sites, inclusive, até mesmo fixou uma espécie de prazo para isso acontecer, mencionando que isso ocorreria ainda nessa semana. Confesso que não entendi nada, ainda mais porque as notícias citavam a missão OSIRIS-REx da NASA, que até onde sabemos não envolve nenhum método experimental de destruição de asteroides. Vamos saber mais sobre esse assunto?
A Propagação da Notícia que a NASA Tentará Destruir um Asteroide, Nesta Semana, que Pode Acabar com a Terra
Conforme dissemos anteriormente, as notícias sobre uma eventual tentativa de destruição de um asteroide começaram a ser propagadas pelo "Portal Yahoo!" e o "Seu History". Uma vez que esses sites possuem um grande número de acessos, e o History Channel ainda é uma referência considerada "confiável" de conteúdo para muitas pessoas, tudo o que é escrito nesses sites acaba servindo de fonte de informação, cujo material é prontamente copiado e replicado, muitas vezes sem nenhum critério ou julgamento.
As notícias sobre uma eventual tentativa de destruição de um asteroide começaram a ser propagadas
pelo "Portal Yahoo!" (imagem superior) e pelo site "Seu History" (imagem inferior)
Obviamente, as pessoas não são obrigadas a serem versadas em Astronomia ou em qualquer outra área científica - a absoluta maioria quer apenas ser informada da maneira mais correta possível. Afinal, é o direito delas, como consumidoras de conteúdo, visto que muitos sites colocam dezenas de propagandas em suas páginas para ter uma certa remuneração pelo acesso das mesmas.
Rapidamente diversos sites de notícias e blogs passaram a republicar o conteúdo fornecido
pelo "Portal Yahoo!", e pelo site "Seu History"
Resumindo, informação nunca é completamente gratuita, sendo necessário um cuidado na hora de repassá-las, uma vez que devido a pressa do cotidiano, muitas pessoas leem apenas o título das notícias, ignorando completamente o conteúdo. Vamos utilizar como exemplo, o que foi publicado no dia 4 de setembro, pelo "Portal Yahoo!":
"No dia 8 deste mês, a NASA lançará a missão OSIRIS-REx, com o objetivo de investigar o asteroide Bennu, que poderá colidir e destruir a Terra em 120 anos.
'É o começo de uma viagem de sete anos para trazer amostras cristalinas do asteroide Bennu. A equipe construiu uma nave espacial incrível e estamos bem munidos para investigar Bennu e voltar com nosso tesouro científico', afirmou o pesquisador principal da missão, Dante Lauretta.
No dia 8 deste mês, a NASA lançará a missão OSIRIS-REx, com o objetivo de investigar o asteroide Bennu, que poderá colidir e destruir a Terra em 120 anos.
De acordo com pesquisas anteriores, Bennu poderá apresentar precursores moleculares para originar vida. Além disso, o conhecimento sobre sua estrutura e propriedades físicas e químicas permitirá aos especialistas ajudar a diminuir o impacto do asteroide.
Acredita-se que a nave alcançará Bennu em agosto de 2018 para reunir material de sua superfície e regressará em setembro de 2023. Durante a viagem, OSIRIS-REx orbitará por um ano ao redor do Sol e utilizará o campo gravitacional do planeta para se impulsionar até o asteroide."
Vocês leram bem o que foi publicado? Em algum momento é mencionado que a NASA vai tentar destruir um asteroide nesta semana? Pois é, isso não é mencionado no corpo da notícia. Até mesmo porque a missão OSIRIS-REx não envolve a destruição de nenhum asteroide, sendo muito mais ampla do que está sendo mencionado. Aliás, o mesmo vale para a notícia publicada pelo site "Seu History", que ainda possui um agravante bem pior. A fonte explicitamente mencionada nesse outro caso foi de um site chamado "Bolsamanía", um portal voltado para o mercado financeiro, em língua espanhola, que não tem nenhuma experiência em assuntos científicos. É assustador ver essa verdadeira "lambança" acontecendo.
Entretanto, evidentemente a nossa postagem não termina por aqui, visto que vamos explicar para vocês um pouco sobre o asteroide "Bennu", e a missão OSIRIS-REx da NASA.
Um Pouco Sobre o Asteroide "Bennu"
Antes de mais nada é necessário que você saiba que esse asteroide nem sempre se chamou "Bennu". Ele foi descoberto em 1999 por astrônomos do Projeto LINEAR (Lincoln Near-Earth Asteroid Research), um projeto de pesquisa conjunto da Força Aérea dos Estados Unidos, a NASA e Laboratório Lincoln do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).
Imagens do asteroide "Bennu" a partir do Radar Goldstone para o Sistema Solar, da NASA,
localizado no deserto de Mojave, nos Estados Unidos. Veja mais "imagens" clicando aqui.
O asteroide recebeu um nome provisório de "1999 RQ36", sendo que ele se tornou particulamente interessante para os cientistas por diversos motivos: é um asteroide com cerca de 500 metros de diâmetro (maior do que o tamanho médio dos asteroides que passam próximos da Terra), dá uma volta completa ao redor do sol a cada 436 dias, e passa próximo do nosso planeta a cada 6 anos.
Além disso, durante essas aproximações o "Bennu" chega a passar a uma distância de 448.794 km em relação ao nosso planeta, a uma velocidade superior a 100.000 km/h. Pode parecer muito distante, mas vale lembrar que a distância média em a Terra e Lua é de 384.600 km, portanto é bem próximo, ainda mais para um asteroide de 500 metros de diâmetro.
Esta imagem gerada por computador do asteroide "Bennu" foi obtida a partir dos dados coletados
pelo Observatório de Arecibo, em Porto Rico
Simulação feita em computador em relação a topografia do asteroide "Bennu" sobreposta a imagens de radar
Duas coisas vocês devem estar se perguntando nesse exato momento: uma delas é a razão pela qual esse asteroide foi apelidado de "Bennu", e a outra provavelmente é relacionada as chances que o asteroide possui de colidir com o nosso planeta. Vamos explicar esses pontos para vocês.
A Origem do Nome "Bennu"
Em setembro de 2012, a NASA abriu um concurso chamado "Name that Asteroid!" para a escolha do nome do asteroide até então chamado de "1999 RQ36", que por sua vez era uma designação que tinha sido fornecida pelo "Centro de Planetas Menores" do "Observatório Astrofísico Smithsonian", em Cambridge, Massachusetts, nos Estados Unidos. Esse centro atribui uma designação alfanumérica inicial para qualquer asteroide recém-descoberto, uma vez que uma série de determinados critérios sejam cumpridos para determinar sua órbita.
Qualquer estudante, de qualquer parte do mundo, poderia participar desde que tivesse menos de 18 anos de idade. Cada concorrente podia apresentar um nome com até 16 caracteres, sendo que as inscrições deveriam incluir uma breve explicação e uma justificativa para o nome. As inscrições também deviam ser feitas por um adulto, em nome do aluno. O concurso terminava no dia 2 de dezembro de 2012.
O motivo de abrir esse concurso? Bem, a NASA irá mandar uma sonda espacial até o asteroide "Bennu", que se tudo der certo, mandará de volta para a Terra uma cápsula com um pouco de material coletado do cometa (cerca de no mínimo 60 gramas). Logo, uma vez que as amostras trazidas pela missão OSIRIS-REx vão estar disponíveis para serem estudadas pelas futuras gerações, é possível que as mesmas pessoas que participem do concurso, sejam aquelas que venham a estudá-las no futuro, ou seja, um concurso para estimular que jovens tivessem interesse pelo mundo da Astronomia.
Imagem conceitual da sonda espacial OSIRIS-REx extraindo amostras do asteroide "Bennu"
Para vocês terem uma ideia, cerca de 8.000 nomes foram sugeridos, e pasmem, entre os finalistas havia até mesmo um brasileiro, o jovem Felipe Marques, de 16 anos, que havia sugerido o nome "Muninn", uma palavra nórdica antiga que significa "memória". Contudo, quem ganhou esse concurso promovido pela NASA foi o estudante norte-americano Michael Puzio, de apenas 9 anos de idade, que sugeriu o nome de "Bennu". O anúncio foi feito no dia 1 de maio de 2013.
Quem ganhou o concurso "Name that Asteroid!" promovido pela NASA foi o estudante norte-americano Michael Puzio, de apenas 9 anos de idade, que sugeriu o nome de "Bennu"
A justificativa? Segundo Michael, "Bennu era uma grande garça e o símbolo vivo de Osíris. A alada OSIRIS-REx e seu próprio TAGSAM (braço robótico da OSIRIS-REx) como se fosse sua garça, também evocam os atributos de Bennu, assim como a formato de ovo do próprio asteroide. Bennu significa "Aquele que Ascende", "que brilha", e se encaixa perfeitamente ao NEO, que irá brilhar em nossos céus em 2023, quando a OSIRIS-Rex retornar". Interessante, não é mesmo?
Muitos sites mencionam que a NASA deu o nome "Bennu", porque tem ligação com morte, e que seria um pássaro da morte, porém isso não é verdade. No máximo, seria possível dizer que o nome tem um estreito elo com uma questão de renascimento, assim como a "mitológica fênix", porém nada explicitamente sendo referido como morte ou presságio de morte. Aliás, a própria "figura" de Osíris representava muito mais a agricultura, a prosperidade, a renovação, e posteriormente o julgamento no mundo dos mortos no Antigo Egito, do qualquer conotação de "punição com a morte". Enfim, vamos deixar de lado essa parte da mitologia egípcia para comentar a seguir sobre as probabilidades de impacto do "Bennu" contra o nosso planeta.
As Probabilidades de Impacto do "Bennu" Contra o Nosso Planeta
É bem difícil estimar probabilidades de colisão em relação a asteroides. Ao fazer uma rápida pesquisa sobre o "Bennu", encontrei diversos valores sendo mencionados em sites considerados bem conceituados quando o assunto é Astronomia. De acordo com uma matéria recentemente publicada pelo site Space.com, no dia 1 de agosto desse ano, Bennu é oficialmente classificado como um asteroide potencialmente perigoso, e segundo os cientistas da NASA, há uma chance de 0,037% (ou 1 em 2.700), que ele irá atingir a Terra no fim do século 22.
Entretanto, em uma notícia publicada no site Universe Today, em 24 de dezembro do ano passado, é possível encontrar outras probablidades. De acordo com pesquisadores espanhóis liderados pela matemática María Eugenia Sansaturio, da Universidade de Valladolid, na Espanha, a probabilidade que o "Bennu" atingisse a terra seria 1 em 1.000, no ano de 2182. Estimativas anteriores davam uma chance de 1 em 1.400, para que este asteroide venha a atingir a Terra em algum momento entre 2169 e 2199. Na época, no entanto, o site do programa "Near Earth Objects" ("Objetos Próximos à Terra", em português) da NASA, calculava a chance entre 1 em 3.850 e 1 em 3.570, de que o asteroide pudesse colidir com o nosso planeta em 24 de setembro de 2182.
A razão para tantas incertezas? Bem, não é tão difícil de entender. Primeiramente temos a chamada "fenda de ressonância gravitacional", que é o nome dado a uma pequena região ou janela do espaço, próxima a Terra, que caso seja atravessada por um asteroide provocará uma alteração na sua trajetória devido à gravidade terrestre. Isso faz com que a nova "rota" torne possível que tal asteroide colida com a Terra em sua próxima aproximação orbital.
A chamada "fenda de ressonância gravitacional" é o nome dado a uma pequena região ou janela do espaço, próxima a Terra, que caso seja atravessada por um asterpide provocará uma alteração na sua trajetória devido à gravidade terrestre de forma que a nova rota torne possível que tal asteroide colida com a Terra na sua próxima aproximação orbital
Em segundo lugar, temos o chamado "efeito Yarkovsky", sugerido pela primeira vez por um cientista russo há um século. Ele descreve basicamente um modo não-gravitacional pelo qual um asteroide pode alterar sua trajetória ao longo do tempo. Normalmente, as órbitas descritas pelos objetos celestes são caracterizadas por suas interações via gravidade, principalmente a do Sol, no caso do Sistema Solar. Assim sendo, o efeito Yarkovsky trata-se do efeito acumulado de impulsos diminutos causados pela luz que chega do Sol. Em tese, cada um desses objetos recebe aproximadamente a mesma quantidade de luz em todas as regiões, por causa de seu efeito de rotação. Entretanto, dependendo da capacidade de reflexão (albedo) da região na superfície, ele reflete mais ou menos raios luminosos. Esse desequilíbrio faz com que sua rota normal seja alterada levemente, pois o astro "sentiria" um impulso mais forte numa determinada direção. Resumindo, os raios solares podem desviar um asteroide para nossa direção.
Não entendeu nada? Vamos tentar explicar de outra forma. O calor absorvido pelo "Bennu" durante o dia irradia para o espaço, empurrando de volta contra o asteroide como se fosse o propulsor de um foguete. Todos esses pequenos "empurrões" acabando se somando ao longo dos séculos, fazendo com que o "Bennu" desacelere levamente e sua órbita ao redor do Sol fique mais estreita. A questão é que ninguém sabe exatamente qual será o resultado disso, depende do tempo, mas ele passa rápido quando estamos falando de um asteroide potencialmente perigoso, de 500 metros de diâmetro, passando perto da Terra a cada 6 anos, entenderam? Confiram o gráfico abaixo:
O calor que irradia do quente "entardecer" de um lado do asteroide age como um leve impulso de um foguete que gradualmente muda a a velocidade orbital de um asteroide. É o chamado efeito Yarkovsky. Uma vez que "Bennu" gira de leste para oeste, ao invés de oeste para leste, assim como a Terra, a ação do "empurrão" faz com que sua órbita fique mais estreita ("encolha")
Assim sendo, a combinação desses dois fatores pode desviar lentamente a órbita do "Bennu" a cada passagem do mesmo pelo nosso planeta, até que em 2182 ele eventualmente possa colidir com a Terra. Entretanto, é muito importante lembrar a todos vocês temos a probabilidade de 99.9% de que o "Bennu" simplesmente passe pela Terra sem causar maiores problemas para nossa civilização. A questão é que recomendável observá-lo bem de perto, visto que o cálculo das suas futuras órbitas indicam que "Bennu" tem uma das mais altas probabilidades de impacto nos próximos séculos do qualquer outro asteroide conhecido, mas ainda assim não há razão para pânico.
Vocês até podem pensar que a escolha em estudar o "Bennu" mais de perto foi devido a esse "temor" de um eventual impacto, mas não é bem assim que as coisas funcionam. Para enviar uma sonda ao espaço, muitas vezes é necessário um investimento de centenas de milhões de dólares, logo é muito importante saber se o que se pretende estudar possui as condições ideais para que todo o esforço, estudo e dinheiro, não sejam perdidos da noite para o dia.
Selfie tirada pela sonda espacial Rosetta mostrando o cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko ao fundo
Vale lembrar nesse ponto, que a sonda Rosetta, da ESA (Agência Espacial Europeia), demorou mais de 10 anos viajando pelo espaço para chegar no cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko, e o módulo Philae infelizmente acabou quicando ao tocar a superfície do cometa. Como resultado, ele acabou "parando" em uma região sombreada, o que acabou não permitindo que ele pudesse recarregar suas baterias através de seus painéis solares. Apesar do Philae ter operado por cerca de 60 horas, e ser considerado um feito extraordinário devido a complexidade da missão, o mesmo poderia ter sido muito mais aproveitado.
Baseado em estudos realizados aqui da Terra, o "Bennu" se assemelha aos meteoritos carbônicos e os meteoritos do tipo condrito carbonáceo, ricos em química orgânica. O "meteorito de Sutter’s Mill", que caiu na Califórnia, em abril de 2012, é semelhante ao que se espera do "Bennu": escuro, quebradiço e rico em argila antiga e material orgânico, ou seja, ótimas condições, por exemplo, para o estudo da origem da vida.
Fragmentos do meteorito de Sutter’s Mill, que caiu na Califórnia, nos Estados Unidos
no dia 22 de abril de 2012
Além disso, existe toda uma série de parâmetros que foram estudados desde 1999, com centenas de observações realizadas a partir de equipamentos e radares aqui da Terra, para podermos ter uma noção de como chegar no asteroide, estudá-lo, coletar amostras e enviá-las em segurança para a Terra. Até mesmo o telescópio espacial Spitzer, da NASA, foi utilizado em 2007 e 2012 para detectar a radiação infravermelha, visto que estudar a emissão térmica de asteroides oferece uma riqueza de informações sobre suas propriedades físicas. Portanto, a escolha é terminantemente cientifíca, e não conspiratória.
Qualquer um pode consultar tudo o que se sabe sobre o asteroide "Bennu", fazendo o download de um arquivo .PDF chamado "The Design Reference Asteroid for the OSIRIS-REx Mission Target (101955) Bennu", um documento de mais de 100 páginas com todos os dados técnicos do que foi analisado sobre o mesmo até o ano de 2014 (em inglês).
Modelos térmicos do asteroide "Bennu" obtidos com a ajuda do telescópio espacial Spitzer, da NASA
Aliás, sabia que se você tiver uma impressora 3D ou conhecer alguém que tenha você pode imprimir o seu próprio asteroide "Bennu"? Sim, é verdade! Evidentemente que não é tamanho real, mas numa escala bem reduzida. A própria NASA disponibiliza gratuitamente os arquivos para download. Para saber mais detalhes sobre isso, basta clicar aqui. Legal, não é mesmo?
O "Bennu" é um Velho Conhecido do Canal AssombradO?
Talvez vocês lembrem do "Bennu" devido a sua antiga designação ("1999 RQ36"), e por uma notícia um tanto quanto inusitada sobre as supostas imagens em que apareceria uma pirâmide negra na superfície desse asteroide. Lembram, desse caso? Confiram o vídeo realizado sobre o mesmo, que foi publicado no Youtube, no dia 14 de julho de 2014!
Pois é, naquela época havia uma forte suspeita inicial de que tudo não passasse de um "hoax", ou seja, uma farsa. Realmente era uma farsa, e por uma série de motivos. Era mencionado que as imagens fariam parte de uma série de estudos que estavam sendo realizados pela ISRO (Organização de Estudos Espaciais da Índia), mas não havia nenhuma referência a essa "descoberta" no site da organização. Isso dava uma conotação bem conspiratória ao "achado", como se as imagens tivessem "vazado" de alguma forma.
Outro detalhe, por exemplo, é que as pessoas mencionavam que as imagens teriam sido captadas pelo satélite Neossat, que é canadense, e não possuía nenhuma relação com a ISRO. Agora, a ponto principal que apontava realmente para uma farsa é que até hoje, ou seja, desde 1999 não temos nenhuma imagem da superfície do asteroide, apenas simulações em computador. Logo, não era o "1999 RQ36". Vocês podem conferir mais detalhes clicando aqui e aqui.
Além disso, eu mesmo escrevi rapidamente sobre o "1999 RQ36" em uma notícia chamada "O Mundo Ainda Não Acabou, Mas Conheça 3 Asteroides Que Podem Fazer Com Que Sejamos Extintos!", que também é bem interessante, porém meu texto era menos elaborado antigamente do que vocês podem conferir hoje em dia aqui no blog.
Um Pouco Sobre a Missão OSIRIS-REx da NASA
A sonda espacial OSIRIS-REx (Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, Security, Regolith Explorer ou simplesmente Origens, Interpretação Espectral, Identificação de Recursos, Segurança e Explorador de Regolito) será enviada ao espaço na noite da próxima quinta-feira, 8 de setembro, na ponta de um foguete ULA ATLAS V, na Base da Força Aérea dos Estados Unidos, em Cabo Canaveral, na Flórida, por volta das 20h05, horário oficial de Brasília.
A sonda espacial "OSIRIS-REx" (em primeiro plano) e o módulo que a levará ao espaço (em segundo plano)
A OSIRIS-REx é a primeira missão norte-americana, que visa trazer material proveniente de um asteroide para a Terra (lembrando, por exemplo, que a sonda espacial Hayabusa, lançada pela Agência Espacial Japonesa, em 2003, retornou a Terra com amostras do asteroide "25143 Itokawa" no ano de 2010). E olha que essa missão está custando bem caro, cerca de US$ 800 milhões (aproximadamente R$ 2,5 bilhões), sem contar o custo de lançamento.
Assim que for lançada, a sonda irá passar dois anos "perseguindo" o asteroide Bennu, até se encontrar com ele entre agosto e outubro de 2018. Uma vez que a mesma passe a orbitá-lo, a sonda irá mapear e estudar sua superfície a uma distância entre 700 metros e 5 km por mais de 500 dias. Todos esses dados serão meticulosamente analisados para que a equipe responsável pela missão escolha o ponto ideal para a coleta das amostras. Como a sonda vai fazer isso? Vamos explicar!
A sonda OSIRIS-REx em seu respectivo módulo, já acoplados na ponto mais alto do foguete ULA ATLAS V,
pronta para ser enviada ao espaço na noite da próxima quinta-feira (8)
Ao contrário do módulo Philae, que estava destinado a efetivamente pousar no 67P/Churyumov–Gerasimenko, a sonda OSIRIS-REx não vai pousar no "Bennu". Ela irá ativar uma espécie de braço robótico, o chamado "Touch-And-Go Sample Acquisition Mechanism" (TAGSAM), de aproximadamente 3 metros de comprimento, que entrará em contato entre 3 a 5 segundos com a superfície do asteroide para coletar cerca no mínimo 60 gramas de material do mesmo, embora a sonda tenha capacidade de coletar e armazenar até 2 quilos de amostras.
É exatamente por isso que esse braço tem o nome em inglês de "Touch and Go" ("Tocar e Ir Embora", em português). Acredita-se que essa coleta de amostras deve acontecer somente em julho de 2020.
O braço robótico, o chamado "Touch-And-Go Sample Acquisition Mechanism" (TAGSAM), de aproximadamente 3 metros de comprimento, que entrará em contato entre 3 a 5 segundos com a superfície do asteroide "Bennu"
Se você acompanha a chamada Fórmula Indy, campeonato norte-americano de corrida de veículos automotores, semelhante a F1, vai lembrar do termo "Splash and Go", no qual os competidores param rapidamente para "jogar uma pequena quantidade de combustível no tanque, e rapidamente voltam para a corrida", ou seja, um tempo de parada bem menor do que o normal, com o objetivo de colocar somente o necessário de combustível para terminar uma prova. Enfim, o princípio é o mesmo, porém sem pousar no asteroide.
Então, se tudo der certo as amostras coletadas serão armazenadas em segurança em uma cápsula de retorno para a viajar de volta a Terra. Um pouco mais tarde, quando for a hora certa, a sonda OSIRIS-Rex mandará essa cápsula de volta ao nosso planeta em março de 2021, e acredita-se que ela finalmente caia, literalmente de paraquedas em nosso planeta, com sucesso, nos trazendo amostras muito valiosas em setembro de 2023. Basicamente isso. Confira uma rápida apresentação da missão OSIRIS-REx, publicada pelo canal NASA Goddard, no Youtube (em inglês):
É importante ressaltar que a missão OSIRIS-REx possui diversos objetivos, porém nenhum deles inclui a destruição do "Bennu", seria surreal pensar nisso. A missão primária, por exemplo, é conseguir estudar, através de amostras coletadas, a origem do nosso Sistema Solar e da vida. Isso porque acredita-se que essas amostras sejam ricas em material carbônico e orgânico. Os astrônomos querem saber o que o asteroide "testemunhou" ao longo de sua evolução. Também será interessante, por exemplo, avaliar sua composição para termos uma noção dos recursos minerais que o mesmo possui para as chamadas "minerações espaciais".
Além disso, com o trabalho desempenhado pela OSIRIS-REx, os cientistas esperam compreender melhor o efeito Yarkovsky, com o intuito de gerar previsões cada vez mais precisas das futuras órbitas do "Bennu", e determinar se ele realmente pode ser uma ameaça muito maior do que estamos atualmente prevendo. A questão é que todo esse estudo servirá para nos dar uma nova visão e até mesmo refazer nossas previsões sobre todos os demais asteroides que representem ou possam vir a representar uma ameaça para a Terra, ou seja, a questão é bem maior do que apenas o "Bennu", entenderam?
Como Faço Para Assistir em Tempo Real o Lançamento da OSIRIS-REx?
Vocês também podem acompanhar o lançamento em tempo real da OSIRIS-REx através do Canal Space Today, no Youtube, do nosso parceiro, o Sérgio Sacani, que irá retransmitir e comentar ao vivo tudo o que acontecer para vocês, através de uma live que acontecerá a partir das 19h30 (horário de Brasília), na próxima quinta-feira. Deixem anotado o seguinte link: "Live de Quinta - Lançamento da OSIRIS-REx", ou acessem a live diretamente pelo "vídeo" abaixo, na quinta-feira, 8 de setembro, a partir das 19h30 (horário de Brasília)!
Enfim, a missão OSIRIS-Rex é um grande passo na direção da exploração de asteroides, sendo que seus instrumentos/equipamentos ainda incluem 3 câmeras, um altímetro laser, um espectrômetro de emissão térmica, um espectrômetro de luz visível e infravermelho e um espectrômetro de raios-X. Resumindo? É muita tecnologia empregada em uma única sonda espacial.
Portanto, AssombradOs, vamos torcer para que dê tudo certo, para que possamos o quanto antes sabermos o que pode estar vindo em nossa direção, e de quebra, quem sabe, descobrir de onde viemos. Afinal, desviar ou destruir o que estiver vindo, são outros quinhentos.
Até a próxima, AssombradOs!
Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino
Fontes:
Aliás, não podemos culpar inteiramente a indústria do cinema e nem mesmo a mídia por essa exploração do tema, visto que a teoria mais aceita e mais discutida até hoje seria do impacto de um asteroide, cujas consequências climáticas teriam resultado na extinção dos dinossauros (é claro que existem outras teorias, mas ficaria muito extenso comentar sobre cada uma delas). Além disso, diversas agências espaciais, incluindo diversos governos, a exemplo da Rússia e da China, já anunciaram planos para tentar desviar ou então destruir eventuais asteroides, que estiverem em rota de colisão com a Terra. O "senso comum" entre muitos cientistas é que um asteroide precisaria ter ao menos 1.000 metros de diâmetro para ter uma grande possibilidade de provocar profundas mudanças em nosso planeta e, eventualmente, levar nossa espécie a extinção. Contudo, corpos celestes menores, assim como o meteoroide de Chelyabinsk, na Rússia, cujo diâmetro estimado era de apenas 20 metros, já provaram seu poder de destruição. Portanto, se um asteroide um pouco maior, entre 200 e 500 metros de diâmetro, estiver vindo em nossa direção, as consequências podem ser bem trágicas, ainda mais se não se houver uma boa desfragmentação em nossa atmosfera, e o impacto acontecer em uma região populosa do nosso planeta.
É nesse clima de eventuais impactos apocalípticos de asteroides, que trazemos para vocês uma discussão em torno de uma estranha notícia, que passou a ser propagada principalmente pelo "Portal Yahoo!" e pela versão brasileira do site do History Channel, mais conhecida por "Seu History", e que está sendo amplamente compartilhada nas redes sociais brasileiras. Basicamente, o título das notícias dizem que a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço, dos Estados Unidos) vai tentar destruir um asteroide que pode acabar com a Terra. Um dos sites, inclusive, até mesmo fixou uma espécie de prazo para isso acontecer, mencionando que isso ocorreria ainda nessa semana. Confesso que não entendi nada, ainda mais porque as notícias citavam a missão OSIRIS-REx da NASA, que até onde sabemos não envolve nenhum método experimental de destruição de asteroides. Vamos saber mais sobre esse assunto?
A Propagação da Notícia que a NASA Tentará Destruir um Asteroide, Nesta Semana, que Pode Acabar com a Terra
Conforme dissemos anteriormente, as notícias sobre uma eventual tentativa de destruição de um asteroide começaram a ser propagadas pelo "Portal Yahoo!" e o "Seu History". Uma vez que esses sites possuem um grande número de acessos, e o History Channel ainda é uma referência considerada "confiável" de conteúdo para muitas pessoas, tudo o que é escrito nesses sites acaba servindo de fonte de informação, cujo material é prontamente copiado e replicado, muitas vezes sem nenhum critério ou julgamento.
As notícias sobre uma eventual tentativa de destruição de um asteroide começaram a ser propagadas
pelo "Portal Yahoo!" (imagem superior) e pelo site "Seu History" (imagem inferior)
Obviamente, as pessoas não são obrigadas a serem versadas em Astronomia ou em qualquer outra área científica - a absoluta maioria quer apenas ser informada da maneira mais correta possível. Afinal, é o direito delas, como consumidoras de conteúdo, visto que muitos sites colocam dezenas de propagandas em suas páginas para ter uma certa remuneração pelo acesso das mesmas.
Rapidamente diversos sites de notícias e blogs passaram a republicar o conteúdo fornecido
pelo "Portal Yahoo!", e pelo site "Seu History"
Resumindo, informação nunca é completamente gratuita, sendo necessário um cuidado na hora de repassá-las, uma vez que devido a pressa do cotidiano, muitas pessoas leem apenas o título das notícias, ignorando completamente o conteúdo. Vamos utilizar como exemplo, o que foi publicado no dia 4 de setembro, pelo "Portal Yahoo!":
"No dia 8 deste mês, a NASA lançará a missão OSIRIS-REx, com o objetivo de investigar o asteroide Bennu, que poderá colidir e destruir a Terra em 120 anos.
'É o começo de uma viagem de sete anos para trazer amostras cristalinas do asteroide Bennu. A equipe construiu uma nave espacial incrível e estamos bem munidos para investigar Bennu e voltar com nosso tesouro científico', afirmou o pesquisador principal da missão, Dante Lauretta.
No dia 8 deste mês, a NASA lançará a missão OSIRIS-REx, com o objetivo de investigar o asteroide Bennu, que poderá colidir e destruir a Terra em 120 anos.
De acordo com pesquisas anteriores, Bennu poderá apresentar precursores moleculares para originar vida. Além disso, o conhecimento sobre sua estrutura e propriedades físicas e químicas permitirá aos especialistas ajudar a diminuir o impacto do asteroide.
Acredita-se que a nave alcançará Bennu em agosto de 2018 para reunir material de sua superfície e regressará em setembro de 2023. Durante a viagem, OSIRIS-REx orbitará por um ano ao redor do Sol e utilizará o campo gravitacional do planeta para se impulsionar até o asteroide."
Vocês leram bem o que foi publicado? Em algum momento é mencionado que a NASA vai tentar destruir um asteroide nesta semana? Pois é, isso não é mencionado no corpo da notícia. Até mesmo porque a missão OSIRIS-REx não envolve a destruição de nenhum asteroide, sendo muito mais ampla do que está sendo mencionado. Aliás, o mesmo vale para a notícia publicada pelo site "Seu History", que ainda possui um agravante bem pior. A fonte explicitamente mencionada nesse outro caso foi de um site chamado "Bolsamanía", um portal voltado para o mercado financeiro, em língua espanhola, que não tem nenhuma experiência em assuntos científicos. É assustador ver essa verdadeira "lambança" acontecendo.
Entretanto, evidentemente a nossa postagem não termina por aqui, visto que vamos explicar para vocês um pouco sobre o asteroide "Bennu", e a missão OSIRIS-REx da NASA.
Um Pouco Sobre o Asteroide "Bennu"
Antes de mais nada é necessário que você saiba que esse asteroide nem sempre se chamou "Bennu". Ele foi descoberto em 1999 por astrônomos do Projeto LINEAR (Lincoln Near-Earth Asteroid Research), um projeto de pesquisa conjunto da Força Aérea dos Estados Unidos, a NASA e Laboratório Lincoln do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).
Imagens do asteroide "Bennu" a partir do Radar Goldstone para o Sistema Solar, da NASA,
localizado no deserto de Mojave, nos Estados Unidos. Veja mais "imagens" clicando aqui.
O asteroide recebeu um nome provisório de "1999 RQ36", sendo que ele se tornou particulamente interessante para os cientistas por diversos motivos: é um asteroide com cerca de 500 metros de diâmetro (maior do que o tamanho médio dos asteroides que passam próximos da Terra), dá uma volta completa ao redor do sol a cada 436 dias, e passa próximo do nosso planeta a cada 6 anos.
Além disso, durante essas aproximações o "Bennu" chega a passar a uma distância de 448.794 km em relação ao nosso planeta, a uma velocidade superior a 100.000 km/h. Pode parecer muito distante, mas vale lembrar que a distância média em a Terra e Lua é de 384.600 km, portanto é bem próximo, ainda mais para um asteroide de 500 metros de diâmetro.
Esta imagem gerada por computador do asteroide "Bennu" foi obtida a partir dos dados coletados
pelo Observatório de Arecibo, em Porto Rico
Simulação feita em computador em relação a topografia do asteroide "Bennu" sobreposta a imagens de radar
Duas coisas vocês devem estar se perguntando nesse exato momento: uma delas é a razão pela qual esse asteroide foi apelidado de "Bennu", e a outra provavelmente é relacionada as chances que o asteroide possui de colidir com o nosso planeta. Vamos explicar esses pontos para vocês.
A Origem do Nome "Bennu"
Em setembro de 2012, a NASA abriu um concurso chamado "Name that Asteroid!" para a escolha do nome do asteroide até então chamado de "1999 RQ36", que por sua vez era uma designação que tinha sido fornecida pelo "Centro de Planetas Menores" do "Observatório Astrofísico Smithsonian", em Cambridge, Massachusetts, nos Estados Unidos. Esse centro atribui uma designação alfanumérica inicial para qualquer asteroide recém-descoberto, uma vez que uma série de determinados critérios sejam cumpridos para determinar sua órbita.
Qualquer estudante, de qualquer parte do mundo, poderia participar desde que tivesse menos de 18 anos de idade. Cada concorrente podia apresentar um nome com até 16 caracteres, sendo que as inscrições deveriam incluir uma breve explicação e uma justificativa para o nome. As inscrições também deviam ser feitas por um adulto, em nome do aluno. O concurso terminava no dia 2 de dezembro de 2012.
O motivo de abrir esse concurso? Bem, a NASA irá mandar uma sonda espacial até o asteroide "Bennu", que se tudo der certo, mandará de volta para a Terra uma cápsula com um pouco de material coletado do cometa (cerca de no mínimo 60 gramas). Logo, uma vez que as amostras trazidas pela missão OSIRIS-REx vão estar disponíveis para serem estudadas pelas futuras gerações, é possível que as mesmas pessoas que participem do concurso, sejam aquelas que venham a estudá-las no futuro, ou seja, um concurso para estimular que jovens tivessem interesse pelo mundo da Astronomia.
Imagem conceitual da sonda espacial OSIRIS-REx extraindo amostras do asteroide "Bennu"
Para vocês terem uma ideia, cerca de 8.000 nomes foram sugeridos, e pasmem, entre os finalistas havia até mesmo um brasileiro, o jovem Felipe Marques, de 16 anos, que havia sugerido o nome "Muninn", uma palavra nórdica antiga que significa "memória". Contudo, quem ganhou esse concurso promovido pela NASA foi o estudante norte-americano Michael Puzio, de apenas 9 anos de idade, que sugeriu o nome de "Bennu". O anúncio foi feito no dia 1 de maio de 2013.
Quem ganhou o concurso "Name that Asteroid!" promovido pela NASA foi o estudante norte-americano Michael Puzio, de apenas 9 anos de idade, que sugeriu o nome de "Bennu"
A justificativa? Segundo Michael, "Bennu era uma grande garça e o símbolo vivo de Osíris. A alada OSIRIS-REx e seu próprio TAGSAM (braço robótico da OSIRIS-REx) como se fosse sua garça, também evocam os atributos de Bennu, assim como a formato de ovo do próprio asteroide. Bennu significa "Aquele que Ascende", "que brilha", e se encaixa perfeitamente ao NEO, que irá brilhar em nossos céus em 2023, quando a OSIRIS-Rex retornar". Interessante, não é mesmo?
Muitos sites mencionam que a NASA deu o nome "Bennu", porque tem ligação com morte, e que seria um pássaro da morte, porém isso não é verdade. No máximo, seria possível dizer que o nome tem um estreito elo com uma questão de renascimento, assim como a "mitológica fênix", porém nada explicitamente sendo referido como morte ou presságio de morte. Aliás, a própria "figura" de Osíris representava muito mais a agricultura, a prosperidade, a renovação, e posteriormente o julgamento no mundo dos mortos no Antigo Egito, do qualquer conotação de "punição com a morte". Enfim, vamos deixar de lado essa parte da mitologia egípcia para comentar a seguir sobre as probabilidades de impacto do "Bennu" contra o nosso planeta.
As Probabilidades de Impacto do "Bennu" Contra o Nosso Planeta
É bem difícil estimar probabilidades de colisão em relação a asteroides. Ao fazer uma rápida pesquisa sobre o "Bennu", encontrei diversos valores sendo mencionados em sites considerados bem conceituados quando o assunto é Astronomia. De acordo com uma matéria recentemente publicada pelo site Space.com, no dia 1 de agosto desse ano, Bennu é oficialmente classificado como um asteroide potencialmente perigoso, e segundo os cientistas da NASA, há uma chance de 0,037% (ou 1 em 2.700), que ele irá atingir a Terra no fim do século 22.
Entretanto, em uma notícia publicada no site Universe Today, em 24 de dezembro do ano passado, é possível encontrar outras probablidades. De acordo com pesquisadores espanhóis liderados pela matemática María Eugenia Sansaturio, da Universidade de Valladolid, na Espanha, a probabilidade que o "Bennu" atingisse a terra seria 1 em 1.000, no ano de 2182. Estimativas anteriores davam uma chance de 1 em 1.400, para que este asteroide venha a atingir a Terra em algum momento entre 2169 e 2199. Na época, no entanto, o site do programa "Near Earth Objects" ("Objetos Próximos à Terra", em português) da NASA, calculava a chance entre 1 em 3.850 e 1 em 3.570, de que o asteroide pudesse colidir com o nosso planeta em 24 de setembro de 2182.
A razão para tantas incertezas? Bem, não é tão difícil de entender. Primeiramente temos a chamada "fenda de ressonância gravitacional", que é o nome dado a uma pequena região ou janela do espaço, próxima a Terra, que caso seja atravessada por um asteroide provocará uma alteração na sua trajetória devido à gravidade terrestre. Isso faz com que a nova "rota" torne possível que tal asteroide colida com a Terra em sua próxima aproximação orbital.
A chamada "fenda de ressonância gravitacional" é o nome dado a uma pequena região ou janela do espaço, próxima a Terra, que caso seja atravessada por um asterpide provocará uma alteração na sua trajetória devido à gravidade terrestre de forma que a nova rota torne possível que tal asteroide colida com a Terra na sua próxima aproximação orbital
Em segundo lugar, temos o chamado "efeito Yarkovsky", sugerido pela primeira vez por um cientista russo há um século. Ele descreve basicamente um modo não-gravitacional pelo qual um asteroide pode alterar sua trajetória ao longo do tempo. Normalmente, as órbitas descritas pelos objetos celestes são caracterizadas por suas interações via gravidade, principalmente a do Sol, no caso do Sistema Solar. Assim sendo, o efeito Yarkovsky trata-se do efeito acumulado de impulsos diminutos causados pela luz que chega do Sol. Em tese, cada um desses objetos recebe aproximadamente a mesma quantidade de luz em todas as regiões, por causa de seu efeito de rotação. Entretanto, dependendo da capacidade de reflexão (albedo) da região na superfície, ele reflete mais ou menos raios luminosos. Esse desequilíbrio faz com que sua rota normal seja alterada levemente, pois o astro "sentiria" um impulso mais forte numa determinada direção. Resumindo, os raios solares podem desviar um asteroide para nossa direção.
Não entendeu nada? Vamos tentar explicar de outra forma. O calor absorvido pelo "Bennu" durante o dia irradia para o espaço, empurrando de volta contra o asteroide como se fosse o propulsor de um foguete. Todos esses pequenos "empurrões" acabando se somando ao longo dos séculos, fazendo com que o "Bennu" desacelere levamente e sua órbita ao redor do Sol fique mais estreita. A questão é que ninguém sabe exatamente qual será o resultado disso, depende do tempo, mas ele passa rápido quando estamos falando de um asteroide potencialmente perigoso, de 500 metros de diâmetro, passando perto da Terra a cada 6 anos, entenderam? Confiram o gráfico abaixo:
O calor que irradia do quente "entardecer" de um lado do asteroide age como um leve impulso de um foguete que gradualmente muda a a velocidade orbital de um asteroide. É o chamado efeito Yarkovsky. Uma vez que "Bennu" gira de leste para oeste, ao invés de oeste para leste, assim como a Terra, a ação do "empurrão" faz com que sua órbita fique mais estreita ("encolha")
Assim sendo, a combinação desses dois fatores pode desviar lentamente a órbita do "Bennu" a cada passagem do mesmo pelo nosso planeta, até que em 2182 ele eventualmente possa colidir com a Terra. Entretanto, é muito importante lembrar a todos vocês temos a probabilidade de 99.9% de que o "Bennu" simplesmente passe pela Terra sem causar maiores problemas para nossa civilização. A questão é que recomendável observá-lo bem de perto, visto que o cálculo das suas futuras órbitas indicam que "Bennu" tem uma das mais altas probabilidades de impacto nos próximos séculos do qualquer outro asteroide conhecido, mas ainda assim não há razão para pânico.
Vocês até podem pensar que a escolha em estudar o "Bennu" mais de perto foi devido a esse "temor" de um eventual impacto, mas não é bem assim que as coisas funcionam. Para enviar uma sonda ao espaço, muitas vezes é necessário um investimento de centenas de milhões de dólares, logo é muito importante saber se o que se pretende estudar possui as condições ideais para que todo o esforço, estudo e dinheiro, não sejam perdidos da noite para o dia.
Selfie tirada pela sonda espacial Rosetta mostrando o cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko ao fundo
Vale lembrar nesse ponto, que a sonda Rosetta, da ESA (Agência Espacial Europeia), demorou mais de 10 anos viajando pelo espaço para chegar no cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko, e o módulo Philae infelizmente acabou quicando ao tocar a superfície do cometa. Como resultado, ele acabou "parando" em uma região sombreada, o que acabou não permitindo que ele pudesse recarregar suas baterias através de seus painéis solares. Apesar do Philae ter operado por cerca de 60 horas, e ser considerado um feito extraordinário devido a complexidade da missão, o mesmo poderia ter sido muito mais aproveitado.
Baseado em estudos realizados aqui da Terra, o "Bennu" se assemelha aos meteoritos carbônicos e os meteoritos do tipo condrito carbonáceo, ricos em química orgânica. O "meteorito de Sutter’s Mill", que caiu na Califórnia, em abril de 2012, é semelhante ao que se espera do "Bennu": escuro, quebradiço e rico em argila antiga e material orgânico, ou seja, ótimas condições, por exemplo, para o estudo da origem da vida.
Fragmentos do meteorito de Sutter’s Mill, que caiu na Califórnia, nos Estados Unidos
no dia 22 de abril de 2012
Além disso, existe toda uma série de parâmetros que foram estudados desde 1999, com centenas de observações realizadas a partir de equipamentos e radares aqui da Terra, para podermos ter uma noção de como chegar no asteroide, estudá-lo, coletar amostras e enviá-las em segurança para a Terra. Até mesmo o telescópio espacial Spitzer, da NASA, foi utilizado em 2007 e 2012 para detectar a radiação infravermelha, visto que estudar a emissão térmica de asteroides oferece uma riqueza de informações sobre suas propriedades físicas. Portanto, a escolha é terminantemente cientifíca, e não conspiratória.
Qualquer um pode consultar tudo o que se sabe sobre o asteroide "Bennu", fazendo o download de um arquivo .PDF chamado "The Design Reference Asteroid for the OSIRIS-REx Mission Target (101955) Bennu", um documento de mais de 100 páginas com todos os dados técnicos do que foi analisado sobre o mesmo até o ano de 2014 (em inglês).
Modelos térmicos do asteroide "Bennu" obtidos com a ajuda do telescópio espacial Spitzer, da NASA
Aliás, sabia que se você tiver uma impressora 3D ou conhecer alguém que tenha você pode imprimir o seu próprio asteroide "Bennu"? Sim, é verdade! Evidentemente que não é tamanho real, mas numa escala bem reduzida. A própria NASA disponibiliza gratuitamente os arquivos para download. Para saber mais detalhes sobre isso, basta clicar aqui. Legal, não é mesmo?
O "Bennu" é um Velho Conhecido do Canal AssombradO?
Talvez vocês lembrem do "Bennu" devido a sua antiga designação ("1999 RQ36"), e por uma notícia um tanto quanto inusitada sobre as supostas imagens em que apareceria uma pirâmide negra na superfície desse asteroide. Lembram, desse caso? Confiram o vídeo realizado sobre o mesmo, que foi publicado no Youtube, no dia 14 de julho de 2014!
Pois é, naquela época havia uma forte suspeita inicial de que tudo não passasse de um "hoax", ou seja, uma farsa. Realmente era uma farsa, e por uma série de motivos. Era mencionado que as imagens fariam parte de uma série de estudos que estavam sendo realizados pela ISRO (Organização de Estudos Espaciais da Índia), mas não havia nenhuma referência a essa "descoberta" no site da organização. Isso dava uma conotação bem conspiratória ao "achado", como se as imagens tivessem "vazado" de alguma forma.
Outro detalhe, por exemplo, é que as pessoas mencionavam que as imagens teriam sido captadas pelo satélite Neossat, que é canadense, e não possuía nenhuma relação com a ISRO. Agora, a ponto principal que apontava realmente para uma farsa é que até hoje, ou seja, desde 1999 não temos nenhuma imagem da superfície do asteroide, apenas simulações em computador. Logo, não era o "1999 RQ36". Vocês podem conferir mais detalhes clicando aqui e aqui.
Além disso, eu mesmo escrevi rapidamente sobre o "1999 RQ36" em uma notícia chamada "O Mundo Ainda Não Acabou, Mas Conheça 3 Asteroides Que Podem Fazer Com Que Sejamos Extintos!", que também é bem interessante, porém meu texto era menos elaborado antigamente do que vocês podem conferir hoje em dia aqui no blog.
Um Pouco Sobre a Missão OSIRIS-REx da NASA
A sonda espacial OSIRIS-REx (Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, Security, Regolith Explorer ou simplesmente Origens, Interpretação Espectral, Identificação de Recursos, Segurança e Explorador de Regolito) será enviada ao espaço na noite da próxima quinta-feira, 8 de setembro, na ponta de um foguete ULA ATLAS V, na Base da Força Aérea dos Estados Unidos, em Cabo Canaveral, na Flórida, por volta das 20h05, horário oficial de Brasília.
A sonda espacial "OSIRIS-REx" (em primeiro plano) e o módulo que a levará ao espaço (em segundo plano)
A OSIRIS-REx é a primeira missão norte-americana, que visa trazer material proveniente de um asteroide para a Terra (lembrando, por exemplo, que a sonda espacial Hayabusa, lançada pela Agência Espacial Japonesa, em 2003, retornou a Terra com amostras do asteroide "25143 Itokawa" no ano de 2010). E olha que essa missão está custando bem caro, cerca de US$ 800 milhões (aproximadamente R$ 2,5 bilhões), sem contar o custo de lançamento.
Assim que for lançada, a sonda irá passar dois anos "perseguindo" o asteroide Bennu, até se encontrar com ele entre agosto e outubro de 2018. Uma vez que a mesma passe a orbitá-lo, a sonda irá mapear e estudar sua superfície a uma distância entre 700 metros e 5 km por mais de 500 dias. Todos esses dados serão meticulosamente analisados para que a equipe responsável pela missão escolha o ponto ideal para a coleta das amostras. Como a sonda vai fazer isso? Vamos explicar!
A sonda OSIRIS-REx em seu respectivo módulo, já acoplados na ponto mais alto do foguete ULA ATLAS V,
pronta para ser enviada ao espaço na noite da próxima quinta-feira (8)
Ao contrário do módulo Philae, que estava destinado a efetivamente pousar no 67P/Churyumov–Gerasimenko, a sonda OSIRIS-REx não vai pousar no "Bennu". Ela irá ativar uma espécie de braço robótico, o chamado "Touch-And-Go Sample Acquisition Mechanism" (TAGSAM), de aproximadamente 3 metros de comprimento, que entrará em contato entre 3 a 5 segundos com a superfície do asteroide para coletar cerca no mínimo 60 gramas de material do mesmo, embora a sonda tenha capacidade de coletar e armazenar até 2 quilos de amostras.
É exatamente por isso que esse braço tem o nome em inglês de "Touch and Go" ("Tocar e Ir Embora", em português). Acredita-se que essa coleta de amostras deve acontecer somente em julho de 2020.
O braço robótico, o chamado "Touch-And-Go Sample Acquisition Mechanism" (TAGSAM), de aproximadamente 3 metros de comprimento, que entrará em contato entre 3 a 5 segundos com a superfície do asteroide "Bennu"
Se você acompanha a chamada Fórmula Indy, campeonato norte-americano de corrida de veículos automotores, semelhante a F1, vai lembrar do termo "Splash and Go", no qual os competidores param rapidamente para "jogar uma pequena quantidade de combustível no tanque, e rapidamente voltam para a corrida", ou seja, um tempo de parada bem menor do que o normal, com o objetivo de colocar somente o necessário de combustível para terminar uma prova. Enfim, o princípio é o mesmo, porém sem pousar no asteroide.
Então, se tudo der certo as amostras coletadas serão armazenadas em segurança em uma cápsula de retorno para a viajar de volta a Terra. Um pouco mais tarde, quando for a hora certa, a sonda OSIRIS-Rex mandará essa cápsula de volta ao nosso planeta em março de 2021, e acredita-se que ela finalmente caia, literalmente de paraquedas em nosso planeta, com sucesso, nos trazendo amostras muito valiosas em setembro de 2023. Basicamente isso. Confira uma rápida apresentação da missão OSIRIS-REx, publicada pelo canal NASA Goddard, no Youtube (em inglês):
É importante ressaltar que a missão OSIRIS-REx possui diversos objetivos, porém nenhum deles inclui a destruição do "Bennu", seria surreal pensar nisso. A missão primária, por exemplo, é conseguir estudar, através de amostras coletadas, a origem do nosso Sistema Solar e da vida. Isso porque acredita-se que essas amostras sejam ricas em material carbônico e orgânico. Os astrônomos querem saber o que o asteroide "testemunhou" ao longo de sua evolução. Também será interessante, por exemplo, avaliar sua composição para termos uma noção dos recursos minerais que o mesmo possui para as chamadas "minerações espaciais".
Além disso, com o trabalho desempenhado pela OSIRIS-REx, os cientistas esperam compreender melhor o efeito Yarkovsky, com o intuito de gerar previsões cada vez mais precisas das futuras órbitas do "Bennu", e determinar se ele realmente pode ser uma ameaça muito maior do que estamos atualmente prevendo. A questão é que todo esse estudo servirá para nos dar uma nova visão e até mesmo refazer nossas previsões sobre todos os demais asteroides que representem ou possam vir a representar uma ameaça para a Terra, ou seja, a questão é bem maior do que apenas o "Bennu", entenderam?
Como Faço Para Assistir em Tempo Real o Lançamento da OSIRIS-REx?
Vocês também podem acompanhar o lançamento em tempo real da OSIRIS-REx através do Canal Space Today, no Youtube, do nosso parceiro, o Sérgio Sacani, que irá retransmitir e comentar ao vivo tudo o que acontecer para vocês, através de uma live que acontecerá a partir das 19h30 (horário de Brasília), na próxima quinta-feira. Deixem anotado o seguinte link: "Live de Quinta - Lançamento da OSIRIS-REx", ou acessem a live diretamente pelo "vídeo" abaixo, na quinta-feira, 8 de setembro, a partir das 19h30 (horário de Brasília)!
Enfim, a missão OSIRIS-Rex é um grande passo na direção da exploração de asteroides, sendo que seus instrumentos/equipamentos ainda incluem 3 câmeras, um altímetro laser, um espectrômetro de emissão térmica, um espectrômetro de luz visível e infravermelho e um espectrômetro de raios-X. Resumindo? É muita tecnologia empregada em uma única sonda espacial.
Portanto, AssombradOs, vamos torcer para que dê tudo certo, para que possamos o quanto antes sabermos o que pode estar vindo em nossa direção, e de quebra, quem sabe, descobrir de onde viemos. Afinal, desviar ou destruir o que estiver vindo, são outros quinhentos.
Até a próxima, AssombradOs!
Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino
Fontes:
http://neo.jpl.nasa.gov/risk/a101955.html
http://planetary.org/get-involved/contests/osirisrex/
http://science.nasa.gov/missions/osiris-rex/
http://seuhistory.com/noticias/nasa-tentara-destruir-asteroide-que-podera-acabar-com-terra
http://www.nasa.gov/mission_pages/asteroids/multimedia/asteroid1999RQ36.html
http://www.nasa.gov/topics/solarsystem/features/name-asteroid.html
http://www.planetary.org/get-involved/contests/osirisrex/finalists.html
http://www.space.com/33616-asteroid-bennu-will-not-destroy-earth.html
http://www.spaceflightinsider.com/organizations/ula/nasas-osiris-rex-asteroid-mission-launch-thursday/
http://www.wired.com/2016/09/yes-rockets-blow-sometimes-nasa-team-behind-osiris-rex-isnt-sweating/
https://astrobob.areavoices.com/2013/08/20/why-you-should-care-about-asteroid-101955-bennu/
https://br.noticias.yahoo.com/nasa-tentar%C3%A1-destruir-na-pr%C3%B3xima-semana-asteroide-193527473.html
https://dslauretta.com/2014/09/17/all-that-is-known-about-bennu/
https://www.lpl.arizona.edu/news/2013/spring/asteroid-1999-rq36-now-bennu
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http://www.assombrado.com.br/2016/09/sera-verdade-que-nasa-tentara-destruir.html#more
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