08/03/2016 07:14
A 150 dias da abertura, Rio-2016 perde o glamour e se transforma em problema
A campanha brasileira para fazer do Rio de Janeiro a sede da Olimpíada de 2016 era baseada
no ineditismo, já que a América do Sul nunca sediou a competição, mas principalmente
no momento econômico altamente positivo que o país atravessava. Era mais uma demonstração
de força e poder. Isso fez com que a capital carioca superasse Tóquio, Chicago – terra de
Barack Obama, com o presidente como cabo eleitoral –, e Madrid. A exatos 150 dias da
abertura, a euforia deu lugar à incerteza sobre o que se passará na Cidade Maravilhosa.
Na economia, o cenário brasileiro é muito diferente do que era experimentado quando o Rio
se candidatou e venceu a votação do COI.
09/03/2016
“Quando o Brasil recebeu o direito de sediar a Olimpíada, embora tivesse uma crise em 2008
e recuperação em 2009, o país respirava um vigor econômico. As taxas eram significativas.
A crise externa nos atingiu, mas recuperamos rápido. O Brasil era sim um possível local muito
apropriado. A renda per capita estava aumentando e o mercado consumidor crescendo”,
revela Márcio Salvato, coordenador do curso de economia do Ibmec.
Mas ele destaca que o cenário não demorou a sofrer uma alteração, que veio com a eleição
de Dilma Rousseff.
“A realidade foi mudando. Logo depois de 2010, a gente percebeu que a recuperação da
crise não seria tão rápida. No primeiro governo da Dilma, ela mudou a política
econômica, perdemos taxas de crescimento. A partir de 2014, os erros levaram à
deterioração das contas públicas, aumento da inflação. E hoje, o cenário é muito ruim.
Não crescemos em 2014, o PIB caiu 3,8% em 2015 e a projeção é que este ano
caia pelo menos 1,5% até junho”, analisa Salvato.
E a crise já afeta a reta final de preparação do Rio. Na semana passada foi anunciado
um corte de quase R$ 1 bilhão no orçamento dos Jogos. O balanço de venda de
ingressos revelou que nem a metade tinha sido vendida.
RENÚNCIA
E a tendência é que este seja o cenário em que serão disputados os Jogos,
segundo o cientista político Adriano Gianturco. “Não vejo saída a curto prazo
para a crise econômica e política. A única seria a renúncia. Mesmo o impeachment,
o tempo é muito longo. Do ponto de vista pessoal dela, acho difícil. Dependendo
da situação da Lava Jato, da pressão política, não acho impossível”, analisa Gianturco.
PROTESTOS
Uma marca principalmente da Copa das Confederações, em 2013, mas que
esteve presente também no Mundial de 2014, principalmente no Rio de Janeiro,
foram as manifestações.
Gianturco afirma que naquela época haviam sinais de que isso aconteceria, mas
agora não, embora ele não possa afirmar que os protestos não acontecerão.
De toda forma, com o atraso nas obras e as crises política e econômica, a imagem
brasileira que irá para o mundo será bem diferente daquela da Copa.
“As questões serão colocados mais patentes para o público externo. O mundo
tinha uma foto do Brasil do presidente que veio do povo. Agora terão outra
visão, de um país que não consegue cumprir projetos, propostas. Será uma cortina
de informações ruim. Na Copa, a gente temia a repetição das manifestações de 2013,
mas a economia não estava tão mal. Logo depois, a coisa piorou bastante”, garante Márcio Salvato.
Está aberta a contagem regressiva. A cerimônia de abertura de 5 de agosto é um segredo.
A única certeza é que assim como aconteceu com Lula, no Pan de 2007, e
com Dilma, nas Copas de 2013 e 2014, o Maracanã deve ser mais uma vez
palco de vaias presidenciais.
OLHO: “Economia, política e zika formam um cenário ruim, mas o impacto
dos Jogos é bem menor que o da Copa, pois praticamente envolve uma cidade”
(Adriano Gianturco - cientista político)
FONTE;http://www.hojeemdia.com.br/esportes/a-150-dias-da-abertura-rio-2016-perde-o-glamour-e-se-transforma-em-problema-1.384121
“Quando o Brasil recebeu o direito de sediar a Olimpíada, embora tivesse uma crise em 2008
e recuperação em 2009, o país respirava um vigor econômico. As taxas eram significativas.
A crise externa nos atingiu, mas recuperamos rápido. O Brasil era sim um possível local muito
apropriado. A renda per capita estava aumentando e o mercado consumidor crescendo”,
revela Márcio Salvato, coordenador do curso de economia do Ibmec.
Mas ele destaca que o cenário não demorou a sofrer uma alteração, que veio com a eleição
de Dilma Rousseff.
“A realidade foi mudando. Logo depois de 2010, a gente percebeu que a recuperação da
crise não seria tão rápida. No primeiro governo da Dilma, ela mudou a política
econômica, perdemos taxas de crescimento. A partir de 2014, os erros levaram à
deterioração das contas públicas, aumento da inflação. E hoje, o cenário é muito ruim.
Não crescemos em 2014, o PIB caiu 3,8% em 2015 e a projeção é que este ano
caia pelo menos 1,5% até junho”, analisa Salvato.
E a crise já afeta a reta final de preparação do Rio. Na semana passada foi anunciado
um corte de quase R$ 1 bilhão no orçamento dos Jogos. O balanço de venda de
ingressos revelou que nem a metade tinha sido vendida.
RENÚNCIA
E a tendência é que este seja o cenário em que serão disputados os Jogos,
segundo o cientista político Adriano Gianturco. “Não vejo saída a curto prazo
para a crise econômica e política. A única seria a renúncia. Mesmo o impeachment,
o tempo é muito longo. Do ponto de vista pessoal dela, acho difícil. Dependendo
da situação da Lava Jato, da pressão política, não acho impossível”, analisa Gianturco.
PROTESTOS
Uma marca principalmente da Copa das Confederações, em 2013, mas que
esteve presente também no Mundial de 2014, principalmente no Rio de Janeiro,
foram as manifestações.
Gianturco afirma que naquela época haviam sinais de que isso aconteceria, mas
agora não, embora ele não possa afirmar que os protestos não acontecerão.
De toda forma, com o atraso nas obras e as crises política e econômica, a imagem
brasileira que irá para o mundo será bem diferente daquela da Copa.
“As questões serão colocados mais patentes para o público externo. O mundo
tinha uma foto do Brasil do presidente que veio do povo. Agora terão outra
visão, de um país que não consegue cumprir projetos, propostas. Será uma cortina
de informações ruim. Na Copa, a gente temia a repetição das manifestações de 2013,
mas a economia não estava tão mal. Logo depois, a coisa piorou bastante”, garante Márcio Salvato.
Está aberta a contagem regressiva. A cerimônia de abertura de 5 de agosto é um segredo.
A única certeza é que assim como aconteceu com Lula, no Pan de 2007, e
com Dilma, nas Copas de 2013 e 2014, o Maracanã deve ser mais uma vez
palco de vaias presidenciais.
OLHO: “Economia, política e zika formam um cenário ruim, mas o impacto
dos Jogos é bem menor que o da Copa, pois praticamente envolve uma cidade”
(Adriano Gianturco - cientista político)
FONTE;http://www.hojeemdia.com.br/esportes/a-150-dias-da-abertura-rio-2016-perde-o-glamour-e-se-transforma-em-problema-1.384121
https://www.hojeemdia.com.br/esportes/a-150-dias-da-abertura-rio-2016-perde-o-glamour-e-se-transforma-em-problema-1.358379
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