Foz tem extensão de mais de um quilômetro. Seca tem assustado os moradores de Regência
Por causa da seca que afeta o Norte do Estado, uma
parte do Rio Doce, maior rio do Estado, já nem alcança mais o mar. Há
cerca de duas semanas a foz do rio, que fica em Regência, litoral de
Linhares, simplesmente secou e a população está assustada.
O
registro foi feito pelo empresário Robson Barros da Rocha, 36 anos,
também conhecido como Pontinha, em sua página do Facebook Regência Surf,
onde publica informações turísticas e de meio ambiente.
27/10/2015
Na primeira foto, foz do Rio Doce em Regência,
Linhares, no final do mês passado - manancial cobria extensão de 1 km.
Na segunda imagem, a situação hoje
Foz é o local onde uma corrente de água deságua. Em
Regência, esse deságue acontece no Oceano Atlântico. Segundo Pontinha,
que vive em Regência há 13 anos, a foz tinha cerca de um quilômetro de
extensão. Para atravessar rumo a Povoação, vilarejo sete quilômetros ao
norte, só com barco a motor.
“Mas hoje atravessamos a pé. O que
parecia que iria demorar muito já está acontecendo”, relata na página. E
somando o quadro à estiagem, moradores temem a falta de água, segundo
ele.
Estiagem
De acordo com Henrique Lobo, membro do Comitê da Bacia do Rio
Doce, a foz secou porque o volume de água do Rio Doce está abaixo do
pior volume registrado em período de seca, que foi de 330 metros cúbicos
por segundo.
“Em janeiro deste ano, período tradicionalmente
chuvoso, entre Colatina e Linhares, registramos uma vazão de 156 metros
cúbicos por segundo. Tão pouca água não consegue chegar ao mar”,
analisa.
Lobo explica que a redução se deve à ocupação
desordenada do solo da bacia do Rio Doce, originalmente coberto por Mata
Atlântica em 95%. Hoje, 80% da área é coberta por pastagem desordenada,
com solo muito compactado, resultado de queimadas e desmatamento.
Além
disso, a distância entre superfície e lençóis freáticos, por causa dos
muitos morros, dificulta a captação de água da chuva. São seis meses, em
média, para a água conseguir alcançar os lençóis. E considerando também
a estiagem e o uso indiscriminado da água, as perspectivas não são
animadoras.
Sobre o medo da falta de água em Regência, Lobo
explica que na região há muita água subterrânea, já que se trata de uma
região de planície.
Vazão atual do Rio Doce ainda é a mais baixa
Em períodos anteriores de seca, a menor vazão de água no Rio Doce,
registrada entre Colatina e Linhares, foi de 330 metros cúbicos por
segundo. Mas, atualmente, a vazão do rio está abaixo desse número: são
275 metros cúbicos por segundo, de acordo com o diretor executivo da
Sanear (Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental),
Olindo Antônio Demuner.
A empresa presta serviços de
abastecimento de água em Colatina e faz medições frequentemente, segundo
Demuner. “Em períodos normais, sem estiagem, a vazão média de água fica
entre 450 e 650 metros cúbicos por segundo. O rio fica com uma
profundidade média de 1,5 metro”, aponta o profissional.
Em janeiro do ano passado, logo depois das enchentes que marcaram o final de 2013, a vazão chegou a 1.750 metros por segundo.
Projeto “Olhos D’água recupera mil nascentes
Para recuperar as mais de 375 mil nascentes do Rio Doce e reverter a
situação de baixa vazão do maior rio do Estado, o projeto “Olhos
D’água, do Instituto Terra e apoiado pela Rede Gazeta, já recuperou mais
de mil nascentes, durante seus cinco anos de existência.
O
número é relevante já que, de acordo com o prognóstico, até 2030 todos
os riachos entre Linhares e São Mateus, vão simplesmente desaparecer, se
não forem tomadas as medidas necessárias, como reflorestamento. O
alerta é do membro do Comitê da Bacia do Rio Doce, Henrique Lobo.
Segundo
ele, o segundo passo é a recuperação dos topos de morros, que são áreas
de recarga, ou seja, por onde a água da chuva é captada pelo solo. Com a
recuperação dessas áreas, a água chegará com muito mais facilidade aos
lençóis freáticos da bacia e com isso o volume de água no Rio Doce tende
a aumentar.
Fonte: A Gazeta
Falta de água afeta até hospital em Governador Valadares
OCUPAÇÃO IRREGULAR – Rio Doce está muito baixo, expondo ainda mais a degradação
GOVERNADOR VALADARES – A escassez hídrica é crítica em um dos principais municípios de Minas, Governador Valadares, no Leste do Estado. Com o rio Doce apresentando o mais baixo nível da história, a captação atinge apenas um terço do volume necessário, afetando serviços essenciais. O Hospital São Vicente de Paulo vem adotando manobras emergenciais para evitar o adiamento de cirurgias.
Um dos desafios tem sido manter a lavanderia e a cozinha em funcionamento, porque demandam muita água. No dia mais problemático, no sábado, cirurgias atrasaram, irritando pacientes que chegaram cedo, em jejum.
A situação foi normalizada com o envio, pela prefeitura, de um caminhão-pipa do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), que teve de retornar nessa segunda (26/10/2015) com mais 12 mil litros. “Ainda bem que temos o SAAE, porque, do contrário, não saberíamos o que fazer”, afirmou a gerente administrativa Patrícia Pessoa.
Nos cerca de 50 minutos em que o caminhão-pipa ficou na porta do hospital, pelo menos cinco pessoas perguntaram aos funcionários da autarquia como poderiam ter suas casas abastecidas. O pedido pode ser feito por telefone (115).
DEMANDA
Valadares tem cerca de 270 mil habitantes. Para atender a tanta gente, é preciso captar mil litros de água por segundo do rio Doce. O problema é que o nível está tão baixo que as quatro bombas fixas tiveram de ser desligadas. Uma delas queimou. Apenas uma bomba submersa envia 300 litros por segundo para a estação de tratamento.
A promessa era a de que, nessa segunda (26) à tarde, começasse a funcionar uma nova bomba submersa, instalada a 2,5 metros de profundidade, no meio do rio Doce, que está com o nível 60 centímetros mais baixo que a régua de medição do nível da água.
A esperança é a de que essa bomba (que custou R$ 590 mil), junto com outras as acopladas a uma balsa alugada em Ipatinga, no Vale do Aço, amenize o problema até a chegada da chuva. Para levar a água até os filtros da ETA Central, foi construída uma passarela para passar a tubulação.
Moradores de bairros altos esperam socorro de caminhão-pipa
Vários bairros de Governador Valadares estão sem abastecimento. Quando a equipe do Hoje em Dia chegou nessa segunda (26) ao Altinópolis, encontrou o aposentado Francisco de Assis, de 54 anos, perambulando com um galão vazio na mão.
O bairro é um dos mais elevados e um dos mais afetados: está sem água há pelo menos quatro dias. “Falta até para beber”, diz Assis, que, por ironia, é vizinho a um reservatório do SAAE com capacidade para 4 milhões de litros.
“Está vazia. Alguém acredita nisso?”, lamenta. Nessa segunda (26/10/2015), o aposentado foi à sede do SAAE pedir a visita de um caminhão-pipa para a rua, mas voltou frustrado.
Alem de uma fila de espera, a preferência é de hospitais, escolas e creches. O colégio do bairro, por sua vez, anda fazendo adequações para não dispensar as crianças mais cedo ou suspender as aulas. Brincadeiras que fazem suar e dão sede estão proibidas.
De acordo com o SAAE, caminhões-pipa estão trabalhando em três turnos para atender à população em geral, mas, nessa segunda (26), em especial, pelo menos na parte da manhã, atenderam prioritariamente hospitais e escolas.
“Com todas as medidas, o SAAE espera conseguir voltar a tratar pelo menos 900 litros de água por segundo. Mas é bom lembrar que, depois disso, ainda leva cerca de cinco dias para que todos os reservatórios encham e a situação se normalize para a população, que deve continuar a economizar água”, avisou a autarquia, por meio de nota
FONTE;http://www.hojeemdia.com.br/horizontes/falta-de-agua-afeta-ate-hospital-em-governador-valadares-1.355458/ 27/10/2015 06:48 - Atualizado em 27/10/2015 06:48/23/06/2015 -
08h30 - Atualizado em 23/06/2015 - 11h34
Autor: Wesley Ribeiro | wesleyribbe@gmail.com
O registro foi feito pelo empresário Robson Barros da Rocha, 36 anos, também conhecido como Pontinha, em sua página do Facebook Regência Surf, onde publica informações turísticas e de meio ambiente.
27/10/2015
Na primeira foto, foz do Rio Doce em Regência,
Linhares, no final do mês passado - manancial cobria extensão de 1 km.
Na segunda imagem, a situação hoje
“Mas hoje atravessamos a pé. O que parecia que iria demorar muito já está acontecendo”, relata na página. E somando o quadro à estiagem, moradores temem a falta de água, segundo ele.
Estiagem
De acordo com Henrique Lobo, membro do Comitê da Bacia do Rio Doce, a foz secou porque o volume de água do Rio Doce está abaixo do pior volume registrado em período de seca, que foi de 330 metros cúbicos por segundo.
“Em janeiro deste ano, período tradicionalmente chuvoso, entre Colatina e Linhares, registramos uma vazão de 156 metros cúbicos por segundo. Tão pouca água não consegue chegar ao mar”, analisa.
Lobo explica que a redução se deve à ocupação desordenada do solo da bacia do Rio Doce, originalmente coberto por Mata Atlântica em 95%. Hoje, 80% da área é coberta por pastagem desordenada, com solo muito compactado, resultado de queimadas e desmatamento.
Além disso, a distância entre superfície e lençóis freáticos, por causa dos muitos morros, dificulta a captação de água da chuva. São seis meses, em média, para a água conseguir alcançar os lençóis. E considerando também a estiagem e o uso indiscriminado da água, as perspectivas não são animadoras.
Sobre o medo da falta de água em Regência, Lobo explica que na região há muita água subterrânea, já que se trata de uma região de planície.
A empresa presta serviços de abastecimento de água em Colatina e faz medições frequentemente, segundo Demuner. “Em períodos normais, sem estiagem, a vazão média de água fica entre 450 e 650 metros cúbicos por segundo. O rio fica com uma profundidade média de 1,5 metro”, aponta o profissional.
Em janeiro do ano passado, logo depois das enchentes que marcaram o final de 2013, a vazão chegou a 1.750 metros por segundo.
O número é relevante já que, de acordo com o prognóstico, até 2030 todos os riachos entre Linhares e São Mateus, vão simplesmente desaparecer, se não forem tomadas as medidas necessárias, como reflorestamento. O alerta é do membro do Comitê da Bacia do Rio Doce, Henrique Lobo.
Segundo ele, o segundo passo é a recuperação dos topos de morros, que são áreas de recarga, ou seja, por onde a água da chuva é captada pelo solo. Com a recuperação dessas áreas, a água chegará com muito mais facilidade aos lençóis freáticos da bacia e com isso o volume de água no Rio Doce tende a aumentar.
Fonte: A Gazeta
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