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Batalha do Golfo de Leyte opôs Japão e Estados Unidos no maior enfrentamento naval da história contemporânea


Parte das perdas sofridas pelos norte-americanos no embate de outubro de 1944 foi ocasionada por um novo fator introduzido na guerra: os kamikazes, pilotos suicidas japoneses

Qualificada por historiadores militares como o maior enfrentamento naval da história contemporânea, a Batalha do Golfo de Leyte foi a derradeira oportunidade de a Marinha Imperial japonesa reverter a situação na Guerra do Pacífico. 


Sobre as águas das Filipinas, os Estados Unidos e o Japão travariam um combate com unidades que superaram a cifra de mais de dois milhões de toneladas de deslocamento.
Ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial, entre 23 a 26 de outubro de 1944, em torno da ilha de Leyte, essa foi uma campanha naval dividida em quatro batalhas: Batalha do Mar de Sulu , do Estreito de Surigao , do Cabo Engaño e de Samar.
Os Aliados invadiram a ilha com o objetivo de cortar as linhas de suprimento entre o Japão e suas colônias no Sudeste Asiático, assim como o fornecimento de petróleo para a marinha imperial. Os japoneses tentaram reprimir o desembarque das tropas aliadas com suas forças navais, mas acabaram derrotados, com muitas baixas.
As Filipinas eram um ponto estratégico básico para que os Aliados pudessem vencer o Japão na Guerra do Pacífico de maneira rápida e simples. Se os Estados Unidos ocupassem o arquipélago filipino, a rota marítima pelo qual o Império Japonês se abastecia de matérias primas e petróleo procedente da Indochina, Indonésia e Malásia ficaria interrompida. Ante tal fato, o Japão seria incapaz de abastecer-se e resultaria economicamente estrangulado, não tendo saída se não capitular, pondo-se fim à guerra. Contudo, antes disso a frota estadunidense teria de destruir a Marinha Imperial Japonesa.
Os japoneses se puseram em marcha após o primeiro desembarque. A frota do almirante Jisaburo Ozawa – quatro porta-aviões, mais dois porta-aviões auxiliares, dois encouraçados, vários cruzadores e destróieres – buscou a frota norte-americana para servir de isca, enquanto a do almirante Takeo Kurita – sete encouraçados, 13 cruzadores, três cruzadores ligeiros e 23 destróieres – se dividia em três formações para tentar surpreender os norte-americanos, destruir seus transportes e bombardear as tropas desembarcadas em Leyte.
A força principal, comandada por Kurita, se dirigiu ao estreito de San Bernardino e as secundárias, comandadas pelos vice-almirantes Shoji Nishimura e Kiyohide Shima, ao estreito de Surigao a fim de convergir ambas sobre as cabeças de praia norte-americanas no golfo de Leyte.
O almirante William Halsey mordeu a isca e seguiu Ozawa que atraiu à sua quase desarmada esquadra o mais poderoso agrupamento naval da terra, enquanto a 7ª Frota do almirante Thomas Kincaid ficava sob o risco de ser envolvida, como de fato ocorreu.
Entre os dias 23 e 26 de outubro se travou em três cenários distintos o que em seguida se denominaria a Batalha de Leyte, em que a superioridade de fogo da Marinha dos Estados Unidos, apesar dos erros de seus comandantes, se impôs aos japoneses, que dispunham de armamento mais obsoleto. 
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Destroyer japonês afunda após ser atingido por forças norte-americanas
Nos prolegômenos da batalha, madrugada de 23 de outubro, as coisas começaram a andar mal para os japoneses. A esquadra de Kurita, que avançava paralelo à costa de Palawan, foi descoberta e seguida por dois submarinos norte-americanos, que deram o alerta a Halsey e, de passagem, lançaram com sucesso seus torpedos, afundando dois cruzadores pesados.
Durante o dia 24, a esquadra de Ozawa multiplicou seus esforços para atrair Halsey, enviando repetidas ondas de aviões contra sua frota, que também foi atacada por aviões com base em terra. Nesse dia, os norte-americanos perderam seu porta-aviões Princeton, porém os aviões de Halsey, que não encontraram Ozawa, descobriram a esquadra de Kurita.
O encouraçado Musashi, de 70 mil toneladas, sofreu meia dúzia de ataques aéreos. Atingido por 16 bombas de 500 e 1.000 quilos e por 21 torpedos, após oito horas de combate e agonia afundou ao entardecer, levando ao abismo 1.023 marinheiros.
Kurita deu meia volta a fim de escapar dos aviões, porém ao terminar a luz do dia 24 deu proa ao estreito de San Bernardino. Os aviadores de Halsey acreditaram ter afundado todos os encouraçados de Kurita, pois cada uma das formações que atingiu o Musashi proclamou seu afundamento. Diante disso, Halsey, que já havia detectado a Ozawa, marchou contra ele, desprezando a ameaça de Kurita, a quem supunha em retirada.
Simultaneamente, Nishimura, sem acreditar no triunfo, lançou-se a uma carga suicida no estreito de Surigao. À saída o esperavam os velhos e potentes encouraçados do almirante Jesse Oldendorf, enquadrados então na frota de Kincaid. Não teve possibilidade alguma: atacado nas estreitas paragens por lanchas torpedeiras e destróieres que lhe provocaram muitos danos, à saída do estreito Oldendorf lhe disparou mais de 4.500 granadas de grosso calibre, valendo-se da guia do radar, já bastante precisa naquele momento, enquanto Nishimura respondia às cegas, guiando-se somente pelos resplendores distantes dos canhões inimigos.

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Fuzileiros navais norte-americanos desembarcam na ilha de Leyte após a batalha
Desnorteados, ensurdecidos e abatidos pela tempestade da artilharia, os japoneses continuaram disparando e avançando até que seus encouraçados Yamashiro e Fuso, um cruzador e quatro destróieres foram afundados. A pequena formação que lhe seguia a distância, enviada por Shima, recolheu os náufragos que encontrou em sua passagem e se retirou, sofrendo ainda algumas baixas no dia 25 sob os ataques dos aviões de Kincaid.
Enquanto os sete navios de Nishimura afundavam destroçados, levando na carcaça em chamas mais de cinco mil vidas japonesas, com seu vice-almirante à frente, Halsey acelerava sua perseguição contra Ozawa que se afastava em direção ao norte. Ao amanhecer do dia 25 os norte-americanos lançaram seus aviões contra a quase indefesa frota nipônica e em seis ondas consecutivas com um total de 557 decolagens conseguiu afundar quatro porta-aviões, um cruzador e dois destróieres.
Todavia, Halsey não pôde saborear o gosto da vitória, porque poucos minutos depois de ter iniciado seu ataque recebia desesperadas chamadas de ajuda de Kincaid: Kurita atacava.
O almirante japonês, com dois encouraçados (entre eles o Yamato), dois cruzadores de batalha, oito cruzadores pesados e 15 destróieres, amanheceu a 30 quilômetros de 16 porta-aviões de escolta, protegidos por 15 destróieres, pertencentes à 7ª Frota norte-americana.
Era como um sonho maravilhoso para Kurita e como um pesadelo para o comandante daquela agrupação, contra-almirante Clifton Sprague, que se via sentenciado à mais completa destruição. No entanto, no combate que em seguida se desenrolou, qualificado pelo almirante Chester Minitz como “as duas horas mais gloriosas da Marinha dos Estados Unidos”, as perdas japonesas quase se igualaram às norte-americanas, que perderam um porta-aviões e três destróieres e sofreram graves avarias em dois porta-aviões mais e outros quatro destróieres.
Depois de ter perdido três cruzadores, Kurita tocou retirada às 09h25, quando Sprage estava já a sua mercê. Esta fase da batalha mostrou quão antiquada era a frota japonesa: seus imensos canhões resultaram ineficazes contra um inimigo que se protegia por detrás das cortinas de fumaça e que lançava cargas após cargas de torpedos e uma chuva de projéteis ligeiros, porém eficazes.
Essa impotência foi o que fez Kurita retirar-se. Sem radares poderosos e precisos não podia saber onde se localizava o restante da esquadra norte-americana. Essa série de choques isolados, denominados Batalha de Leyte, constituiu a maior contenda naval de todos os tempos. Haviam se enfrentado 282 barcos de guerra, com um deslocamento total de mais de dois milhões de toneladas – na Batalha da Jutlândia, na Primeira Guerra Mundial, as frotas somavam 1,6 milhão de toneladas – e mais de dois mil aviões.
Nesta batalha, parte das perdas sofridas pelos norte-americanos foi ocasionada por um novo fator introduzido na guerra: os pilotos suicidas, os “kamikazes” (Vento Divino), que embora tivessem tido alguma atuação isolada anterior, apareciam agora como força organizada. Em 25 de outubro lançaram quatro ataques com cinco aviões cada um. Onze pilotos suicidas foram derrubados sem que provocassem danos, porém os nove restantes, com maior ou menor acerto, atingiram sete porta-aviões de escolta norte-americanos. Um foi a pique e os demais sofreram danos de distinta gravidade. Onze aviões foram destruídos a bordo dos navios, que tiveram cerca de 600 baixas, mais da metade mortos. Apesar de tudo, tampouco a ação dos “kamikazes” teve o condão de mudar o curso da guerra.
No total, o Japão perdeu 45% de sua tonelagem, ou seja, 305.710 toneladas no transcurso da batalha. Os Estados Unidos, por seu lado, perderam 3%, ou seja, 37.300 toneladas. Contudo, não se tratou de uma vitória ou derrota total, já que os erros de dois comandantes fizeram com que, malgrado a superioridade estadunidense, uma parte da frota nipônica conseguisse chegar a bom porto.
Após a conquista das Filipinas as forças norte-americanas isolaram os japoneses que ainda estavam na maior parte da Indonésia - cerca de um milhão de soldados - das forças nipônicas localizadas na Manchúria e no Japão.
FONTE;http://operamundi.uol.com.br/conteudo/samuel/39647/batalha+do+golfo+de+leyte+opos+japao+e+estados+unidos+no+maior+enfrentamento+naval+da+historia+contemporanea.shtml/Max Altman | São Paulo - 01/03/2015 - 06h00

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