Há
84 anos, em 12 de agosto de 1930, nascia em Budapeste Schwartz György,
depois renomeado George Soros, o mais bem sucedido gestor de fundos
multimercados da história.
Ele
nasceu numa família de judeus não-praticantes numa época conturbada em
que a Hungria, durante a década de 30, tinha estreitas relações com a
Alemanha nazista e a Itália fascista. Em 1940, o país entrou formalmente
no Eixo, permanecendo até o fim da Segunda Guerra. Temendo que a
família fosse perseguida e eventualmente morta, o pai de George Soros
subornou um oficial húngaro para que ele hospedasse George dentro de sua
casa e apresentasse o rapaz como seu afilhado cristão.
13/08/2014
A função deste
funcionário do governo húngaro, de nome Baumbach, era encontrar judeus,
denunciar para as autoridades responsáveis pelas deportações para campos
de concentração e confiscar seus bens. Em muitas dessas ações, o jovem
George, rebatizado como Sandor Kiss, acompanhava o padrinho. Sobre isso,
numa entrevista para a CBS em 1998, Soros disse que era um mero
espectador e não sentia qualquer remorso, além de revelar que foi o
período mais feliz da sua vida porque, mesmo com tanto sofrimento em
volta, ele se sentia protegido.
Com
17 anos, George Soros se muda para Londres e mais tarde nasce o
financista. Em 1959, vai para Nova Iorque e, dois anos depois, consegue a
cidadania americana. Ele vive intensamente os anos 60 nos EUA e a
contracultura, que marcaram sua visão de mundo para sempre. Nessa época,
fica íntimo do autor socialista Michael Harrington e passa a frequentar
seu círculo de amigos. O livro mais conhecido de Harrington, o libelo
esquerdista “The Other America”, foi lido e elogiado publicamente pelo
presidente democrata Lyndon Johnson, que ele dizia ter influenciado seu
governo e suas idéias de redistribuição de renda via estado.
Em
1992, ficou mundialmente famoso por ter “quebrado” o Banco da
Inglaterra, faturando na operação 1 bilhão de euros. Assim como sua
carreira como financista é conhecida, sua influência política é ignorada
ou abafada. Neste mesmo ano de 1992, Soros confessa que seus gastos com
suas fundações para influenciar a política e a sociedade já
ultrapassava US$ 300 milhões anuais.
Seu
principal executivo na Soros Foundation Network era ninguém menos que
Aryeh Neier, fundador da Students for a Democratic Society (SDS), o
maior e mais radical grupo de esquerda dos EUA nos anos 60, do qual uma
dissidência nasceu o Weather Underground, grupo terrorista de inspiração
comunista liderado por Bill Ayers, o lançador da carreira política de
Barack Obama. Atualmente, Ayers se tornou especialista em educação e
suas idéias estão ajudando a implementar nos EUA o Common Core, o
polêmico sistema integrado e unificado de padronização educacional do
país comandado pelo governo federal.
Soros
é, possivelmente, o indivíduo sem cargo eletivo mais influente do
mundo. Possuidor de uma fortuna pessoal estimada em US$ 13 bilhões e
administrando US$ 25 bilhões de terceiros, é tão poderoso no Partido
Democrata americano que no programa humorístico Saturday Night Live foi
chamado de “dono” do partido. E na prática não é nada muito diferente
disso. Dentro do Partido Democrata, candidatos independentes, não
ligados a Soros, são cada vez mais raros.
Rebuilding
Economics: George SorosSoros se vê como um missionário das próprias
utopias e não conhece limites para usar sua fortuna quase sem paralelo
para influenciar a política, a imprensa e a opinião pública em diversos
países, especialmente os EUA. Como ele mesmo disse, “minha principal
diferença de outros com uma quantidade de recursos acumulados parecida
com a minha é que não tenho muito uso pessoal para o dinheiro, meu
principal interesse é em idéias.” Soros também revelou que seu sonho era
escrever um livro “que durasse o mesmo que nossa civilização” e que ele
valorizaria isso mais do que qualquer sucesso financeiro. Ele já
lamentou que mudar o mundo é muito mais difícil do que ganhar dinheiro.
Num livro de 1987, disse que já tinha se achado uma espécie de deus mas
que depois se convenceu que seria mais como uma mistura de John Maynard
Keynes com Albert Einstein.
Sua
idéias políticas incluem uma oposição à supremacia política e econômica
dos EUA, que ele considera um impeditivo para a criação de uma
sociedade “global”, com interesses comuns e supranacional. Num livro de
2006, afirmou que os EUA são a grande fonte de instabilidade do mundo.
Segundo ele, os americanos são nacionalistas demais e ignoram os
principais problemas do planeta, que poderiam ser resolvidos com
“cooperação internacional”. Para ele, se os EUA não forem o tipo
“correto” de líder mundial, o país vai se autodestruir.
Não
por acaso, Soros é um grande entusiasta da zona do Euro e sonha com uma
integração política na Europa sucedendo a integração econômica, mesmo
que sem acabar formalmente com os estados nacionais, mas transformando
todos em satélites dessa “sociedade aberta”. Ele crê que as nações são
fontes eternas de instabilidade e só a criação de instituições
supranacionais poderá trazer equilíbrio ao mundo, o que ele chama de
“aliança”. A idéia é um pesadelo para qualquer democrata, mas uma utopia
desejável para mentes fanáticas. O pai de George Soros, Tivadar, era um
entusiasta do Esperanto, uma risível tentativa de criação de um idioma
global.
Soros
defende também que, a despeito dos bons resultados econômicos do
capitalismo, o sistema de livre mercado é incompetente para resolver
desigualdades sociais, o que é uma mentira facilmente demonstrável. Não
há um único ranking da The Heritage Foundation que não prove, ano após
ano, que os países mais livres são não só os mais prósperos mas também
os que provêm mais riqueza e mobilidade social para os cidadãos de baixa
renda (http://www.heritage.org/index/).
Na
visão de Soros, o empreendedorismo é algo falho e incompleto e que
deveria ser substituído pela idéia de “empreendedorismo social”, uma
mistura entre a busca de lucros e “justiça social”. Alguma diferença do
que pensa Barack Obama? Não que eu saiba. Soros acredita também que o
terrorismo deve ser combatido com mais diplomacia e medidas pontuais,
que levem em consideração as motivações e reivindicações dos
terroristas, e é radicalmente contra ações militares para o combate ao
terror. Alguma diferença do que pensam vários bocós, inclusive da
direita? Não que eu saiba.
Sobre
Israel, ele diz que não é um sionista e que a questão palestina deveria
ser resolvida também com mais diplomacia, citando as tentativas de
Jimmy Carter e Bill Clinton, que teriam sido torpedeadas por conta de um
lobby poderoso da American Israel Public Affairs Committee (AIPAC), a
principal associação pró-Israel dos EUA. Alguma diferença do que pensam
vários “analistas isentos” da imprensa que culpam Israel por tudo de
ruim que acontece no Oriente Médio? Não que eu saiba.
Há
30 anos, Soros mantém a Open Society, nome tirado de um livro de Karl
Popper. A Open Society é uma ONG bilionária destinada a influenciar a
opinião pública e a política no mundo. Ela está presente em mais de 70
países é tão poderosa que, em alguns regimes, é considerada um “governo
informal”.
Nos
EUA, mantém o poderosíssimo Media Matters, que dá o tom de praticamente
toda imprensa americana, além de ser o principal financiador do The
Huffington Post, um ícone da esquerda mundial. A Open Society é
inspirada pela idéia do filósofo francês Henri Louis Bergson que
acreditava num mundo com valores morais “universais” e não de sociedades
“fechadas”, o que influenciou vários pensadores que até hoje criticam
os ideais do pais fundadores da nação americana e do “excepcionalismo
americano”.
As
agendas políticas promovidas e patrocinadas financeiramente por George
Soros e suas fundações partem do princípio de que os EUA são uma nação
opressora e violadora dos direitos humanos, que suas ações militares são
fruto de racismo e intolerância com outros povos, o que seria, na
avaliação de Soros, algo historicamente relacionado à sociedade
americana. Muitas dessas fundações e ONGs constantemente pautam a
imprensa com denúncias contra o governo dos EUA, muitas delas promovendo
processos judiciais contra o país.
Soros
financia também inúmeros grupos defensores de “valores progressistas”,
de “redistribuição de renda”, o que inclui o recrutamento e treinamento
massivo de candidatos a cargos eletivos, militantes, ativistas e
lobistas. A idéia central é expandir ao máximo os programas
assistencialistas e o welfare state para corrigir o que ele vê como
“imperfeições” do capitalismo. Algumas dessas organizações miram
diretamente na imprensa, no sistema judiciário, o que inclui a formação
de juízes, e em instituições religiosas, treinando clérigos.
Outras
agendas políticas importantes incluem a flexibilização das fronteiras
dos EUA e facilitação das regras de imigração, além de oposição a toda
ação militar americana (classificadas como “imorais” e desnecessárias),
cortes no orçamento militar, ambientalismo e ativismo feminista radical,
mais poder para organizações globais como a ONU, legalização das drogas
e da eutanásia, “anti-sionismo”, além do financiamento bilionário de
candidatos do partido democrata.
Ele
também financiou vários movimentos revolucionários e insurgentes no
mundo. Nos anos 90, se orgulhava de ter patrocinado a derrubada de
governos como os de Vladimir Meciar, Franjo Tudjman e Slobodan
Milosevic. Na Geórgia. ajudou a derrubar o governo de Eduard
Shevardnadze. Na Ucrânica, é associado a grupos que lutam contra a
dominação russa. Pode parecer um contra-senso, mas Soros é um opositor
das nações “isoladas” e sonha com um mundo “aberto”, sem fronteiras, por
isso apoia a esquerda no Ocidente e é opositor dela na Ásia.
Soros
é tão próximo de Bill Clinton que alguns dos mais importantes ocupantes
de cargos públicos no seu governo são considerados indicações diretas
dele. Em 2004, gastou tudo que podia para tentar impedir a reeleição de
George W. Bush mas não conseguiu.
Em
dezembro de 2006, George Soros recebeu Barack Obama em seu escritório
em Nova Iorque. Duas semanas depois, Obama revelou que seria candidato a
presidente dos EUA e, uma semana depois, George Soros anunciou
publicamente que apoiava sua indicação nas primárias contra Hillary
Clinton, o que parecia uma maluquice na época. O resto é história. Hoje
ele apóia Hillary para a próxima eleição presidencial.
O
número de fundações, ONGs, sindicatos e veículos de comunicação que
recebem dinheiro de George Soros ou de suas fundações é tão vasto que só
um incansável pesquisador como David Horowitz para catalogar e publicar
no seu portal “Discover the Networks”. Se você tiver curiosidade, é só
clicar aqui: http://www.discoverthenetworks.org/individualProfile.asp?indid=977
Publicado na Reaçonaria.
Alexandre Borges é diretor do Instituto Liberal.
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