Um dos princípios consideravelmente básicos e popularmente conhecidos da economia diz que, para fazer um bom negócio, é fundamental aproveitar os momentos de baixa para comprar e os momentos de alta para vender.
Comprar barato e vender caro é sinônimo de lucro e inteligência e é um conceito que está arraigado em nossa cultura, apesar de não termos uma educação financeira efetiva nas escolas. É um conhecimento quase empírico, que passa de geração para geração.
Bolha Imobiliária
Pessoas continuam comprando imóveis, se submetendo a preços exorbitantes e surreais11/03/2014
Pessoas compram e continuam comprando imóveis, sem grandes reflexões, sem paciência e se submetendo a preços exorbitantes e surreais. Onde querem chegar?
Na ânsia de ter a sonhada casa própria, de se livrar do aluguel ou até de fazer um bom investimento, o consumidor brasileiro perdeu a mão e compra com uma ideia fixa de que seu imóvel continuará se valorizando significativamente com o tempo. Não irá!
Pode até parecer pessimista, mas a própria história cansa de nos apontar exemplos de bolhas e de como não ser um colaborador (e, posteriormente, vítima) delas. Quem não se lembra da crise imobiliária norte-americana em 2007 e 2008, que fez com que a economia mundial balançasse e cuja recuperação não se deu por completa até hoje?
Outro clássico do mercado especulativo ocorreu em 1634, conforme relatos da chamada "mania das tulipas" na Holanda. À época, o país recebia forasteiros que aqueceram o mercado de tulipas de forma avassaladora. Apesar de o salário médio chegar a, no máximo, 400 florins por ano, um bulbo podia ser vendido a seis mil florins! Todos queriam vender tulipas. No entanto, pasmem, apenas três anos depois o mercado destas flores quebrou, após um pânico generalizado, cujas causas são desconhecidas, dos consumidores. Um crescimento tão frágil quanto o próprio produto comercializado.
A bolha como ela é
Tanto no caso das tulipas holandesas como nos exemplos dos mercados imobiliários americano e brasileiro, os pés dos consumidores se distanciaram da realidade. Se a inflação alcança níveis inadmissíveis para a população, a política monetária inverte-se e investimentos de longo prazo desmoronam, especialmente os do setor imobiliário.Mau negócio
Quem cogita comprar um imóvel deve parar e pensar seriamente que imóveis hoje não são um bom investimentoInvestidores redescobrem um mecanismo fácil para ganhar rios de dinheiro: comprar imóveis na planta e revender. Momento mágico, porém absolutamente efêmero, que dura apenas até o dia em que os juros sobem, os lucros dos empreendedores somem, as construtoras sofrem o golpe, os preços despencam, os especuladores amargam a baixa e a sociedade toda acaba sentindo os reflexos da crise econômica instalada.
Quem cogita comprar um imóvel deve parar e pensar seriamente que imóveis hoje não são um bom investimento e que não existe eficiência financeira, lucros garantidos, ao se adquirir um bem do mercado imobiliário hoje. Aplique o dinheiro em mecanismos mais rentáveis e de maior liquidez. Poupe. Tenha disciplina. Mantenha a paciência. Conforme a sabedoria popular: quem não espera, come cru.
- O artigo não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
- Para enviar seu artigo, escreva para uolopiniao@uol.com.br
Samy Dana
Um dos princípios consideravelmente básicos e popularmente conhecidos da economia diz que, para fazer um bom negócio, é fundamental aproveitar os momentos de baixa para comprar e os momentos de alta para vender.
Comprar barato e vender caro é sinônimo de lucro e inteligência e é um conceito que está arraigado em nossa cultura, apesar de não termos uma educação financeira efetiva nas escolas. É um conhecimento quase empírico, que passa de geração para geração.
Bolha Imobiliária
Pessoas continuam comprando imóveis, se submetendo a preços exorbitantes e surreaisPessoas compram e continuam comprando imóveis, sem grandes reflexões, sem paciência e se submetendo a preços exorbitantes e surreais. Onde querem chegar?
Na ânsia de ter a sonhada casa própria, de se livrar do aluguel ou até de fazer um bom investimento, o consumidor brasileiro perdeu a mão e compra com uma ideia fixa de que seu imóvel continuará se valorizando significativamente com o tempo. Não irá!
Pode até parecer pessimista, mas a própria história cansa de nos apontar exemplos de bolhas e de como não ser um colaborador (e, posteriormente, vítima) delas. Quem não se lembra da crise imobiliária norte-americana em 2007 e 2008, que fez com que a economia mundial balançasse e cuja recuperação não se deu por completa até hoje?
Outro clássico do mercado especulativo ocorreu em 1634, conforme relatos da chamada "mania das tulipas" na Holanda. À época, o país recebia forasteiros que aqueceram o mercado de tulipas de forma avassaladora. Apesar de o salário médio chegar a, no máximo, 400 florins por ano, um bulbo podia ser vendido a seis mil florins! Todos queriam vender tulipas. No entanto, pasmem, apenas três anos depois o mercado destas flores quebrou, após um pânico generalizado, cujas causas são desconhecidas, dos consumidores. Um crescimento tão frágil quanto o próprio produto comercializado.
A bolha como ela é
Tanto no caso das tulipas holandesas como nos exemplos dos mercados imobiliários americano e brasileiro, os pés dos consumidores se distanciaram da realidade. Se a inflação alcança níveis inadmissíveis para a população, a política monetária inverte-se e investimentos de longo prazo desmoronam, especialmente os do setor imobiliário.Mau negócio
Quem cogita comprar um imóvel deve parar e pensar seriamente que imóveis hoje não são um bom investimentoInvestidores redescobrem um mecanismo fácil para ganhar rios de dinheiro: comprar imóveis na planta e revender. Momento mágico, porém absolutamente efêmero, que dura apenas até o dia em que os juros sobem, os lucros dos empreendedores somem, as construtoras sofrem o golpe, os preços despencam, os especuladores amargam a baixa e a sociedade toda acaba sentindo os reflexos da crise econômica instalada.
Quem cogita comprar um imóvel deve parar e pensar seriamente que imóveis hoje não são um bom investimento e que não existe eficiência financeira, lucros garantidos, ao se adquirir um bem do mercado imobiliário hoje. Aplique o dinheiro em mecanismos mais rentáveis e de maior liquidez. Poupe. Tenha disciplina. Mantenha a paciência. Conforme a sabedoria popular: quem não espera, come cru.
- O artigo não reflete, necessariamente, a opinião do UOL fonte;uol
- https://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2014/03/10/comprar-imovel-e-grande-equivoco-financeiro.htm
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