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Entenda a onda de protestos na Ucrânia EM 2013


Presidente ucraniano apoiado pela Rússia desiste de acordo para estreitar laços com Europa


O Parlamento da Ucrânia rejeitou uma tentativa da oposição de forçar a renúncia do governo nesta terça-feira. O pedido havia sido feito com o apoio de milhares de manifestantes que tomam as ruas da capital para protestar contra a decisão do governo de cancelar um acordo para estreitar os laços do país com a União Europeia.

03/12/2013


A oposição havia apresentado uma moção de desconfiança, que obteve 186 votos de parlamentares - 40 a menos que o mínimo necessário.

Escalada de protestos na Ucrânia obriga governo a discutir com a oposição
Milhares protestam na Ucrânia contra rejeição de acordo com a UE

Mais cedo o premiê ucraniano Mycola Azarov havia pedido desculpas ao Parlamento pela repressão violenta da polícia aos manifestantes.

Os participantes dos protestos querem a renúncia do premiê Azarov e do presidente Viktor Yanukovych, que segundo analistas, é apoiado pela Rússia. O governo ucraniano sofreu forte pressão econômica de Moscou para desistir do acordo com o bloco europeu.

Os manifestantes ainda estão nas ruas e cogitam organizar uma greve geral no país.

Entenda a seguir quais são as causas da atual onda de protestos na Ucrânia.
O que causou os protestos?

O gatilho foi a decisão do governo de não assinar uma parceria abrangente com a União Europeia, apesar de anos de negociações destinados a integrar a Ucrânia com os 28 países do bloco.

A decisão foi anunciada em 21 de novembro e causou grande frustração em uma reunião da UE com ex-repúblicas soviéticas no final de novembro.

Milhares de ucranianos favoráveis à adesão à União Europeia tomaram as ruas da capital – em 24 de novembro o número de manifestantes foi estimado em 100.000. Eles exigiam que o presidente Viktor Yanukovych voltasse atrás na sua decisão e retomasse as negociações com o bloco europeu.

Contudo, o mandatário se recusou e os protestos se intensificaram. Agora, os manifestantes exigem a renúncia de Yanukovych e seu gabinete.
Quem são os manifestantes?

Provavelmente o manifestante mais conhecido é Vitali Klitschko, um campeão de boxe que se transformou em líder opositor. Ele lidera um movimento chamado Udar (soco) e planeja concorrer à Presidência em 2015.

Sua principal bandeira de campanha é "um país moderno com padrões europeus" – o que significa, na prática, significa diminuir as relações com a Rússia e estreitar os laços com a União Europeia.

Outro grupo opositor que participa dos protestos é chamado Svoboda (liberdade). O movimento é considerado ultranacionalista e seu líder é Oleh Tyahnybok.

Também tomou parte dos protestoso o ex-premiê polonês e atual líder de oposição Jaroslaw Kaczysnski. Historicamente

A Polônia tem laços históricos com a Ucrânia. O leste ucraniano já foi parte do território da Polônia e os dois países compartilham de fortes laços culturais e religiosos (ambos são católicos).

A maior parte dos ucranianos ocidentais se sentem próximos do Ocidente e suspeitam da Rússia. A Polônia é uma voz forte na União Europeia na luta para incluir a Ucrânia no bloco.

Um dos mais importantes manifestantes ucranianos é Arseniy Yatsenyuk, líder do segundo maior partido ucraniano, chamado Pátria. Ele é aliado de Yulia Tymoshenko, uma ex-premiê atualmente na cadeia cumprindo pena por abuso de poder e principal rival política do presidente Yanukovych.
Por que Yulia Tymoshenko é importante?

Tymoshenko é reconhecida internacionalmente como símbolo da oposição a Yanukovych e virou causa célebre na Europa.

Ela foi presa em 2011 acusada de uso indevido de poder em um acordo sobre gás com a Rússia em 2009. Muitos políticos europeus aceitaram sua versão de que sua condenação a sete anos de prisão foi motivada politicamente.

A Corte Europeia de Direitos Humanos não foi tão longe, mas concluiu que a prisão provisória dela antes do julgamento foi "arbitrária e fora da lei".

A União Europeia determinou a libertação dela como pré-condição para a assinatura do acordo com a Ucrânia – mas Yanukovych resistiu à pressão.

A ex-premiê, que deseja receber tratamento de saúde na Alemanha, defendeu que o acordo fosse assinado mesmo sem sua libertação.

Nos protestos de agora há um forte eco da Revolução Laranja de 2004 na Ucrânia. Tymoshenko foi uma figura importante naquela revolução pró-Ocidente.

Naquela ocasião, a líder também enfrentou Yanukovych. Ele foi retirado do poder em 2004, depois que sua eleição foi julgada fraudulenta. Na época a Russia o apoiou – e ainda apóia.
Até onde vai a influência da Rússia no país?

Para analistas, a decisão do governo de suspender a negociações pela entrada na UE se deve diretamente à forte pressão da Rússia.

A Rússia adotou medidas como inspeções demoradas nas fronteiras e o banimento de doces ucranianos, além de ter ameaçado com várias outras medidas de impacto econômico.

A Ucrânia está em uma longa disputa com Moscou sobre o custo do gás russo. Além disso, no leste do país – onde ainda se fala russo – muitas empresas dependem das vendas para a Rússia.

Yanukovych ainda tem uma grande base de apoio no leste da Ucrânia, onde ocorreram manifestações promovidas por seus aliados.

Por séculos, a Ucrânia foi dominada por Moscou e muitos russos entendem que o vizinho do leste ainda é vital para seus interesses.

Fonte;bbc brasil
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/12/131127_ucrania_qea_lk

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