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REALIDADE DA EDUCAÇÃO BRASIL 2013 Escolas rurais de Minas são fechadas e alunos são mandados para longe
Escolas rurais de Minas são fechadas e alunos são mandados para longe
Escola da comunidade de Pedra Preta já foi fechada; estudantes foram para a distante Ermidinha
07/10/2013
A difícil tarefa imposta a milhares de alunos da zona rural mineira para chegar a uma escola pode se tornar ainda mais pesada. Várias unidades estão sendo fechadas e os estudantes transferidos para instituições na cidade ou de outras comunidades, obrigando-os a percorrer distâncias maiores. Fator que pode motivar a evasão e prejudicar a educação no campo. Em Montes Claros, no Norte de Minas, pais e alunos se mobilizam para tentar impedir o fechamento de várias unidades e que os filhos percam o estímulo pelos estudos.
Uma diretriz do Ministério da Educação (MEC) prevê o encerramento das atividades em escolas multisseriadas – aquelas que abrigam estudantes de diferentes séries em uma mesma sala – e que tenham menos de 15 alunos. E é esse argumento que a Prefeitura de Montes Claros apresenta para acabar com as aulas em várias comunidades.
Atualmente, a média de estudantes em sala não chega a 15 em muitas delas. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, são 3.342 alunos, apenas na zona rural, distribuídos em 21 escolas de pequeno porte (com média de até 15 estudantes) e 11 nucleadas (com mais de cem). Com mais de 30 povoados, Montes Claros aposta no sistema de nucleação, ou seja, uma unidade vai receber os alunos das comunidades vizinhas e eles serão distribuídos por séries, cada uma delas em salas diferentes.
“Queremos um ensino de qualidade para as nossas crianças do campo e, para isso, precisamos acabar com a mistura de turmas”, disse a secretária municipal de Educação, Sueli dos Reis Nobre Ferreira.
A medida que está em implantação na cidade, no entanto, causou revolta em pais de alunos. Morador da comunidade Santa Rita Rural, o porteiro Evaldo dos Reis, de 36 anos, está preocupado com o rendimento escolar dos filhos Pedro, de 7, e Bárbara, de 10 anos. As crianças, que estudam na 2ª e 4ª séries, respectivamente, gastam, atualmente, menos de 30 minutos para chegar à escola a pé. Com a mudança, o trajeto, que deverá ser feito com transporte escolar, durará uma hora e meia.
“É uma viagem longa e tenho certeza de que as crianças irão chegar cansadas para a aula”, disse Evaldo, temendo que os filhos se sintam desestimulados e abandonem a escola.
Estudantes correm risco em estradas ruins
O medo da produtora rural Maria Iva Soares, de 36 anos, é com a situação das estradas e o risco ao qual os estudantes estarão expostos. “São trechos perigosos e de difícil acesso”, afirma.
A filha da líder comunitária de Pedra Preta tem apenas 6 anos e terá que enfrentar mais de 50 quilômetros para chegar até a nova escola, na comunidade de Ermidinha, juntamente com outros 105 alunos. “Mesmo
com o transporte escolar, o trajeto é difícil”.
A secretária de Educação de Montes Claros, Sueli Ferreira, garante que a mudança não tem o objetivo de economizar a verba destinada às unidades da zona rural, valor que não foi informado. “Não visamos a redução de despesas. Tirando essas crianças de salas multisseriadas, teremos uma educação de qualidade. Em alguns casos, gastaremos mais com transporte”.
Para viabilizar o fechamento das escolas rurais, o MEC determina investimentos em transporte. No mês passado, a Câmara Municipal de Montes Claros aprovou a tomada de empréstimo de R$ 5 milhões para a compra de 25 veículos, que irão reforçar as 102 linhas existentes.
Anualmente, as despesas com a manutenção do transporte escolar na cidade e na zona rural somam R$ 5 milhões. “Os gastos gerados são em manutenção e combustível, uma vez que temos longas distâncias entre os distritos”, explica Sueli Ferreira.
Mesmo com a aquisição de ônibus, os vereadores não acreditam que o transporte irá atender à nova realidade das comunidades. “Se as estradas não forem melhoradas, essas crianças continuarão sofrendo”, diz o presidente da Comissão de Educação, vereador Eduardo Madureira (PT). Uma audiência pública será realizada para discutir o assunto.
FONTE;HOJE EM DIA
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