Planta já invadiu até 50% da unidade de conservação e sufoca flora nativa.
Imagem mostra, ao fundo e em detalhe na frente, invasão de capim-meloso, planta rosada que já atingiu até 50% da área do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça e ajuda a propagar incêndios. (Foto: Divulgação)
05/12/2012
Um grupo de nove pesquisadores de diversas áreas se uniu para procurar soluções para uma praga que está assolando a região do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, o terceiro maior em área urbana do país, com 4.006 hectares e flora rica de cerrado, campos rupestres e mata atlântica.
O capim-meloso ou capim-gordura, originário da savana africana, é considerado um dos principais invasores do mundo e, de cinco anos pra cá, passou a ocupar até 50% de toda a área do parque, sufocando a vegetação local.
Além de super-resistente, com crescimento rápido e alta produção de sementes que se alastram ao vento, o capim-meloso produz substâncias que inibem o crescimento de outras plantas. Para piorar, durante o inverno vira uma palha seca, que serve de combustível para o fogo, amplificando os incêndios comuns nessa época do ano.
Canelas-de-ema, da vegetação de campo rupestre
do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça.
(Foto: Divulgação)
A coordenadora da pesquisa, Maria Rita Scotti Muzzi, que é professora do Departamento de Botânica do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e especialista em recuperação de áraes degradadas, resume o que chama de "ciclo vicioso": "O fogo abre espaços, o capim-meloso do entorno do parque ocupa esse espaço vazio, abafando e matando as plantas nativas, e cresce durante a temporada de chuvas. No outro ano, a palha seca serve de combustível, vem mais fogo e crescem ainda mais capins."
Ela diz que, por causa do capim-meloso, tem havido um aumento em intensidade e tamanho dos incêndios no parque, "em escala geométrica". Segundo ela, há dez anos era comum que os incêndios atingissem 30% do parque – enquanto o último de maior gravidade, em setembro do ano passado, chegou a atingir 80% da área. A consequência é que várias famílias de flora nativa estão diminuindo e se tornando ameaçadas de extinção, como algumas orquídeas, bromélias, leguminosas, canelas-de-ema e arnicas. "A situação é gravíssima."
Marcus Vinicius de Freitas, gerente do parque, diz que o principal agravante é o fato de a unidade de conservação estar perto da área urbana, e, com isso, sofrer mais frequentemente os ataques de criminosos piromaníacos. "O capim aumenta a rapidez com que o fogo propaga, a dificuldade de combate fica muito maior e, consequentemente, a área queimada também."
Um grupo de nove pesquisadores de diversas áreas se uniu para procurar soluções para uma praga que está assolando a região do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, o terceiro maior em área urbana do país, com 4.006 hectares e flora rica de cerrado, campos rupestres e mata atlântica.
O capim-meloso ou capim-gordura, originário da savana africana, é considerado um dos principais invasores do mundo e, de cinco anos pra cá, passou a ocupar até 50% de toda a área do parque, sufocando a vegetação local.
Além de super-resistente, com crescimento rápido e alta produção de sementes que se alastram ao vento, o capim-meloso produz substâncias que inibem o crescimento de outras plantas. Para piorar, durante o inverno vira uma palha seca, que serve de combustível para o fogo, amplificando os incêndios comuns nessa época do ano.
Canelas-de-ema, da vegetação de campo rupestre
do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça.
(Foto: Divulgação)
A coordenadora da pesquisa, Maria Rita Scotti Muzzi, que é professora do Departamento de Botânica do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e especialista em recuperação de áraes degradadas, resume o que chama de "ciclo vicioso": "O fogo abre espaços, o capim-meloso do entorno do parque ocupa esse espaço vazio, abafando e matando as plantas nativas, e cresce durante a temporada de chuvas. No outro ano, a palha seca serve de combustível, vem mais fogo e crescem ainda mais capins."
Ela diz que, por causa do capim-meloso, tem havido um aumento em intensidade e tamanho dos incêndios no parque, "em escala geométrica". Segundo ela, há dez anos era comum que os incêndios atingissem 30% do parque – enquanto o último de maior gravidade, em setembro do ano passado, chegou a atingir 80% da área. A consequência é que várias famílias de flora nativa estão diminuindo e se tornando ameaçadas de extinção, como algumas orquídeas, bromélias, leguminosas, canelas-de-ema e arnicas. "A situação é gravíssima."
Marcus Vinicius de Freitas, gerente do parque, diz que o principal agravante é o fato de a unidade de conservação estar perto da área urbana, e, com isso, sofrer mais frequentemente os ataques de criminosos piromaníacos. "O capim aumenta a rapidez com que o fogo propaga, a dificuldade de combate fica muito maior e, consequentemente, a área queimada também."
Incêndio no Rola Moça
Soluções
A equipe descartou, logo de cara, o corte ou uso de produtos químicos para combater a praga, porque isso poderia prejudicar também as poucas plantas nativas sobreviventes.
A solução encontrada foi descobrir plantas nativas que conseguem competir com o capim-meloso. Essas espécies têm mecanismos de defesa contra o capim e, plantadas na região, poderiam minimizar o impacto da praga. "Vamos usar uma força de guerra", diz Muzzi.
Segundo ela, cinco espécies com essas características já foram descobertas pela equipe, que iniciou os trabalhos no final de 2011, a convite da administração do parque. No entanto, o combate ainda não começou, porque a equipe avalia que não adianta fazer isso agora enquanto o entorno do parque estiver tomado pelo capim-meloso.
Parque do Rola-Moça após incêndio que atingiu 80% de sua área, em setembro de 2011. (Foto: Divulgação)
Mineradoras e condomínios
E, de acordo com Muzzi, é exatamente esta a fonte das sementes que atingiram o parque: "As mineradoras usam o capim para recuperar cavas de mina nos arredores, e a semente da planta chega pelo vento. O entorno do parque é totalmente tomado pelo capim-meloso. Não adianta tentarmos combater algo se a fonte é contínua."
Soluções
A equipe descartou, logo de cara, o corte ou uso de produtos químicos para combater a praga, porque isso poderia prejudicar também as poucas plantas nativas sobreviventes.
A solução encontrada foi descobrir plantas nativas que conseguem competir com o capim-meloso. Essas espécies têm mecanismos de defesa contra o capim e, plantadas na região, poderiam minimizar o impacto da praga. "Vamos usar uma força de guerra", diz Muzzi.
Segundo ela, cinco espécies com essas características já foram descobertas pela equipe, que iniciou os trabalhos no final de 2011, a convite da administração do parque. No entanto, o combate ainda não começou, porque a equipe avalia que não adianta fazer isso agora enquanto o entorno do parque estiver tomado pelo capim-meloso.
Parque do Rola-Moça após incêndio que atingiu 80% de sua área, em setembro de 2011. (Foto: Divulgação)
Mineradoras e condomínios
E, de acordo com Muzzi, é exatamente esta a fonte das sementes que atingiram o parque: "As mineradoras usam o capim para recuperar cavas de mina nos arredores, e a semente da planta chega pelo vento. O entorno do parque é totalmente tomado pelo capim-meloso. Não adianta tentarmos combater algo se a fonte é contínua."
Detalhe do capim-meloso ou capim-gordura.
(Foto: Divulgação)
Além das mineradoras espalhadas pelos quatro municípios onde fica o parque (Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho), há também o uso da planta como ornamento pelos condomínios da região. Isso porque a planta, que "pega" fácil, tem flores em tom rosado que formam uma bela paisagem. A praga também se espalha no meio rural, por ser muito usada para pastagens.
A pesquisadora diz que agora o trabalho vai se focar na divulgação e conscientização dos danos ecológicos causados pelo capim-meloso, principalmente junto às mineradoras e aos condomínios. Segundo ela, há espécies nativas que podem substituir o uso dessa praga sem danificar o ambiente.
Apenas depois de conter a plantação ao redor do parque é que o plano de manejo para o Rola-Moça será feito. Um trabalho que deve levar, no mínimo, seis anos para ser concluído.
Vegetação de Cerrado no Parque Estadual da Serra do Rola-Moça. (Foto: Divulgação)
Fonte;http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2012/12/biologos-fazem-operacao-de-guerra-contra-praga-no-parque-do-rola-moca.html
(Foto: Divulgação)
Além das mineradoras espalhadas pelos quatro municípios onde fica o parque (Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho), há também o uso da planta como ornamento pelos condomínios da região. Isso porque a planta, que "pega" fácil, tem flores em tom rosado que formam uma bela paisagem. A praga também se espalha no meio rural, por ser muito usada para pastagens.
A pesquisadora diz que agora o trabalho vai se focar na divulgação e conscientização dos danos ecológicos causados pelo capim-meloso, principalmente junto às mineradoras e aos condomínios. Segundo ela, há espécies nativas que podem substituir o uso dessa praga sem danificar o ambiente.
Apenas depois de conter a plantação ao redor do parque é que o plano de manejo para o Rola-Moça será feito. Um trabalho que deve levar, no mínimo, seis anos para ser concluído.
Vegetação de Cerrado no Parque Estadual da Serra do Rola-Moça. (Foto: Divulgação)
Fonte;http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2012/12/biologos-fazem-operacao-de-guerra-contra-praga-no-parque-do-rola-moca.html
g1
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