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NASA TERIA RESULTADOS BOMBASTICO EM MARTE 2012

Bochicho em Marte!


Está rolando uma história interessante na internet e logo mais vai bombar nas redes sociais. É o seguinte:
Marte sempre atiçou o imaginário das pessoas, desde o século 19, pelo menos.  Os mapas de Giovanni Schiaparelli feitos durante a “grande oposição” de Marte em 1877 retratavam “mares”, “continentes” e “canais”. Os mares e continentes simplesmente refletiam padrões claros/escuros da geologia do planeta, já os canais nada mais eram que ilusões de óptica, como foi provado posteriormente. Só que a tradução para o inglês foi feita de maneira errada, dando a ideia de que seriam canais artificiais e não a intenção de Schiaparelli de serem leitos de rios secos.

22/11/2012


Depois, Percival Lowell repercutiu essa ideia como novos mapas, afirmando que os canais eram construções de uma civilização inteligente que conduzia água dos polos para os equador. Os claros/escuros da superfície marciana seriam na verdade regiões desérticas e florestas, respectivamente. Eu tive a oportunidade de segurar um catálogo com esses mapas pintados à mão. São obras impressionantes de bonitas.
Mesmo com a Mariner 4 mostrando nos anos 1960 que não há canal algum (no sentido de obras de irrigação) a ideia de que havia vida inteligente em Marte nunca deixou de ser popular. Basta lembrar das inúmeras obras com esse tema, a começar pelo livro “Guerra dos Mundos” de H.G. Wells, que virou um programa de rádio e dois filmes, que eu saiba.
Tirando essa parte da ficção, Marte parece ser mesmo o lugar no nosso Sistema Solar mais promissor para abrigar (ou ter abrigado) vida. Evidências de água no passado, de água no subsolo, atmosfera tênue, temperaturas que podem chegar a valores positivos algumas vezes, enfim, condições favoráveis ao desenvolvimento de vida já foram encontradas.
Começando com as sondas Viking, que pousaram na superfície de Marte na década de 1970, volta e meia as sondas que lá pousam carregam algum tipo de experimento com o objetivo de investigar a possibilidade de haver ou ter havido vida. Os experimentos da Viking mostraram resultados inconclusivos, as evidências obtidas poderiam ter origem biológica, mas também poderiam ser resultado de reações puramente químicas. Mais recentemente, um experimento na Mars Polar Lander também falhou por conta de reações químicas imprevistas com uma amostra de solo aquecida.
Agora é a vez do Curiosity, um jipe robô de quase uma tonelada e movido a energia nuclear em atividade em Marte. O Curiosity é um verdadeiro laboratório sobre rodas, carregando 11 instrumentos, entre sensores, espectrômetros e câmeras. Claro, entre seus objetivos está pesquisar a chance de haver, ou ter havido vida no planeta.

O que está rolando nos sites de notícias é uma especulação de que a Nasa teria resultados bombásticos para revelar e estaria mantendo segredo. Essas especulações ganharam força depois de uma entrevista em uma rádio nos EUA do investigador principal da missão, John Grotzinger. Ele disse literalmente e ao vivo que “enquanto nós estamos aqui sentados e conversando, o SAM está coletando dados e eles parecem realmente interessantes.” O SAM é o analisador de amostras em Marte, um instrumento com um vasto leque de ferramentas para vaporizar amostras de solo e rochas, analisando a abundância de elementos químicos leves, como carbono, oxigênio e nitrogênio, comumente associados à vida.
Ninguém do time de pesquisadores do Curiosity está autorizado a falar qualquer coisa. A cautela tem razão de ser: qualquer resultado científico só pode ser ser divulgado após todos os esforços e testes para confirmar sua veracidade, ainda mais em se tratando de Marte.
Erros já aconteceram antes. Em 1996, um meteorito de origem marciana que parecia mostrar vestígio de vida acabou sendo contestado, pois a divugação dos fatos foi feita prematuramente, antes de uma revisão por outros pesquisadores. Os neutrinos mais rápidos que a luz são outro caso de precipitação. Mesmo o Curiosity já sofreu com isso: a análise de uma amostra de atmosfera marciana mostrou a presença de gás metano. Esse gás é produzido por bactérias e é um dos possíveis indicadores da presença de vida, mas a possibilidade de ter havido contaminação do instrumento com uma amostra de ar da Flórida, local de lançamento do Curiosity não podia ser descartada. Ressabiado, o time de pesquisadores resolveu realizar uma nova medição e, nela, o metano não deu as caras.
Grotzinger, nessa mesma entrevista, disse que toda a equipe estava “mastigando” os dados para ter certeza dos resultados, mas que eles iriam entrar para os “livros de história”. Mas o que poderia ser? Não dá para ter certeza, ninguém fala nada mais a respeito e enquanto não há uma palavra oficial, o que pode ser feito é especular.
Um resultado digno de entrar para os livros, como disse Grotzinger, seria a detecção de vida. Mas isso é improvável, até mesmo pelo próprio instrumento, que tem por objetivo fazer análises químicas e não biológicas. Mas a detecção de simples moléculas orgânicas seria notável, apesar de ser mais ou menos esperado. Nesse caso, bastaria água, que havia em Marte no passado, para que as chances de ter havido condições para que a vida surgisse fossem bem grandes.
Entretanto, se o SAM encontrar indícios de moléculas orgânicas complexas, estaremos vivenciando um momento histórico. Moléculas assim são esperadas como resquícios de atividade de formas de vida mais complexas. As chances disso acontecer em uma amostra de solo escolhida aleatoriamente são muito pequenas, mas como a especulação está liberada, por que não?
Os resultados, mantidos em segredo por enquanto, devem ser anunciados em breve na reunião anual da União Geofísica Americana, que acontece em San Francisco entre 3 e 7 de dezembro. Se não vazar alguma coisa antes disso, muita especulação vai rolar por aí até o evento. Também não acredito que iam fazer tanto alarde para pouca coisa. Só nos resta aguardar!

Um ciclo bizarro


O Sol é uma estrela de um tipo bem comum na nossa galáxia. Como ele, deve haver algo em torno de 1 bilhão de outras estrelas muito parecidas, se não iguais. É claro que ele é especial, pois é nossa maior fonte de energia e sustenta a vida em nosso planeta. Acompanhando o Sol diariamente, não notamos nenhuma alteração e temos a ideia de que ele esteja sempre estável e “tranquilo”. Bom, desde que nossa estrela começou a transformar hidrogênio em hélio no seu núcleo através de fusão nuclear, ela está sim em atividade estável, mas longe de ser uma vida tranquila.
O Sol tem um ciclo de atividade magnética com período aproximado de 11 anos. Nesse intervalo de tempo o Sol passa por um máximo de atividade, evidenciado pelo grande número de manchas solares, explosões e eventos de ejeção de massa. Depois de passar por esse máximo de atividade, o número de manchas solares, as tempestades e explosões solares que as acompanham vai diminuindo gradativamente, até que algum tempo depois atinge um mínimo; esse é o mínimo solar. Passado esse período de baixa atividade, a atividade solar começa a se intensificar, aumentando novamente o número de manchas até que o Sol atinja um máximo novamente e um ciclo solar se complete. Os mínimos e máximos não são fáceis de identificar, de modo que o período de um ciclo pode variar bastante em relação a outro. Com 27 ciclos já observados, esse período é, na média, de 10,6 anos.
O ciclo solar é a principal fonte de alterações no clima espacial, um termo para designar o conjunto de condições ambientais no espaço sideral próximo à Terra. Isso inclui as auroras, o campo magnético terrestre e órbitas de satélites. A depender da atividade solar, as órbitas de satélites são alteradas, os sinais de GPS são afetados, comunicações por rádio e até mesmo usinas de eletricidade podem sofrer consequências graves. Além do clima espacial, os ciclos solares devem influenciar o clima na Terra, conforme mostram alguns estudos efetuados na última década. Por exemplo, alguns trabalhos sugerem que a quantidade de raios ultravioleta que atinge a superfície da Terra pode variar até 400% durante um ciclo solar. Isto ocorreria por que o ozônio que nos protege desses raios é formado pela incidência da radiação ultravioleta sobre as moléculas de oxigênio, que diminui muito durante um período de mínimo solar. Com menos ozônio, mais ultravioleta chega à superfície, o que aumenta o risco de câncer de pele.
Atualmente o Sol está no ciclo 24 – a contagem começou em 1755 –, que parece ter se iniciado em dezembro de 2008. Ocorre que o mínimo do ciclo 23 – que daria início ao ciclo seguinte – foi de baixíssima atividade solar, de modo que o Sol chegou a ficar semanas sem registro de nenhuma mancha. Esse foi um dos mínimos solares mais pronunciados da história, tanto que alguns astrônomos consideram que o mínimo poderia ter ocorrido em maio de 2008.
Passado o mínimo, o Sol foi gradativamente aumentando sua atividade magnética. Houve registros de explosões solares ao longo deste ano e, baseado no comportamento de ciclos anteriores, o máximo solar foi previsto para ocorrer em maio de 2013. A previsão é de que o Sol chegue a 90 manchas nesse momento e, a partir daí, comece a diminuir a atividade magnética, caminhando para outro mínimo.
O ciclo 24 parece ser o mais enigmático ciclo solar observado em décadas. Primeiro por causa do seu mínimo tão duradouro; segundo porque a previsão de 90 manchas para o máximo, se confirmada, indicaria o menor número de manchas solares em um período de máximo observado nos últimos 100 anos!
Para deixar tudo ainda mais interessante, os dados das manchas dos últimos meses indicam que o máximo solar já poderia ter ocorrido! Entre novembro e dezembro de 2011 houve um pico no número de manchas muito além de qualquer previsão, o que levou alguns astrônomos a achar que esse seria um dos ciclos mais ativos já observados. Entretanto, depois disso, as contagens despencaram e, apesar de uma melhora, ainda estão muito baixas. No último mês, para piorar a situação, caíram mais ainda! Alguns astrônomos propõem que simplesmente vamos ter um máximo solar com pico duplo, ou seja, um grande número de manchas em no final de 2011 e outro número tão grande quanto esse em maio de 2013. Isso já aconteceu no passado, mas não é muito frequente.
Mesmo que o máximo se confirme no ano que vem, o ciclo 24 já está marcado como um dos mais esquisitos da era moderna de observações do Sol. Ele deve ser um dos menos intensos já observados e as implicações disso no clima da Terra devem ser notadas nos próximos anos. É esperar para ver!

Uma breve história do Universo


Em sua teoria da relatividade geral, Albert Einstein chegou à conclusão de que o universo deveria estar em expansão, mas as evidências observacionais da época não indicavam isso. Desta maneira, meio que a contragosto, Einstein introduziu uma constante nessas equações, chamada de constante cosmológica, para que o universo permanecesse estático. Na década seguinte, de 1920, começaram a aparecer as primeiras evidências observacionais de que o universo não seria estático. Observações de galáxias feitas por Edwin Hubble mostraram que todas elas estavam em movimento, todas se afastando umas das outras, como se estivessem sobre um balão sendo inflado.
Einstein revisou suas equações, retirou a tal constante e afirmou que ela teria sido a maior bobagem que ele já tinha feito. A partir de então, a interpretação dessas equações – bem complicadas, por sinal – nos levava a crer que o universo começou com uma singularidade, onde toda a matéria do universo estava concentrada e subitamente começou uma rápida expansão.  Esse é o Big Bang. Esse termo foi cunhado por Fred Hoyle, um defensor da teoria do universo estático, muito mais em tom de crítica do que para, de fato, esclarecer. Isso causa uma grande confusão na hora de entender a física do processo. Não houve uma grande explosão, não há um centro do qual tudo parece se afastar, não havia antes e não há nada “fora” do universo. Mas isso é assunto para outra hora.
Desde então, os astrônomos vinham tentando medir a velocidade de expansão do universo e tentando saber que tipo de destino o universo teria – se a expansão seria eterna ou não. Em todos os casos, seria uma expansão desacelerada.
Mas eis que, em meados de 1990, usando supernovas para estudar a expansão do universo, Saul Perlmutter e uma equipe de colaboradores descobriram que, na verdade, o universo está em expansão acelerada! Uma descoberta tão fantástica e tão inesperada que rendeu o prêmio Nobel de Física de 2011. Até hoje não há explicação para isso. Foi aí que se criou o termo energia escura, que compõe 72% do Universo e que ninguém sabe o que é. Muitas teorias tentam explicar essa componente que forma quase três quartos do Universo, mas nada muito plausível até agora. O que aconteceu foi a ressurreição da constante cosmológica, mas agora não para frear o Universo, como Einstein idealizou, mas sim para acelerá-lo.
Do ponto de vista observacional, uma colaboração internacional entre EUA, Japão, Canadá, Espanha e Brasil acaba de anunciar alguns resultados na tentativa de compreender melhor essa estranha forma de energia que está acelerando o Universo.
O projeto de Busca Espectroscópica de Oscilações Acústicas de Bárions (Boss, na sigla em inglês) se utiliza dos espectros de galáxias obtidos por outro projeto – o SDSS – e tem como objetivo estudar o Universo em três fases distintas. A primeira fase foi quando ele era jovem e a gravidade predominava sobre a energia escura e o Universo era desacelerado. A segunda é intermediária, quando gravidade e energia escura meio que se equilibravam, e a outra é mais recente, com o Universo mais evoluído, quando a energia escura começou a dominar e o Universo passou a ser acelerado.
Para obter informações do Universo quando ele ainda era jovem – uns 2 bilhões de anos de idade –, a equipe do Boss utilizou espectros de mais de 48 mil quasares, núcleos muito brilhantes de galáxias muito distantes, a 11,5 bilhões de anos-luz. A luz destes quasares vai sendo parcialmente absorvida por nuvens de gás distribuídas pelo caminho. Desse jeito, é possível mapear a posição das galáxias e das nuvens. A oscilação acústica de bárions é, na verdade, a variação periódica na distribuição das galáxias e nas nuvens de gás intergaláctico – a matéria visível, ou bariônica –, que acabam revelando também a distribuição de matéria escura.
Com esses resultados, a equipe do Boss pretende caracterizar o Universo quando ainda era dominado pela gravidade e era desacelerado por ela. Com isso, pretendem compreender a origem dessa componente misteriosa do universo, evidenciando também a transição entre um Universo dominado pela gravidade para um dominado pela energia escura, o que ocorreu há uns 5 ou 6 bilhões de anos atrás.

A vingança de Plutão


Plutão sempre esteve imerso em alguma polêmica, começando pela sua descoberta.
Em 1846, Urbain Le Verrier e John Couch Adams usando as leis da gravitação de Newton, conseguiram prever a posição de um novo planeta, depois de Urano, que deveria estar influenciando sua órbita. A posição de Urano às vezes não correspondia à posição prevista e através de cálculos apenas, Le Verrier e Adams (de forma independente) mostraram a posição deste suposto novo planeta. Assim foi descoberto Netuno.
No final do século XIX, todavia, Netuno parecia mostrar perturbações semelhantes às de Urano e começou-se a especular a respeito de um novo planeta, mais distante, que pudesse explicar as observações. Percival Lowell construiu um observatório no estado norte-americano do Arizona em 1904 e passou a procurar por esse planeta, que ele chamou de Planeta X. Apesar de ter sido observado 16 vezes desde 1909, apenas em 1930 o planeta foi descoberto por Clyde Tombaugh, 15 anos depois da morte de Lowell. Essa descoberta teve imediata repercussão, pois se tratava do primeiro planeta a ser descoberto pela astronomia norte-americana.  Um concurso foi feito no país e escolheu o nome Plutão para o novo planeta.
E as polêmicas começaram.
Posteriormente verificou-se que Plutão não teria a massa para promover as perturbações em Netuno – Plutão seria um planeta muito pequeno e rochoso, em uma região onde deveria haver um gigante e gasoso. Depois, com mais observações, verificou-se que a órbita de Plutão era muito mais inclinada do que as órbitas dos outros planetas. Além disso, ela era também muito mais ovalada, fazendo com que Plutão cruzasse a órbita de Netuno, deixando-o como o último planeta do Sistema Solar de vez em quando.
No final da década de 1970, a descoberta de objetos quase tão grandes quanto Plutão começou a colocar dúvidas na sua classificação como planeta. Mas, ainda em 1978, Plutão ganhou uma lua, Caronte, e a classificação foi mantida.
Mas tudo começou a mudar em 2005, quando Mike Brown e seus colegas anunciam a descoberta de Eris (inicialmente chamado de Xena), um objeto com quase o mesmo tamanho de Plutão, mas com massa 27% maior. Se Plutão era um planeta, Eris também tinha que ser. Durante um tempinho, a Nasa considerou Eris o décimo planeta, mas a União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) torceu o nariz.
A IAU é a entidade mundial responsável por oficializar os termos e “administrar” a astronomia, ou seja, catalogar, batizar e reconhecer corpos celestes, padronizar as constantes etc. Não demorou muito tempo para a IAU perceber que, com novos e maiores telescópios, novas técnicas e muita vontade de descobrir objetos novos, logo, logo uma enxurrada de novos planetas seria descoberta. Toda semana os livros precisariam ser atualizados. No mesmo mês da descoberta de Eris, a equipe de Brown anunciou a descoberta de 2 outros candidatos a planeta, Makemake e Haumea. Em agosto de 2006, a IAU se reuniu em Praga, na República Tcheca, e em assembleia decidiu criar uma definição para planetas. A partir de então, Plutão, Eris, Ceres, Makemake e Haumea estariam na categoria de planeta-anão. Furiosos, os astrônomos americanos protestaram e ainda hoje fazem campanha pela volta de Plutão à categoria de planeta.
Entretanto, Plutão parece estar se vingando!
Ainda em 2005, duas novas luas foram descobertas usando imagens do Hubble, Nix e Hydra. Em 2011 e 2012, mais outras duas luas foram descobertas, ainda sem nome oficial. Mais ainda, vários anéis foram descobertos em torno de Plutão. Recapitulando, Plutão tem cinco satélites e anéis – já que não podia ser planeta, resolver criar o seu próprio sistema “planetário”!
Só que a piada começou a ficar sem graça quando os astrônomos se lembraram de um detalhe, há uma sonda a caminho de Plutão!
A missão toda foi planejada com um cenário em mente: Plutão tem uma lua só. Na rampa de lançamento, descobrem que ele possui mais duas luas e faltando apenas dois anos apara chegar lá, descobrem mais duas e um sistemas de anéis!
Todo cuidado é pouco, a posição dessas luas e do sistema de anéis precisa ser conhecida com precisão, para não haver surpresas na aproximação, a New Horizons viaja a 48 mil quilômetros por hora!
A equipe da New Horizons está usando tudo o que pode: simulações numéricas em computador para tentar prever as órbitas de pedaços de rochas, a posição dos anéis e das luas. Está usando e abusando de imagens do Hubble e dos maiores e mais modernos telescópios na Terra. Ainda faltam dois anos e meio para a nave chegar ao sistema de Plutão e os planos, hoje, são de fazer um sobrevoo a uma distância de 10 mil quilômetros da superfície de Plutão e 27 mil de Caronte. Mas, de acordo com Lelie Young, cientista da missão, é bem provável que as manobras sejam definidas apenas 10 dias antes da passagem com tudo controlado a quase 6 bilhões de quilômetros de distância.

Paintball poderia desviar asteroides da Terra


Sempre que falamos na possibilidade de um asteroide se chocar com a Terra, imediatamente pensamos em como escapar dessa colisão. Estatisticamente falando, impactos de objetos entre 5 m e 10 m de diâmetro ocorrem uma vez por ano e, apesar de eles terem energia equivalente à bomba atômica de Hiroshima, esses pequenos asteroides explodem na alta atmosfera e quase todos os destroços são vaporizados.
Objetos com mais de 50 m caem na Terra a cada mil anos e podem causar um belo estrago. Foi o que deve ter acontecido em Tunguska, na Sibéria, em 1908. Nesse evento, acredita-se que um asteroide tenha explodido na alta atmosfera, e a onda de choque arrasou a floresta a quilômetros de distância, provocando incêndios que escureceram a atmosfera. Além disso, mesmo não tendo atingido o solo, esse impacto produziu um terremoto de 5 graus de magnitude, com a energia liberada correspondendo à mil bombas de Hiroshima. Se essa explosão tivesse ocorrido sobre alguma cidade, teria causado uma tragédia e tanto.
Impactos na Terra de objetos com 1 km ou mais ocorrem a cada 500 mil anos e poderiam causar muitos estragos em escala global. Já choques com potencial de destruição em massa ocorrem a cada 10 milhões de anos. São estatísticas, mas podemos ficar tranquilos que colisões assim são realmente muito raras.

Mas o que fazer caso um desses asteroides resolva furar as estatísticas e seja descoberto em rota de colisão com a Terra?
A primeira ideia é mandar ao espaço, ou plantar, bombas nucleares para partir o asteroide. As dificuldades técnicas são imensas. Imagine acertar um alvo móvel, de 1 km, a uma distância de milhares ou mesmo milhões de km com um míssil que sai da Terra, que também se movimenta no espaço. Além disso, esse método poderia criar mais problemas.
As explosões não serão suficientes para desintegrar o asteroide. Na verdade, elas devem parti-lo em alguns pedaços ainda bem grandes, que continuarão em rota de colisão com a Terra. Um choque com uma rocha de 1 km é muito ruim, mas imagine uma chuva de destroços com centenas de metros de diâmetros! Seria muito pior.
Primeiro, as chances de grandes cidades serem atingidas aumentam. Segundo, com tantos impactos potentes acontecendo simultaneamente, terremotos fortíssimos devem acontecer por toda a Terra. Sem falar nos incêndios e tsunamis. Enfim, uma verdadeira hecatombe.
A solução mais segura é desviar, e não destruir, o asteroide. Essa técnica também usaria bombas nucleares, que explodiriam perto do objeto e não sobre ele. Outra técnica possível seria usar um trator gravitacional., que funciona colocando uma nave com muita massa na órbita do asteroide. A força gravitacional da nave, embora pequena, pode desviar aos poucos a trajetória dele. Com o passar dos anos, o desvio deve ser suficiente para que não haja uma colisão. Mas o grande problema desse método é a quantidade de combustível necessária para manter a nave no curso adequado.
Uma quarta estratégia, porém, foi anunciada esses dias: “paintball”! A ideia é esquisita e surgiu em um concurso promovido pelo Instituto de Tecnologia de Massachussetts, o famoso MIT. O estudante de doutorado Sung Wook Paek, do Departamento de Aeronáutica e Astronáutica, propôs que, caso um asteroide com alto poder destrutivo fosse identificado em órbita potencialmente perigosa, cápsulas de tinta branca deveriam ser disparadas em sua direção. Não a partir da Terra, mas do espaço, talvez da própria Estação Espacial Internacional (ISS), em uma estratégia que cobriria completamente de branco a superfície do asteroide.
De que isso adianta? A explicação é que o poder de refletir a luz do Sol (chamado de albedo) do asteroide aumenta muito. Praticamente tudo o que chega, é refletido. Quando a luz é refletida por um objeto qualquer, ele é empurrado levemente em sentido contrário. É o princípio de ação e reação da terceira lei de Newton. Acontece que esse empurrão é sutil demais para fazer alguma diferença instantânea, mas, com o passar dos anos, em objetos no espaço, esse efeito vai se acumulando e, aos poucos, a trajetória do objeto vai se alterando. Em 10 a 20 anos, o asteroide ruma por outra órbita e deixa de representar um perigo.
Paek usou o asteroide Apophis para testar numericamente sua teoria. Esse objeto tem massa de 27 bilhões de toneladas e 450 metros de diâmetro, e deve passar próximo à Terra em 2029 e 2036. De acordo com as simulações, cobrindo todo o asteroide de branco, levaria uns 20 anos para afastá-lo definitivamente.
Esse método (e o do trator gravitacional) não serve para situações de emergência ou de impacto imediato. Ele é adequado para os objetos com órbitas rasantes à Terra que, depois de dezenas ou centenas de anos, podem vir a colidir com a Terra. A grande vantagem é que asteroides desse tamanho, além de raros, são mais fáceis de descobrir.
A ideia do “paintball” ainda está no campo da ficção, pois as técnicas de disparo e as próprias  cápsulas ainda precisam ser desenvolvidas. A ilustração acima mostra como deveriam ser os disparos: uma “nuvem” esférica de cápsulas deve ser disparada em sincronia com a rotação do objeto, para que elas possam pintá-lo por inteiro, maximizando o impulso recebido da luz solar.
Mesmo parecendo piada, talvez essa fosse uma boa ideia estudar o método. As estatísticas são favoráveis, mas nunca se sabe…

Programa de fim de semana


Uma dica rápida para o fim de semana, se o tempo permitir é claro.
Na madrugada de sábado para domingo (20-21 de outubro) a Terra deve atravessar a órbita do cometa Halley,  famoso por ter sido o primeiro cometa a ter sua órbita calculada e, com isso, ter sua periodicidade conhecida: a cada 76 anos (mais ou menos) ele passa próximo da Terra. Em 1910 ele deu show; em 1986 ele decepcionou, quando todos esperavam outro show. Enfim…
Quando um cometa viaja pelo Sistema Solar, deixa um rastro de pedaços de rocha e gelo Toda vez que a Terra cruza essa trilha de destroços, ela os captura. Essas rochas e pedaços de gelo adentram a atmosfera terrestre, se aquecem tanto com o atrito com o ar que queimam rapidamente, brilhando no céu por pouco tempo.
É bem verdade que alguns desses pedaços de rocha são grandes o suficiente para brilhar por alguns segundos, sendo chamados de bólidos ou bolas de fogo, mas a grande maioria queima em menos de um segundo e são chamados de meteoros.


Se você estiver em um lugar escuro, já deve ter notado que volta e meia um desses meteoros cruza o céu, a famosa estrela cadente. São pedaços de rocha desgarrados no espaço, mas nos dias em que a Terra cruza a órbita de um cometa, a atividade de meteoros aumenta muito. Nesses dias temos o máximo de uma chuva de meteoros.
A “chuva” deste final de semana é chamada de Orinoídeas, pois os meteoros todos parecem surgir de um mesmo ponto do céu (chamado de radiante) localizado na constelação de Órion. Para achar essa constelação, lá para a meia noite, entre sábado e domingo, olhe para a direção sudeste e procure pelas Três Marias, que formam o cinturão de Órion, o caçador.
O radiante se localiza nas proximidades da estrela Betelgeuse, uma estrela de brilho forte e amarelado abaixo das Três Marias. A Lua estará em seu quarto crescente e deve se por à meia noite, mais ou menos, deixando o céu mais escuro.
Para observar qualquer chuva de meteoros, basta ir para um lugar afastado das luzes e olhar para a região de Betelgeuse. Leve uma cadeira de praia para evitar um torcicolo e dependendo da região, um cobertor e chocolate quente. Não é necessário nenhum tipo de equipamento, mas se você tiver um binóculo ou luneta, você pode aproveitar para observar a Lua, antes dela se por, a Nebulosa de Órion,  Júpiter e as Plêiades, por exemplo.
Bom fim de semana.

Aconteceu!


Alpha Centauri é uma estrela muito conhecida. Ela vem a ser a estrela mais brilhante da constelação do Centauro. Junto com a Beta Centauri, é conhecida popularmente como a “guardiã” do Cruzeiro do Sul e uma das estrelas mais brilhantes do céu. Todo mundo que já pesquisou qual é a estrela mais próxima do Sol sabe que a resposta é Alpha Centauri, com uma distância aproximada de 4,4 anos-luz.
Na verdade, a Alpha Centauri é um sistema estelar triplo, em que a componente principal, Alpha Centauri A, é uma estrela muito parecida com o Sol; a secundária, Alpha Centauri B, é uma estrela um pouco mais fria; e a mais distante de todas e mais fria ainda é chamada de Próxima Centauri. Ela é, na verdade, a estrela mais próxima do Sol, a uns 4,2 anos-luz.
De tão popular, no final da década de 199  havia um jogo de computador em que o estágio final de avanço da civilização seria enviar um foguete até a Alpha Centauri para colonizar um planeta em sua órbita. Além disso, referências a essa estrela aparecem na “Fundação e a Terra”, de Isaac Asimov, em “Avatar”, no livro e no filme “Contato”, de Carl Sagan, e no saudoso seriado de TV “Perdidos no espaço”, cujo destino original da missão da nave Júpiter 2 era descer em um planeta em torno da Alpha Centauri.
Por ser tão parecida com o Sol, a Alpha Centauri A é, desde o século 19, motivo de especulação a respeito da possibilidade de haver um sistema planetário ao seu redor. O fato de existir outra estrela muito próxima (a Alpha Centauri B) seria um problema grave para a estabilidade desse sistema. Há alguns anos, saiu um estudo de dinâmica orbital mostrando que, sob determinadas condições, seria perfeitamente plausível encontrar um sistema planetário dinamicamente estável. Com o desenvolvimento e o aprimoramento dos instrumentos de busca por exoplanetas, começou a procura.
Em um estudo que sai nesta quarta-feira (17)  na prestigiosa revista “Nature”, astrônomos usando instrumentos do Observatório Europeu do Sul, o famoso ESO, descobriram um planeta rochoso orbitando a Alpha Centauri B. Mais do que rochoso, a massa desse planeta é comparável à da Terra!
A equipe usou o espectrógrafo de alta resolução Harps, talvez o principal instrumento de detecção de exoplanetas em funcionamento, acoplado a um telescópio de 3,6 metros no Chile. Esse instrumento mede os “puxões” gravitacionais provocados pelo planeta, conforme ele muda de posição em sua órbita em torno da estrela. Esse puxões fazem a posição da própria estrela se alterar periodicamente, fazendo-a “bambolear” no céu. Claro, são movimentos praticamente imperceptíveis.
“Foram necessários mais de 4 anos de observações e, ainda assim, detectamos um sinal minúsculo, mas real”, disse Xavier Dumusque, do Observatório de Genebra, Suíça.Esse sinal “minúsculo” indica que um planeta com massa semelhante à da Terra orbita a Alpha Centauri B a cada 3 dias e 5 horas aproximadamente.
Infelizmente, com um período orbital desses, esse planeta está perto demais da estrela para poder abrigar vida, mesmo sendo a Alpha Centuri B uma estrela ligeiramente mais fria que o Sol.
E quão “minúsculo” foi esse sinal? O Harps detectou variações de posição da estrela (o “bamboleio” gravitacional) com velocidade de 51 centímetros por segundo, ou 1,8 quilômetro por hora, algo como a velocidade de um bebê engatinhando!
Apesar de esse planeta ser quente demais para abrigar vida (pelo menos, a vida como conhecemos), a descoberta é muito importante porque representa um enorme passo na direção da detecção de um planeta “gêmeo” da Terra nas vizinhanças do Sistema Solar.

Um show de imagens ‘nebulosas’


Qual será o futuro do Sol? O que deve acontecer com ele daqui a uns 5 bilhões de anos?
A evolução de uma estrela é ditada pela quantidade de massa que ela possui. Estrelas com pouca massa, como o nosso Sol por exemplo, devem transformar hidrogênio em hélio durante bilhões de anos.
Quando o reservatório de hidrogênio de uma estrela dessas se esgota, ela se torna uma gigante vermelha, expele suas camadas exteriores, e seu núcleo se contrai em uma anã branca. Para o nosso Sol, esse processo todo deve levar 10 bilhões de anos, mais ou menos. Como ele já viveu 5 bilhões de anos, ainda terá outros 5 bilhões de vida.
Estrelas com mais massa que o Sol, umas 10 vezes mais pelo menos, devem evoluir muito mais rápido, em escalas de tempo da ordem de milhões de anos. Nas fases finais, acabam explodindo em supernovas e podem terminar a vida como uma estrela de nêutrons ou um buraco negro.
Quando uma estrela do tipo do Sol chega à fase de gigante vermelha, suas camadas exteriores são lançadas ao espaço, e o núcleo se contrai em uma anã branca que produz um vento intenso. Esse vento é responsável por  “esculpir” o gás ejetado da gigante vermelha, formando imagens fantásticas. Essas são as nebulosas planetárias.
Algumas das nebulosas mais famosas e bonitas foram agora estudadas pelo telescópio espacial Chandra, que observa em raios X. A ideia desse projeto da Nasa é observar a emissão de raios X  causada pelas ondas de choque que surgem da colisão do vento rápido da anã branca com o gás ejetado durante a fase de gigante vermelha.
Os resultados do estudo revelam que as nebulosas que têm emissão difusa de raios X mostram estruturas esféricas, com a borda estreita e bem definida – tudo rodeado por halos pouco brilhantes, isso nas imagens ópticas. Todas as estruturas esféricas parecem ter menos de 5 mil anos, o que representa mais ou menos a escala de tempo para o vento começar a produzi-las. Uma nebulosa dessas deve ser o destino final do nosso Sol.
Adicionalmente, quase metade das nebulosas planetárias desse estudo possuem fontes pontuais emitindo em raios X, bem no centro. Entretanto, dentre todas as 21 nebulosas observadas, 20 parecem ter uma fonte central dupla, ou seja, a maior parte das estrelas que ejetam suas partes externas e criam nebulosas planetárias deve ter uma companheira.
As quatro nebulosas da foto deste post foram observadas pelo Hubble e pelo Chandra, e suas imagens foram combinadas para produzir uma imagem composta. As observações ópticas, feitas pelo Hubble, estão representadas pelas cores vermelho, verde e azul, já a emissão em raios X, detectada pelo Chandra, está em rosa.

Hubble faz história mais uma vez


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Em 1995, uma equipe de astrônomos liderada por Robert Williams, o diretor do Instituto do Telescópio Espacial, teve a fantástica ideia de observar uma região “vazia” do céu. Quando usou o termo “vazia”, a equipe se referia a uma região despovoada de estrelas, nebulosidades ou qualquer outro objeto da nossa própria galáxia ou de seus arredores. O que os cientistas queriam era uma região que pudesse ser observada pelo telescópio Hubble durante algum tempo, para produzir a imagem mais “profunda” já obtida até então.
Em astronomia, quando dizemos que uma imagem é mais profunda, é o mesmo que dizer que ela foi obtida com tempo exposição maior da câmera. Com isso, a imagem revela objetos mais fracos – ou mais distantes. Observando durante muito tempo uma região sem objetos da nossa galáxia, estaríamos vendo objetos de um universo muito distante e jovem. Essa foi a motivação da imagem que foi chamada de Campo Profundo do Hubble, ou HDF na sigla em inglês. Uma pequena região do céu do hemisfério norte, na constelação da Ursa Maior, foi escolhida e a imagem final foi produzida juntando 342 imagens, após dez dias consecutivos de observações feitas pelo Hubble.
No HDF, foram encontradas por volta de 3 mil galáxias, algumas delas a distâncias aproximadas de 12 bilhões de anos-luz. O HDF marcou a cosmologia para sempre. Em 1998, outra imagem idêntica foi feita, mas no hemisfério sul, na direção exatamente oposta à do HDF, e foi batizada de Campo Profundo Sul do Hubble (HDF-S). A comparação entre os dois campos não mostrou nenhuma diferença no que diz respeito à densidade de galáxias, à morfologia e à sua distribuição, por exemplo. Essa foi uma constatação muito importante, pois veio a confirmar o Princípio Cosmológico, a hipótese de que, em largas escalas, o universo é homogêneo. Em outras palavras, seria impossível distinguir o HDF do HDF-S, considerando a densidade ou distribuição de galáxias, por exemplo.
Depois dos dois HDFs, o Hubble foi um pouco mais fundo e observou o Campo Ultraprofundo do Hubble, ou HUDF em inglês, reunindo imagens coletadas durante 16 dias. O HUDF foi lançado em 2005 e, durante esses sete anos, permaneceu como a imagem mais profunda já feita pelo ser humano, mostrando objetos como galáxias e quasares no instante em que o universo possuía por volta de 600 milhões de anos.
Mas o HUDF foi finalmente superado. Na última terça (25), o Instituto do Telescópio Espacial liberou a imagem do Campo Extremamente Profundo do Hubble, ou XDF. Observando uma pequena região, na parte central do HUDF, o XDF combina observações feitas entre 2002 e 2012, totalizando 22,5 dias de observação. A imagem revela em torno de 5 mil galáxias, algumas delas a 13,2 bilhões de anos-luz, o que significa observar o universo quando ele tinha meros 500 milhões de anos.
A essa distância, a maioria das galáxias a se mostra jovem, pequena, mas em crescimento, às vezes de forma bem violenta, por meio de colisões com outras galáxias. Nessa idade, o universo vivenciou a formação de galáxias, constituídas de estrelas quentes e azuis, muito mais brilhantes que o nosso Sol. A galáxia mais jovem encontrada no XDF tem apenas 450 milhões de anos.
Antes de o Hubble ser lançado em 1990, os astrônomos conseguiam enxergar galáxias a 7,5 bilhões de anos luz, ou seja, galáxias com metade da idade do universo. Com o telescópio espacial e suas sucessivas imagens profundas, os astrônomos foram formando uma sequência cada vez mais profunda de imagens, mostrando instantes diferentes do universo, dando a possibilidade de enxergar como o universo foi evoluindo. O XDF é, agora, a imagem do Universo mais distante já feita pela humanidade.

A pedra no meio do caminho


A caminho de Glenelg, saindo de Bradbury Landing, o jipe exploratório Curiosity se deparou com uma pedra. Uma pedra é uma pedra, mas essa, vista pelas câmeras do jipe tem algo incomum: seu formato lembra muito uma pirâmide. Imagine o alvoroço que uma pirâmide em Marte não está causando por aí. Já vi gente afirmando que ela foi deliberadamente esculpida dessa maneira em tempos remotos, ou até que se trata de um artefato, parte de um equipamento marciano.
Claro que isso tudo é bobagem, mas a pedra, batizada de Jacob Matijevic, em homenagem ao engenheiro chefe de operações de superfície da Curiosity, falecido em 20 de agosto, se tornou o centro das atenções. Encontrada 2,5 metros à frente do jipe, a pedra deverá ser analisada nos próximos dias. Os geólogos da Nasa vão inspecionar a pedra com o espectrômetro de partículas alfa e a câmera laser para análises químicas. Ambos os instrumentos pretendem desvendar os elementos químicos presentes na pedra. Os resultados obtidos serão comparados entre si, como uma checagem dos instrumentos. Além deles, uma câmera montada em um braço mecânico deve tirar fotos em close-up para matar a curiosidade.
O jipe segue caminho em direção a Glenelg, percorrendo entre 22 e 37 metros por dia, um ritmo muito superior a qualquer um dos seus predecessores, já que “esse jipe foi feito para rodar”, como disse Richard Cook, gerente do projeto. Chegando a Glenelg, o time de geólogos pretende escolher uma rocha para que o jipe explore, pela primeira vez, sua capacidade de extrair e analisar poeira do interior de rochas.
Glenelg é uma área peculiar, pois possui três tipos de terrenos. Um deles, de coloração mais clara, é de especial interesse, pois de acordo com dados de sondas em órbita de Marte, ele retém o calor do dia e o libera vagarosamente durante a noite. Isto sugere uma composição química diferenciada. Mas até chegar a essa região mais clara, o Curiosity tem encontrado bandas estreitas de material geológico escuro, aumentando o número de alvos em potencial.
Mas não é só para o chão que as câmeras do Curiosity estão apontadas. O jipe também tem olhado para cima. Em dois diferentes dias, o Curiosity observou os dois satélites de Marte – Fobos e Deimos – efetuarem trânsitos. Em outras palavras, observou ambos passarem diante do disco solar – seriam eclipses, se as luas de Marte fossem tão grandes quanto a nossa. Observações de trânsitos como esses têm sido feitas desde 2004, com os jipes Opportunity e o “finado” Spirit, que já não tem mais contato com a Terra. Essas observações de longo termo são usadas em análises das órbitas dos dois satélites. Fobos faz com que o formato de Marte se altere, o que depende do material no seu interior e que não é bem compreendido. Essas deformações, por sua vez, alteram a órbita de Fobos, introduzindo incertezas nas observações e, mais do que isso, provocando um decaimento na sua órbita. Em algum tempo, Fobos deve cair sobre Marte.
Mais notícias sobre Jacob, a pedra-pirâmide, devem chegar esta semana, mas posso apostar que não teremos nenhuma surpresa aterrorizante.
fonte;g1
http://www.grandefm.com.br/noticias/mundo/nasa-teria-informacao-bombastica-sobre-planeta-marte

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