Os capítulos 22 a 24 do livro de Números tratam de uma trama espiritual urdida preparada astutamente – para amaldiçoar o povo de Deus que deixara o Egito. Balaque, rei de Moabe, ao ver aquela multidão acampada nas proximidades de seu reino, teve medo e disse aos seus súditos: "Agora, lamberá esta multidão tudo quanto houver ao redor de nós, como o boi lambe a erva do campo" (Nm 22.4). Só havia um jeito de parar aquela multidão: amaldiçoá-la, e para tanto pediu socorro a Balaão, profeta que vivia junto ao rio Eufrates.
Àqueles
que não conhecem bem a história recomendo que leiam os capítulos
mencionados já que num artigo como este, contar toda a história ocupará
muito de nosso espaço. Mas quero resumir essa história: Balaque, manda
chamar a Balaão, o profeta e lhe oferece muita riqueza para que venha e
amaldiçoe o povo de Deus. O profeta, consulta a Deus e é por ele
proibido de viajar e de amaldiçoar o povo, e acrescenta: "este é povo
abençoado" (Nm 22.12). Balaão obedece a Deus e não viaja com os
príncipes enviados para buscá-lo. A comitiva retorna ao seu país sem
qualquer sucesso. Mas Balaque não desiste. Ele sabe que o dinheiro e as
riquezas têm grande poder de barganha, mesmo entre os servos de Deus,
por isso envia novamente seus príncipes com uma oferta maior, e aos
olhos de Balão a oferta foi irrecusável: ele iria garantir o futuro de
toda sua família!
Dessa
vez, quando Balaão volta a falar com Deus, este sabendo que o coração
de seu servo estava inclinado a aceitar a oferta, permite que vá, com
uma condição: falará apenas o que Deus colocar em seus lábios. E Balaão
segue com os príncipes de Balaque a fim de amaldiçoar o povo de Deus.
Obviamente que tem toda a história da jumenta que fala, dos montes que
ele sobe, dos sacrifícios que oferece, mas na hora de abrir a boca, só
fluem palavras de bênçãos! E Balaão tem de confessar: "Como posso
amaldiçoar a quem Deus não amaldiçoou? Como posso denunciar a quem o
Senhor não denunciou?" (Nm 23.8).
Uma
trama desconhecida de Moisés e do povo de Deus. É interessante observar
que essa trama de destruir o povo de Deus, feita em secreto nem sequer
chegou ao conhecimento do povo nem de Moisés, pelo menos é o que se
depreende do texto bíblico. O ponto que quero destacar é que existem
tramas contra a vida pessoal dos servos de Deus e contra a vida da
igreja que nos são desconhecidos, e que são desfeitos por Deus sem que
nos cheguem ao conhecimento. Uma coisa é sabermos das más intenções do
diabo – as intenções gerais de querer nos destruir, tema que vai do
livro de Gênesis ao Apocalipse.
No
caso específico de Balaque e Balaão o povo nem ficou sabendo do que
estava ocorrendo. Como não deu certo a tentativa de amaldiçoar o povo
com palavras de maldição, Balaão e Balaque usaram de outra estratégia:
atacar o povo com tentações da carne. Levaram as mais lindas mulheres
até as proximidades do acampamento para que tentassem os judeus pelo
sexo. Nisso conseguiram grande vitória. Os homens passaram a ter
relações sexuais com as mulheres moabitas. Induzidos por elas passaram a
prestar cultos aos deuses dos moabitas: sexo e adoração a deuses eram
práticas comum entre os povos da época! O capítulo 25 de Números começa
com essa triste nota: "...começou o povo a prostituir-se com as filhas
dos moabitas." O texto bíblico diz que um príncipe da casa dos
simeonitas foi pego adulterando com uma princesa moabita (Nm 25.14-18) e
que tudo isso aconteceu por conselho de Balaão, o profeta! Veja Números
31.15-16.
Não
é isso de que trata o Salmo 91? Para muitos o Salmo 91 é um talismã,
usado nas situações de aperto, mas na realidade o Salmo trata de um só
tema: o que habita em Deus e confessa que Deus é o seu refúgio receberá
socorro na hora da tribulação. Os versículos 9 a
11 afirmam: "Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do
Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à
tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito para que te
guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos,
para não tropeçares nalguma pedra....". Depois o Salmo apresenta Deus
falando: "Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei a
salvo, porque conhece o meu nome" (v. 14). Portanto, longe de ser um
talismã para dar sorte, o texto trata da intimidade e comunhão entre o
homem e Deus. Quando nos escondemos em Deus, de uma coisa estamos
certos: ficaremos seguros. É o que diz outro Salmo: "Tu és o meu
esconderijo; tu me preservas da tribulação" (Sl 27.7).
Ainda
noutra passagem o salmista fala desse esconderijo como um pavilhão ou
cobertura que nos esconde da vista do diabo: "Pois no dia da
adversidade, ele me ocultará no seu pavilhão; no recôndito do seu
tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma rocha" (Sl 27.5). Você
já se imaginou escondido na habitação de Deus, o tabernáculo, e
protegido sob uma cobertura, ou pavilhão? Na hora do ataque do diabo é
sob suas asas, em seu abrigo que somos escondidos da ação do diabo. Foi
isso o que aconteceu com o povo de Israel na saída do Egito. Faraó
perseguiu os filhos de Israel, e é claro, era mais rápido, pois seu
exército usava da cavalaria enquanto povo de Israel andava a pé, com
velhos, crianças e mulheres que não conseguiam correr. O anjo de Deus
que ia à frente do povo foi para a retaguarda, a nuvem também foi para
trás do povo, impedindo o exército de Faraó de ver o povo de Deus.
"Então
o anjo de Deus, que ia adiante do exército de Israel, se retirou e
passou para trás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante
deles, e se pôs atrás deles, e ia entre o campo dos egípcios e o campo
de Israel; a nuvem era obscuridade para aqueles e para este esclarecia a
noite; de maneira que, em toda a noite, este e aqueles não puderam
aproximar-se" (Ex 14.19-20).
É
isso o que significa ficar escondido no pavilhão de Deus! Parece-nos
que no milênio o povo de Deus terá esse tipo de cobertura protegendo-o
da ação da natureza: "Criará o Senhor, sobre todo o monte de Sião e
sobre todas as suas assembléias, uma nuvem de dia e fumaça e esplendor
de fogo chamejante de noite; porque sobre toda a glória se estenderá um
dossel e um pavilhão, os quais serão para sombra contra o calor do dia e
para refúgio e esconderijo contra a tempestade e a chuva" (Is 4.5-6).
Orando
para ser guardado do mal. Este é um direito garantido pelo próprio
Jesus aos seus filhos. Durante muitos anos lutei contra essa idéia de
orar para ser guardado, pois afinal, sou um escravo de Jesus, e não
tenho direito algum. Havia me esquecido que também sou filho e como tal
gozo de amplos direitos na família de Deus e um deles é da proteção
divina. Dois textos citados por Jesus indicam meu direito de orar
pedindo proteção de Deus. Na oração que ensinou aos discípulos, Jesus
conclui assim: "E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal"
(Mt 6.13). Mal, aqui não é num sentido genérico, mas o próprio diabo.
No original é maligno! Jesus ensinou-nos a orar ao Pai para sermos
livres do maligno, isto é, do próprio Satanás.
Em
João 17.15 novamente Jesus intercede ao Pai por nós, dizendo: "Não peço
que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal". A palavra aqui é
maligno, referindo ao diabo, inimigo de Deus e de seu povo! "O Senhor me
livrará também de toda obra maligna" (2 Tm 4.18), diz Paulo, quem sabe
referindo-se até mesmo a obras preparadas e tramadas contra nós no
ocultismo!
Fico
pensando na reação de Pedro quando Jesus lhe disse que o diabo queria
permissão para peneirar seu discípulo como se faz com o trigo. Pedro,
nas mãos do diabo seria jogado para cima e para baixo, como acontece com
alguns animaizinhos dos desenhos animados da tevê. Mas Jesus intervém e
não permite que o diabo proceda assim. "Simão, eis que Satanás vos
reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para
que a tua fé não desfaleça" (Lc 22.31). Como o propósito do diabo é só o
de matar e destruir, Paulo aconselha: "...pois não lhe ignoramos os
desígnios" (2 Co 2.11). Não resta dúvida de que devemos continuamente
orar: "Esconde-me à sombra das tuas asas" (Sl 17.8).
Vejamos algumas orações que podemos fazer:
"Esconde-me
da conspiração dos malfeitores e do tumulto dos que praticam a
iniquidade...para, às ocultas, atingirem o íntegro. Mas Deus desfere
contra eles uma seta..." (Sl 64.2,7).
"Contende,
Senhor, com os que contendem comigo; peleja contra os que contra mim
pelejam.... Sejam confundidos e cobertos de vexame os que buscam
tirar-me a vida" (Sl 35.1,4).
"Guarda-me
dos laços que me armaram e das armadilhas dos que praticam iniquidade.
Caiam os ímpios nas suas próprias redes, enquanto eu, nesse meio tempo,
me salvo incólume" (Sl 141.9-10).
Fonte;Pastor João A. de Souza Filho – www.pastorjoao.com.br
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