Engenheiro vê 'abandono' em parte das obras do Move para Copa do mundo 2014 em BH

Para ele, três das oito construções previstas não serão entregues no prazo.




Engenheiro avalia obra do Move na Avenida Pedro I 
Uma das principais promessas da Prefeitura de Belo Horizonte para a Copa do Mundo de 2014, o Move – antes conhecido como BRT (sigla para transporte rápido por ônibus) – pode não ser totalmente entregue até o evento.

 Os quatro trechos anunciados em 2010 estão atrasados, principalmente o da Avenida Antônio Carlos - Pedro I.

11/12/2013
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Em 2010, no anúncio da primeira versão da matriz de responsabilidades para a Copa do Mundo, oito obras integravam o conjunto de intervenções na cidade para a mobilidade urbana. Sete delas eram construções do BRT ou melhorias de corredores, além da expansão da Central de Controle de Trânsito.
Estavam no documento original: BRT Antônio Carlos e Pedro I (que inclui a estação Pampulha e a Avenida Vilarinho), BRT Centro, BRT Cristiano Machado, BRT Pedro II e Avenida Carlos Luz, Via 210, Via 710 e Boulevard Arrudas.
A prefeitura afirma que todas as obras de mobilidade, o Move e outras intervenções na cidade vão ser entregues. A Via 710, que vai ligar a Avenida Andradas à Avenida Cristiano Machado, foi retirada da matriz de responsabilidades em novembro deste ano e não contará como intervenção para a Copa. A explicação da prefeitura para a falta da obra é dificuldades com desapropriações. A previsão é que a obra seja finalizada em abril de 2015.
O BRT Pedro II teve o projeto alterado, e não haverá corredor do atual Move. No lugar, foi reformado o viaduto que dá acesso da Pedro II ao Centro da cidade e serão criadas faixas exclusivas para circulação de ônibus e novos pontos de embarque. A previsão é que ela fique pronta em maio de 2014.
Viaduto Boulevard Arrudas, na Avenida Tereza Cristina, em BH. (Foto: Pedro Cunha/G1)Viaduto Boulevard Arrudas, na Avenida Tereza Cristina
(Foto: Pedro Ângelo/G1)
O Bouvelard Arrudas - Tereza Cristina está finalizado e já foi entregue à população.
O G1 convidou o engenheiro e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia, Clemenceau Chiabi Saliba Júnior, para fazer uma avaliação de algumas dessas obras no dia 27 de novembro. Das oito obras de mobilidade em andamento, quatro foram visitadas. O profissional apontou problemas em três trechos do Move Antônio Carlos - Pedro I.
Move Avenida Antônio Carlos - Estação Pampulha - Pedro I e Vilarinho
A primeira parada do G1 foi na obra da Avenida Antônio Carlos. Ao chegar ao local, o engenheiro logo disse que a construção está em condições de ser entregue na data. "A pavimentação está praticamente concluída. Estão colocando as gramas. A parte de infraestrutura está completa. As estações do Move estão quase prontas. A parte elétrica está já sendo instalada. Até os ônibus estão circulando", disse.
Obra da Estação Pampulha com poucos funcionários trabalhando (Foto: Pedro Triginelli/G1)Obra da Estação Pampulha com poucos funcionários trabalhando (Foto: Pedro Triginelli/G1)
A Estação Pampulha, parte do complexo de obras da Antônio Carlos - Pedro I, foi a segunda visita. A nova data proposta pela prefeitura foi 15 de março. Para o engenheiro, a construção está longe de ficar pronta no prazo.
"Não fica pronta em dezembro [ de 2013, que era a primeira data] nunca. Considerando o período chuvoso e o ritmo da obra em plena quarta-feira, não fica pronta nem em quatro meses", disse. Segundo a Prefeitura, o trecho do Move entre a Avenida Antônio Carlos e a Estação Pampulha estão previstas para março de 2014. A prefeitura de BH não comentou sobre possíveis atrasos nessa construção.
As obras da Avenida Pedro I, ainda dentro do mesmo Move da Antônio Carlos, também não vão estar concluídas a tempo na visão do engenheiro, que também aponta o baixo número de trabalhadores no local. "Nem na nova data, 15 de abril [de 2014], proposta pela Prefeitura, esta obra fica pronta. Algumas partes ainda não estão pavimentadas. Faltam vários viadutos serem finalizados. E o que é mais grave é, em pleno horário comercial de uma quarta-feira [dia em que a visita foi feita] sem chuva, ter muito pouca gente trabalhando. Parece que a obra está abandonada", criticou. A administração municipal não comentou possíveis atrasos na obra.
Estações do Move na Avenida vilarinho ainda estão em processo de fundação (Foto: Pedro Triginelli/G1)Estações do Move na Avenida Vilarinho ainda estão em
processo de fundação (Foto: Pedro Triginelli/G1)
Outra construção avaliada pelo engenheiro e que, segundo ele, pode não ficar pronta, é a Avenida Vilarinho, em Venda Nova, último trecho do Move Antônio Carlos - Pedro I. As estações estão em processo de fundação e ainda não começaram a ser montadas.
A previsão da prefeitura é que a construção esteja pronta em abril. Saliba Júnior afirma que não acredita em uma conclusão nesta data. A Prefeitura não comentou possíveis atrasos na obra.
Move Cristiano Machado e Move Centro
As obras da Avenida Cristiano Machado e da Região Central foram as mais elogiadas pelo engenheiro. Segundo ele, o trabalho foi bem feito, as construções estão bastante avançadas e devem ser entregues a tempo. "Elas estão com pavimentação, estações, iluminação, limpeza, tudo pronto", afirma. A Prefeitura diz que ambos os trechos do Move vão estar em funcionamento em fevereiro de 2014.

Via 210
Saliba Júnior também elogiou a Via 210, que liga a Via do Minério à Avenida Tereza Cristina. Segundo ele, apesar de ainda ter muita terra, falta apenas um pequeno pedaço para ligar a via até a Avenida Tereza Cristina. "Pode ter um pequeno atraso por causa do período chuvoso, mas a obra está muito bem feita", completou.
Para concluir, Saliba Júnior faz uma crítica à forma utilizada pelo poder público nas obras. "O erro da gestão pública é a pressa para realizar a obra. O projeto deve ser mais elaborado com mais tempo para que se evite surpresas e problemas durante a execução das obras. As licitações das obras são feitas com projeto básico e deveriam ser licitadas com projeto executivo. Por isso, as obras acabam atrasando e ficando mais caras", analisou.
Sobre o baixo número de funcionários nas obras, a assessoria da prefeitura afirmou que essa parte fica a cargo das empresas contratadas e que não recebeu nenhuma informação sobre diminuição da carga de trabalho nesta época do ano.

fonte;g1

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