"Lula era o comandante máximo do esquema de corrupção’, diz MPF
Lava-Jato denuncia ex-presidente nesta quarta-feira por corrupção e lavagem de dinheiro
14/09/2016 - 16:22 / Atualizado em 14/09/2016 - 23:37
Procurador mostra gráfico que ilustra papel do ex-presidente Lula na Lava-Jato
Lava-Jato denuncia ex-presidente nesta quarta-feira por corrupção e lavagem de dinheiro
14/09/2016 - 16:22 / Atualizado em 14/09/2016 - 23:37
Procurador mostra gráfico que ilustra papel do ex-presidente Lula na Lava-Jato
14/07/2019
ASSISTA ABAIXO;
21/07/2019
"Lula era o comandante máximo do esquema de corrupção’, diz MPF
Lava-Jato denuncia ex-presidente nesta quarta-feira por corrupção e lavagem de dinheiro
14/09/2016 - 16:22 / Atualizado em 14/09/2016 - 23:37
Procurador mostra gráfico que ilustra papel do ex-presidente Lula na Lava-Jato Foto:
SÃO PAULO. O coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, disse nesta quarta-feira que o ex-presidente Lula era o “comandante máximo do esquema de corrupção” identificado na Petrobras e em outros órgãos federais durante seu governo. O ex-presidente e seus aliados negaram a acusação e disseram “repudiar a denúncia” . Na coletiva, o procurador afirmou que a atuação de Lula tinha como propósitos a manutenção da governabilidade, a perpetuação de partidos no poder e o enriquecimento ilícito dos envolvidos.
Operação Lava-Jato reúne quase 1,4 mil processos abertos
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As suspeitas que pairam sobre Lula
— Hoje o MPF acusa o sr. Luiz Inácio Lula da Silva como o comandante máximo do esquema de corrupção identificado na Lava-Jato — disse Dallagnol, que também se referiu ao ex-presidente como “maestro da orquestra concatenada para saquear os cofres da Petrobras e outros órgãos públicos” e “grande general do esquema de corrupção” descoberto durante as investigações.
De acordo com Dallagnol, Lula recebeu R$ 3,7 milhões em propina da empreiteira OAS, uma das beneficiárias do esquema de corrupção na Petrobras, aplicados em um apartamento no Guarujá (SP) — que Lula devolveu depois que o caso veio à tona na imprensa — e no armazenamento de itens do ex-presidente depois que ele deixou o Planalto.
Para embasar a denúncia, o procurador citou o poder de decisão do ex-presidente para nomear postos de alto escalão, sua proximidade com pessoas acusadas na Lava-Jato e com o PT, além do depoimento de políticos que relataram o conhecimento de Lula sobre o esquema de corrupção. Entre eles estão o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT) e Pedro Corrêa (PP). O procurador não informou se eles apresentaram mais provas de envolvimento do ex-presidente com os crimes, além do relato testemunhal.
Para Dellagnol, embora não se possa dizer que todos os apadrinhados que assumiram cargos públicos arrecadaram propinas, é possível “afirmar que existia um sistema com este objetivo, o qual abarcava seguramente diversos cargos públicos”.
— Só o poder de decisão de Lula fazia o esquema de governabilidade corrompida viável. (O ex-presidente) nomeou diretores para que arrecadassem propina. Sem o poder de decisão de Lula, esse esquema seria impossível.
O advogado de Lula, Cristiano Martins, classificou a entrevista desta quarta-feira como um “espetáculo de verborragia da força-tarefa da Lava-Jato” e negou envolvimento do ex-presidente em crimes. Quando perguntados sobre o tema, Lula e aliados argumentam que acordos políticos “são legítimos em uma democracia” e seguem o mesmo modelo de governos anteriores.
Dallagnol relembrou as semelhanças entre o caso do mensalão e o esquema de pagamentos de propinas na Petrobras para apresentar o que chamou de “propinocracia”, um governo que, de acordo com o procurador, é regido pelo pagamento de vantagens indevidas.
Gráfico ilustra papel do ex-presidente Lula na Lava-Jato
Segundo o procurador, os investigadores não desejam recuperar a Ação Penal 470 (do mensalão) para definir a responsabilidade de Lula naquele caso, mas a citam como “mais uma prova” contra o ex-presidente. Para ele, após a divulgação do esquema do mensalão, Lula não poderia mais alegar desconhecer outro esquema, que funcionava de forma semelhante.
— Dessa vez, Lula não pode mais dizer que não sabia de nada — disse.
Segundo o procurador, os investigadores não desejam recuperar a Ação Penal 470 (do mensalão) para definir a responsabilidade de Lula naquele caso, mas a citam como “mais uma prova” contra o ex-presidente. Para ele, após a divulgação do esquema do mensalão, Lula não poderia mais alegar desconhecer outro esquema, que funcionava de forma semelhante.
— Dessa vez, Lula não pode mais dizer que não sabia de nada — disse.
No início da entrevista, Dallagonol observou que a conclusão sobre o envolvimento de Lula no esquema de corrupção descoberto pela Lava-Jato não leva em conta a história do ex-presidente ou a qualidade de seu governo:
— O MPF não está julgando aqui quem Lula foi ou é como pessoa. Não estamos julgando quanto o seu governo foi ou não foi bom, o quanto ele fez ou não fez pelo povo brasileiro. O que o Ministério Público faz aqui é imputar a ele a responsabilidade por crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro, em um contexto específico, afirmando qual é a medida de sua responsabilidade com base em evidências - afirmou Deltan.
O procurador disse que a mesma ressalva se aplica ao PT:
— Não se julga aqui a adequação de sua visão de mundo, sua ideologia, mas avalia sim se a agremiação se envolveu, por meio de seus diversos prepostos, em crimes específicos.
Ele disse também acreditar que a corrupção no Brasil não seria um problema exclusivo do grupo político denunciado nesta quarta.
— A corrupção no Brasil não é de partido A ou partido B. Ela é enraizada historicamente. Quando olhamos o momento presente, verificamos ainda que ela é sistêmica — afirmou.
Lula, a mulher dele, dona Marisa Letícia, e mais seis pessoas foram denunciadas nesta quarta-feira por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do edifício Solaris, no Guarujá.
Também foram denunciados o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, e os ex-diretores da OAS Paulo Gordilho (responsável pela compra de móveis planejados para a cozinha do apartamento), Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira.
Por que o MPF diz que Lula é 'comandante máximo' da corrupção e o que diz o ex-presidente
14 setembro 2016
Para MPF, Lula é 'comandante máximo' da corrupção; defesa de ex-presidente nega atos ilícitos
O Ministério Público Federal (MPF) do Paraná ofereceu denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde desta quarta-feira, em Curitiba, e classificou o petista como "comandante máximo", "maestro", "grande general" do megaesquema de corrupção que envolve a Petrobras e distribuição de cargos públicos, classificada pela promotoria com o neologismo "propinocracia" ou "um governo regido pela propina".
Além do petista, foram denunciados o empresário Léo Pinheiro, da construtora OAS, a ex-primeira dama Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, além de Paulo Gordilho, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira.
O procurador Deltan Dallagnol relacionou diretamente os esquemas do Mensalão e do Petrolão e disse que o esquema de corrupção supostamente regido pelo PT iria além dos dois casos, citando Eletrobras, ministérios do Planejamento, da Saúde, Caixa Econômica Federal, "alcançando outros órgãos públicos".
"O Petrolão era parte de um quadro muito maior", afirmou, citando entre os condenados no Mensalão pessoas próxima a Lula, como José Dirceu, Delúbio Soares, Silvio Pereira, José Genoíno, Waldemar Costa, Roberto Jefferson, João Paulo Cunha e José Borba. "Mensalão e Lava Jato são duas faces de uma mesma moeda".
Lula teria recebido, segundo a denúncia, R$ 3,7 milhões em propina da OAS. O suposto esquema de corrupção denunciado nesta quarta-feira teria rendido desvios em torno de R$ 87,6 milhões . "PT e, particularmente, Lula eram os maiores beneficiários dos esquemas criminosos de macro corrupção no Brasil", disse Dellagnol.
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O procurador Deltan Dallagnol relacionou diretamente os esquemas do Mensalão e do Petrolão e disse que o esquema de corrupção supostamente regido pelo PT iria além dos dois casos
O procurador afirmou que, para aumentar a base aliada e melhorar a governabilidade, o governo negociava com partidos políticos a indicação para cargos públicos. Uma vez nessas funções, os indicados agiam junto a grandes empreiteiras para arrecadar propina e distribuí-la no Congresso. O dinheiro faria o governo ganhar aliados na votação de projetos.
"Esse esquema chamado de propinocracia tinha três fins que, em tese, poderiam ser lícitos: governabilidade, perpetuação no poder e enriquecimento. O problema nesse caso foi o método para alcançar esses fins: a corrupção", disse. Para Dallagnol, todo o esquema dependia do aval do ex-presidente Lula.
Defesa
Os advogados de defesa do ex-presidente, que foi denunciado por crimes de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro, refutaram as acusações em outra entrevista coletiva realizada na tarde desta quarta-feira, em São Paulo. Nas palavras do advogado Cristiano Zanini Martins, a apresentação do procurador Daltan Dellagnol foi um "espetáculo de verborragia", uma "farsa que ataca o estado democrático de direito e a inteligência dos brasileiros".
Em entrevista coletiva simultânea à dos procuradores do MPF, os advogados de Lula e Marisa Letícia afirmam repudiar "pública e veementemente a denúncia apresentada".
Apresentando documentos do Ministério Público e da construtora Bancoop, o advogado afirmou que "Lula e Marisa não são proprietários do apartamento, que pertence à OAS. Se não são proprietários, também não são beneficiados".
O procurador afirmou que, para aumentar a base aliada e melhorar a governabilidade, o governo negociava com partidos políticos a indicação para cargos públicos. Uma vez nessas funções, os indicados agiam junto a grandes empreiteiras para arrecadar propina e distribuí-la no Congresso. O dinheiro faria o governo ganhar aliados na votação de projetos.
"Esse esquema chamado de propinocracia tinha três fins que, em tese, poderiam ser lícitos: governabilidade, perpetuação no poder e enriquecimento. O problema nesse caso foi o método para alcançar esses fins: a corrupção", disse. Para Dallagnol, todo o esquema dependia do aval do ex-presidente Lula.
Defesa
Os advogados de defesa do ex-presidente, que foi denunciado por crimes de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro, refutaram as acusações em outra entrevista coletiva realizada na tarde desta quarta-feira, em São Paulo. Nas palavras do advogado Cristiano Zanini Martins, a apresentação do procurador Daltan Dellagnol foi um "espetáculo de verborragia", uma "farsa que ataca o estado democrático de direito e a inteligência dos brasileiros".
Em entrevista coletiva simultânea à dos procuradores do MPF, os advogados de Lula e Marisa Letícia afirmam repudiar "pública e veementemente a denúncia apresentada".
Apresentando documentos do Ministério Público e da construtora Bancoop, o advogado afirmou que "Lula e Marisa não são proprietários do apartamento, que pertence à OAS. Se não são proprietários, também não são beneficiados".
Direito de imagemRICARDO STUCKERT/ INSTITUTO LULAImage captionLula em reunião da Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), em São Paulo, no início de setembro
"O MPF elegeu Lula como maestro de uma organização criminosa, mas esqueceu do principal: a apresentação de provas", continuou o advogado.
O MPF pede a indenização de R$ 87,6 milhões, que deve ser paga pela OAS e também por Lula, além de R$ 58,4 milhões, a serem pagos por Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ex-executivo da OAS.
Tríplex
Os promotores do MPF disseram que o ex-presidente e sua mulher receberam vantagens indevidas da construtora OAS. Segundo os promotores, ele estão envolvidos em dois atos de lavagem de dinheiro: um referente à aquisição e reforma de uma cobertura tríplex no Guarujá, no litoral paulista, e outro relativo ao armazamento de bens de Lula em depósitos da empresa em São Paulo.
Os promotores afirmaram que, apesar de o nome do ex-presidente não constar no contrato do apartamento, haveria indícios suficientes de que o tríplex, sua reforma e mobília, foram um benefício cedido pela construtora. Dentre as evidências citadas pelos procuradores está um canhoto da proposta de adesão do apartamento 141 em 2005. Nesse papel, por trás do número 141, estaria rasurado o número 174, o da cobertura do edifício. De acordo com os promotores, isso já indicaria um interesse de Lula e Marisa pelo tríplex.
Além disso, dizem os promotores, em tabelas apreendidas na sede da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), que era proprietária do prédio, a cobertura 174 aparece como "reservada" em 2008. Segundo eles, a unidade não seria mostrada ao público porque estaria reservada ao ex-presidente e sua família.
Outro elemento seria que em 2009, quando o edifício foi transferido para OAS Empreendimentos, Marisa e Lula pararam de pagar as parcelas da unidade 141. Nesse momento, diz o MPF, a cobertura teria sido dada pela construtora ao casal como vantagem indevida. Abatido os R$ 340 mil pagos por Lula e Marisa no apartamento 141, o restante do valor do triplex (R$ 1,5 milhão), teria sido bancado pela construtora.Direito de imagemAFPImage captionPromotores citaram também as visitas de Marisa ao tríplex acompanhada de executivos da OAS
Os promotores citaram também as visitas de Marisa ao tríplex acompanhada de executivos da OAS como Léo Pinheiro. Segundo o MPF, a partir de 2013, quando o edifício foi finalizado, a construtora fez modificações na cobertura a fim de personalizá-la para o casal. Eles mostraram recibos de lojas de móveis e citaram o testemunho de funcionárias da empresa contratada para fazer a reforma da unidade.
A defesa de Lula questionou todos os pontos da acusação. "A real proprietária do apartamento 164-A (que posteriormente foi denominado 174), tríplex, é a OAS Empreendimentos S/A, conforme consta na matrícula 104.801 do Cartório de Registro de Imóveis de Guarujá. O apartamento nunca pertenceu a Lula ou aos seus familiares, que nunca o utilizaram para qualquer finalidade."
Segundo os advogados, Marisa Letícia adquiriu uma cota-parte de um apartamento no Edifício Solaris (então Mar Cantábrico) e que "o ex-presidente jamais ocultou referido patrimônio, conforme declaração de Imposto de Renda e ao TSE".
Eles afirmam que a propriedade foi transferida para a construtura OAS em 2009, "através de acordo judicial com o MP-SP e homologado em juízo".
Ainda segundo a procuradoria, a OAS pagou a armazenagem de bens de Lula em um depósito da empresa Graneiro entre 2001 e 2016, por valores que totalizam R$ 1,3 milhão - o valor indicaria novamente pagamento de propina ao petista.
"Os pagamentos da armazenagem dos bens pessoais de Lula foi assumida por uma empresa que se beneficiou diretamente dos ilícitos praticados em desfavor da Administração Pública Federal, notadamente da Petrobras, e tinha uma dívida de propinas com esquema de governo e partidário. Além disso, tal empreiteira era controlada por Léo Pinheiro, pessoa muito próxima de Lula".
Em nota, os advogados de Lula questionaram a procuradoria. "O MPF não conseguiu apresentar qualquer conduta irregular praticada por Lula em relação ao armazenamento do acervo presidencial. Lula foi denunciado por ser o proprietário do acervo. A denúncia se baseia, portanto, em uma responsabilidade objetiva incompatível com o direito penal"
Denúncia
O Ministério Público apresenta denúncia quando considera que há provas contra um indiciado pela polícia.
O denunciado, no entanto, só se torna réu se a Justiça aceitar a denúncia formal. Ainda não há previsão de quando o juiz Sérgio Moro analisará a denúncia contra Lula.
Se a denúncia for acatada por Moro, isso também não significa que Lula estaria com a "ficha suja" e, assim, impossibilitado de - eventualmente - concorrer às próximas eleições presidenciais.
Em processos criminais, a Lei da Ficha Limpa determina que uma pessoa perde o direito de se candidatar quando foi condenada sem possibilidade de recurso ou em segunda instância com "decisão colegiada" (de um grupo de magistrados).
"O MPF elegeu Lula como maestro de uma organização criminosa, mas esqueceu do principal: a apresentação de provas", continuou o advogado.
O MPF pede a indenização de R$ 87,6 milhões, que deve ser paga pela OAS e também por Lula, além de R$ 58,4 milhões, a serem pagos por Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ex-executivo da OAS.
Tríplex
Os promotores do MPF disseram que o ex-presidente e sua mulher receberam vantagens indevidas da construtora OAS. Segundo os promotores, ele estão envolvidos em dois atos de lavagem de dinheiro: um referente à aquisição e reforma de uma cobertura tríplex no Guarujá, no litoral paulista, e outro relativo ao armazamento de bens de Lula em depósitos da empresa em São Paulo.
Os promotores afirmaram que, apesar de o nome do ex-presidente não constar no contrato do apartamento, haveria indícios suficientes de que o tríplex, sua reforma e mobília, foram um benefício cedido pela construtora. Dentre as evidências citadas pelos procuradores está um canhoto da proposta de adesão do apartamento 141 em 2005. Nesse papel, por trás do número 141, estaria rasurado o número 174, o da cobertura do edifício. De acordo com os promotores, isso já indicaria um interesse de Lula e Marisa pelo tríplex.
Além disso, dizem os promotores, em tabelas apreendidas na sede da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), que era proprietária do prédio, a cobertura 174 aparece como "reservada" em 2008. Segundo eles, a unidade não seria mostrada ao público porque estaria reservada ao ex-presidente e sua família.
Outro elemento seria que em 2009, quando o edifício foi transferido para OAS Empreendimentos, Marisa e Lula pararam de pagar as parcelas da unidade 141. Nesse momento, diz o MPF, a cobertura teria sido dada pela construtora ao casal como vantagem indevida. Abatido os R$ 340 mil pagos por Lula e Marisa no apartamento 141, o restante do valor do triplex (R$ 1,5 milhão), teria sido bancado pela construtora.Direito de imagemAFPImage captionPromotores citaram também as visitas de Marisa ao tríplex acompanhada de executivos da OAS
Os promotores citaram também as visitas de Marisa ao tríplex acompanhada de executivos da OAS como Léo Pinheiro. Segundo o MPF, a partir de 2013, quando o edifício foi finalizado, a construtora fez modificações na cobertura a fim de personalizá-la para o casal. Eles mostraram recibos de lojas de móveis e citaram o testemunho de funcionárias da empresa contratada para fazer a reforma da unidade.
A defesa de Lula questionou todos os pontos da acusação. "A real proprietária do apartamento 164-A (que posteriormente foi denominado 174), tríplex, é a OAS Empreendimentos S/A, conforme consta na matrícula 104.801 do Cartório de Registro de Imóveis de Guarujá. O apartamento nunca pertenceu a Lula ou aos seus familiares, que nunca o utilizaram para qualquer finalidade."
Segundo os advogados, Marisa Letícia adquiriu uma cota-parte de um apartamento no Edifício Solaris (então Mar Cantábrico) e que "o ex-presidente jamais ocultou referido patrimônio, conforme declaração de Imposto de Renda e ao TSE".
Eles afirmam que a propriedade foi transferida para a construtura OAS em 2009, "através de acordo judicial com o MP-SP e homologado em juízo".
Ainda segundo a procuradoria, a OAS pagou a armazenagem de bens de Lula em um depósito da empresa Graneiro entre 2001 e 2016, por valores que totalizam R$ 1,3 milhão - o valor indicaria novamente pagamento de propina ao petista.
"Os pagamentos da armazenagem dos bens pessoais de Lula foi assumida por uma empresa que se beneficiou diretamente dos ilícitos praticados em desfavor da Administração Pública Federal, notadamente da Petrobras, e tinha uma dívida de propinas com esquema de governo e partidário. Além disso, tal empreiteira era controlada por Léo Pinheiro, pessoa muito próxima de Lula".
Em nota, os advogados de Lula questionaram a procuradoria. "O MPF não conseguiu apresentar qualquer conduta irregular praticada por Lula em relação ao armazenamento do acervo presidencial. Lula foi denunciado por ser o proprietário do acervo. A denúncia se baseia, portanto, em uma responsabilidade objetiva incompatível com o direito penal"
Denúncia
O Ministério Público apresenta denúncia quando considera que há provas contra um indiciado pela polícia.
O denunciado, no entanto, só se torna réu se a Justiça aceitar a denúncia formal. Ainda não há previsão de quando o juiz Sérgio Moro analisará a denúncia contra Lula.
Se a denúncia for acatada por Moro, isso também não significa que Lula estaria com a "ficha suja" e, assim, impossibilitado de - eventualmente - concorrer às próximas eleições presidenciais.
Em processos criminais, a Lei da Ficha Limpa determina que uma pessoa perde o direito de se candidatar quando foi condenada sem possibilidade de recurso ou em segunda instância com "decisão colegiada" (de um grupo de magistrados).
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