21/01/2018
Em 11 de abril de 1961, começou em Jerusalém o julgamento de Adolf Eichmann, responsável durante a 2ª Guerra pela deportação de centenas de milhares de judeus para campos de concentração.
O julgamento de Adolf Eichmann, chefe da Seção de Assuntos Judeus no Departamento de Segurança de Hitler, foi o segundo maior julgamento de nazistas depois do processo de Nurembergue, que aconteceu logo após a Segunda Guerra Mundial. A condenação de Eichmann foi baseada no depoimento de mais de 100 testemunhas, em duas mil provas e 3.500 páginas do protocolo da polícia israelense.
O mundo esperava ver um monstro, um antissemita brutal, um nazista fanático. O réu, por sua vez, passou a imagem de um burocrata que teria apenas assinado documentos. Os peritos lhe atestaram a condição de subalterno de pouca iniciativa própria e sem senso de responsabilidade. Após o julgamento, que foi transmitido pela televisão, intelectuais chegaram a se confessar chocados com o fato de Eichmann não ter sido um seguidor fanático de Hitler.
Ele insistia que apenas cumpriu ordens e jamais preocupou-se em questioná-las. Apenas um exemplo: em março de 1944, Eichmann foi mandado à Hungria, onde organizou a deportação de 800 mil judeus. Em menos de dois meses, 147 trens levaram 434 mil pessoas para as câmaras de gás de Auschwitz.
Eichmann conhecia o destino dos prisioneiros
Da mesma forma como colaborou com o regime nazista, ele cooperou com a polícia e a Justiça de Israel, mas nunca demonstrou qualquer forma de arrependimento.
A partir de sua escrivaninha, havia coordenado a perseguição, o sequestro e a deportação de milhares de judeus, marcados para morrer nos campos de concentração. Eichmann conhecia o destino dos prisioneiros. Ele assistiu às execuções em massa a tiros e nas câmaras de gás, chegando a considerá-las "desumanas", não para as vítimas, e sim para os carrascos.
Eichmann foi preso por soldados americanos em 1945 e não revelou sua identidade. Um ano depois, conseguiu fugir com outros presos e começou a trabalhar no norte da Alemanha como lenhador, sob nome falso.
Eichmann na Argentina
Em 1950, fez contato com a Odessa, uma organização secreta de ex-oficiais da SS, que o ajudou a fugir. Na Itália, teve o apoio de um padre franciscano que conhecia sua identidade e lhe providenciou documentos falsos.
Sequestro e transporte para Israel
Com o nome de Ricardo Klement, ele emigrou para a Argentina e mais tarde também transferiu para lá mulher e filhos. O serviço secreto israelense Mossad o descobriu e o sequestrou em 1960. Depois de passar 11 dias amarrado a uma cama, foi obrigado a assinar um documento em que aceitou seu julgamento num tribunal israelense.
O Mossad teve sorte, pois talvez não tivesse conseguido retirar o prisioneiro clandestinamente da Argentina, caso a esposa de Eichmann tivesse registrado queixa na polícia em Buenos Aires. Para isso, ela teria que revelar a verdadeira identidade da família. O que, por outro lado, poderia ter poupado a vida de Eichmann, se fosse julgado por seus crimes nazistas na Alemanha, onde não existe pena de morte.
Enquanto aguardava o julgamento, Eichmann escreveu suas memórias, nas quais insistiu em sua condição de mero cumpridor de ordens superiores durante a Segunda Guerra Mundial. O julgamento de Eichmann durou um ano e terminou com sua condenação à morte. A execução aconteceu pouco antes da meia-noite de 31 de maio de 1962.
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Autoria Rachel Gessat (rw)
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Palavras-chave 11/04/1961, Adolf Eichmann, campos de concentração, calendário
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