Bashar al-Assad, em entrevista, diz que EUA é governado por uma elite global;NEW WORLD ORDER MUNDIAL EM 2017 ATE 2100.
No dia 28 de abril DE 2017 o canal de TV Telesul enviou uma equipe a Damasco para entrevistar o presidente da República Árabe da Síria, Bashar al-Assad, que deu um depoimento rico e demolidor sobre o imperialismo, advertindo ainda que a América Latina pode sofrer o mesmo que a Síria.
Leia a transcrição em português da entrevista ou assista ao vídeo (em espanhol).
# TeleSul: Obrigado por nos receber, Sr. Presidente DA SIRIA.
Presidente Bashar al-Assad: Sejam bem-vindos à Síria, o senhor e o canal TeleSul.
# Comecemos pelo mais recente. A Rússia tem advertido que é possível que novos ataques químicos forjados estejam sendo preparados. Como a Síria prepara-se contra isso?
Para começar, os terroristas, durante anos e em mais de uma ocasião e em mais de uma região em absolutamente toda a Síria usaram substâncias químicas.
Presidente Bashar al-Assad: Sejam bem-vindos à Síria, o senhor e o canal TeleSul.
# Comecemos pelo mais recente. A Rússia tem advertido que é possível que novos ataques químicos forjados estejam sendo preparados. Como a Síria prepara-se contra isso?
Para começar, os terroristas, durante anos e em mais de uma ocasião e em mais de uma região em absolutamente toda a Síria usaram substâncias químicas.
Por isso mesmo, pedimos à Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) que enviasse especialistas habilitados para investigar o que acontecia, mas cada vez que pedíamos os EUA impediam as investigações ou impediam que viessem as comissões de investigação.
Semana passada, aconteceu novamente: quando exigimos que se fizessem investigações sobre o suposto uso de armas químicas em Jan Sheijun, EUA e aliados impediram que a resolução fosse aprovada na OPAQ.
Nós continuamos insistindo e tentando, com nossos aliados russos e iranianos, que aquela Organização envie uma equipe que investigue o que aconteceu.
Nós continuamos insistindo e tentando, com nossos aliados russos e iranianos, que aquela Organização envie uma equipe que investigue o que aconteceu.
Porque se essa investigação não acontecer, os EUA repetirão outra vez e outra vez sempre a mesma farsa em torno do uso de armas químicas, (como “operação sob falsa bandeira”) em algum outro lugar da Síria, para acumular pretextos para intervir militarmente com o objetivo de apoiar os terroristas.
Isso, por um lado. Por outro lado, continuamos lutando contra os terroristas, porque o objetivo por trás do que dizem o ocidente e os EUA sobre armas químicas é conseguirem meios para dar apoio aos terroristas na Síria. Por causa disso, temos de continuar a combater os mesmos terroristas.
# Segundo o Pentágono, seu governo ainda guarda armas químicas. A Síria conserva mesmo cerca de 1% dessas armas, apesar de se ter comprometido, há quatro anos, a entregá-las para serem destruídas?
Tanto o senhor como eu lembramos bem quando Colin Powell, em 2003, mostrou na ONU, diante de todo o mundo, um pequeno vidro no qual, segundo ele, estaria a “prova” de que o presidente Saddam Hussein possuiria armas químicas, armas nucleares e outras. Quando as forças dos EUA já estavam dentro do Iraque, comprovou-se que os americanos mentiram.
Colin Powell reconheceu depois que a CIA o enganara com provas falsas. Mas não foi o primeiro caso, nem será o último. Quem queira ser político nos EUA tem de ser um perfeito mentiroso e embusteiro. Mentir é uma característica dos políticos norte-americanos. Mentem todos os dias. Todos os dias dizem uma coisa e fazem outra. Por essa razão não se deve acreditar no que digam o Pentágono ou outros, porque só dizem o que sirva às políticas deles, não o que existe na realidade.
# Que papel teve Israel na guerra que a Síria enfrenta? Já sabemos que continuaram os ataques nas últimas semanas contra posições do exército árabe sírio na Síria.
Israel desempenha seu papel de diferentes modos: primeiro, com agressão direta, sobretudo com aviação e artilharia ou mísseis lançados contra posições do exército sírio.
Por outro lado, Israel apoia os terroristas, de dois modos: primeiro, fornece armas; segundo, dá-lhes apoio logístico, ao permitir que organizem manobras atravessando regiões que Israel controla e garantindo-lhes ajuda médica em hospitais de Israel.
Não se trata aqui de especular. O que lhe digo são fatos comprovados, filmados, fotografados e divulgados na internet, que o senhor pode obter facilmente e que provam o apoio que Israel garante aos terroristas na Síria.
# Como o senhor definiria a atual política exterior de Donald Trump no mundo e especialmente na Síria?
Não existem políticas de um ou de outro presidente dos EUA. O que há são políticas das instituições dos EUA que governam o sistema, a saber, a CIA, o Pentágono, as grandes corporações, as empresas que fabricam armas, as petroleiras e as grandes instituições financeiras, além de alguns lobbies que influem nas decisões dos EUA.
O presidente dos EUA apenas implementa essas políticas, e a prova está aí: quando Trump tentou tomar rumo diferente durante sua campanha eleitoral e já como presidente, nada pôde fazer. A ofensiva contra ele foi forte demais e, como vimos nas últimas semanas, ele já mudou completamente a linguagem e submeteu-se ao Estado Profundo. Por isso, tentar avaliar o presidente dos EUA no que tenha a ver com política exterior seria perda de tempo e meio irreal, porque se pode dizer qualquer coisa, mas ele só fará o que aquelas instituições e organizações ordenarem. Essa é a política que se mantém nos EUA há décadas e aí não há qualquer novidade.
# Donald Trump tem agora outra frente aberta na Coreia do Norte. Isso poderia influir no modo como os EUA veem a Síria atualmente?
Não. Os EUA tentam sempre controlar todos os países do mundo sem exceção, não aceita aliados, sejam países desenvolvidos avançados de seu próprio bloco ocidental ou outros quaisquer. Todos os países teriam a obrigação de ser Estados satélites dos EUA. Por isso, o que acontece com a Síria, o que acontece com a Coreia do Norte, com o Irã, com a Rússia e possivelmente com a Venezuela agora, tem por objetivo restabelecer a hegemonia dos EUA sobre o mundo, porque os EUA creem que sua hegemonia estaria hoje ameaçada, e que isso ameaçaria os interesses das elites econômicas e políticas nos EUA.
# Seis anos de guerra. Como está a Síria? Sabemos que o custo humano é incalculável.
O que mais dói em qualquer guerra são as perdas humanas, o sofrimento das famílias que perdem um pai, um filho, um marido, essas famílias foram afetadas para sempre. Os sírios cultivamos laços familiares fortes e estreitos. Não há dor maior que a de perder um ente querido.
Quanto às demais perdas, claro está, as perdas econômicas são colossais, a infraestrutura erguida ao longo de 50 anos ou mais com mão de obra síria. Na Síria a infraestrutura não foi construída com mão de obra estrangeira, e temos as capacidades necessárias para reconstruí-la.
Igualmente, no plano econômico, o que temos é fruto do trabalho de sírios, porque há muito tempo não temos relações importantes no plano econômico com o ocidente.
Quando essa guerra chegar ao fim, tudo será reconstruído, não há problemas quanto a isso. Claro que exigirá tempo, mas não é impossível.
As perdas humanas, sim, são as perdas realmente dolorosas, essa a grande dor dos sírios hoje.
# Um dos alvos principais durante esses anos, foi o senhor, presidente Bashar al-Assad. Sentiu medo?
Quando se está em guerra, não se sente medo. Acho que é o que responderiam todos por aqui. Mas há a preocupação, com o destino da pátria. O que significaria a segurança pessoal, como cidadão, num país agredido e ameaçado. Ninguém estará jamais seguro enquanto persistir a ameaça contra a Síria.
Penso que o que sentimos de modo geral na Síria é preocupação pelo futuro da Síria mais que medo por nós mesmos. Os tiros e projéteis de morteiro caem em qualquer lugar, entram em qualquer casa. Nem por isso a vida parou na Síria. Há uma vontade de vida, muito mais forte que algum medo no sentido pessoal. Esse sentir, para mim, pessoalmente, como Presidente, advém do que o povo sente, não de mim mesmo. Não vivo isolado.
# Os meios de comunicação ocidentais em todo o mundo distribuem muita propaganda contra o senhor. Será que estou sentado realmente diante daquele demônio que os jornais pintam?
Tem razão. Para o ocidente, o senhor está entrevistando o próprio demônio. É a propaganda ocidental atual.
Essa publicidade ocidental sempre aparece quando algum país, algum governo ou algum governante não se submete aos interesses do ocidente, se não trabalha exclusivamente a favor dos interesses ocidentais e contra os interesses de seu próprio povo. Sempre foi assim. São as exigências ocidentais colonialistas que sempre se repetiram ao longo da história.
Dizem que quem resiste a eles é mau, que mata gente boa. Ora… Rússia, Irã, todos os países nossos amigos nos apoiam não porque um ou outro governante nos apoie, mas porque o povo daqueles países está mais perto da verdade que o ocidente. E os sírios também apoiam nosso governo. Como é possível que os sírios apoiem seu governo, se o governo os estivesse mantando?
É só mais uma versão contraditória que só sobrevive na propaganda do ocidente. Por isso já não perdemos tempo com essas versões ocidentais que sempre, ao longo da história estiveram cheias de mentiras. Nisso não há novidade alguma.
# Daqui de onde estão, nesse país em guerra, como os senhores veem a situação na América Latina, particularmente na Venezuela, onde começaram a aparecer ações muito semelhantes às que fizeram crescer e eclodir o conflito na Síria?
É esperado que haja semelhanças, dado que o plano é o mesmo, e o executor é o mesmo: os EUA dirigem a orquestra, todos os demais países ocidentais e o coro que os acompanham.
A América do Sul em general e Venezuela em particular, foram quintal de despejo dos EUA durante décadas, quintal de onde os países ocidentais e principalmente os EUA arrancavam o que quisessem, o que seus interesses econômicos mandassem, com a ação das grandes empresas norte-americanas transnacionais em cada um dos seus países. E os golpes de Estado sucederam-se durante os anos 1960 e 1970, fossem golpes militares ou políticos, todos visavam a consolidar o controle dos EUA sobre os interesses dos povos da América Latina.
Mas ao longo dos últimos 20 anos, a América Latina livrou-se desse jugo e alcançou a autodeterminação, seus governos afinal começaram a poder defender os interesses do próprio povo. E, isso, os EUA absolutamente não aceitam. Por isso, agora se aproveitam do que está acontecendo pelo mundo, desde a revolução cor-de-laranja na Ucrânia até o último golpe ocorrido nesse país há vários anos. Aproveitam-se do que ocorre nos países árabes, na Líbia, na Síria, no Iêmen e em outros países, com o propósito de aplicar as mesmas “técnicas” nos países latino-americanos. Começaram pela Venezuela, com o objetivo de derrubar o governo nacional legal. Farão o mesmo aos demais países da América Latina.
# Há quem pense, especialmente os cidadãos comuns em toda a América Latina, que um cenário similar ao que se vê hoje na Síria poderia repetir-se na América Latina. Qual sua opinião?
Não tenho dúvidas disso. Já lhe disse que se o plano é o mesmo e o executor é o mesmo, é normal que o cenário resultante nos demais países atacados não apenas se assemelhe: ele será idêntico. Claro que alguns detalhes locais sempre variarão.
No início, diziam que as manifestações na Síria seriam pacíficas, mas ao ver que não se repetiam, ou que se mantinham pacíficas, trataram de infiltrar bandidos nas manifestações, para disparar contra os dois lados, contra a polícia e também contra os manifestantes, especificamente para produzir mortos; e começaram a “informar” que o governo matava o próprio povo. Esse cenário repete-se em todo o mundo.
E se repetirá também na Venezuela. Por isso o povo venezuelano deve manter-se bem consciente de que há grande diferença entre fazer oposição a um governo e lutar contra os próprios interesses nacionais do país. Estar contra um governo e estar contra a Pátria são coisas muito diferentes.
Isso, por um lado. Por outro lado, nenhum país estrangeiro pode zelar pelos interesses da Venezuela, mais ou melhor que o povo da Venezuela. Não acreditem no Ocidente. O Ocidente não se interessa por direitos humanos nem pelos interesses dos países. O Ocidente só cuida dos interesses de uma parte da elite governante em outros países. Essa elite governante não é só política, inclui as empresas e seus interesses econômicos.
# Como o senhor, presidente Bashar al-Assad, vê o final desta guerra?
Se fosse possível superar a questão da interferência estrangeira na Síria, o problema se simplificaria muito. A maioria dos sírios estão cansados da guerra, desejam una solução e desejam voltar a viver com segurança e estabilidade. Há um diálogo entre nós, os sírios, há encontros, as pessoas se reúnem e convivem, quero dizer, não há qualquer barreira real que divida os sírios.
O problema é que cada vez que damos um passo rumo à solução e ao restabelecimento da estabilidade, as gangues terroristas recebem mais dinheiro e mais armas, com o objetivo de retomar a violência e inviabilizar qualquer solução. Por isso se pode dizer que a solução começa por suspender qualquer apoio enviado do exterior aos terroristas. É o primeiro passo.
Por nosso lado, na Síria, a via para restaurar a segurança será a reconciliação entre todos os sírios e indulto para o que aconteceu no passado, durante a guerra. O senhor pode ter certeza de que, quando isso for feito e o processo se completar, a Síria será muito mais forte que a Síria de antes da guerra.
# O senhor está disposto a se reconciliar com os que se levantaram em armas contra o povo sírio?
Claro que sim. Já aconteceu em várias regiões do país. Das pessoas que já receberam indulto, alguns se incorporaram ao Exército Sírio, alguns caíram como mártires, outros voltaram à cidade onde viviam, em áreas que nós já controlamos. Para nós não há problema algum: a reconciliação é essencial para pôr fim a qualquer guerra. A Síria também caminha nessa direção.
# Senhor Presidente, para encerrarmos nossa entrevista, tem alguma mensagem para a América Latina e o mundo?
Preservem a independência de seus países.
Nessa parte árabe do mundo, já celebramos a independência de mais de um país. Mas em alguns dos países dessa região, a independência significou apenas a retirada de forças de ocupação. A verdadeira independência só acontece quando os povos adquirem o poder de decidir nacionalmente.
Para essa parte do mundo, a América Latina foi modelo de independência, quer dizer, o ocupante partiu, no caso de haver ocupação por tropas estrangeiras, mas ao mesmo tempo os países recuperaram o poder nacional para decidir, a abertura e a democracia. A América Latina deu ao mundo um modelo importante. Conservem esse modelo, defendam-no, porque muitos países que aspiram ao desenvolvimento, sobretudo os países do Terceiro Mundo, devem seguir o modelo já aplicado na América Latina.
FONTE;
Links:
http://www.telesurtv.net/news/VER-AQUI-E...-0039.html
https://www.youtube.com/watch?v=R6fpdrqhMx8 (vídeo da entrevista na integra),
http://www.resistencia.cc/assad-mensagem...-ocidente/
http://forum.antinovaordemmundial.com/Topico-bashar-al-assad-em-entrevista-diz-que-eua-%C3%A9-governado-por-uma-elite-global#ixzz4gIlzMsyB
Isso, por um lado. Por outro lado, continuamos lutando contra os terroristas, porque o objetivo por trás do que dizem o ocidente e os EUA sobre armas químicas é conseguirem meios para dar apoio aos terroristas na Síria. Por causa disso, temos de continuar a combater os mesmos terroristas.
# Segundo o Pentágono, seu governo ainda guarda armas químicas. A Síria conserva mesmo cerca de 1% dessas armas, apesar de se ter comprometido, há quatro anos, a entregá-las para serem destruídas?
Tanto o senhor como eu lembramos bem quando Colin Powell, em 2003, mostrou na ONU, diante de todo o mundo, um pequeno vidro no qual, segundo ele, estaria a “prova” de que o presidente Saddam Hussein possuiria armas químicas, armas nucleares e outras. Quando as forças dos EUA já estavam dentro do Iraque, comprovou-se que os americanos mentiram.
Colin Powell reconheceu depois que a CIA o enganara com provas falsas. Mas não foi o primeiro caso, nem será o último. Quem queira ser político nos EUA tem de ser um perfeito mentiroso e embusteiro. Mentir é uma característica dos políticos norte-americanos. Mentem todos os dias. Todos os dias dizem uma coisa e fazem outra. Por essa razão não se deve acreditar no que digam o Pentágono ou outros, porque só dizem o que sirva às políticas deles, não o que existe na realidade.
# Que papel teve Israel na guerra que a Síria enfrenta? Já sabemos que continuaram os ataques nas últimas semanas contra posições do exército árabe sírio na Síria.
Israel desempenha seu papel de diferentes modos: primeiro, com agressão direta, sobretudo com aviação e artilharia ou mísseis lançados contra posições do exército sírio.
Por outro lado, Israel apoia os terroristas, de dois modos: primeiro, fornece armas; segundo, dá-lhes apoio logístico, ao permitir que organizem manobras atravessando regiões que Israel controla e garantindo-lhes ajuda médica em hospitais de Israel.
Não se trata aqui de especular. O que lhe digo são fatos comprovados, filmados, fotografados e divulgados na internet, que o senhor pode obter facilmente e que provam o apoio que Israel garante aos terroristas na Síria.
# Como o senhor definiria a atual política exterior de Donald Trump no mundo e especialmente na Síria?
Não existem políticas de um ou de outro presidente dos EUA. O que há são políticas das instituições dos EUA que governam o sistema, a saber, a CIA, o Pentágono, as grandes corporações, as empresas que fabricam armas, as petroleiras e as grandes instituições financeiras, além de alguns lobbies que influem nas decisões dos EUA.
O presidente dos EUA apenas implementa essas políticas, e a prova está aí: quando Trump tentou tomar rumo diferente durante sua campanha eleitoral e já como presidente, nada pôde fazer. A ofensiva contra ele foi forte demais e, como vimos nas últimas semanas, ele já mudou completamente a linguagem e submeteu-se ao Estado Profundo. Por isso, tentar avaliar o presidente dos EUA no que tenha a ver com política exterior seria perda de tempo e meio irreal, porque se pode dizer qualquer coisa, mas ele só fará o que aquelas instituições e organizações ordenarem. Essa é a política que se mantém nos EUA há décadas e aí não há qualquer novidade.
# Donald Trump tem agora outra frente aberta na Coreia do Norte. Isso poderia influir no modo como os EUA veem a Síria atualmente?
Não. Os EUA tentam sempre controlar todos os países do mundo sem exceção, não aceita aliados, sejam países desenvolvidos avançados de seu próprio bloco ocidental ou outros quaisquer. Todos os países teriam a obrigação de ser Estados satélites dos EUA. Por isso, o que acontece com a Síria, o que acontece com a Coreia do Norte, com o Irã, com a Rússia e possivelmente com a Venezuela agora, tem por objetivo restabelecer a hegemonia dos EUA sobre o mundo, porque os EUA creem que sua hegemonia estaria hoje ameaçada, e que isso ameaçaria os interesses das elites econômicas e políticas nos EUA.
# Seis anos de guerra. Como está a Síria? Sabemos que o custo humano é incalculável.
O que mais dói em qualquer guerra são as perdas humanas, o sofrimento das famílias que perdem um pai, um filho, um marido, essas famílias foram afetadas para sempre. Os sírios cultivamos laços familiares fortes e estreitos. Não há dor maior que a de perder um ente querido.
Quanto às demais perdas, claro está, as perdas econômicas são colossais, a infraestrutura erguida ao longo de 50 anos ou mais com mão de obra síria. Na Síria a infraestrutura não foi construída com mão de obra estrangeira, e temos as capacidades necessárias para reconstruí-la.
Igualmente, no plano econômico, o que temos é fruto do trabalho de sírios, porque há muito tempo não temos relações importantes no plano econômico com o ocidente.
Quando essa guerra chegar ao fim, tudo será reconstruído, não há problemas quanto a isso. Claro que exigirá tempo, mas não é impossível.
As perdas humanas, sim, são as perdas realmente dolorosas, essa a grande dor dos sírios hoje.
# Um dos alvos principais durante esses anos, foi o senhor, presidente Bashar al-Assad. Sentiu medo?
Quando se está em guerra, não se sente medo. Acho que é o que responderiam todos por aqui. Mas há a preocupação, com o destino da pátria. O que significaria a segurança pessoal, como cidadão, num país agredido e ameaçado. Ninguém estará jamais seguro enquanto persistir a ameaça contra a Síria.
Penso que o que sentimos de modo geral na Síria é preocupação pelo futuro da Síria mais que medo por nós mesmos. Os tiros e projéteis de morteiro caem em qualquer lugar, entram em qualquer casa. Nem por isso a vida parou na Síria. Há uma vontade de vida, muito mais forte que algum medo no sentido pessoal. Esse sentir, para mim, pessoalmente, como Presidente, advém do que o povo sente, não de mim mesmo. Não vivo isolado.
# Os meios de comunicação ocidentais em todo o mundo distribuem muita propaganda contra o senhor. Será que estou sentado realmente diante daquele demônio que os jornais pintam?
Tem razão. Para o ocidente, o senhor está entrevistando o próprio demônio. É a propaganda ocidental atual.
Essa publicidade ocidental sempre aparece quando algum país, algum governo ou algum governante não se submete aos interesses do ocidente, se não trabalha exclusivamente a favor dos interesses ocidentais e contra os interesses de seu próprio povo. Sempre foi assim. São as exigências ocidentais colonialistas que sempre se repetiram ao longo da história.
Dizem que quem resiste a eles é mau, que mata gente boa. Ora… Rússia, Irã, todos os países nossos amigos nos apoiam não porque um ou outro governante nos apoie, mas porque o povo daqueles países está mais perto da verdade que o ocidente. E os sírios também apoiam nosso governo. Como é possível que os sírios apoiem seu governo, se o governo os estivesse mantando?
É só mais uma versão contraditória que só sobrevive na propaganda do ocidente. Por isso já não perdemos tempo com essas versões ocidentais que sempre, ao longo da história estiveram cheias de mentiras. Nisso não há novidade alguma.
# Daqui de onde estão, nesse país em guerra, como os senhores veem a situação na América Latina, particularmente na Venezuela, onde começaram a aparecer ações muito semelhantes às que fizeram crescer e eclodir o conflito na Síria?
É esperado que haja semelhanças, dado que o plano é o mesmo, e o executor é o mesmo: os EUA dirigem a orquestra, todos os demais países ocidentais e o coro que os acompanham.
A América do Sul em general e Venezuela em particular, foram quintal de despejo dos EUA durante décadas, quintal de onde os países ocidentais e principalmente os EUA arrancavam o que quisessem, o que seus interesses econômicos mandassem, com a ação das grandes empresas norte-americanas transnacionais em cada um dos seus países. E os golpes de Estado sucederam-se durante os anos 1960 e 1970, fossem golpes militares ou políticos, todos visavam a consolidar o controle dos EUA sobre os interesses dos povos da América Latina.
Mas ao longo dos últimos 20 anos, a América Latina livrou-se desse jugo e alcançou a autodeterminação, seus governos afinal começaram a poder defender os interesses do próprio povo. E, isso, os EUA absolutamente não aceitam. Por isso, agora se aproveitam do que está acontecendo pelo mundo, desde a revolução cor-de-laranja na Ucrânia até o último golpe ocorrido nesse país há vários anos. Aproveitam-se do que ocorre nos países árabes, na Líbia, na Síria, no Iêmen e em outros países, com o propósito de aplicar as mesmas “técnicas” nos países latino-americanos. Começaram pela Venezuela, com o objetivo de derrubar o governo nacional legal. Farão o mesmo aos demais países da América Latina.
# Há quem pense, especialmente os cidadãos comuns em toda a América Latina, que um cenário similar ao que se vê hoje na Síria poderia repetir-se na América Latina. Qual sua opinião?
Não tenho dúvidas disso. Já lhe disse que se o plano é o mesmo e o executor é o mesmo, é normal que o cenário resultante nos demais países atacados não apenas se assemelhe: ele será idêntico. Claro que alguns detalhes locais sempre variarão.
No início, diziam que as manifestações na Síria seriam pacíficas, mas ao ver que não se repetiam, ou que se mantinham pacíficas, trataram de infiltrar bandidos nas manifestações, para disparar contra os dois lados, contra a polícia e também contra os manifestantes, especificamente para produzir mortos; e começaram a “informar” que o governo matava o próprio povo. Esse cenário repete-se em todo o mundo.
E se repetirá também na Venezuela. Por isso o povo venezuelano deve manter-se bem consciente de que há grande diferença entre fazer oposição a um governo e lutar contra os próprios interesses nacionais do país. Estar contra um governo e estar contra a Pátria são coisas muito diferentes.
Isso, por um lado. Por outro lado, nenhum país estrangeiro pode zelar pelos interesses da Venezuela, mais ou melhor que o povo da Venezuela. Não acreditem no Ocidente. O Ocidente não se interessa por direitos humanos nem pelos interesses dos países. O Ocidente só cuida dos interesses de uma parte da elite governante em outros países. Essa elite governante não é só política, inclui as empresas e seus interesses econômicos.
# Como o senhor, presidente Bashar al-Assad, vê o final desta guerra?
Se fosse possível superar a questão da interferência estrangeira na Síria, o problema se simplificaria muito. A maioria dos sírios estão cansados da guerra, desejam una solução e desejam voltar a viver com segurança e estabilidade. Há um diálogo entre nós, os sírios, há encontros, as pessoas se reúnem e convivem, quero dizer, não há qualquer barreira real que divida os sírios.
O problema é que cada vez que damos um passo rumo à solução e ao restabelecimento da estabilidade, as gangues terroristas recebem mais dinheiro e mais armas, com o objetivo de retomar a violência e inviabilizar qualquer solução. Por isso se pode dizer que a solução começa por suspender qualquer apoio enviado do exterior aos terroristas. É o primeiro passo.
Por nosso lado, na Síria, a via para restaurar a segurança será a reconciliação entre todos os sírios e indulto para o que aconteceu no passado, durante a guerra. O senhor pode ter certeza de que, quando isso for feito e o processo se completar, a Síria será muito mais forte que a Síria de antes da guerra.
# O senhor está disposto a se reconciliar com os que se levantaram em armas contra o povo sírio?
Claro que sim. Já aconteceu em várias regiões do país. Das pessoas que já receberam indulto, alguns se incorporaram ao Exército Sírio, alguns caíram como mártires, outros voltaram à cidade onde viviam, em áreas que nós já controlamos. Para nós não há problema algum: a reconciliação é essencial para pôr fim a qualquer guerra. A Síria também caminha nessa direção.
# Senhor Presidente, para encerrarmos nossa entrevista, tem alguma mensagem para a América Latina e o mundo?
Preservem a independência de seus países.
Nessa parte árabe do mundo, já celebramos a independência de mais de um país. Mas em alguns dos países dessa região, a independência significou apenas a retirada de forças de ocupação. A verdadeira independência só acontece quando os povos adquirem o poder de decidir nacionalmente.
Para essa parte do mundo, a América Latina foi modelo de independência, quer dizer, o ocupante partiu, no caso de haver ocupação por tropas estrangeiras, mas ao mesmo tempo os países recuperaram o poder nacional para decidir, a abertura e a democracia. A América Latina deu ao mundo um modelo importante. Conservem esse modelo, defendam-no, porque muitos países que aspiram ao desenvolvimento, sobretudo os países do Terceiro Mundo, devem seguir o modelo já aplicado na América Latina.
FONTE;
Links:
http://www.telesurtv.net/news/VER-AQUI-E...-0039.html
https://www.youtube.com/watch?v=R6fpdrqhMx8 (vídeo da entrevista na integra),
http://www.resistencia.cc/assad-mensagem...-ocidente/
http://forum.antinovaordemmundial.com/Topico-bashar-al-assad-em-entrevista-diz-que-eua-%C3%A9-governado-por-uma-elite-global#ixzz4gIlzMsyB
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