Raio? Anthrax? HAARP? Morte de 323 Renas na Noruega Propaga Diversas Teorias da Conspiração pelas Redes Sociais
04/09/2016
Quando um animal de estimação morre, não importa qual seja a causa, sempre provoca muita comoção por parte de seu proprietário, familares e amigos próximos. Agora, quando centenas de animais são encontrados mortos de uma única vez, é um evento que chama atenção do mundo inteiro. Infelizmente, geralmente estamos acostumados a acompanhar notícias relacionadas a morte de centenas ou milhares de cardumes de peixes, muitas vezes de dezenas de aves ou até mesmo baleias que são encontradas já sem vida na beira de algumas praias. Praticamente, quase sempre a responsabilidade por essas mortes é atribuída ao homem, mas devido a poluição das águas e do ar que respiramos, cuja sensibilidade a essas mudanças é bem maior em relação aos animais.
O homem é conhecido por ser o animal que mais gera essas alterações no meio em que vive, e em nome do chamado "progresso", destrói diversos ecossistemas ao corromper o equilíbrio que outrora os mesmos possuíam. Isso não é nenhuma novidade, e apesar de chamar a atenção em diversas partes do planeta, as pessoas geralmente não dão muita importância a esses casos, no máximo evitam de consumir a carne de determinado animal, que seja oriunda da região onde esssa mortandade ocorreu.
No fim do mês passado, tivemos um caso envolvendo a morte "misteriosa" de 323 renas, no Parque Nacional Hardangervidda, na Noruega, em que as autoridades locais e a mídia, estão propagando a história de que essas mortes foram causadas por um único raio durante uma tempestade, que teria assolado a região na sexta-feira passada (26). Provavelmente, muitos de vocês ficariam comovidos e entristecidos por esse acontecimento, porém, milhares de pessoas não estão acreditando nessa história de raio. Sim, isso mesmo que você leu. Para os teóricos da conspiração, e muitas pessoas que nunca estiveram envolvidas com histórias consideradas conspiratórias, o que realmente aconteceu na Noruega está sendo acobertado pela mídia. Os motivos alegados são os mais diversos possíveis: teste de algum tipo de armamento militar, HAARP, fim dos tempos, e até mesmo uma possível contaminação por anthrax. Vale lembrar que entre o fim de julho e início de agosto desse ano, milhares de renas morreram e tantas outras tiveram que ser sacrificadas na Península de Yamal, na Rússia, devido a um surto de anthrax, cuja causa principal seria o descongelamento do permafrost devido ao "aquecimento global" (muito embora o grande número de incêndios florestais possa ter contribuído significativamente para o aumento da temperatura atmosférica).
Enfim, durante essa postagem iremos conhecer mais detalhes sobre esse evento, e contaremos para vocês sobre as teorias conspiratórias que estão circulando pela internet, assim como pelas redes sociais. O objetivo é basicamente analisar o contexto em que isso aconteceu, o local, e tentar analisar se as teorias poderiam ou não fazer algum sentido. Não é questão de meramente acreditar ou não, mas de tentar racionalizar, e tentar oferecer um caminho que você possa pensar livremente sobre o assunto, mas sempre tendo um respaldo confiável de toda uma pesquisa comprometida, não apenas com a realidade dos fatos, mas com cada um de vocês. Vamos saber mais sobre esse assunto?
Como Tudo Isso Começou a Ser Divulgado
Toda essa história começou a ser divulgada através de um comunicado de imprensa emitido pela Agência de Proteção ao Meio Ambiente da Noruega, no último domingo (28). Basicamente, a informação era que um oficial do Departamento de Inspeção Ambiental (sigla SNO, em norueguês), após uma inspecção de rotina realizada durante a sexta-feira passada (26), tinha encontrado cerca de 323 renas, de ambos os sexos, bem próximas umas das outras e deitadas diretamente no solo, ao norte de Vesle Saure, no município de Vinje, em Telemark, na Noruega.
Quando o oficial se aproximou das renas pode constatar que as mesmas já estavam mortas, sendo que cinco animais tiveram que ser sacrificados no local devido aos graves ferimentos que apresentavam. Das 323 renas, cerca de 70 eram filhotes. Sem dúvida alguma era uma grande tragédia para a fauna norueguesa.
Das 323 renas, cerca de 70 eram filhotes. Sem dúvida alguma era uma grande tragédia para a fauna norueguesa
Na região onde essas renas foram encontradas também fica localizado o Parque Nacional Hardangervidda, visto que a região está dividida administrativamente entre os condados de Buskerud, Hordaland e Telemark.
O Parque Nacional Hardangervidda é o maior parque nacional da Noruega, que foi criado em 1981, ocupando um espaço de 3.422 km², e que atualmente serve como um destino turístico muito popular para atividades tais como caminhadas, escalada, pesca, e esqui cross-country.
O Parque Nacional Hardangervidda é o maior parque nacional da Noruega,
que foi criado em 1981, ocupando um espaço de 3.422 km²
Atualmente o Parque Nacional Hardangervidda serve como um destino turístico muito popular para atividades
tais como caminhadas, escalada, pesca, e esqui cross-country
Um dado interessante sobre esse parque é que apesar de ser uma área protegida pelo governo norueguês, os rebanhos de renas selvagens que vivem ou migram constantemente pelo mesmo, estavam entre os maiores do mundo, com cerca de 15.000 animais registrados em 1996, e cerca de 8.000 em 2008. Contudo, segundo o comunicado oficial, Hardangervidda abrigaria atualmente cerca de 2.000 animais, ou seja, um número que aparentemente está caindo ano após ano. Considerando esse último acontecimento, com certeza terá um impacto significativo no número de animais.
Outro ponto interessante a ser observado sobre esse parque nacional é que a atividade da caça é permitida, porém seria numa "área particular" de Hardangervidda, justamente onde essas renas foram encontradas mortas, em um platô entre Møsvatn e Kalhovd, em Telemark. Rapidamente, a Agência de Proteção ao Meio Ambiente da Noruega tratou de descartar que uma eventual atividade de "caça discriminada" pudesse ter sido uma das causas, e mencionou que a causa mais provável do incidente seria um raio que teria matado todos aqueles animais, após a passagem de uma forte tempestade que assolou a região de Telemark.
Segundo o comunicado oficial, Hardangervidda abrigaria atualmente cerca de 2.000 animais, ou seja, um número que aparentemente está caindo ano após ano. Considerando esse último acontecimento, com certeza terá um impacto significativo no número de animais
A Agência de Proteção ao Meio Ambiente da Noruega tratou de descartar que uma eventual atividade de "caça discriminada" pudesse ter sido uma das causas, e mencionou que a causa mais provável do incidente seria um raio que teria matado todos aqueles animais
"Elas estavam deitados e mortas em uma área bem concentrada. As renas são animais que costumam andar em grupo, e muitas vezes ficam bem próximas umas das outras. Durante uma forte tempestade elas podem ter se agrupado ainda mais devido ao medo que sentiram", disse Knut Nylend, porta-voz do SNO, para a NTB (Agência de Notícias da Noruega).
Uma vez que ninguém sabia realmente o que teria causado a morte dos animais, oficiais do SNO foram até o local, que é de difícil acesso, no último domingo (28), para efetuar a contagem do número de animais mortos e consequentemente coletar amostras para análise laboratorial.
Oficiais do SNO foram até o local, que é de difícil acesso, no último domingo (28), para efetuar a contagem do número de animais mortos e consequentemente coletar amostras para análise laboratorial
"Enviamos uma equipe de oito pessoas para coletar amostras para serem enviadas para o Instituto Veterinário da Noruega para uma futura investigação. Então, saberemos ao certo como os animais morreram", continuou. Vale ressaltar nesse ponto que foram coletadas amostras dos cérebros dos animais para verificar se os mesmos estavam doentes. Essas amostras serviriam para descartar, por exemplo, uma eventual "doença crônica depauperante" (CWD, sigla em inglês).
"Nós temos conhecimento sobre casos de animais sendo atingidos por raios, e que acabaram morrendo, mas não lembro de ter ouvido anteriormente sobre animais sendo mortos por raios nessa proporção. Não sabemos se foi apenas um ou mais raios, isso seria tão somente especulação", completou. Foi acrescentado ainda que ainda não tinha sido determinado o que seria feito com os corpos dos animais, se eles seriam deixados no local onde foram encontrados, uma vez que a "natureza se encarregaria da remoção natural dos mesmos" ou se os corpos seriam transferidos para um outro local, caso realmente fosse constatado alguma doença mais grave ou contagiosa.
Assista também a um vídeo divulgado pela agência de notícias RT, no dia 29 de agosto, no Youtube, mostrando imagens aéreas do local, e até mesmo um raio que teria sido registrado na região, no mesmo dia em que as renas teriam morrido:
O site de notícias "The Local" apontou uma informação até mesmo contraditória em relação ao número de animais existentes na região. O site informou que haveria cerca de 10.000 animais vivendo em uma área de 8.000 km², em Hardangervidda. Apesar de Hardangervidda ser o nome de um platô montanhoso, a maior parte desse platô está compreendido pelo Parque Nacional Hardangervidda que possui apenas 3.422 km². Além disso, segundo a Agência de Proteção ao Meio Ambiente da Noruega, seriam apenas 2.000 animais.
Por fim, Knut Nylend disse que os animais eram "tímidos", e se movimentavam em rebanhos maiores ou menores, dependendo do clima. A temporada de caça teria começado em 20 de agosto, e isso também afetava a migração dos animais pelo parque nacional. Para vocês terem uma noção do prejuízo causado pelo homem, cerca de 8.000 licenças de caça foram expedidas esse ano, porém Knut Nylend acreditava que somente 30% dessas licenças seriam efetivamente utilizadas.
O site de notícias "BNO News" ressaltou algumas declarações de Elin Fosshaug Olsø, porta-voz da Agência de Proteção ao Meio Ambiente da Noruega, e acrescentou que todos os animais mortos foram encontrados em um raio de 50 metros. Assista também ao vídeo publicado pelo BNO News, no Youtube (basicamente umslideshow):
"Acreditamos que todas os renas foram mortas como consequência de um único raio, extremamente forte, devido a maneira pela qual elas estavam posicionadas. Nunca tínhamos visto um número tão grande de renas mortas, ao mesmo tempo, por um único raio. Até onde temos conhecimento, este é incidente isolado", explicou Elin Fosshaug Olsø.
As Teorias Conspiratórias Sobre a Morte das 323 Renas na Noruega
Quanto mais restrito e de difícil acesso for um local, maior será a teoria conspiratória ao redor dele. Como exemplos mais do que clássicos temos a icônica "Área 51", o "HAARP", diversas instalações da Rússia, da China, e até mesmo de países islâmicos. Evidentemente, quanto menos informação as pessoas possuem, mais elas acreditam que algo está sendo escondido delas. É justamente por isso que faço questão de trazer um grande volume de informações para vocês, mesmo sendo uma "mera notícia".
Esse caso, por exemplo, se tornou rapidamente "viral" entre os tabloides britânicos, que propagaram que essa teria sido a maior morte coletiva de animais de todos os tempos, algo jamais registrado anteriormente, entre outras frases de efeito. Para vocês terem uma ideia, uma notícia publicada sobre esse caso foi compartilhada mais de 18.000 vezes a partir do Daily Mail. A repercussão foi tão grande que rapidamente surgiram os teóricos da conspiração para apontar um eventual acobertamento da mídia em torno desse incidente, e que com certeza teria alguma outra coisa por trás dessa quantidade de animais mortos.
Um vídeo publicado com as imagens desses animais, publicado no canal da BNO News, no Youtube, no dia 28 de agosto, possui mais de 345.000 visualizações e se tornou uma espécie de "ponto de encontro" para quem acredita que um mero raio não seria capaz de matar tantos animais. Vamos tentar rapidamente mostrar algumas dessas teorias, e ver se cada uma delas faz realmente sentido lógico. Vale lembrar que isso não é uma questão de crença, mas de fatos.
1. A Teoria do Anthrax
A primeira teoria aponta que a Noruega estaria encobrindo um possível surto de anthrax devido ao descongelamento do permafrost, resultado, é claro, do aquecimento global. Para sustentar essa teoria temos o exemplo do que aconteceu na Península de Yamal, na Rússia, logo no início do mês passado, onde milhares de renas morreram ou tiveram que ser sacrificadas devido a um surto isolado de anthrax. Na época, muitos sites apontaram que a Rússia estaria até mesmo vivendo um "apocalipse zumbi". Lembram dessa história? Se não lembram, acessem a seguinte postagem: Será Verdade que a Rússia Estaria Enfrentando um "Apocalipse Zumbi" Devido a uma Superbactéria na Sibéria?
Entretanto, será que algo assim estaria realmente acontecendo? Bem, a Noruega possui diversas áreas contendo o chamado permafrost, um tipo de solo formado por gelo, rocha, sedimentos, que fica permanentemente congelado ou pelo menos, em teoria, deveria ficar congelado. Porém, o simples fato de um país possuir áreas com permafrost não quer dizer que exista um risco iminente de propagar uma doença mortal. Cabe ressaltar, que o Serviço Geológico da Noruega (NGU) possui um constante monitoramento e estudo do permafrost no país.
O simples fato de um país possuir áreas com permafrost não quer dizer que exista um risco iminente de propagar uma doença mortal. Cabe ressaltar, que o Serviço Geológico da Noruega (NGU) possui um constante monitoramento e estudo do permafrost no país.
Além disso, não podemos dizer que o "anthrax da Rússia se espalhou para a Noruega", por dois motivos fundamentais: primeiro que a situação na Península de Yamal foi aparentemente controlada, e segundo que a distância entre o Parque Nacional Hardangervidda e a cidade de Salekhard, para onde a maioria das pessoas que acabaram sendo infectadas pelo anthrax foram levadas (a cidade não foi o foco do surto) resulta em mais de 6.000 km. Se o "anthrax tivesse se espalhado" deixaria um longo rastro de mortes pelo caminho, e isso sequer foi noticiado por nenhum veículo de imprensa.
A distância entre o Parque Nacional Hardangervidda e a cidade de Salekhard, para onde a maioria das pessoas que acabaram sendo infectadas pelo anthrax foram levadas (a cidade não foi o foco do surto) resulta em mais de 6.000 km
Ah, mas a Noruega nunca teve um caso de anthrax? Sim, diversos. De acordo com um e-book intitulado "Infectious Diseases of Norway: 2016 Edition" ("Doenças Infecciosas da Noruega: Edição 2016", em português), centenas de casos de animais infectados com anthrax foram relatados antes da Primeira Guerra Mundial, sendo que o último foi reportado em 1993. Nenhum caso de animal infectado por anthrax teria sido reportado entre 1994 e 2008.
Gráfico do e-book intitulado "Infectious Diseases of Norway: 2016 Edition"
("Doenças Infecciosas da Noruega: Edição 2016", em português)
É claro que os esporos do anthrax podem resistir muito tempo na natureza, mas não parece ser este o caso, uma vez que haveria um alarme muito maior e uma rápida implementação de uma zona de quarentena. Se a Rússia, um país considerado repleto de mistérios e segredos, assim o fez, bem, por qual motivo a Noruega não faria? Enfim, apesar de não termos os resultados dos exames, a hipótese de anthrax, apesar de possível tão somente como surto isolado, ou seja, sem nenhuma ligação com o evento ocorrido na Rússia, é difícil de sustentar, uma vez que medidas adicionais de contenção já teriam sido tomadas pelas autoridades locais.
2. HAARP
Por alguma razão desconhecida o "HAARP" ("High Frequency Active Auroral Research Program" ou "Programa de Investigação de Aurora Ativa de Alta Frequência", em português) apareceu em entre as principais teorias conspiratórias a respeito das mortes das 323 renas, na Noruega. Para quem nunca ouviu falar sobre ele, o HAARP é praticamente o protagonista de diversas teorias conspiratórias, nas quais são atribuídos diversos motivos de caráter sigiloso, e capacidades ao projeto. Algumas destas capacidades incluem o controle climático e geológico (uma espécie de "arma geofísica"), o mapeamento de imagens subterrâneas e até mesmo controle mental.
O HAARP é praticamente o protagonista de diversas teorias conspiratórias, nas quais são atribuídos diversos motivos de caráter sigiloso, e capacidades ao projeto
O HAARP teria começado a operar em 1993, graças a uma parceria entre a Força Aérea Americana, a Marinha dos Estados Unidos, e também da Universidade do Alasca. Porém, o HAARP, ao menos teoricamente, teria sido criado para compreender melhor o funcionamento das transmissões de ondas de rádio na faixa da ionosfera, parte superior da atmosfera.
Segundo relatos oficiais, o projeto tinha como objetivo principal ampliar o conhecimento obtido até hoje, sobre as propriedades físicas e elétricas da ionosfera terrestre. Com isso, seria possível melhorar o funcionamento de vários sistemas de comunicação e navegação, tanto civis quanto militares.
Apenas para vocês não ficarem muito perdidos, o HAARP é formado basicamente por um imenso complexo de antenas de alta frequência, que enviavam ondas para a ionosfera visando aquecê-la, construído em Gakona, no Alasca, nos Estados Unidos, mas que era utilizado por dezenas de universidades. Dessa forma, seriam estudados os efeitos das mais diversas interações de temperaturas e condições de pressão.
O HAARP é formado basicamente por um imenso complexo de antenas de alta frequência, que enviavam ondas para a ionosfera visando aquecê-la, construído em Gakona, no Alasca, nos Estados Unidos, mas que era utilizado por dezenas de universidades
Ao longo do tempo, o HAARP foi motivo de muita especulação da comunidade internacional, principalmente de estudos por parte da Rússia e da União Europeia, o que acabou gerando ainda mais especulações sobre diversos fenômenos atmosféricos e naturais que tivemos até hoje ao redor do mundo. Assim sendo, o HAARP surgiu como uma das principais teorias conspiratórias sobre esse caso na Noruega.
Entretanto, isso faz sentido? Não muito. Em junho de 2014, o HAARP teria sido desativado Força Aerea dos Estados Unidos devido aos altos custos de manutenção (ao menos ninguém reclamou mais sobre ele desde então). Depois de certa negociação, o local foi repassado para Universidade do Alasca. Assim sendo, o HAARP estaria sendo remodelado, e deve ser reativado somente 2017.
A parte mais interessante da história, é que o HAARP promoveu um evento chamado "Open House" (algo que poderia ser traduzido "Portas Abertas", em português), no sábado passado (27). O evento foi gratuito e destinado para pessoas de todas as idades, de qualquer parte do mundo, que quisessem ir até as instalações do HAARP para conhecê-las. Além disso, teriam sido realizados passeios pelas instalações, teria havido um planetário móvel, demonstrações científicas, palestras, e até mesmo a realização de um churrasco. Tudo para mostrar que a instalação é segura e não oferece risco, tanto para os moradores locais (apesar de ser uma localidade remota), quanto para o restante do mundo.
O HAARP promoveu um evento chamado "Open House" (algo que poderia ser traduzido "Portas Abertas", em português), no sábado passado (27). O evento foi gratuito e destinado para pessoas de todas as idades, de qualquer parte do mundo, que quisessem ir até as instalações do HAARP para conhecê-las
De qualquer forma, o HAARP, ao menos temporariamente, está realmente desativado, então ele não poderia ser o responsável por "uma tempestade que resultasse na morte de renas na Noruega".
Aliás, a própria Noruega possui uma espécie de "aquecedor atmosférico" operado pela EISCAT ("European Incoherent Scatter Scientific Association" ou "Associação Científica Européia de Radares de Dispersão Desconexa", em português), em Ramfjordmoen, próximo de Tromsø, no norte da Noruega, porém com uma capacidade 3 vezes menor do que o HAARP. Contudo, ninguém até o presente momento apareceu com alguma prova que indicasse uma anomalia atmosférica, que pudesse indicar uma eventual manipulação do clima na região do Parque Nacional Hardangervidda.
3. Teste de Armas Militares, Envenenamento do Solo e da Água, Fim dos Tempos, e OVNIs
Resolvi agrupar essas quatro teorias, visto que realmente não há muito o que ser falado sobre cada uma delas. Muitas pessoas estão dizendo que não estão vendo a grama chamuscada, o que poderia indicar efetivamente uma descarga elétrica, e qie também não estariam vendo nenhum outro detalhe adicional nos corpos dos animais, que pudesse indicar que eles tivessem morrido realmente devido a um raio.
Assim sendo, algumas pessoas estão "profetizando" que isso seria um sinal do "fim dos tempos" (lembrando que de tempos em tempos o mundo sempre "acaba" na visão dessas pessoas). Outras dizem que o solo e a água poderiam estar envenenados (o que até poderia soar razoável, a exemplo do que divulgamos no caso da Rússia). Já algumas pessoas dizem que tudo isso não passou de um teste de armas militares secretas, porém não apontam quais armas seriam essas, e nem mesmo provam o que poderia ser. Para completar, como invariavelmente acontece, a possibilidade de que seres extraterrestres tenham matado 323 renas também foi aventada (por mais que eu não possa imaginar o que eles ganhariam com isso).
Enfim, conforme dissemos anteriormente, não há muito o que ser comentado sobre essas "possibilidades", porque assim como as demais não passam de meras especulações. A questão é que essas "eventuais explicações" são muito menos fundamentadas do que as anteriores.
Um Raio Realmente Matou as 323 Renas na Noruega? Esse Foi o Maior Número de Animais Mortos Devido a Queda de um Raio na História?
Para tentar responder a essas perguntas, a jornalista Angela Chan, do site "The Verge" entrevistou John Jensenius, um especialista em descargas elétricas do NOAA ("National Oceanic and Atmospheric Administration" ou "Administração Oceânica e Atmosférica Nacional"), nos Estados Unidos.
Inicialmente, a jornalista perguntou qual seria a probabilidade de que um raio realmente tivesse matado todas aquelas renas de uma só vez, e se teria alguma forma de saber sem que fosse necessário visualizar o raio em si para provar que o mesmo seria o culpado pelas mortes. John Jensenius respondeu que não era incomum ver animais de fazenda ou até mesmo animais selvagens, assim como renas, serem mortos por um raio. Evidentemente, que 323 animais era um número bem expressivo, mas que já tinham sido relatados casos envolvendo até 654 ovelhas, que teriam sido mortas por um raio, de uma única vez.
John Jensenius, um especialista em descargas elétricas do NOAA ("National Oceanic and Atmospheric Administration" ou "Administração Oceânica e Atmosférica Nacional"), nos Estados Unidos
Segundo John, os animais tendem a se agrupar em tempestades, e acabam permanecendo sob as árvores. Se um raio atingir uma árvore ou algum lugar próximo, todo um grupo pode ser morto. Ele não sabia dizer com qual frequência esse tipo de evento acontecia, visto que é complicado de se monitorar, embora geralmente cerca de apenas 10 ou 20 animais costumavam morrer diante de eventos desse tipo.
No caso em que os animais são encontrados amontoados sob uma árvore, muitas vezes as pessoas notam alguns sinais visíveis na árvore, porém as pessoas podem não notar quaisquer sinais visíveis nos próprios animais. Neste caso, seria difícil saber onde um raio atingiu ao se basear apenas nas imagens, mas poderia haver um animal, entre os animais mortos, que tivesse sinais visíveis, tal como a pele levemente carbonizada.
Angela Chan questionou como um raio poderia ter matado todas as renas de uma única vez, e se seria necessário que elas estivessem em contato umas com as outras para receberem a descarga fatal. De acordo com John Jensenius, quando os animais ou as pessoas estão agrupadas, a maioria será morta por uma corrente terrestre. Primeiramente, existe um "impacto direto" - que é o que a maioria das pessoas pensa quando se imagina um raio - que atinge uma árvore ou talvez diretamente o solo nas proximidades. Então, a energia se espalha ao longo da superfície da terra, e se você estiver em qualquer lugar próximo desse raio, você pode absorvê-la e acabar eletrocutado(a).
De acordo com John Jensenius, quando os animais ou as pessoas estão agrupadas,
a maioria será morta por uma corrente terrestre
O raio sobe por uma perna e desce pela outra. Os animais são mais vulneráveis, porque possuem uma maior quantidade de pernas, então as correntes terrestres viajam mais facilmente em seus corpos. Não importa que eles estejam encostados uns aos outros ou quão perto eles estejam, o que importa é que todos estejam na área atingida pelo raio. As correntes terrestres são as principais responsáveis pelas mortes e ferimentos de animais e pessoas na ocorrência de descargas elétricas.
Foi questionado o quão distante essas correntes viajam, e qual seria a distãncia considerada segura. Segundo John Jensenius essa é a pergunta mais frequente, porém era difícil de ser respondida, porque dependia de uma série de fatores, como por exemplo, a intensidade do raio. Nesse caso ocorrido na Noruega, os animais pareciam estar em uma área que era de 50 a 80 metros de diâmetro, e em uma encosta, ou seja, seria possível notar que um raio consegue viajar a uma boa distância e ainda ser mortal. Entretanto, os raios nem sempre viajariam profundamente no solo.
Angela Chan perguntou também sobre a maneira pela qual o raio teria matado as renas na Noruega, e John foi enfático em responder: devido a eletricidade que percorreu seus corpos. Segundo ele, a eletricidade passa através do sistema nervoso e dos nervos, e a parte mortal é que ela para o coração. No caso de seres humanos, muitos podem ser reanimados através de RCP (reanimação cardiopulmonar) imediatamente após a queda do raio, mas em relação as renas, bem, a eletricidade teria parado seus corações sem que ninguém pudesse ajudá-las.
Vale lembrar também o caso que aconteceu em dezembro de 2014, aqui no Brasil, onde quatro banhistas morreram ao serem atingidos por um raio no litoral do Estado de São Paulo, assim como tragédias que ocorrem devido a queda de raios em campos de futebol ao redor do mundo.
Enfim, AssombradOs, apesar de ainda não termos todos os testes laboratoriais para afirmar que a morte das 323 renas na Noruega teria sido apenas em decorrência de um raio, tudo indica que infelizmente uma descarga elétrica matou esse grande número de animais. Os teóricos da conspiração sempre dizem que há planos ou até mesmo que existem planos sendo implementados contra a humanidade. Não posso dizer que eles não existam, uma vez que a natureza do ser humano é extremamente complexa e muitas vezes destrutiva, porém as "possibilidades" não oferecem quaisquer provas, apenas especulações. Como diria Carl Sagan, e não estou dizendo que concordo ou apoio tudo o que ele fez ou disse em sua carreira: "Afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias".
Até a próxima, AssombradOs!
Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino
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