08/09/2016
O uso da desinformação como arma para manipular a população e distorcer a verdade, é, há muito tempo, uma estratégia empregada pelo movimento revolucionário. Com a popularização da Internet, a busca da esquerda pela ocupação de todos os espaços, como preconizava Antonio Gramsci, se estendeu ao mundo virtual. O esforço para levar a propaganda a todos os níveis da sociedade fez os governos da Rússia, da China e de seus aliados pelo mundo recrutarem um exército de internautas que, com perfis falsos, infestam a web com mensagens a favor de seus governos, ameaças a opositores e nações inimigas, e manipulação de notícias. As trollagens (postagens com argumentos sem sentido, apenas para causar confusão e atrapalhar a discussão) em fóruns de jornais independentes também são constantes. Por sua vez, os líderes ocidentais pouco têm feito para combater essa guerra virtual e parecem não se importar com a questão.
No caso da Rússia, a tática faz parte de uma ofensiva realizada em 3 frentes: o mercado de mídia global, a imprensa russa e a Internet.
Desde o início dos anos 2000, o Kremlin tem arregimentando milhares de internautas pró-Putin que invadem a rede com mensagens apoiando o líder russo e seus aliados, provocações e ameaças a opositores e às nações do Ocidente, além da prática de "homofobia" e incitação ao ódio contra os ucranianos. A tática foi intensificada a partir da anexação da Criméia, em 2014.Rentemente, a jornalista finlandesa Jessikka Aro foi vítima de perseguições por fazer uma reportagem sobre as "fazendas de trolls",
que seriam escritórios situados na Rússia onde funcionários passam 24 horas por dia postando mensagens e comentários a favor do governo de Vladimir Putin. Os empregados usam perfis falsos para garantir o anonimato e ganham cerca de 500 euros por mês. Além de distorcer os fatos, criar uma falsa sensação de amplo apoio ao regime de Putin e fazer propaganda explícita dele, as trollagens provocam um clima de intimidação nos sites de jornais independentes da Rússia. Ao encher os comentários com ameaças e xingamentos, os trolls fazem com que os outros internautas desistam de postar seus comentários. "As pessoas deixam de comentar os artigos que publicamos por causa da atmosfera hostil criada pela enchurrada de xingamentos e ameaças feitas por esses trolls a qualquer um que discorde da política do governo", diz o repórter e ativista político Vladimir Volokhonsky à reportagem do jornal St. Petesburg Times. O artigo conta ainda a história de uma escritório dentro de uma luxuosa casa de campo perto da cidade de São Petersburgo, onde são feitas entrevistas de emprego para contratar indivíduos que farão as trollagens. Cada funcionário deve publicar no mínimo 100 comentários por dia e recebe cerca de 36 dólares e um lanche gratuito por uma jornada diária de oito horas.
A Wikipedia também já foi alvo da ofensiva virtual russa. Após a queda do voo MH17, da Malaysia Airlines, derrubado por um míssil enquanto sobrevoava o leste da Ucrânia, em julho de 2014, foram detectadas edições feitas no site em russo da Wikipedia por computadores de órgãos estatais daquele país. A versão original afirmava que o avião fora derrubado por “terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis recebidos da Rússia. A versão editada por um computador com IP da TV estatal russa dizia que a aeronave fora derrubada pelos “soldados ucranianos”. A prática não é recente: segundo o ativista politico norueguês Jari Bakken, entre 2005 e 2014, o governo russo fez 6907 edições em artigos sobre seu país na Wikipedia.
Até altos funcionários do Kremlin já fizeram trollagens na Internet. Em 2014, durante a crise da Ucrânia, um assessor do governo postou duas fotos em seu Twitter pessoal, uma com Putin amansando um leopardo, e outra mostrando o presidente norte-americano Barack Obama segurando um poodle, com o comentário "nós temos valores e aliados diferentes". Frases incitando ao ódio contra os EUA são frequentes: "por trás do sorriso e do aperto de mãos dos americanos, existe apenas seu objetivo de genocídio e da completa destruição de nosso país", diz uma postagem.
Na China, o "50 cent Army" ("Exército dos 50 Centavos"), como é conhecido, é uma organização (http://news.bbc.co.uk/2/hi/asia-pacific/7783640.stm) patrocinada pelo Estado que recruta internautas anônimos para postar comentários favoráveis ao Partido Comunista Chinês em blogs e fóruns, além de tentar manipular a opinião pública na Internet. Cada comentador anônimo recebe 50 centavos de Yuan por postagem - por isso o nome da organização. Notícias negativas sobre o regime chinês também são modificadas e transformadas em falsas reportagens falando bem da ditadura comunista (https://freedomhouse.org/blog/china%E2%80%99s-growing-army-paid-internet-commentators). Mais de 560 mil pessoas são pagas para elogiar o governo e manipular as discussões na Internet. Até mesmo falsas testemunhas aparecem para contradizer relatos de vítimas de abusos das autoridades, postando mensagens distorcendo os fatos.
Se na Rússia e na China, indivíduos são recrutados e pagos para realizar as trollagens, na Coréia do Norte o próprio Estado dispensa a necessidade de perfis falsos e as faz. Na conta de Twitter do governo (@DPRK_News), postagens ridicularizando os países ocidentais e hostilizando a Coréia do Sul são corriqueiras, enquanto o regime ditatorial de Kim Jong-Un é exaltado. Já na vizinha Venezuela, o governo de Nicolás Maduro também tem se esforçado para obter a supremacia na web, bancando sites ligados a seu regime totalitário. Nos últimos anos, várias empresas de mídia digital foram criadas para publicar notícias claramente a favor do ditador, segundo relatório da Freedom House, ONG que avalia os níveis de liberdade e democracia no mundo. Além disso, jornalistas e ativistas contrários ao governo têm sido perseguidos por usuários pró-Maduro na rede.
No Brasil, a Militância em Ambiente Virtual (MAVs) é notória por infestar caixas de comentários em portais, blogs, Facebook e Twitter, além de enviarem spams e SMS não solicitados. Militantes pagos pela esquerda passam o dia postando mensagens a favor da agenda do Foro de São Paulo, demonizando adversários do PT e louvando regimes comunistas sanguinários. Além disso, a existência de blogs financiados pelo governo do PT já é conhecida há tempos. Logo após assumir, Michel Temer teve o bom-senso de acabar com a mamata, ao anunciar um corte de pelo menos 8 milhões de reais que eram destinados a sites favoráveis ao governo do PT.
Por mais inofensiva e até ridícula que pareça a ideia dos governos de esquerda gastarem tempo e dinheiro com trollagens na Internet, tal prática deveria chamar mais a atenção das autoridades dos países do Ocidente, pois demonstra o quanto o movimento comunista se empenha em ocupar todos os espaços, disseminando inverdades e fazendo propaganda de seus regimes ditatoriais em todas as mídias. É claro que isso não significa que deva haver qualquer tipo de censura na web (que por sinal é o que essas ditaduras mais fazem), mas na guerra de informação, a existência de cada vez mais blogs e sites de notícias conservadores são um importante contraponto à tentativa por parte da esquerda de obter o monopólio da informação, seja por meio da grande mídia - quase toda ela dominada pela elite globalista -, seja pelos MAVs e coisas do tipo.
FONTE;http://www.midiasemmascara.org/artigos/globalismo/16703-2016-09-08-00-45-42.html
| 07 SETEMBRO 2016
ARTIGOS - GLOBALISMO
Alexandre Cegalla é jornalista.
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