Tendo mostrado em consideráveis pormenores os preliminares que antecederiam ao “fim”, Jesus especificou então a coisa especial que indicaria a proximidade do fim iminente de Jerusalém e do sistema de coisas que se centralizava nela e no seu templo.
Ele disse:
“Portanto, quando avistardes a coisa repugnante que causa desolação, conforme falado por intermédio de Daniel, o profeta, estar em pé num lugar santo, (que o leitor use de discernimento,) então, os que estiverem na Judéia comecem a fugir para os montes.O homem que estiver no alto da casa não desça para tirar de sua casa os bens; e o homem que estiver no campo não volte para casa para apanhar a sua roupa exterior. Ai das mulheres grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Persisti em orar que a vossa fuga não ocorra no tempo do inverno, nem no dia de sábado.”16 Por que a grande necessidade de os judeus e prosélitos cristãos, na província romana da Judéia, saírem dela a toda velocidade, sem fardos desnecessários, em linha reta, na ocasião oportuna, refugiando-se nas montanhas fora da província mencionada? “Pois então”, prosseguiu Jesus, “haverá grande tribulação, tal como nunca ocorreu desde o princípio do mundo até agora, não, nem tampouco ocorrerá de novo. De fato, se não se abreviassem aqueles dias, nenhuma carne seria salva; mas, por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados.” — Mateus 24:15-22.
17 Os apóstolos e outros discípulos não deviam esquecer nem desconsiderar este conselho de Jesus. Se alguns deles demorassem na sua fuga da Judéia, depois de verem a coisa repugnante em pé no lugar santo, poderia custar-lhes a vida; talvez não estivessem entre os comparativamente poucos, mencionados como “carne” que é salva só porque os dias da tribulação são abreviados. Mas qual é a “coisa repugnante”, cuja vista em pé no lagar santo atestaria que não sobrava mais muito tempo antes de estar iminente a devastadora “grande tribulação”?
18 Jesus não deixou dúvida sobre de que se tratava. Ele disse que era a coisa repugnante “conforme falado por intermédio de Daniel, o profeta”. (Mateus 24:15) A “coisa repugnante” predita pelo profeta Daniel, relacionada com a segunda destruição de Jerusalém, é a descrita em Daniel 9:26, 27 (especialmente segundo a Versão dos Setenta grega do texto hebraico da Bíblia). A história secular revela que a “coisa repugnante” foram os exércitos romanos, pagãos, sob o seu “líder”. Que esta é a explicação correta da profecia é corroborado pela comparação da narrativa de Mateus, da profecia de Jesus neste ponto, com a narrativa de Lucas, no ponto correspondente da profecia de Jesus. Lucas 21:20-24 diz:
19 “Outrossim, quando virdes Jerusalém cercada por exércitos acampados, então sabei que se tem aproximado a desolação dela. Então, comecem a fugir para os montes os que estiverem na Judéia, e retirem-se os que estiverem no meio dela, e não entrem nela os que estiverem nos campos; porque estes são dias para se executar a justiça [ou: dias de vingança], para que se cumpram todas as coisas escritas [inclusive Daniel 9:26, 27]. Ai das mulheres grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Porque haverá grande necessidade na terra e furor sobre este povo; e cairão pelo fio da espada e serão levados cativos para todas as nações; e Jerusalém será pisada pelas nações, até se cumprirem os tempos designados das nações.” — Compare isso também com Marcos 13:14-20.
20 Foi no ano 66 E.C. que os judeus cristãos em Jerusalém e na Judéia começaram a ver a “coisa repugnante que causa desolação, conforme falado por intermédio de Daniel, o profeta”, em pé no “lugar santo”, a saber, em Jerusalém e nas cercanias dela. Foi naquele ano que os judeus não cristianizados se revoltaram com aspirações messiânicas contra a continuação do domínio por parte do Império Romano. Em reação a isso, o general romano Céstio Galo desceu da Síria e cercou Jerusalém com “exércitos acampados”. Foi na época em que os judeus celebravam a Festividade das Barracas (ou: dos Tabernáculos), de 15 a 21 de tisri, que naquele ano deve ter durado sete dias, de 22 a 28 de outubro (calendário gregoriano). O General Céstio Galo levou seus exércitos até uns dez quilômetros da cidade em celebração. Os judeus, bem armados, fizeram uma surtida e infligiram alguns danos aos romanos.
21 Seguiu-se então uma “espera de três dias”. Daí, o General Galo, obrigando os judeus a voltar a Jerusalém, levou suas tropas para perto da cidade. Mas foi só no último dia do mês de tisri (por volta de 5 de novembro) que conseguiu fazer suas tropas penetrar na cidade de Jerusalém. Ele estava então deveras num lugar considerado “santo” pelos judeus. Durante cinco dias, os romanos atacaram a muralha do templo, e no sexto dia minaram a muralha. Este certamente foi um ataque contra o que os judeus consideravam mais sagrado. Os romanos poderiam ter facilmente capturado então a cidade inteira, mas, de repente, sem qualquer motivo válido para isso, o General Galo retirou-se da cidade e recuou. Os judeus eufóricos foram em perseguição dele e hostilizaram os romanos retrocedentes, inflingindo-lhes consideráveis danos, de modo que o recuo se transformou numa debandada. Este foi um golpe doloroso no orgulho dos romanos conquistadores do mundo. Jerusalém fora liberta! E os judeus, em comemoração, cunharam alguns siclos novos de prata que levavam num lado a inscrição “Jerusalém, a Santa”.
22 Foram os judeus cristianizados, em Jerusalém e na província da Judéia, enganados por este restabelecimento da independência desta terra dos judeus? Não os que tomaram a peito a profecia e o conselho de Jesus Haviam visto realmente a cidade santa de Jerusalém cercada por exércitos acampados, haviam visto a “coisa repugnante que causa desolação”, com seus estandartes militares, idolatrados como deuses pelos soldados, em pé “num lugar santo” “onde não devia”. (Marcos 13:14) Isto os devia fazer saber “que se tem aproximado a desolação dela”, de Jerusalém. (Lucas 21:20) Era então urgente sair de Jerusalém ou não entrar nela, mas fugir de toda a província da Judéia para os montes fora dela, por exemplo, para o leste, do outro lado do rio Jordão, para a província da Peréia. Ali, fora do território condenado, estes judeus cristianizados podiam continuar sua pregação das boas novas do verdadeiro reino messiânico de Deus, em vez de perecer junto com os judeus descrentes, condenados.
23 A independência dos judeus na Judéia mostrou ser de curta duração. O general romano Vespasiano sucedeu ao General Galo e chegou à Palestina logo cedo no ano seguinte, 67 E.C. Seu empenho, de dominar o restante do país, deu aos judeus a oportunidade de fortalecerem suas defesas. Após a morte do Imperador Nero, em 68 E.C., Vespasiano foi elevado ao poder imperial. Partindo da Palestina, chegou a Roma por volta dos meados de 70 E.C. Deixou seu filho, o General Tito, encarregado das forças militares romanas na Síria. Aproximava-se a Páscoa judaica do ano 70, e os judeus não-cristãos afluíram à cidade de Jerusalém, para a celebração. Foi então que o General Tito chegou com quatro legiões e encurralou os judeus celebrantes dentro da cidade. Para subjugar os judeus rebeldes pela fome, ele fez o que Jesus predisse, construindo uma paliçada, “uma fortificação de estacas pontiagudas”, de cerca de oito quilômetros de extensão em volta da cidade, a fim de impedir que quaisquer judeus escapassem.
24 Os apuros dos judeus encurralados dentro de Jerusalém tornaram-se desesperadores. O historiador judaico do primeiro século, Flávio Josefo, nos seus escritos, descreve vividamente os horrores resultantes do sítio romano. A perda de vidas judaicas aumentava cada vez mais. Parecia que, se o sítio durasse tempo demais, “nenhuma carne” dentro da cidade sitiada sobreviveria. Foi como Jesus havia predito a respeito desta “grande tribulação” sobre Jerusalém e a Judéia: “De fato, se Jeová não tivesse abreviado os dias, nenhuma carne se salvaria. Mas, por causa dos escolhidos, que ele escolheu, abreviou os dias.” — Marcos 13:19, 20.
25 Providencialmente, os dias do sítio foram relativamente curtos, apenas 142 dias, contando de 14 de nisã a 7 de elul, ou partes de seis meses lunares. Isto quer dizer que, segundo o calendário gregoriano, tudo já acabara em 30 de agosto de 70 E.C. Permitiu-se que alguma carne judaica sobrevivesse, 97.000 judeus, segundo cálculo de Josefo, ao passo que ele relata que 1.100.000 pereceram no sítio. Foram aqueles 97.000 sobreviventes os “escolhidos”, por causa dos quais Jeová havia abreviado os dias? Só se fossem chamados escolhidos para o cativeiro e a escravidão. Pois foi assim como Jesus dissera: “Haverá grande necessidade na terra e furor sobre este povo; e cairão pelo fio da espada e serão levados cativos para todas as nações; e Jerusalém será pisada pelas nações, até se cumprirem os tempos designados das nações.” — Lucas 21:23, 24.
26 Não! Os “escolhidos”, por causa dos quais o número dos dias da “grande tribulação” de Jerusalém foi abreviado não foram aqueles 97.000 lastimáveis cativos judaicos, sobre os quais descansava o grande “furor” de Jeová, naqueles “dias para se executar a justiça”. Os “escolhidos” de Jeová eram os judeus cristianizados, aos quais dera o sinal de fugir, sem demora, de toda a Judéia, inclusive de sua capital Jerusalém. Desejava que todos saíssem a salvo da zona de perigo por agirem com fé segundo o conselho de Jesus, de fugir prontamente após ver “a coisa repugnante que causa desolação, conforme falado por intermédio de Daniel, o profeta, estar em pé num lugar santo”. Depois de Jeová fazer com que todos estes discípulos “escolhidos” de seu Filho Jesus Cristo saíssem do lugar sobre o qual se havia de executar a justiça, ele pôde deixar a execução de sua vingança nos judeus rebeldes ser de pouca duração. Conforme está escrito: “Jeová fará uma prestação de contas na terra, concluindo-a e abreviando-a.” (Romanos 9:28; Isaías 10:23) Corretamente, pois, aqueles dias de grande tribulação para Jerusalém foram abreviados “por causa dos escolhidos”.
27 A história secular registra a exatidão da profecia de Jesus. Mas a profecia de Jesus não termina com esta narrativa da destruição da Jerusalém terrestre, pois há mais envolvido no “sinal” de sua presença e da “terminação do sistema de coisas”. Ele olhava para além da destruição de Jerusalém em 70 E.C., porque disse, em Lucas 21:24: “E Jerusalém será pisada pelas nações, até se cumprirem os tempos designados das nações.” Jesus olhava para o “fim” cumprido daqueles tempos designados das nações, usualmente chamados Tempos dos Gentios. Isto significa que ele olhava para o ano 1914 E.C., porque foi naquele ano que o direito de Jerusalém, de ter um reino messiânico nas mãos do Herdeiro Permanente do Rei Davi, deixou de ser pisado pelas nações. Por que dizemos isso, visto que no ano 1914 a cidade reconstruída de Jerusalém, no Oriente Médio, ainda estava sob o domínio dos turcos muçulmanos? É porque naquele ano, no fim dos Tempos dos Gentios, Jeová Deus entronizou o Herdeiro Permanente do Rei Davi, não na Jerusalém terrestre, dominada pelos turcos, mas na Jerusalém celestial. — Hebreus 12:22.
Fonte:http://saibatananet.blogspot.com.br/2012/11/a-segunda-destruicao-de-jerusalem.html#.Vo5eBZAl_IU
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