ESCRITORA BRITÂNICA REVELA QUE O EX PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ENTREGAVA INFORMAÇÕES SIGILOSAS PARA A CIA "LIVRO BOMBA ACUSA FHC TER SERVIDO A CIA
EM 2015
(Quem pagou a conta?)"
ASSISTA ABAIXO;
03/12/2015 ATUALIZADO 28/02/2023
DEPOIMENTO REAL DE UM INVESTIDOR BOLSA DE VALORES DO BRASIL EM 28/02/2023
Mal chegou às livrarias e Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura já se transformou na gazua que os adversários dos tucanos e neoliberais de todos os matizes mais desejavam. Em mensagens distribuída, neste domingo, pela internet, já é possível perceber o ambiente de enfrentamento que precede as eleições deste ano.
A obra da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editada no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro), ao mesmo tempo em que pergunta, responde: quem “pagava a conta” era a CIA, a mesma fonte que financiou os US$ 145 mil iniciais para a tentativa de dominação cultural e ideológica do Brasil, assim como os milhões de dólares que os procederam, todos entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do país no período de 1994 a 2002.
O comentário sobre o livro consta na coluna do jornalista Sebastião Nery, na edição deste sábado do diário carioca Tribuna da Imprensa. “Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas: “Consistente e fascinante” (The Washington Post). “Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA” (Spectator). “Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente” (The Times).
Dinheiro da CIA para FHC
“Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap”. Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro “Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível”, da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O “inverno do ano de 1969″ era fevereiro de 69.
Fundação Ford
Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos. E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.
Agente da CIA
Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro “Dependência e desenvolvimento na América Latina”, em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos.
Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma “personalidade internacional” e passou a dar “aulas” e fazer “conferências” em universidades norte-americanas e européias. Era “um homem da Fundação Ford”. E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.
Milhões de dólares
1 - “A Fundação Farfield era uma fundação da CIA… As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos… permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas” (pág. 153).
2 - “O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça…” (pág. 152). “A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria” (pág. 443).
3 - “A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares… Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos… com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos” (pág. 147).
FHC facinho
4 - “Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante” (pág. 123).
5 - “Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil” (pág. 119).
6 - “A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana” (pág. 45).
SIM FHC ERA AGENTE DA CIA
quando eu estava na faculdade assisti uma palestra do grande professor, infelizmente falecido, Milton Santos. nessa palestra, entre muitas outras coisas ele, disse assim, meio com ironia, quase como se estivesse brincando, que naquela época na America Latina e demais países emergentes do mundo (asia, africa e leste Europeu) os presidentes eram TODOS marionetes do império. e como biografia comum tinham em seu passado, em algum ponto de sua vida acadêmica uma bolsa da fundação Ford.
Pesa ainda na biografia desse cidadão que ele seja filho de oficial de alta patente do exercito e, por isso ele foi gentilmente convidado a sair uns tempos do brasil durante a ditadura. como reparação recebeu uma aposentadoria integral que o bancou em seu sócio criativo na estadia no exterior
Ao retornar ao país pediu que esquecessem sua obra e no poder, entregou de bandeja o subsolo nacional...
Creio que ele seja sim um baba ovos entreguista do império.
Dizem que FHC pertencia a uma Sociedade Secreta chamada Burschenschaft. Na USP tb existia essa Sociedade Secreta chamada E.S.P.A.R.T.A.
Dizem tb que o único brasileiro a participar do Grupo Bildenberg é FHC.
Uma das entidades que financiam o Instituto Fernando Henrique Cardoso é a Fundação Ford, que mantenedora do CFR.
Parece que FHC também foi membro de uma sociedade secreta na USP, a E.S.P.A.R.T.A. uma sociedade parecida com a Skull and Bones, fundada em 1956...
Sobre a E.S.P.A.R.T.A., dizem que a mesma É herdeira da "Bucha" (Burschenschaft), sociedade secreta da Faculdade de Direito da USP. A ESPARTA funcionava (ou ainda funciona) na faculdade de Ciências Sociais e teve entre seus membros políticos fundadores do PT e do PSDB
Pessoas que reconhecidamente fizeram parte da E.S.P.A.R.T.A.:
Perseu Abramo (fundador do PT)
Florestan Fernandes (fundador do PT)
Fernando Henrique Cardoso (Fundador do PSDB)
O projeto de poder deles se chamava Janus. Janus era o Deus de duas faces dos Romanos. No contexto da guerra fria, a ESPARTA se preparava para dois cenários: um socialista e outro capitalista. Resolveu então criar duas elites, garantindo que seus interesses sobreviveriam em qualquer regime.
O DEUS ROMANO JANUS |
O FHC era socialista e discípulo de Florestan Fernandes. Lula chegou a fazer campanha para ele pelo PMDB. Como ele tinha o melhor perfil e era de família de militares, foi destacado para tocar o lado direitista do Janus.
Um calhamaço de papéis e depoimentos sigilosos reunidos por ISTOÉ provam que a CIA continua ativa no Brasil. Os agentes americanos atuam com desembaraço, tomam conhecimento de investigações confidenciais e têm acesso a informações de segurança nacional. A espionagem ianque recebeu as bênçãos governamentais e, comprovadamente, operou no Brasil alojada em um estratégico birô da Polícia Federal brasileira: o Centro de Dados Operacionais (CDO), hoje rebatizado de Serviço de Operações de Inteligência Policial (Soip), que tem bases em Brasília e em outras sete capitais.
A construção da sede do CDO no Distrito Federal foi bancada pelo governo americano, que também paga o aluguel dos demais escritórios. A inusitada boa vontade americana tinha como contrapartida a tolerância às xeretices da CIA no Brasil. Na mais ousada delas, o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso foi grampeado. “O equipamento usado para grampear FHC era da CIA”, revela o delegado José Roberto Benedito Pereira, peça-chave na denúncia obtida por ISTOÉ sobre a atuação da agência no Brasil.
Em 1995, o CDO era chefiado pelo delegado Mário José de Oliveira Santos. Lá foi feito o grampo – denunciado por ISTOÉ – que captou conversas entre o presidente FHC e seu assessor direto, o embaixador Júlio César Gomes dos Santos, além de diálogos sobre a licitação internacional do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). O bilionário negócio (U$ 1,4 bi) acabou no colo da indústria americana Raytheon. Para grampear Júlio César, o CDO recorreu a um expediente corriqueiro: sua suposta ligação com o narcotráfico.
O embaixador foi flagrado conversando sobre o Sivam. Nada a respeito de drogas. No meio do grampo, algumas inconfidências de FHC. Era com o produto dessas gravações que o delegado Vicente Chelotti contava para se eternizar na direção da PF. Em conversas com amigos, costumava dizer que tinha “o homem na mão”. Chelotti caiu porque, segundo os policiais que trabalharam no caso, os trechos pessoais supostamente envolvendo FHC teriam sido apagados. Coube ao general Alberto Cardoso, chefe da
Agência Brasileira de Informação (Abin), desmascarar o blefe com a ajuda da própria PF. A escaramuça palaciana, entretanto, ocultava interesses bem maiores.
Depois do fim da guerra fria, os órgãos de espionagem dos EUA, para manter o status e justificar os altos orçamentos, começaram a trabalhar também com espionagem comercial, acompanhando acordos internacionais de interesse de empresas americanas. Oswald Le Winter, ex-membro da agência, narra no livro Democracia e secretismo”, publicado este ano em Portugal: “A CIA e a NSA
(Agência Nacional de Segurança) interceptaram chamadas telefônicas entre representantes brasileiros e a empresa francesa Thomson sobre um sistema de radar que os brasileiros queriam adquirir. Uma firma americana, Raytheon, também estava na corrida, e relatórios preparados a partir de interceptações foram canalizados para a Raytheon.” A bisbilhotice da CIA continuou, e sempre “incrustada dentro da
Polícia Federal”, como definiu o delegado Wilson Ribeiro, da Divisão Disciplinar da PF, no relatório de um caso recente.
O diplomata americano Lacy A. Wright Jr envia carta, no dia 6 de maio de 1997, ao chefe da Interpol no Brasil, Washington Melo (à esq.). Wright quer a indicação de um federal para participar de seminário na cidade de Washington. Os americanos se oferecem para pagar as despesas. No último parágrafo, ele revela quem é o contato da CIA no Brasil: “Robert Evans, primeiro-secretário, escritório para assuntos regionais, no fone 3217272, ramal 2026”. Melo indica um dia depois o delegado José Roberto para a viagem aos EUA
No dia 6 de maio de 1997, Lacy A. Wright Jr enviou uma carta ao chefe da Interpol no Brasil, delegado Washington Melo. Wright queria a indicação de um policial federal para participar de seminário sobre entorpecentes entre os dias 12 e 14 de maio nos EUA. O convite mostra que os americanos pagam a conta e, por isso, tratam os delegados brasileiros como subordinados: “A tarifa da viagem aérea (classe econômica) será paga pelo governo dos Estados Unidos, e o atendente receberá a diária padrão do governo americano para cobrir as despesas com alimentação e hospedagem durante o seminário (a diária atual para área de Washington é de U$ 124 por noite para hospedagens e U$ 42 para refeições e despesas diversas).”
A face da CIA em terras brasileiras com nome, sobrenome e telefone é revelada no final da carta: “Para obtenção de detalhes adicionais, ou no caso de Vossa Senhoria ter algumas perguntas, favor contate o sr. Robert Evans, primeiro-secretário, Escritório para Assuntos Regionais.” Melo indica um dia depois o delegado José Roberto Benedito Pereira, tira do alto escalão, que foi chefe de gabinete de Chelotti.
A carta de Mr. Wright era uma simulação. Não tinha seminário algum. O próprio José Roberto, em um relatório confidencial obtido por ISTOÉ, conta que a farsa serviu para submeter federais brasileiros ao teste do polígrafo – o detector de mentiras, cuja aplicação no Brasil é ilegal, assim como as diárias pagas pelos EUA. José Roberto escreve: “Consoante determinação recebida no sentido de me submeter ao polígrafo, apresentei-me para a sessão às 12 horas do dia 12.05 p.p. (mesmo dia do suposto seminário) no Hotel Hyatt Dulles, próximo ao Aeroporto Internacional de Washington em companhia do Sr. Robert Evans, agente da CIA, vinculado à Embaixada Americana no Brasil”. José Roberto revela qual a verdadeira função de Robert Evans: espião da CIA, cujo cargo de primeiro-secretário não passava de uma camuflagem para encobrir os inconfessáveis interesses da CIA no Brasil. Durante o teste na máquina de mentiras, o delegado, um especialista em interrogatórios, respondeu a perguntas do tipo se “aceitaria subornos em sua atividade”.
O relatório dele deixa claro que a CIA usava o vestibular do polígrafo para selecionar os colaboradores em suas empreitadas tropicais. “Como reagiria a opinião pública se tomasse conhecimento de tamanha ingerência em assuntos de segurança interna?”, questiona José Roberto. As indagações estão até hoje sem resposta. Procurado por ISTOÉ e confrontado com os papéis e suas assinaturas, o policial confirmou que redigiu e entregou o documento ao chefe da Interpol. Outros delegados da elite da PF, além de reprovarem o uso do polígrafo, acusam a CIA de tentar cooptar policiais brasileiros. “A convivência com os americanos era comum pelos corredores da Interpol. Eles tomavam conhecimento de tudo o que acontecia por aqui”, conta Luiz Zubcov, outro delegado que se rebelou contra a ingerência da CIA.
As acusações de José Roberto e Zubcov viraram sindicância interna de número 1414/97 na Corregedoria Geral da PF, chefiada pelo delegado Arthur Lobo Filho. Zubcov diz que “desconhecia base legal para o acordo” e confirma que a CIA se portava como dona do Soip. O despacho
foi encaminhado ao diretor geral da PF, Vicente Chelotti (ao lado), que, por
escrito, manda tomar providências
O detector de mentiras, cuja aplicação no Brasil é ilegal, como também as diárias pagas pelo governo dos EUAJosé Roberto, em um relatório confidencial obtido por ISTOÉ, conta que a ida aos EUA era uma farsa para submeter federais brasileiros ao teste do polígrafo –
Crise amarga – Em 18 de novembro de 1997, Zubcov, a pedido de seu chefe na Interpol, Washington Melo, reuniu 40 federais envolvidos no programa custeado pela CIA, entre eles José Roberto. Zubcov comunicou que o diretor-geral, Vicente Chelotti, estava tirando o programa com a CIA da Interpol. O que seria uma reunião para anunciar mudanças burocráticas foi o estopim da crise mais amarga experimentada pela PF. No encontro, José Roberto e Zubcov explicitaram suas críticas ao programa da CIA. No dia seguinte, uma denúncia, assinada por 13 dos policiais presentes à reunião, caiu como uma bomba na mesa de Chelotti. Em um relato da reunião, os policiais atribuíram a Zubcov a insinuação de que a “CIA se valia do programa de cooperação com a PF para manter sua base de coleta de informações no Brasil”. O delegado Zubcov também teria criticado a subserviência dos agentes do programa ao dizer que “não se venderia por cents”.
As acusações viraram a sindicância 1414/97 na Corregedoria da PF, chefiada à época pelo delegado Arthur Lobo Filho. Chamados a esclarecer, os dois delegados fizeram denúncias ainda mais sérias. Todas por escrito. Zubcov afirmou que “desconhecia base legal para o acordo” e confirmou que a CIA se portava como dona do pedaço: “Esse acordo, apoiado no binômio capital x trabalho, por serem os EUA o suporte financeiro, não lhe dava o direito de interferir na seleção de pessoal e gerência das atividades.” O mesmo Zubcov ironizou: “Que estranho fascínio o programa exerce sobre seus selecionados, a ponto de comungarem dos mesmos sentimentos como verdadeiros devotos?”. José Roberto atacou a vocação imperialista dos americanos: “Só quem conviveu com a ingerência, insolência e atrevimento dos agentes da CIA entende o estado de espírito de um funcionário probo.”
Propinas verdes – Depois de afirmar que “vivenciou a tentativa de cooptação”, José Roberto faz uma grave revelação. Nem todos os “devotos” resistiram ao assédio verde: “O agente federal Maurício de Souza Pinheiro teve o descaramento de, em seu pronunciamento, dizer que recebia de salário US$ 600: ‘Foram os americanos que me pagaram gratificações que me permitiram viver com dignidade, e me deram cursos quando o DPF nunca me deu nada’”, relata José Roberto textualmente.
Tudo isso se tornou oficial. O chefe da divisão disciplinar da PF, delegado Wilson Ribeiro, alertou em dois ofícios que a sindicância sobre as relações espúrias CIA-PF “toleradas pela Administração” poderiam criar “embaraços”: “Como o Ilmo. Sr. diretor-geral do DPF deve ter pleno conhecimento do que se passa no órgão que dirige, certamente conhecia essa circunstância noticiada pelo Dr. Zubcov e, se não adotou as medidas esperadas, é porque, certamente, não convinha à Administração”, conclui Wilson Ribeiro se referindo a Vicente Chelotti. Quando, em 20 de maio de 1999, depôs na CPI do Narcotráfico, Chelotti qualificou a presença da CIA em território brasileiro como “loucura” e “absurdo”. Não é bem assim. ISTOÉ teve acesso a vários despachos assinados por Chelotti ao longo de 1998 na sindicância que investigava
a presença da CIA no Brasil. Mesmo com tanta nitroglicerina, a sindicância não teve nenhum resultado.
ARMAÇÃO: Júlio César dos Santos (à esq.), assessor de FHC, teve seu telefone grampeado a pedido do delegado Mário Santos, que solicitou autorização judicial para investigar o narcotráfico
A história começou em agosto de 1989. Um documento do CDO explica os pormenores do “programa de combate ao narcotráfico” entre Brasil e EUA, sem referências à CIA. No documento, é revelado o nome dos policiais, a especialidade e mostra quem paga a conta. “Todos os móveis, equipamentos e veículos que são utilizados pelo programa foram doados pelo governo dos EUA. Existem equipamentos que foram importados pela embaixada daquele país, principalmente da área de aerofotogrametria e comunicações.” Mais adiante, o mesmo documento revela a abrangência do mecenato: “Todos os gastos são financiados pelo Departamento de Estado do Governo dos EUA. Desde a construção do imóvel em Brasília, compra de móveis, equipamentos, viaturas, aluguéis para os escritórios regionais, gastos com operação etc., são repassados, mensalmente, recursos para tal finalidade.” O documento historia também a paternidade do programa. “Os contatos foram feitos, na época, pelo então diretor da DPF, dr. Romeu Tuma, com o ministro da Justiça, dr. Saulo Ramos, o chefe do SNI, Ivan de Souza Mendes e os representantes da embaixada americana”.
A mesada da CIA, entre outras coisas, bancou a compra de 35 carros. Acredite: três foram roubados. Um Gol, um Escort e uma Kombi equipadíssima. Agência da guerra suja CIA, braço do poderio americano desde a guerra fria, patrocinou golpes e intervenções nos quatro cantos do planeta. Brasil e Chile foram cenários de duas grandes operações: a derrubada dos presidentes João Goulart e Salvador Allende para a instalação das ditaduras militares dos generais Castelo Branco e Augusto Pinochet. A CIA financiou políticos simpatizantes do golpe e de manifestações urbanas que usaram contra Jango o velho tema Deus, pátria, família e liberdade versus comunismo. O general e adido cultural no Brasil Vernon Walters era a ligação dos EUA com os militares golpistas. Em 1972, Walters se tornou o segundo homem da CIA. Nessa época, ações clandestinas foram registradas em toda a América Latina.
“Isso acontece até hoje ”
INGERÊNCIA: O delegado Lobo acusa: “A CIA atuava aqui dentro”
O corregedor da PF que investigou a atuação da CIA, Artur Lobo Filho, hoje aposentado, diz que os americanos ainda mandam no órgão e suspeita que a sindicância aberta por ele foi engavetada para acobertar o escândalo.
ISTOÉ – O sr. conhece as denúncias?
Arthur Lobo Filho – Sim. Houve uma reunião de lavagem de roupa suja, inclusive sobre pessoas que receberiam por fora, em dólar. Depois, José Roberto não teve mais chances na PF. Se você tem uma atuação que contraria interesses, fica discriminado. Quem se interessou pelo caso foi o general Cardoso, que ficou de orelha em pé.
ISTOÉ – Qual a sua avaliação do programa com a CIA?
Lobo Filho – Sempre olhei esse caso com reserva. Mesmo que houvesse um convênio, ele já tinha extrapolado há tempos. O pessoal atuava aqui dentro, o que é proibido, usando recursos indevidamente, direcionando para determinados servidores. Os dois (Zubcov e José Roberto) estavam lá numa situação de subordinação estranha, igual titica n’água. Irregularidade e corrupção não é do perfil de nenhum deles.
ISTOÉ – E o resultado da sindicância?
Lobo Filho – Me aposentei em outubro de 2001 e não tive conhecimento da conclusão da sindicância. É um indicativo de que foi engavetada. Se ela desapareceu, a responsabilidade é da direção geral. Tem procedimento que pára na gaveta e, se ninguém pergunta, fica lá. Essas coisas aconteceram, o fato era e é grave. Não sei nesse caso, mas já aconteceu de administrador que, quando sai, mete algumas coisas debaixo do braço, vai embora e as coisas caem no esquecimento.
ISTOÉ – O Chelotti não fez nada?
Lobo Filho – Lembro que ele ficou preocupado, levou o fato ao ministro da Justiça na época (Nelson Jobim). Tenho quase certeza de que isso acontece até hoje. Quer ver? Por que a direção atual quer tirar o Getúlio Bezerra da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e não tira? Nem o ministro tira. Os americanos não deixam. Aí é o velho esquema: paga quem quer, mantém quem quer e xereta o que quer. Isso é invasão de soberania? É coisa muito pior. Grampearam o presidente, meu amigo. Alguns grampos são feitos com objetivo político, inclusive com interesse de fora.
Fundo secreto
DEA põe US$ 5 milhões em conta sigilosa da PF
para combate ao tráfico
Weiller Diniz
O diretor do Combate ao Crime Organizado, Getúlio Bezerra: operações bancadas pelo fundo, como a que prendeu 28 traficantes, são contestadas na Justiça porque os grampos saíram da Embaixada dos EUA
Em novembro de 2002, a reportagem “A CIA continua no Brasil” de ISTOÉ comprovou com documentos as sorrateiras ações da agência americana no Brasil. À época, o ex-corregedor da Polícia Federal, Artur Lobo Filho, que investigou as atividades ilegais da CIA em território nacional, em uma sindicância que evaporou nos subterrâneos da Polícia Federal, disse que a ingerência externa na PF é corriqueira. “Tenho quase certeza de que isso acontece até hoje. Quer ver? Por que a direção atual quer tirar o Getúlio Bezerra da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e não tira? Nem o ministro tira. Os americanos não deixam. Aí é o velho esquema: paga quem quer, mantém quem quer e xereta o que quer. Isso não é invasão de soberania? É coisa muito pior. Grampearam o presidente.” A afirmação indignada de um policial da elite da PF, hoje aposentado, revela a dimensão da tolerância da PF às bisbilhotices ianques em troca de pequenos agrados pecuniários. O presidente citado por Lobo é Fernando Henrique Cardoso, fisgado em um grampo tratando do bilionário projeto de vigilância da Amazônia – Sivam – com o embaixador Júlio César dos Santos. O amigo dos americanos, delegado Getúlio Bezerra, foi promovido. Hoje, ele tem mais poder no comando da Diretoria de Combate ao Crime Organizado, que manda na DRE.
Lobo tinha razão. O tempo passou e a PF volta a estar no centro da discussão sobre a ingerência externa. No começo de setembro deste ano, o procurador Luiz Francisco de Souza recebeu uma denúncia de que a área de entorpecentes da PF mantinha uma conta corrente – número 284.002-2, agência 3476-2 do Banco do Brasil – abastecida secreta e regularmente pelo DEA – Drug Enforcement Administration –, a agência de combate ao narcotráfico dos EUA. O procurador, que investiga contratos da PF, pediu as informações sobre a volumosa conta – US$ 5 milhões só este ano. As respostas foram dadas no dia 12 de setembro pelo delegado Getúlio Bezerra e pelo Coordenador-Geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes, Ronaldo Urbano. Em um documento obtido por ISTOÉ, a cúpula da Federal confirma a existência do fundo secreto, só conhecido por figurões da polícia e invisível à fiscalização e controle das autoridades brasileiras, como o Congresso, a Receita e o Tribunal de Contas, o que é ilegal. A PF omitiu uma informação relevante: que a conta continua sendo movimentada pelo próprio Getúlio Bezerra. ISTOÉ fez um depósito de R$ 1 na conta, na quinta-feira 9, e o recibo comprova que saiu em nome de Bezerra. Luiz Francisco enviou uma recomendação à PF para que o dinheiro seja incluído no orçamento formalmente para que deixe de ser um fundo secreto e se torne um fundo público.
A PF alega que um acordo de 1995 permite o duto livre das verdinhas americanas para serem gastas aqui e geridas pelo policial brasileiro. Na resposta da PF ao procurador, surge a principal ilegalidade da conta clandestina: “Esclarecemos que a prestação de contas dos recursos financeiros destinados aos projetos sob responsabilidade da Polícia Federal no acordo, é encaminhada regularmente à Embaixada dos Estados Unidos da América, através da Seção de Assunto sobre Narcóticos – NAS/USA”. Os policiais brasileiros que administram o orçamento paralelo de dólares só dão satisfação aos vizinhos mais prósperos acima do Equador. Não é a primeira vez que isso acontece. A revista Carta Capital denunciou que na operação Cobra, envolvendo o combate do narcotráfico entre Colômbia e Brasil, houve envio de dinheiro externo pelo Citibank via contas CC5. Agora, uma minuciosa investigação da PF pode enfrentar sobressaltos porque as provas produzidas na Operação Diamante estão cheias de digitais dos americanos
FONTE;REFRÊNCIAS
A obra da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editada no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro“Quem pagava a conta” era a CIA"
http://www.policiaeseguranca.com.br/cia_brasil.htm
http://www.rodrigoenok.blog.br/2009/09/livro-bomba-acusa-fhc-de-ter-servido.html
VEJA MATÉRIA BAIXO
Documentos obtidos por ISTOÉ provam que a agência de espionagem atua clandestinamente no Brasil. Delegados da PF afirmam que até FHC foi bisbilhotado por equipamentos da CIA
Weiller Diniz
BUNKER: Os delegados José Roberto (à esq.) e Zubcov, da PF, confirmam que a CIA funcionava na sede de Serviço de Operações de Inteligência Policial (Soip), em Brasília
Nos filmes de Hollywood, os agentes da CIA, a poderosa Agência Central de Inteligência do governo americano, podem tudo. Espionam, compram informação, roubam documentos, matam, derrubam governos. As leis dos outros países, principalmente as dos subdesenvolvidos, não são levadas em consideração. Na vida real, é mais ou menos a mesma coisa. Um calhamaço de papéis e depoimentos sigilosos reunidos por ISTOÉ provam que a CIA continua ativa no Brasil. Os agentes americanos atuam com desembaraço, tomam conhecimento de investigações confidenciais e têm acesso a informações de segurança nacional. A espionagem ianque recebeu as bênçãos governamentais e, comprovadamente, operou no Brasil alojada em um estratégico birô da Polícia Federal brasileira: o Centro de Dados Operacionais (CDO), hoje rebatizado de Serviço de Operações de Inteligência Policial (Soip), que tem bases em Brasília e em outras sete capitais. A construção da sede do CDO no Distrito Federal foi bancada pelo governo americano, que também paga o aluguel dos demais escritórios. A inusitada boa vontade americana tinha como contrapartida a tolerância às xeretices da CIA no Brasil. Na mais ousada delas, o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso foi grampeado. “O equipamento usado para grampear FHC era da CIA”, revela o delegado José Roberto Benedito Pereira, peça-chave na denúncia obtida por ISTOÉ sobre a atuação da agência no Brasil.
Em 1995, o CDO era chefiado pelo delegado Mário José de Oliveira Santos. Lá foi feito o grampo – denunciado por ISTOÉ – que captou conversas entre o presidente FHC e seu assessor direto, o embaixador Júlio César Gomes dos Santos, além de diálogos sobre a licitação internacional do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). O bilionário negócio (U$ 1,4 bi) acabou no colo da indústria americana Raytheon. Para grampear Júlio César, o CDO recorreu a um expediente corriqueiro: sua suposta ligação com o narcotráfico. O embaixador foi flagrado conversando sobre o Sivam. Nada a respeito de drogas. No meio do grampo, algumas inconfidências de FHC. Era com o produto dessas gravações que o delegado Vicente Chelotti contava para se eternizar na direção da PF. Em conversas com amigos, costumava dizer que tinha “o homem na mão”. Chelotti caiu porque, segundo os policiais que trabalharam no caso, os trechos pessoais supostamente envolvendo FHC teriam sido apagados. Coube ao general Alberto Cardoso, chefe da Agência Brasileira de Informação (Abin), desmascarar o blefe com a ajuda da própria PF. A escaramuça palaciana, entretanto, ocultava interesses bem maiores.
Depois do fim da guerra fria, os órgãos de espionagem dos EUA, para manter o status e justificar os altos orçamentos, começaram a trabalhar também com espionagem comercial, acompanhando acordos internacionais de interesse de empresas americanas. Oswald Le Winter, ex-membro da agência, narra no livro Democracia e secretismo”, publicado este ano em Portugal: “A CIA e a NSA
(Agência Nacional de Segurança) interceptaram chamadas telefônicas entre representantes brasileiros e a empresa francesa Thomson sobre um sistema de radar que os brasileiros queriam adquirir. Uma firma americana, Raytheon, também estava na corrida, e relatórios preparados a partir de interceptações foram canalizados para a Raytheon.” A bisbilhotice da CIA continuou, e sempre “incrustada dentro da
Polícia Federal”, como definiu o delegado Wilson Ribeiro, da Divisão Disciplinar da PF, no relatório de um caso recente.
O diplomata americano Lacy A. Wright Jr envia carta, no dia 6 de maio de 1997, ao chefe da Interpol no Brasil, Washington Melo (à esq.). Wright quer a indicação de um federal para participar de seminário na cidade de Washington. Os americanos se oferecem para pagar as despesas. No último parágrafo, ele revela quem é o contato da CIA no Brasil: “Robert Evans, primeiro-secretário, escritório para assuntos regionais, no fone 3217272, ramal 2026”. Melo indica um dia depois o delegado José Roberto para a viagem aos EUA
No dia 6 de maio de 1997, Lacy A. Wright Jr enviou uma carta ao chefe da Interpol no Brasil, delegado Washington Melo. Wright queria a indicação de um policial federal para participar de seminário sobre entorpecentes entre os dias 12 e 14 de maio nos EUA. O convite mostra que os americanos pagam a conta e, por isso, tratam os delegados brasileiros como subordinados: “A tarifa da viagem aérea (classe econômica) será paga pelo governo dos Estados Unidos, e o atendente receberá a diária padrão do governo americano para cobrir as despesas com alimentação e hospedagem durante o seminário (a diária atual para área de Washington é de U$ 124 por noite para hospedagens e U$ 42 para refeições e despesas diversas).” A face da CIA em terras brasileiras com nome, sobrenome e telefone é revelada no final da carta: “Para obtenção de detalhes adicionais, ou no caso de Vossa Senhoria ter algumas perguntas, favor contate o sr. Robert Evans, primeiro-secretário, Escritório para Assuntos Regionais.” Melo indica um dia depois o delegado José Roberto Benedito Pereira, tira do alto escalão, que foi chefe de gabinete de Chelotti.A carta de Mr. Wright era uma simulação. Não tinha seminário algum. O próprio José Roberto, em um relatório confidencial obtido por ISTOÉ, conta que a farsa serviu para submeter federais brasileiros ao teste do polígrafo – o detector de mentiras, cuja aplicação no Brasil é ilegal, assim como as diárias pagas pelos EUA. José Roberto escreve: “Consoante determinação recebida no sentido de me submeter ao polígrafo, apresentei-me para a sessão às 12 horas do dia 12.05 p.p. (mesmo dia do suposto seminário) no Hotel Hyatt Dulles, próximo ao Aeroporto Internacional de Washington em companhia do Sr. Robert Evans, agente da CIA, vinculado à Embaixada Americana no Brasil”. José Roberto revela qual a verdadeira função de Robert Evans: espião da CIA, cujo cargo de primeiro-secretário não passava de uma camuflagem para encobrir os inconfessáveis interesses da CIA no Brasil. Durante o teste na máquina de mentiras, o delegado, um especialista em interrogatórios, respondeu a perguntas do tipo se “aceitaria subornos em sua atividade”.
O relatório dele deixa claro que a CIA usava o vestibular do polígrafo para selecionar os colaboradores em suas empreitadas tropicais. “Como reagiria a opinião pública se tomasse conhecimento de tamanha ingerência em assuntos de segurança interna?”, questiona José Roberto. As indagações estão até hoje sem resposta. Procurado por ISTOÉ e confrontado com os papéis e suas assinaturas, o policial confirmou que redigiu e entregou o documento ao chefe da Interpol. Outros delegados da elite da PF, além de reprovarem o uso do polígrafo, acusam a CIA de tentar cooptar policiais brasileiros. “A convivência com os americanos era comum pelos corredores da Interpol. Eles tomavam conhecimento de tudo o que acontecia por aqui”, conta Luiz Zubcov, outro delegado que se rebelou contra a ingerência da CIA.
As acusações de José Roberto e Zubcov viraram sindicância interna de número 1414/97 na Corregedoria Geral da PF, chefiada pelo delegado Arthur Lobo Filho. Zubcov diz que “desconhecia base legal para o acordo” e confirma que a CIA se portava como dona do Soip. O despacho
foi encaminhado ao diretor geral da PF, Vicente Chelotti (ao lado), que, por
escrito, manda tomar providências
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José Roberto, em um relatório confidencial obtido por ISTOÉ, conta que a ida aos EUA era uma farsa para submeter federais brasileiros ao teste do polígrafo –
o detector de mentiras, cuja aplicação no Brasil é ilegal, como também as diárias pagas pelo governo dos EUA
Crise amarga – Em 18 de novembro de 1997, Zubcov, a pedido de seu chefe na Interpol, Washington Melo, reuniu 40 federais envolvidos no programa custeado pela CIA, entre eles José Roberto. Zubcov comunicou que o diretor-geral, Vicente Chelotti, estava tirando o programa com a CIA da Interpol. O que seria uma reunião para anunciar mudanças burocráticas foi o estopim da crise mais amarga experimentada pela PF. No encontro, José Roberto e Zubcov explicitaram suas críticas ao programa da CIA. No dia seguinte, uma denúncia, assinada por 13 dos policiais presentes à reunião, caiu como uma bomba na mesa de Chelotti. Em um relato da reunião, os policiais atribuíram a Zubcov a insinuação de que a “CIA se valia do programa de cooperação com a PF para manter sua base de coleta de informações no Brasil”. O delegado Zubcov também teria criticado a subserviência dos agentes do programa ao dizer que “não se venderia por cents”.As acusações viraram a sindicância 1414/97 na Corregedoria da PF, chefiada à época pelo delegado Arthur Lobo Filho. Chamados a esclarecer, os dois delegados fizeram denúncias ainda mais sérias. Todas por escrito. Zubcov afirmou que “desconhecia base legal para o acordo” e confirmou que a CIA se portava como dona do pedaço: “Esse acordo, apoiado no binômio capital x trabalho, por serem os EUA o suporte financeiro, não lhe dava o direito de interferir na seleção de pessoal e gerência das atividades.” O mesmo Zubcov ironizou: “Que estranho fascínio o programa exerce sobre seus selecionados, a ponto de comungarem dos mesmos sentimentos como verdadeiros devotos?”. José Roberto atacou a vocação imperialista dos americanos: “Só quem conviveu com a ingerência, insolência e atrevimento dos agentes da CIA entende o estado de espírito de um funcionário probo.”
Propinas verdes – Depois de afirmar que “vivenciou a tentativa de cooptação”, José Roberto faz uma grave revelação. Nem todos os “devotos” resistiram ao assédio verde: “O agente federal Maurício de Souza Pinheiro teve o descaramento de, em seu pronunciamento, dizer que recebia de salário US$ 600: ‘Foram os americanos que me pagaram gratificações que me permitiram viver com dignidade, e me deram cursos quando o DPF nunca me deu nada’”, relata José Roberto textualmente.
Tudo isso se tornou oficial. O chefe da divisão disciplinar da PF, delegado Wilson Ribeiro, alertou em dois ofícios que a sindicância sobre as relações espúrias CIA-PF “toleradas pela Administração” poderiam criar “embaraços”: “Como o Ilmo. Sr. diretor-geral do DPF deve ter pleno conhecimento do que se passa no órgão que dirige, certamente conhecia essa circunstância noticiada pelo Dr. Zubcov e, se não adotou as medidas esperadas, é porque, certamente, não convinha à Administração”, conclui Wilson Ribeiro se referindo a Vicente Chelotti. Quando, em 20 de maio de 1999, depôs na CPI do Narcotráfico, Chelotti qualificou a presença da CIA em território brasileiro como “loucura” e “absurdo”. Não é bem assim. ISTOÉ teve acesso a vários despachos assinados por Chelotti ao longo de 1998 na sindicância que investigava
a presença da CIA no Brasil. Mesmo com tanta nitroglicerina, a sindicância não teve nenhum resultado.
ARMAÇÃO: Júlio César dos Santos (à esq.), assessor de FHC, teve seu telefone grampeado a pedido do delegado Mário Santos, que solicitou autorização judicial para investigar o narcotráfico
A história começou em agosto de 1989. Um documento do CDO explica os pormenores do “programa de combate ao narcotráfico” entre Brasil e EUA, sem referências à CIA. No documento, é revelado o nome dos policiais, a especialidade e mostra quem paga a conta. “Todos os móveis, equipamentos e veículos que são utilizados pelo programa foram doados pelo governo dos EUA. Existem equipamentos que foram importados pela embaixada daquele país, principalmente da área de aerofotogrametria e comunicações.” Mais adiante, o mesmo documento revela a abrangência do mecenato: “Todos os gastos são financiados pelo Departamento de Estado do Governo dos EUA. Desde a construção do imóvel em Brasília, compra de móveis, equipamentos, viaturas, aluguéis para os escritórios regionais, gastos com operação etc., são repassados, mensalmente, recursos para tal finalidade.” O documento historia também a paternidade do programa. “Os contatos foram feitos, na época, pelo então diretor da DPF, dr. Romeu Tuma, com o ministro da Justiça, dr. Saulo Ramos, o chefe do SNI, Ivan de Souza Mendes e os representantes da embaixada americana”. A mesada da CIA, entre outras coisas, bancou a compra de 35 carros. Acredite: três foram roubados. Um Gol, um Escort e uma Kombi equipadíssima.
Agência da guerra suja
CIA, braço do poderio americano desde a guerra fria, patrocinou golpes e intervenções nos quatro cantos do planeta. Brasil e Chile foram cenários de duas grandes operações: a derrubada dos presidentes João Goulart e Salvador Allende para a instalação das ditaduras militares dos generais Castelo Branco e Augusto Pinochet. A CIA financiou políticos simpatizantes do golpe e de manifestações urbanas que usaram contra Jango o velho tema Deus, pátria, família e liberdade versus comunismo. O general e adido cultural no Brasil Vernon Walters era a ligação dos EUA com os militares golpistas. Em 1972, Walters se tornou o segundo homem da CIA. Nessa época, ações clandestinas foram registradas em toda a América Latina.
“Isso acontece até hoje ”
INGERÊNCIA: O delegado Lobo acusa: “A CIA atuava aqui dentro”
O corregedor da PF que investigou a atuação da CIA, Artur Lobo Filho, hoje aposentado, diz que os americanos ainda mandam no órgão e suspeita que a sindicância aberta por ele foi engavetada para acobertar o escândalo.ISTOÉ – O sr. conhece as denúncias?
Arthur Lobo Filho – Sim. Houve uma reunião de lavagem de roupa suja, inclusive sobre pessoas que receberiam por fora, em dólar. Depois, José Roberto não teve mais chances na PF. Se você tem uma atuação que contraria interesses, fica discriminado. Quem se interessou pelo caso foi o general Cardoso, que ficou de orelha em pé.
ISTOÉ – Qual a sua avaliação do programa com a CIA?
Lobo Filho – Sempre olhei esse caso com reserva. Mesmo que houvesse um convênio, ele já tinha extrapolado há tempos. O pessoal atuava aqui dentro, o que é proibido, usando recursos indevidamente, direcionando para determinados servidores. Os dois (Zubcov e José Roberto) estavam lá numa situação de subordinação estranha, igual titica n’água. Irregularidade e corrupção não é do perfil de nenhum deles.
ISTOÉ – E o resultado da sindicância?
Lobo Filho – Me aposentei em outubro de 2001 e não tive conhecimento da conclusão da sindicância. É um indicativo de que foi engavetada. Se ela desapareceu, a responsabilidade é da direção geral. Tem procedimento que pára na gaveta e, se ninguém pergunta, fica lá. Essas coisas aconteceram, o fato era e é grave. Não sei nesse caso, mas já aconteceu de administrador que, quando sai, mete algumas coisas debaixo do braço, vai embora e as coisas caem no esquecimento.
ISTOÉ – O Chelotti não fez nada?
Lobo Filho – Lembro que ele ficou preocupado, levou o fato ao ministro da Justiça na época (Nelson Jobim). Tenho quase certeza de que isso acontece até hoje. Quer ver? Por que a direção atual quer tirar o Getúlio Bezerra da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e não tira? Nem o ministro tira. Os americanos não deixam. Aí é o velho esquema: paga quem quer, mantém quem quer e xereta o que quer. Isso é invasão de soberania? É coisa muito pior. Grampearam o presidente, meu amigo. Alguns grampos são feitos com objetivo político, inclusive com interesse de fora.
Fundo secretoDEA põe US$ 5 milhões em conta sigilosa da PF
para combate ao tráfico
Weiller Diniz
O diretor do Combate ao Crime Organizado, Getúlio Bezerra: operações bancadas pelo fundo, como a que prendeu 28 traficantes, são contestadas na Justiça porque os grampos saíram da Embaixada dos EUA
Em novembro de 2002, a reportagem “A CIA continua no Brasil” de ISTOÉ comprovou com documentos as sorrateiras ações da agência americana no Brasil. À época, o ex-corregedor da Polícia Federal, Artur Lobo Filho, que investigou as atividades ilegais da CIA em território nacional, em uma sindicância que evaporou nos subterrâneos da Polícia Federal, disse que a ingerência externa na PF é corriqueira. “Tenho quase certeza de que isso acontece até hoje. Quer ver? Por que a direção atual quer tirar o Getúlio Bezerra da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e não tira? Nem o ministro tira. Os americanos não deixam. Aí é o velho esquema: paga quem quer, mantém quem quer e xereta o que quer. Isso não é invasão de soberania? É coisa muito pior. Grampearam o presidente.” A afirmação indignada de um policial da elite da PF, hoje aposentado, revela a dimensão da tolerância da PF às bisbilhotices ianques em troca de pequenos agrados pecuniários. O presidente citado por Lobo é Fernando Henrique Cardoso, fisgado em um grampo tratando do bilionário projeto de vigilância da Amazônia – Sivam – com o embaixador Júlio César dos Santos. O amigo dos americanos, delegado Getúlio Bezerra, foi promovido. Hoje, ele tem mais poder no comando da Diretoria de Combate ao Crime Organizado, que manda na DRE.
Lobo tinha razão. O tempo passou e a PF volta a estar no centro da discussão sobre a ingerência externa. No começo de setembro deste ano, o procurador Luiz Francisco de Souza recebeu uma denúncia de que a área de entorpecentes da PF mantinha uma conta corrente – número 284.002-2, agência 3476-2 do Banco do Brasil – abastecida secreta e regularmente pelo DEA – Drug Enforcement Administration –, a agência de combate ao narcotráfico dos EUA. O procurador, que investiga contratos da PF, pediu as informações sobre a volumosa conta – US$ 5 milhões só este ano. As respostas foram dadas no dia 12 de setembro pelo delegado Getúlio Bezerra e pelo Coordenador-Geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes, Ronaldo Urbano. Em um documento obtido por ISTOÉ, a cúpula da Federal confirma a existência do fundo secreto, só conhecido por figurões da polícia e invisível à fiscalização e controle das autoridades brasileiras, como o Congresso, a Receita e o Tribunal de Contas, o que é ilegal. A PF omitiu uma informação relevante: que a conta continua sendo movimentada pelo próprio Getúlio Bezerra. ISTOÉ fez um depósito de R$ 1 na conta, na quinta-feira 9, e o recibo comprova que saiu em nome de Bezerra. Luiz Francisco enviou uma recomendação à PF para que o dinheiro seja incluído no orçamento formalmente para que deixe de ser um fundo secreto e se torne um fundo público.
A PF alega que um acordo de 1995 permite o duto livre das verdinhas americanas para serem gastas aqui e geridas pelo policial brasileiro. Na resposta da PF ao procurador, surge a principal ilegalidade da conta clandestina: “Esclarecemos que a prestação de contas dos recursos financeiros destinados aos projetos sob responsabilidade da Polícia Federal no acordo, é encaminhada regularmente à Embaixada dos Estados Unidos da América, através da Seção de Assunto sobre Narcóticos – NAS/USA”. Os policiais brasileiros que administram o orçamento paralelo de dólares só dão satisfação aos vizinhos mais prósperos acima do Equador. Não é a primeira vez que isso acontece. A revista Carta Capital denunciou que na operação Cobra, envolvendo o combate do narcotráfico entre Colômbia e Brasil, houve envio de dinheiro externo pelo Citibank via contas CC5. Agora, uma minuciosa investigação da PF pode enfrentar sobressaltos porque as provas produzidas na Operação Diamante estão cheias de digitais dos americanos
FONTE;https://curiosidadesocultas.blogspot.com/GOOGLEIMAGEM
REVISTA ISTOE,CARTA CAPITAL
REVISTA ISTOE,CARTA CAPITAL
DEPOIMENTO REAL DE UM INVESTIDOR BOLSA DE VALORES DO BRASIL EM 28/02/2023
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