Mudanças na lei pioram produtividade do trabalhador
Especialistas consideram terceirização uma ameaça à produtividade industrial
Nos 72 anos da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), completados nessa sexta-feira (1),os trabalhadores brasileiros amargam um desmonte dos direitos conquistados ao longo do tempo.
01/05/2015
A aprovação do texto base do Projeto de Lei (PL) 4330/04, que facilita a terceirização, éconsiderada um retrocesso por especialistas e uma ameaça à produtividade industrial do país, queestá em um dos últimos lugares do ranking mundial.
01/05/2015
As restrições ao seguro- desemprego, propostas pelo governo no fim de 2014, são outro exemplo
de medida desfavorável ao trabalhador. Para o juiz e presidente da Associação dos Magistrados
da Justiça do Trabalho da 3ª Região, Bruno Alves Rodrigues, a terceirização irrestrita seria a
maior derrota imposta aos trabalhadores desde a criação da CLT.
“As empresas de terceirização de mão de obra são meros atravessadores, compromissados com
a redução do custo do trabalho, ou seja, com a redução dos direitos trabalhistas”, analisa o juiz.
Rodrigues lembra que dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese) demonstram que o terceirizado recebe salário 24,7% inferior ao do
empregado direto, com rotatividade de mão de obra duas vezes superior e jornada de trabalho
semanal de três horas a mais.
O diretor de Escola de Ciências do Trabalho do Dieese, Nelson Karam, explica que o debate vai na
contramão da produtividade. “Historicamente, as empresas se especializam no que fazem melhor
. Se você permite que até essa atividade seja terceirizada, há perda de qualidade. A fábrica da
Volkswagen na cidade de Resende foi um exemplo emblemático que teve como resultado
a produção de veículos com problemas”, diz.
Benefício jurídico
Já o presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das indústrias do Estado
(Fiemg), Osmani Teixeira, afirma que o benefício do PL 4330 para as empresas é jurídico e não
econômico. “A aprovação é importante para que as empresas saibam exatamente quem pode ser
contratado. O que existe hoje é insegurança jurídica”.
Protestos
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB Minas) e a Central Única dos
Trabalhadores (CUT-MG) se reunirão às 8h dessa sexta-feira (1) na Praça da Cemig, em Contagem,
na Grande BH, para protestar contra as novas medidas. “A bandeira que unificou as correntes
sindicalistas é a luta contra a terceiri-zação. Ela rasga a CLT, esfacela as categorias”, diz o
presidente da CTB Minas, Marcelino da Rocha.
Resultado melhor só com mais infraestrutura e educação
Investir em educação e infraestrutura é a única maneira de melhorar os índices de produtividade
da indústria brasileira. A avaliação é de especialistas com base no estudo da Confederação Nacional
da Indústria (CNI).
Hoje, a produtividade é medida pelo tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) por pessoa ocupada
na indústria. Nessa escala, o Brasil gera um PIB de US$ 31 mil por trabalhador enquanto a
Austrália, primeira colocada no ranking, gera US$ 133 mil, valor quatro vezes maior.
A produtividade fica mais comprometida com o crescimento do Custo Unitário do Trabalho
(CUT), que demonstra quanto a indústria gasta para produzir determinado bem. O crescimento
foi de 2,3% apenas no primeiro trimestre de 2014.
Segundo o gerente executivo de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, a produtividade do Brasil
está estagnada há quase uma década e é urgente que haja mudanças macroeconômicas para melhoria do cenário.
“Precisamos de trabalhadores mais qualificados para produzirem mais e melhor. Isso pode levar
gerações para ser corrigido. Já a infraestrutura pode ser melhorada por meio de parcerias
público-privadas”, destaca.
O professor de inovação e produtividade da Fundação Dom Cabral, Hugo Braga, ressalta que o
Brasil segue um caminho inverso ao tentar melhorar a produtividade apostando em mudanças na
regulamentação do trabalho.
“O Chile investiu em educação e cresce a 7% ao ano. Nós não cresceremos nem a 1%. Então,
não adianta alterarmos a legislação trabalhista. Aprovar a terceirização é atacar a consequência, e
não a causa do problema”.
FONTE;http://www.ejornais.com.br/jornal_hoje_em_dia.html
A aprovação do texto base do Projeto de Lei (PL) 4330/04, que facilita a terceirização, éconsiderada um retrocesso por especialistas e uma ameaça à produtividade industrial do país, queestá em um dos últimos lugares do ranking mundial.
01/05/2015
As restrições ao seguro- desemprego, propostas pelo governo no fim de 2014, são outro exemplo
de medida desfavorável ao trabalhador. Para o juiz e presidente da Associação dos Magistrados
da Justiça do Trabalho da 3ª Região, Bruno Alves Rodrigues, a terceirização irrestrita seria a
maior derrota imposta aos trabalhadores desde a criação da CLT.
“As empresas de terceirização de mão de obra são meros atravessadores, compromissados com
a redução do custo do trabalho, ou seja, com a redução dos direitos trabalhistas”, analisa o juiz.
Rodrigues lembra que dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese) demonstram que o terceirizado recebe salário 24,7% inferior ao do
empregado direto, com rotatividade de mão de obra duas vezes superior e jornada de trabalho
semanal de três horas a mais.
O diretor de Escola de Ciências do Trabalho do Dieese, Nelson Karam, explica que o debate vai na
contramão da produtividade. “Historicamente, as empresas se especializam no que fazem melhor
. Se você permite que até essa atividade seja terceirizada, há perda de qualidade. A fábrica da
Volkswagen na cidade de Resende foi um exemplo emblemático que teve como resultado
a produção de veículos com problemas”, diz.
Benefício jurídico
Já o presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das indústrias do Estado
(Fiemg), Osmani Teixeira, afirma que o benefício do PL 4330 para as empresas é jurídico e não
econômico. “A aprovação é importante para que as empresas saibam exatamente quem pode ser
contratado. O que existe hoje é insegurança jurídica”.
Protestos
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB Minas) e a Central Única dos
Trabalhadores (CUT-MG) se reunirão às 8h dessa sexta-feira (1) na Praça da Cemig, em Contagem,
na Grande BH, para protestar contra as novas medidas. “A bandeira que unificou as correntes
sindicalistas é a luta contra a terceiri-zação. Ela rasga a CLT, esfacela as categorias”, diz o
presidente da CTB Minas, Marcelino da Rocha.
Resultado melhor só com mais infraestrutura e educação
Investir em educação e infraestrutura é a única maneira de melhorar os índices de produtividade
da indústria brasileira. A avaliação é de especialistas com base no estudo da Confederação Nacional
da Indústria (CNI).
Hoje, a produtividade é medida pelo tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) por pessoa ocupada
na indústria. Nessa escala, o Brasil gera um PIB de US$ 31 mil por trabalhador enquanto a
Austrália, primeira colocada no ranking, gera US$ 133 mil, valor quatro vezes maior.
A produtividade fica mais comprometida com o crescimento do Custo Unitário do Trabalho
(CUT), que demonstra quanto a indústria gasta para produzir determinado bem. O crescimento
foi de 2,3% apenas no primeiro trimestre de 2014.
Segundo o gerente executivo de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, a produtividade do Brasil
está estagnada há quase uma década e é urgente que haja mudanças macroeconômicas para melhoria do cenário.
“Precisamos de trabalhadores mais qualificados para produzirem mais e melhor. Isso pode levar
gerações para ser corrigido. Já a infraestrutura pode ser melhorada por meio de parcerias
público-privadas”, destaca.
O professor de inovação e produtividade da Fundação Dom Cabral, Hugo Braga, ressalta que o
Brasil segue um caminho inverso ao tentar melhorar a produtividade apostando em mudanças na
regulamentação do trabalho.
“O Chile investiu em educação e cresce a 7% ao ano. Nós não cresceremos nem a 1%. Então,
não adianta alterarmos a legislação trabalhista. Aprovar a terceirização é atacar a consequência, e
não a causa do problema”.
FONTE;http://www.ejornais.com.br/jornal_hoje_em_dia.html
https://www.hojeemdia.com.br/primeiro-plano/política/mudanças-na-lei-pioram-produtividade-do-trabalhador-1.304876
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