Lúcia foi ao médico ao primeiro sintoma de hipertensão
Há quase 16 anos, a aposentada Lúcia Abreu, 62, foi diagnosticada com hipertensão. Desde então, ela toma, regularmente, dois remédios para evitar oscilações da pressão arterial.
11/12/014
Lúcia faz parte dos cerca de 3,4 milhões de baianos que possuem ao menos uma doença crônica não transmissível (DCNT). O número equivale a 32,5% da população adulta que reside no estado.
O dado integra a primeira etapa da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013 - elaborada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, que foi divulgada ontem.
De acordo com o levantamento, esse tipo de enfermidade atinge, sobretudo, pessoas do sexo feminino. Em todo o estado, 2,1 milhões de mulheres (38,3%) assumiram ser portadoras de algum tipo de doença crônica. Os homens aparecem em menor número: 1,2 milhão (25,7%).
No Brasil, o índice atinge cerca de 40% da população, o equivalente a 57,4 milhões de indivíduos. Dentre as enfermidades mais recorrentes em todo o país estão: hipertensão arterial (21,4%), diabetes (6,2%), colesterol alto (12,5%), problemas na coluna (18,5%) e depressão (7,6%).
Todas elas são apontadas como responsáveis por mais de 72% das causas de morte no Brasil. Apesar dos resultados obtidos, 66,1% da população avalia a própria saúde como boa.
Ainda conforme a pesquisa, a existência dessas doenças crônicas está associada, principalmente, a fatores de risco, como tabagismo, consumo abusivo de álcool, excesso de peso, níveis elevados de colesterol, baixo consumo de frutas e verduras, além de sedentarismo.
O levantamento - primeiro em âmbito nacional com foco em saúde a coletar amostras de sangue e de urina da população entrevistada - foi elaborado a partir de resultados obtidos no segundo semestre de 2013.
Ao todo, foram visitadas 81.767 casas em todos os estados brasileiros, nas quais 62.986 aceitaram responder ao questionário do IBGE.
Todos os entrevistados tiveram peso, altura, circunferência da cintura e pressão arterial medidos, mas apenas 25% desse total realizou também os exames de sangue e urina.
Avaliação
Na opinião do cardiologista Armando Pereira, os resultados da pesquisa refletem os novos hábitos do dia a dia do brasileiro, marcado, sobretudo, pelo estresse característico da vida urbana.
"Vivemos em uma sociedade que preza pela rapidez. Por isso, corremos contra o tempo para dar conta de todas as atividades e não nos dedicamos ao descanso, ao relaxamento", afirmou.
Para ele, as mulheres aparecem como as mais atingidas pelas doenças crônicas porque se preocupam mais com a saúde: são assíduas na realização de exames periódicos e estão atentas aos primeiros sintomas de qualquer enfermidade.
Foi justamente após sentir tonturas pela primeira vez que a aposentada Lúcia Abreu procurou um médico.
"Tive um princípio de acidente vascular cerebral (AVC) e, desde então, faço exames frequentemente. Após o diagnóstico, mudei minha rotina e hoje me preocupo com o meu bem-estar", declarou.
Hábitos
A Pesquisa Nacional de Saúde coletou, ainda, informações sobre o estilo de vida dos brasileiros. Os resultados revelaram hábitos que estão longe de ser classificados como "saudáveis".
Do total dos adultos entrevistados, apenas 37,3% relataram consumir cinco porções diárias de frutas e hortaliças, quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Cerca de 23,4% admitiram manter o hábito de beber refrigerante em, pelo menos, cinco dias da semana. O consumo frequente de doces foi relatado por 21,7% dos entrevistados. Quase 37% dos adultos afirmaram que consomem carne ou frango com excesso de gordura.
A falta de exercícios físicos também apareceu como um vilão para a saúde do brasileiro: 46% dos entrevistados foram considerados insuficientemente ativos e 28,9% disseram assistir a programas televisivos durante cerca de três horas diariamente.
Os maus hábitos, somados ao sedentarismo, são os principais causadores de doenças crônicas, como problemas na coluna e hipertensão, de acordo com especialistas.
Como, algumas vezes, os sintomas são leves ou silenciosos (caso da hipertensão), muitas vezes a doença progride sem que seja iniciado qualquer tipo de tratamento adequado. Justamente por haver doenças assintomáticas, o cardiologista Armando Pereira recomenda maior atenção.
"É preciso se submeter a exames periódicos. Verificar oscilações de pressão, aumento do colesterol, glicose e peso são fundamentais. Parte das doenças, inclusive as crônicas, tem o tratamento facilitado se diagnosticadas o quanto antes", afirma.
Atividades físicas
Nos casos de dores crônicas de coluna, o ortopedista Pedro Sento Sé alerta para a importância de incentivar a prática de exercícios físicos nas crianças. Assim, ao entrar na vida adulta e ativa, elas podem preservar o prazer por hábitos saudáveis.
Para os sedentários, o especialista em coluna vertebral indica atividades simples, como caminhadas, natação e ciclismo.
"Antes, é preciso procurar um médico, para que ele recomende o exercício ideal. Iniciar uma atividade física por conta própria pode causar um efeito contrário", alerta Sento Sé.
Hábitos saudáveis previnem doenças
CONSULTAS
Um clínico, cardiologista ou ginecologista (no caso das mulheres) deve ser consultado, ao menos, duas vezes ao ano. Ao notar alguma sensação diferente, procure um médico. Doenças diagnosticadas cedo têm o tratamento facilitado
ALIMENTAÇÃO
Evite produtos enlatados, temperos industrializados e comidas prontas. Opte por alimentos leves, ricos em fibras ou oleaginosas (nozes, castanhas, avelãs, amêndoas e pistache), que reduzem o risco de males cardíacos
BEBIDAS
A quantidade indicada de bebida alcoólica que deve ser consumida por dia é de uma dose de destilado, uma lata de cerveja ou uma taça de vinho para homens. Para as mulheres, meia dose, meia lata ou meia taça, respectivamente
EXERCÍCIOS
Caminhar, correr, andar de bicicleta e nadar são atividades recomendadas para evitar o sedentarismo e prevenir problemas de coluna ou hipertensão. Antes de iniciá-las, procure orientação médica
FONTE; http://atarde.uol.com.br/bahia/noticias/1645667-doencas-cronicas-atingem-34-milhoes-de-baianos
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