2014 Desigualdade no Brasil aumenta e vai ao nível de 2011



Pnad indica que desemprego pode começar a subir, diz FGV em 2014

Agência Brasil


A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta quinta-feira (18), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o desemprego parou de cair no Brasil e pode começar a subir, pressionado pela desaceleração da economia. Segundo avaliação do professor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) Rodrigo Leandro de Moura, o fraco desempenho da atividade econômica pode prejudicar ainda a formalização da mão de obra, que atingiu recorde em 2013.


18/09/2013

Segundo o IBGE, o desemprego subiu para 6,5% no ano passado, de 6,1% em 2012, registrando a primeira alta desde 2009. Moura afirma que os dados da Pnad, juntamente com outras pesquisas sobre a situação do emprego, mostram que "os tempos áureos do mercado de trabalho" ficaram para trás. Ele explica que esse fator pode estar associado a dois motivos - tanto a situação de pleno emprego vivida pelo País como a recente desaceleração da economia.

No caso da formalização, 2013 marcou um novo recorde. O porcentual dos que possuíam carteira assinada atingiu 65,2% do total de empregados (sem contar trabalhadores domésticos). O professor da FGV acredita que esse nível pode melhorar nos dados de 2014, indo na contramão do desemprego, já que a formalização é um processo mais estrutural. "Esse aumento é resultado, em boa parte, da melhora na educação, que ainda está em curso. Mas pode ser afetado sim pela desaceleração da economia", comenta.
Ele explica que, com maior nível educacional, os empregados tendem a cobrar melhor seus direitos, o que ajuda a explicar o crescimento da formalização. Além disso, esses trabalhadores ocupam vagas mais qualificadas, em empresas maiores, que são sujeitas a uma fiscalização mais forte. Colabora ainda nesse sentido o recente boom no crédito, já que para ter acesso a empréstimos o consumidor precisa comprovar renda, o que é mais fácil fazer com a carteira assinada.



O processo de formalização pressionou os reajustes salariais, com 2013 marcando o nono ano seguido de aumento real na renda dos trabalhadores. Moura afirma que, com o cenário de pleno emprego, os trabalhadores têm maior poder de negociação, mas as empresas já estão com suas margens muito apertadas. "Elas vão ter de fazer ajustes, com demissões e/ou aumento de preços. Normalmente é incomum um cenário de aumento de desemprego junto com alta na inflação, mas num cenário de pleno emprego isso é possível", diz.

O pesquisador também aponta que as empresas brasileiras podem estar entrando novamente em um processo de downsizing, a exemplo do que aconteceu de meados da década de 1990 até o início dos anos 2000. Nesse fenômeno, ocorre um enxugamento das companhias, que muitas vezes eliminam cargos e terceirizam funções.

Para Moura, a situação de pleno emprego pode estar colaborando também para uma desaceleração no aumento da produtividade, já que com o mercado de trabalho apertado as empresas acabando sendo forçadas a contratar funcionários menos capacitados. Ele explica que, apesar de um maior acesso à educação, a qualidade do sistema ainda precisa melhorar bastante. Além disso, a produtividade depende de outros fatores, como avanços na infraestrutura e um ambiente regulatório mais claro, que ajudariam a atrair investimentos.

A renda do trabalho emendou o nono ano seguido de alta real em 2013, mas a desigualdade parou de cair no País, mantendo-se no mesmo nível desde 2011, mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta quinta-feira, 18, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Índice de Gini, que mede a concentração de renda, piorou para 0,498 (quanto mais perto de zero, menor a desigualdade) em 2013, ante 0,496, considerando o rendimento do trabalho. Embora a variação seja pequena, o índice voltou ao patamar de 2011, quando estava em 0,499. Para o IBGE, o quadro é de estagnação.

"Não afirmaria que há uma melhora ou uma piora na concentração de renda. Diria que a gente está na mesma condição de 2011", afirmou Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad.


Desde 2002, quando estava em 0,561, o Índice de Gini vinha recuando, tanto pelo rendimento do trabalho quanto por todas as formas de renda, mas o processo parou a partir de 2012. Pelo rendimento de todas as fontes, o índice ficou em 0,505, ante 0,504 em 2012 e 0,505 em 2011.

Segundo a economista Sônia Rocha, pesquisadora do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), a queda na desigualdade de renda vem de antes, de 1996 e 1997, e ocorreu sob condições macroeconômicas "bem diversas", alternando crises e baixo crescimento com períodos de mais dinamismo da atividade econômica.

Agora, o esgotamento do crescimento econômico desde 2011 torna mais difícil seguir distribuindo renda. Para piorar, as razões desse esgotamento - questões estruturais, como baixa qualificação da mão-de-obra, infraestrutura deficiente, burocracia, má regulação, custo fiscal, coisas difíceis de resolver rapidamente - atingem em cheio a distribuição da renda.

"O baixo crescimento atual não deixa espaço para dinamismo no mercado de trabalho, que também parou. Fica infinitamente mais difícil dar continuidade às melhorias distributivas sem crescimento e com o salário mínimo tendo atingido o nível atual, após uma forte valorização real nos últimos 15 anos", afirmou Sônia.

A Região Nordeste apresentou o maior nível de desigualdade, com Índice de Gini de 0,523. O Piauí (0,566) foi o destaque negativo, com a maior taxa do País. O menor grau de concentração de renda foi encontrado na Região Sul (0,457), onde Santa Catarina registrou o menor índice do País (0,436).

FONTE;
Agência Brasil
https://www.hojeemdia.com.br/primeiro-plano/economia/desigualdade-no-brasil-aumenta-e-vai-ao-nível-de-2011-1.276101

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