Cidadãos mais ricos do país estão perdendo alguns benefícios sociais após país rever serviços antes considerados direito universal
Copenhague, na Dinamarca: PIB do país encolheu 0,4 por cento em 2012 e cresceu apenas 0,4 por cento no ano passado
Copenhague - Os cidadãos mais ricos da Dinamarca estão perdendo alguns benefícios sociais porque o país, o mais fraco da Escandinávia, está revendo os serviços pagos pelo Estado, antes considerados um direito universal.
08/01/2014
“Nós veremos um Estado assistencialista que está sendo gradualmente otimizado para operar sob as condições da globalização e da competição global”, disse o ministro dinamarquês das Finanças, Bjarne Corydon, ontem, em entrevista, em Copenhague. “Estamos alterando continuamente as prioridades e os financiamentos para otimizar o modelo”.
A Dinamarca é o país escandinavo que pior se saiu durante a crise financeira global, após uma bolha imobiliária chegar ao pico em 2007 e estourar um ano depois. Embora as famílias dinamarquesas sejam as mais endividadas do mundo, o governo, classificado como AAA, mantém seus empréstimos a um nível que representa a metade da média da zona do euro, em parte após se recusar a resgatar bancos insolventes e, em vez disso, empurrar as perdas para os credores.
Juntamente com essas medidas estão esforços para controlar o gasto estatal. Os dinamarqueses, que arcam com a maior carga tributária do mundo, puniram o governo liderado pelo Partido Social-Democrata, da primeira-ministra Helle Thorning-Schmidt, pela perda dos benefícios. A maior parte das pesquisas de opinião mostra que a coalizão de Thorning-Schmidt está atrás da oposição nas próximas eleições, marcadas para novembro de 2015.
Mudança de paradigma
Desde que assumiu, em 2011, o governo reduziu a ajuda estatal para os desempregados e elevou a idade para aposentadoria. Estudantes do Ensino Superior passam por testes para receberem bolsas de estudo. A partir deste ano, as famílias que ganham mais de US$ 130.000 ao ano não terão o mesmo acesso ao apoio às crianças que as famílias mais pobres porque o governo está assegurando que as verbas sejam destinadas àquelas que mais precisam.A decisão marca um distanciamento do princípio de bem-estar para todos, independentemente do nível de renda, que havia dominado a política dinamarquesa antes da crise financeira.
“Isso é uma mudança de paradigma”, disse Peter Kurrild-Klitgaard, professor de ciência política da Universidade de Copenhague, em entrevista por telefone. “É provável que os dinamarqueses tenham se acostumado a utilizar os serviços de bem-estar mais que o estritamente necessário”.Segundo Corydon, o bem-estar universal seguirá sendo uma meta em áreas-chave, como educação e saúde pública.“Haverá um debate contínuo a respeito de prioridades”, disse Corydon.
“Passos mais diferenciados nas políticas terão que ser decididos ao longo do caminho”.Limite do estímulo Embora Thorning-Schmidt tenha sinalizado, em 1 de janeiro, em um discurso, que seu governo estava pronto para oferecer um maior apoio à economia em 2014, é improvável que essas medidas incluam um estímulo direto, sinalizou Corydon.“Dadas as limitações orçamentárias da UE, nós entregamos o estímulo que era possível”, disse ele. “É muito cedo para dizer o que planejamos fazer”.
As medidas focarão “trabalhar sistematicamente com nossa capacidade estrutural para crescer”.O PIB da Dinamarca encolheu 0,4 por cento em 2012 e cresceu apenas 0,4 por cento no ano passado, disse o governo no mês passado. O governo estima que a economia crescerá 1,6 por cento em 2014 e 1,9 por cento em 2015.
“O que é necessário agora é consolidar a economia e a estratégia política, o que está começando a funcionar”, disse Corydon. “Eu vejo muitas evidências de que misturar um alto nível de investimento e estímulo, sem exceder nossas obrigações políticas e em conjunto com reformas estruturais ambiciosas, está funcionando”.
Fonte;exame.com
https://exame.abril.com.br/economia/dinamarqueses-mais-ricos-enfrentam-cortes-de-beneficios/
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