Torcedores brasileiros terão que se adaptar a regras da Fifa durante Mundial
O torcedor que deseja ver de perto algum dos 64 jogos da Copa do Mundo de 2014 no Brasil terá alguns desafios pela frente. Passando da compra do ingresso até a entrada no estádio, o público tradicional já acostumado a frequentar jogos no país precisará passar por adaptações para aproveitar a chance de ver o Mundial no ano que vem.
21/07/2013
Nesta sexta-feira, a Fifa anuncia os detalhes sobre o valor e a distribuição das entradas. Sem bilheterias ou postos físicos de vendas, os ingressos só poderão ser comprados pela internet, no site da organização.
Com o ingresso garantido, o próximo passo do torcedor será planejar seu trajeto para chegar ao estádio no dia do jogo. Em todas as 12 cidades-sede da Copa, obras de mobilidade urbana foram incluídas nos projetos para o Mundial, mas ainda há dúvidas sobre se haverá tempo para concluir todas elas.
Das cidades que já passaram pelo "teste" da Copa das Confederações, algumas como Recife, Belo Horizonte e Fortaleza apresentaram problemas e foram alvos de críticas dos torcedores por conta da lotação dos transportes públicos e pela demora no acesso ao estádio.
Passados os dois primeiros desafios, já no entorno do local do jogo, o torcedor ainda pode enfrentar algumas dificuldades.
Caso novos protestos como os que ocorreram durante a Copa das Confederações se repitam no Mundial, quem quiser ir às partidas precisará driblar possíveis bloqueios e checagens de segurança para entrar no estádio.
Se o ambiente nos arredores do palco da partida estiver livre de protestos, o torcedor poderá aproveitar o tempo que resta antes do início do jogo para comer alguma coisa ou tomar um refrigerante.
Mas os tradicionais ambulantes que costumam preencher as ruas em dias de jogos não serão uma opção para o público da Copa. O espaço no entorno das arenas é reservado para produtos licenciados pela Fifa, o que também significa um custo maior para o torcedor.
Os próprios serviços oferecidos dentro do estádio ─ incluindo a venda de cerveja, algo proibido em competições nacionais ─ também são de responsabilidade da entidade, e os altos preços cobrados na Copa das Confederações também já foram alvo de críticas.
O último dos desafios para o torcedor tradicional que for a um jogo do Mundial será justamente se adaptar à maneira de assistir à partida: nada de acompanhar o jogo de pé, com o tradicional som das baterias nas arquibancadas e os bandeirões erguidos na torcida. Os brasileiros terão que adaptar seus costumes às normas da Fifa.
A entidade possui um código de conduta para o torcedor nas competições que organiza e, nele, alguns dos comportamentos típicos da torcida brasileira no estádio são proibidos.
Abaixo, a BBC Brasil detalha os cinco desafios que o torcedor terá de enfrentar para assistir à Copa sem decepções.
Ingressos
Acesso ao estádio
Segurança
Comida e bebida
Costumes
O preço alto e a logística da retirada das entradas são as duas principais dúvidas que podem se tornar obstáculos para o público que deseja ver um jogo da Copa ao vivo.
Os detalhes sobre a venda dos ingressos serão divulgados somente nesta sexta-feira. O anúncio estava previsto para 1º de julho, mas a Fifa precisou fazer alguns ajustes após a Copa das Confederações e optou por adiá-lo.
A expectativa é grande, já que o próprio secretário da entidade, Jérôme Valcke, afirmou que os ingressos do Mundial serão os mais baratos da história do torneio.
Na África do Sul, o valor mais baixo cobrado por uma entrada da Copa foi de US$ 20 (R$ 44) para jogos da primeira fase ─ exceção feita à partida de abertura.
Os ingressos mais baratos são reservados somente para cidadãos do país-sede. No Brasil, 300 mil ingressos deste tipo estarão disponíveis ─ cerca de 10% do total. Eles poderão sair ainda mais em conta para quem tem direito à meia-entrada (estudantes, idosos e beneficiários de programas sociais do governo federal).
Ainda assim, o ex-jogador, campeão mundial e atual colunista esportivo Tostão avalia que a cota de ingressos populares para a Copa não será suficiente para incluir o torcedor de mais baixa renda.
"Vai ser barato o preço de jogos de menor expressão", disse à BBC Brasil. "Isso é só para dar uma desculpa, falar que o ingresso não é caro, mas é muito pouco."
Já para Christopher Gaffney, vice-presidente da Associação Nacional dos Torcedores (ANT) e um dos fundadores da entidade em 2010, a Fifa deveria levar em consideração o salário mínimo do país-sede da competição na hora de determinar os preços para o Mundial.
"Eles dizem que serão os ingressos mais baratos", afirma. "Se for muito mais barato do que na Alemanha, por exemplo, ótimo, porque o salário mínimo no Brasil é muito mais baixo do que lá também."
O CEO do Comitê Organizador Local (COL) da Copa, Ricardo Trade, disse à BBC Brasil que tanto o comitê como o governo federal já estavam satisfeitos com os valores decididos antes mesmo da Copa das Confederações e não fizeram nenhum apelo para que a Fifa reduzisse mais as entradas.
"Nós não pedimos e o governo federal também não pediu à Fifa para baixar os preços dos ingressos porque estamos realizando um trabalho importante para o país que é a realização dessa Copa do Mundo aqui."
Trade afirmou que a única discussão recente que teve com a Fifa a respeito dos ingressos foi para construir uma estratégia melhor nos postos de troca ─ as longas filas para retirar as entradas foram uma das grandes reclamações dos torcedores na Copa das Confederações.
"A retirada dos ingressos nós podemos melhorar e vamos melhorar", disse o dirigente do COL. "Já conversei com eles para termos mais pontos de troca, e esses pontos vão ser decididos estrategicamente junto com as cidades."
FONTE;BBC BRASIL
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