Desenvolvimento das cidades será discutido na conferência Rio+20.
Metade da humanidade atualmente vive em cidades. Até 2030, segundo a ONU, já devem ser 60% - e a maioria desse crescimento deve acontecer em países em desenvolvimento.
Cidades são grandes geradoras de riqueza e cultura, mas, ao mesmo tempo, concentram e potencializam problemas num espaço limitado – trânsito, poluição, falta de moradia, entre outros.
18/06/2012
A Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, que acontece em junho no rio de Janeiro, discutirá, entre outros temas, como as cidades podem se desenvolver melhor.
(Do dia 1º a 9/6, o G1 publica uma série de reportagens abordando os principais temas que serão discutidos na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.)
Tomando como exemplo a maior metrópole brasileira, o G1 conversou com dois arquitetos e, a partir de conceitos de sustentabilidade levantados por eles, imaginou como poderia ser uma São Paulo mais sustentável.
Apesar de as ilustrações usarem São Paulo como base, os exemplos se aplicariam a outras cidades também.
(Ao lado, veja imagens das simulações. Para imagens ampliadas, com explicações, VEJA GALERIA).
Trânsito
No caso de uma cidade como a capital paulista, o trânsito está entre os principais problemas a serem resolvidos. Para o urbanista australiano Paul Downton, autor do livro “Ecopolis”, a solução final para essa questão é reorganizar a cidade de modo que a maior parte dos deslocamentos com veículos se torne desnecessária. Ou seja, os moradores precisam ser capazes de trabalhar e se abastecer de bens básicos a pé.
Assim, a metrópole “funcionaria mais e mais como uma série de pequenas cidades interligadas, dando a cada lugar a sua própria identidade, e fazendo com que as pessoas queiram viver ali, com um sentimento de propriedade e pertencimento”, diz Downton.
“A dependência de carros não é uma solução a longo prazo, como os recentes 250 km de congestionamento em São Paulo deixaram bem claro. Mas o mais importante é que o transporte público tem de ser desenhado para servir a seu propósito de forma eficiente, confortável e atrativa, e não tratada como uma opção de 'terceira classe' para pessoas que não podem pagar por um carro”, afirma.
Rios e clima
Outra questão crítica são os rios poluídos. No caso de São Paulo, os dois principais rios da cidade foram retificados, seu afluentes canalizados e suas várzeas ocupadas por pistas expressas e edifícios. A professora de arquitetura da Universidade Mackenzie, Pérola Brocanelli, defendeu na Universidade de São Paulo uma tese de doutorado em que sugere que essas várzeas sejam amplamente revegetadas.
Essas áreas são naturalmente inundáveis, e por isso deveriam voltar a ter superfícies úmidas expostas. Idealmente, os córregos que chegam aos grandes rio também deveriam ser reabertos. “Deveria haver uma diretriz para que as águas ressurgissem”, defende.
Além de reduzir o problema das enchentes, isso iria melhorar o clima na cidade, reduzindo o efeito de “ilha de calor” – o aumento localizado de temperatura proporcionado pelo excesso de construções.
“A umidade ajuda a diminuir doenças respiratórias e até o estresse”, explica a arquiteta.
Ter rios despoluídos e com as margens recuperadas ainda proporcionaria áreas de lazer para a população – como, aliás, os Rios Pinheiros e Tietê já foram no passado.
VerticalizaçãoCom o número de prédios crescendo rapidamente na cidade, os moradores podem se perguntar se não seria mais interessante que as pessoas se espalhassem nos arredores, num modelo como o dos subúrbios dos Estados Unidos, onde teriam mais espaço para viver em casas.
“Subúrbios extensos geralmente consomem terra e recursos sem retornar nenhum benefício ambiental. O custo de prover e manter sistemas de transporte para as áreas suburbanas é astronômico”, explica Downton.
Por isso, a verticalização e adensamento das zonas urbanas podem ser uma saída mais sustentável, mas não pode ser feita de qualquer jeito. O especialista australiano defende que os blocos de apartamentos precisam ser desenhados de forma a fomentar a vida comunitária. “Cada bloco precisa ter uma ‘praça de vila no céu’ e elas devem ser seguras e atraentes para crianças e famílias”, aponta.
fonte;g1
A Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, que acontece em junho no rio de Janeiro, discutirá, entre outros temas, como as cidades podem se desenvolver melhor.
(Do dia 1º a 9/6, o G1 publica uma série de reportagens abordando os principais temas que serão discutidos na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.)
Tomando como exemplo a maior metrópole brasileira, o G1 conversou com dois arquitetos e, a partir de conceitos de sustentabilidade levantados por eles, imaginou como poderia ser uma São Paulo mais sustentável.
Apesar de as ilustrações usarem São Paulo como base, os exemplos se aplicariam a outras cidades também.
(Ao lado, veja imagens das simulações. Para imagens ampliadas, com explicações, VEJA GALERIA).
Trânsito
No caso de uma cidade como a capital paulista, o trânsito está entre os principais problemas a serem resolvidos. Para o urbanista australiano Paul Downton, autor do livro “Ecopolis”, a solução final para essa questão é reorganizar a cidade de modo que a maior parte dos deslocamentos com veículos se torne desnecessária. Ou seja, os moradores precisam ser capazes de trabalhar e se abastecer de bens básicos a pé.
Assim, a metrópole “funcionaria mais e mais como uma série de pequenas cidades interligadas, dando a cada lugar a sua própria identidade, e fazendo com que as pessoas queiram viver ali, com um sentimento de propriedade e pertencimento”, diz Downton.
“A dependência de carros não é uma solução a longo prazo, como os recentes 250 km de congestionamento em São Paulo deixaram bem claro. Mas o mais importante é que o transporte público tem de ser desenhado para servir a seu propósito de forma eficiente, confortável e atrativa, e não tratada como uma opção de 'terceira classe' para pessoas que não podem pagar por um carro”, afirma.
Rios e clima
Outra questão crítica são os rios poluídos. No caso de São Paulo, os dois principais rios da cidade foram retificados, seu afluentes canalizados e suas várzeas ocupadas por pistas expressas e edifícios. A professora de arquitetura da Universidade Mackenzie, Pérola Brocanelli, defendeu na Universidade de São Paulo uma tese de doutorado em que sugere que essas várzeas sejam amplamente revegetadas.
Essas áreas são naturalmente inundáveis, e por isso deveriam voltar a ter superfícies úmidas expostas. Idealmente, os córregos que chegam aos grandes rio também deveriam ser reabertos. “Deveria haver uma diretriz para que as águas ressurgissem”, defende.
Além de reduzir o problema das enchentes, isso iria melhorar o clima na cidade, reduzindo o efeito de “ilha de calor” – o aumento localizado de temperatura proporcionado pelo excesso de construções.
“A umidade ajuda a diminuir doenças respiratórias e até o estresse”, explica a arquiteta.
Ter rios despoluídos e com as margens recuperadas ainda proporcionaria áreas de lazer para a população – como, aliás, os Rios Pinheiros e Tietê já foram no passado.
VerticalizaçãoCom o número de prédios crescendo rapidamente na cidade, os moradores podem se perguntar se não seria mais interessante que as pessoas se espalhassem nos arredores, num modelo como o dos subúrbios dos Estados Unidos, onde teriam mais espaço para viver em casas.
“Subúrbios extensos geralmente consomem terra e recursos sem retornar nenhum benefício ambiental. O custo de prover e manter sistemas de transporte para as áreas suburbanas é astronômico”, explica Downton.
Por isso, a verticalização e adensamento das zonas urbanas podem ser uma saída mais sustentável, mas não pode ser feita de qualquer jeito. O especialista australiano defende que os blocos de apartamentos precisam ser desenhados de forma a fomentar a vida comunitária. “Cada bloco precisa ter uma ‘praça de vila no céu’ e elas devem ser seguras e atraentes para crianças e famílias”, aponta.
fonte;g1
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