As
torres de microondas como essa da base do Exército Aéreo dos EUA em
Gunter, Alasca, são utilizadas para a transmissão de informações a
grandes distâncias. Contudo, as microondas podem ser perigosas e muitas
pessoas como Antony e Doreen Verney (abaixo no dia de seu casamento),
afirmam que estiveram envolvidos em testes secretos para determinar
possíveis aplicações militares.
Será
que armas eletromagnéticas estaria sendo testadas sobre uma população
desprevinida? David Guyatt investigas as queixas de um homem que
procurava a resposta.
Antony
Verney esperava por sua aposentadoria com grande espectativa. Ele e sua
esposa Doreen tinham comprado uma casa de campo Kent, Grã-Bretanha.
Porém, os Verney, as coisas não estavam indo como haviam planejado. O
casal não contara com a possibilidade de tornarem-se cobaias de uma
terrível experiência com armas eletromagnéticas, realizadas pelo
governo britânico.
No
verão de 1983, o casal mudou-se para a casa de seus sonhos. Construída
na época da batalha de Waterloo, estava situada em um terreno isolado
rodeado por bosques, perto de Biddenden. Alguns meses depois de sua
mudança definitiva começaram a ouvir estranhos sons que invadiam a
casa. Em outubro, o volume aumentou e, segundo Verney, "parecia que
surgia do solo". Durante as quatro noites seguintes o casal quase
não podia dormir.
No
final de três semanas, o bombardeio sonoro tinha aumentado e parecia
envolver toda a casa. Nesse momento, os zumbido vinha acompanhado por
fortes vibrações. Durante a noite o arvoredo que rodeava a casa era
iluminado por estranhas luzes rosadas e amarelas que produziam sombras
misteriosas nas árvores do bosque.
NEGAÇÃO
DA POLÍCIA
Decididos
a localizar a origem dos ruídos os Verney vigiaram o exterior da casa
na noite de 24 de novembro. Sua tentativa, porém, não deu em nada,
pois os sons vinham de várias direções. Contudo, durante sua vigília
encontraram uma patrulha policial próxima de sua casa. Era uma hora da
manhã e os agentes ouviram claramente os ruídos. Contudo, quando no
dia seguinte Verney apresentou queixas na delegacia e disseram-lhe
"que isso não era um assunto de polícia" e acoselharam-no a
entrar em contato com o Departamento de Saúde Ambiental.
Em
suas repetidas tentativas de expor o problema à prefeitura, Verney
nunca conseguiu obter uma resposta. Frustrado e desestimulado, entrou em
contato com um engenheiro de acústica de uma firma em Maidstone. Ao
chegar na casa de campo, naquela mesma noite, o engenheiro conseguiu
leituras muito fortes das vibrações. Preocupado, Verney alertou o
Departamento de Saúde Ambiental sobre o problema e esse novamente não
quis envolver-se . Naquele momento, declarou que "a vida naquela
casa tinha se tornado insuportável".
Enquanto
isso, um vizinho falara a Verney sobre a existência de um estranho
edifício contruído próximo da vizinhança, há dois ou três anos. O
edifício de dois andares, rodeado por sebes altas, não possuía
janelas no andar superior e lembrava búnquer, refúgio subterrâneo
alemão da Segunda Guerra Mundial.
As
janelas do primeiro andar eram fortificadas com redes de proteção,
como as que protegem os edifícios do governo contra explosões. Verney
também descobriu que o número do telefone do edifício era secreto e
suspeitou que a origem dos incômodos vinha daquele local.
AS
SUSPEITAS APARECEM
Sem
ter a quem mais recorrer, Verney viajou até Londres para alugar um
equipamento de gravação. Ao explicar a situação na loja de aparelhos
eletrônicos, disseram-lhe: "Parece que o senhor tem problemas com
o Departamento de Defesa". Depois de uma breve conversa, puseram-no
em contato com um cientista especialista em eletrônica e uma data foi
marcada pra que ele visitasse a casa de campo.
Como
havia sido combinado, o cientista, que chamaremos de "Sr. D",
chegou na casa do dia 18 de janeiro de 1984. Dez minutos depois do Sr. D
ter instalado o seu equipamento, Verney foi surpreendido com a chegada
de um funcionário da Saúde Ambiental. Muito alterado, o funcionário
pediu a identificação do Sr. D e começou a examinar cuidadosamente os
aparelhos, para em seguida ir embora.
Depois
disso, o Sr. D e os Verney começaram sua vigília, esperando captar os
dados necessários para descobrirem o que estava acontecendo. Essa
tarde, porém, foi tranqüila, sem barulhos ou vibrações. Às dez
horas da noite, os Sr. D decidiu voltar a Londres e guardou todo o
equipamento. Antony Verney o acompanhou de carro a Londres e, pouco
depois de ter ido embora, os ruídos e vibrações recomeçaram. Doreen
Verney sofreu, então, outra noite de "bombardeio".
Depois
de sete meses de sofrimento os Verney decidiram vender a casa. A venda
foi efetuada no dia 24 de maio de 1984. Em seu diário do dia 20 de
maio, Verney lembra que a noite havia sido infernal, o ruído alcançou
maior intensidade do que nunca e as vibrações surgiam do solo a uma
velocidade espantosa. A casa literalmente sacudiu-se e a partir de suas
fundações e os ruídos não cessaram até as sete horas da manhã.
Cansado,
os Verney mudaram-se para Sussex, onde dedicaram o resto de suas vidas
à busca dos responsáveis pelos transtornos. Os primeiros ministros
Thatcher e Major, assim como muitos outros ministros e departamentos,
foram interpelados de forma exaustiva. O chefe de polícia de Kent disse
que as queixas dos Verney não estavam em sua jurisdição. No entanto,
de forma privada foi dito aos Verney que tratava-se de um "assunto
secreto do Ministério de Defesa". O Ministério de Defesa
continuou negando um esclarecimento dos fatos e os Verney morreram em
1996 sem a solução do problema. Se sua história não tivesse sido
confirmada, as reclamações dos Verney poderiam ter sido consideradas
uma fantasia. Uma fita de 90 minutos, com uma gravação dos ruídos
realizada em janeiro de 1984, foi analisada por Fred Holroyd, oficial da
inteligência do Exército, que afirmou que os sons correspondiam ao
"ruído branco" da freqüência audível das microondas.
TORTURA
ELETROMAGNÉTICA
Holroyd
também destacou que a tecnologia para produzir esses sons é empregada
em uma instalação da OTAN na Alemanha, para preparar os pilotos contra
a tontura no caso de seus aviões serem capturados por inimigos. Holroyd
havia visto a equipe da OTAN "contorcendo-se de agonia", por
causa da tortura eletromagnética.
APOIO
MÉDICO
Os
relatórios médicos dos Verney apresentam um quadro de grandes
sofrimentos. Em junho de 1983, pouco depois da atividade ter iniciado, o
casal havia recebido um certificado de boa saúde. Porém, no início de
1984, Doreen começou a sofrer de dores no estômago e a vomitar, esses
são os primeiros sintomas de uma doença provocada por radiação. Em
agosto foi internada em um hospital de Londres afetada por um câncer no
ovário. Depois teve vários ataques de coração e ficou em estado de
semi-invalidez sofrendo de dores agudas.
Antony
Verney também teve problemas de saúde. Seus relatórios médicos a
partir de 1984, registram dores e um metabolismo alterado. No final de
um ano, sua coluna sofreu danos irremediáveis e seus dentes caíram.
Os
Verney não foram os únicos a serem alvo de armas eletromagnéticas. Um
dos casos mais bem documentados é o dos ativistas de direitos civis que
fizeram uma manifestação em 1985 no exterior da base de bombardeios
Greenham Common, na Grã-Bretanha. Em um dossiê preparado pelo ativista
Kim Besly, constam os detalhes dos ataques com microondas dirigidos a
partidários da paz. Os sintomas das vítimas são hemorragias
retínicas e nasais, náuseas, vertigens, palpitações e enxaquecas.
A
lista de sintomas foi revisada pelo ganhador do prêmio Nobel, Robert
Becker, que também analisou as gravações dos Verney e outros. Becker
chegou à conclusão de que "os companheiros da Sra. Besly
enquadraram-se na Síndrome da exposição a radiações
eletromagéticas...".
Outro
caso é o de Robert Strom, um empregado da Boeing Corporation que morreu
de leucemia causada por exposição a radiação de impulsos
eletromagnéticos (IEM). Em 1983, Strom alegou que a Boeing o fez ativar
um simulador de IEM centenas de vezes por dia, como parte de uma
experiência secreta para comprovar os perigos de sua exposição. Em
1990, a Boeing resolveu o caso fora dos tribunais pagando a quantia de
500.000 dólares.
PROJETO
SECRETO
A
Boeing também colaborava secretamente com o Exército Aéreo dos EUA em
uma base de foguetes em Indiana. Nesse local, Jim Dayton foi exposto à
radiação de um gerador de IEM que aplicava 600.000 vátios no seu
posto de trabalho. A exposição dos empregados a essa radiação não
foi acidental. Naquela época, a equipe médica da Boeing declarava que
estava "em uma posição única para aliviar alguns aspectos dos
efeitos biológicos sobre o homem".
Essas
experiências proporcionaram os conhecimentos necessários para
desenvolver armas letais. Esse armamento de nova geração possui muitas
vantagens para as comunidades militares e de espionagem. Utilizadas
tanto em campo de batalha quanto em uma casa de campo, as armas
eletromagnéticas estão destinadas a tranformarem-se em uma mais nova e
terrível arma.
ANTONY
VERNEY
Em
uma das últimas entrevistas antes de sua morte, Verney descreveu o
tormento pelo qual ele e sua esposa passaram em Dargle Cottage:
Havia
aquilo... que era introduzido na cabeça como uma broca. Nem sempre
fazia barulho, mas ele podia começar a qualquer momento. Minha mulher
ficava estérica. Eu perdi a memória e, por causa da falta de sono,
ficávamos muito irritados. Aquilo podia durar a noite inteira. Se
estivéssemos permanecido ali por mais tempo, estaríamos mortos ou
teríamos nos transformado em "vegetais".
A
quem o senhor atribuía a culpa?
No
início acreditávamos que estava relacionado com a agricultura.
Entramos em contato com um funcionário municipal da Saúde Ambiental,
mas este foi transigente e disse que não iria fazer nada. Agora,
acredito que era algo relacionado com a Guerra Fria.
O
que fez o senhor acreditar que o som era proveniente da casa vizinha?
Na
casa existia um edifício muito suspeito, rodeado por uma cerca de
quatro metros de altura. Ao redor da casa existia também um bünquer e
um falso segundo andar sem janela. Tudo era muito estranho.
O
senhor e sua esposa eram um alvo ou apenas estavam no lugar e no momento
errados?
Acredito
que esse edifício tenha sido construído em 1982 e como apenas íamos
para casa nos finais de semana, não se fixaram em nós. Com certeza,
surpreenderam-se ao descobrirem que nós havíamos nos estabelecido
entre seu campo de testes. Quando começamos a reclamar, é possível
que tenha aumentado a intensidade daquilo.
*****************************************
Antony
Verney documentava em seu diário os destaques noturnos em Dargle
Cottage. Como revelam essas notas, sua vida era angustiante:
03/01/84
- Noite assustadora, a pior deste Natal. Vibrações, grandes
zumbidos e ruídos parecidos com o de uma locomotiva a vapor.
Impossível de dormir. Durou até as 2:30h. Forte som escutado
rapidamente pelas 3 da manhã.
05/01/84
-
Assustadores
ruídos e vibrações por toda a noite. Uma novidade: uma espécie de
feixe eletromagnético direcionado contra a casa às 3 da manhã, atacou
de repente, produzindo dores agudas na cabeça e nas têmporas.
06/01/84
- Outra vez atacados por um feixe. O ruído só parou às 8 da manhã.
07/01/84
- O ruído apareceu novamente... zumbido agudo e repentino.
*****************************************
DOENÇAS
PROVOCADAS POR RADIAÇÃO
Um
estudo da Universidade de John Hopkins de Nova Iorque confirmou que a
radiação eletromagnética pode produzir uma incomum condição do
sangue, conhecido como policitemia. A alteração que afeta uma de cada
200.000 pessoas, produz um grande aumento do número de hemácias. Em
conseqüência disso, o sangue fica espesso, produzindo enxaqueca,
pressão arterial elevada e em casos extremos, coágulos sangüíneos e
leucemia. No microscópio, o espesso sangue policitêmico (acima, à
esquerda) se destingue claramente do sangue normal (acima, à direita).
ARMAS
DE MICROONDAS
O
público conhece as microondas por causa dos fornos que utilizam esse
tipo de radiação para cozinhar alimentos. Contudo, a mesma tecnologia
já existe a anos e foi de grande interesse militar, como é demonstrado
em alguns documentos obtidos graças ao Ato de Liberdade de
Informação.
Em
um dos documentos, Análise das microondas para a guerra de contenção
(1972), é explicado que uma das principais finalidades das microondas
"é aumentar a exposição de um alvo, permitindo que as armas
matem". O documento ainda revela que "Assim que o inimigo se
aproxima, o feixe é atividado e, provavelmente ele começará a sentir
fortes dores e morrerá depois de 35 segundos". Um esquema (acima)
reproduzido no documento ilustra o que ocorre quando o inimigo
aproximasse do emissor de microondas. "A intensidade continuará
aumentando e o inimigo morrerá antes de chegar a 300 m da
barreira".
Os
manifestantes a favor dos direitos civís que manifestaram-se em frente
à base nuclear dos EUA, em Greenham Common na Grã-Bretanha, anunciaram
que, em 1985, foram "varridos" por microondas. Se não fossem
pelas provas médicas, as reclamações teriam sido ignoradas. Em um dos
protestantes foram diagnosticados queimaduras solares depois de ter
passado uma fria noite de inverno no exterior da base.
FONTE;
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