Os pesquisadores detectaram níveis de arsênico em fórmulas infantis que têm como ingrediente o xarope de arroz integral orgânico
Americanos que imaginam seguir uma dieta mais saudável pelo fato de consumir produtos orgânicos devem se preocupar: estudo publicado no periódico Environmental Health Perspectives mostrou que barras de cereais e fórmulas infantis que levam o rótulo de orgânicos contêm arsênico, substância que pode aumentar o risco de câncer.
O estudo apontou a presença do composto no xarope de arroz integral orgânico, ingrediente que em geral é usado como alternativa mais saudável ao xarope de milho.
16/02/2012
Foram analisadas 17 fórmulas infantis, 29 barras de cereais e três energéticos para atletas comprados em lojas de orgânicos de New Hampshire. As marcas não foram divulgadas no estudo, por isso não há como saber se alguns desses produtos são vendidos em lojas brasileiras.
Os resultados indicam que algumas barras de cereais têm concentrações 12 vezes maiores que o limite permitido pela Agência de Proteção ao Meio Ambiente do país para a água, de 10 partes por bilhão (ppb).
A exposição crônica ao arsênico é associada a risco de câncer de bexiga, pulmão e pele, além de diabetes e doenças cardiovasculares, segundo a agência.
O pesquisador Brian Jackson, do Darmouth College, em Hanover, afirmou que não está claro se a quantidade de arsênico presente nos derivados do arroz pode ser prejudicial à saúde, mas a presença do composto em alimentos infantis preocupa. Ele recomenda que pais evitem comprar produtos com o ingrediente.
Duas das fórmulas infantis que possuem o xarope de arroz integral como base apresentavam níveis de 20 a 30 vezes maiores que o de outras marcas.
Vinte e duas das barras de cereais continham pelo menos um derivado de arroz, e níveis de arsênico que variavam de 23 a 128 ppb. Os produtos que não possuem arroz na formulação apresentaram níveis bem menores, de 8 a 27 ppb.
Em relação aos energéticos para atletas, todos continham xarope de arroz integral na fórmula e apresentavam de 84 a 171 ppb de arsênico. Se uma pessoa consumir quatro desses produtos vai ingerir 10 microgramas de arsênico, quantidade equivalente a um litro de água com as concentrações máximas permitidas do composto.
Arroz
O arsênico ocorre naturalmente no meio ambiente e também pode ser resultado da atividade humana, já que alguns pesticidas contêm a substância. A planta do arroz absorve arsênico com muita facilidade, não só por sua fisiologia, mas também porque áreas cheias de água, onde ocorrem as plantações, são mais propensas a apresentar o composto.
Outra pesquisa recente, feita por Andrew Meharg, da Universidade de Aberdeen, na Escócia, mostrou que o arroz produzido nos EUA (especialmente no sul) tem um dos níveis mais altos de arsênico do mundo, e alertou que fórmulas infantis vendidas no país são feitas com esse alimento.
É considerado comum que o arroz contenha 100 ppb de arsênico, mas foram encontrados níveis acima de 2.000 ppb em amostras adquiridas nos EUA e no Japão.
A quantidade de arroz consumida capaz de afetar a saúde é desconhecida. Mas estima-se que ingerir 10 gramas de arsênico ao longo da vida aumente o risco de doenças como câncer. Para alcançar essa quantidade, seria preciso comer uma tonelada de arroz.
O FDA (Food and Drug Administration), órgão que regulamenta alimentos e drogas nos EUA, afirma que limita a quantidade de arsênico na água e considera o assunto uma questão de saúde pública. Ainda que os níveis encontrados no arroz sejam maiores que os achados na água, é muito difícil que alguém consuma o alimento na mesma proporção que bebe água.
fonte;uol
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